Remédio ou tradição: O uso de animais para tratamento médico e os riscos de Pandemias.



Série Ensaios: Ética no Uso Animal

Por Tereza de Fátima Furmann
Pós-graduanda em Conservação da Natureza

A sucuriju (Eunectes murinus) conhecida na maior parte do brasil por sucuri, foi o animal com uso medicinal mais citado pelas populações ribeirinhas do Rio Negro, conforme a pesquisa Animais medicinais: conhecimento e uso entre as populações ribeirinhas do rio Negro, Amazonas,Brasil . A gordura do animal é o tecido corporal mais utilizado no tratamento de cura de diversas enfermidades como distensão muscular e rompimento de estruturas ósseas, considerada um poderoso cicatrizante de golpes, feridas e operações e ainda pode ser empregada como antibiótico em processos inflamatórios e respiratórios como pneumonia, gripes e outros, também há registros de usos em tratamentos de doenças cutâneas como a leishmaniose e problemas circulatórios como reumatismo, derrames e inchaços. É comum as populações ribeirinhas guardarem partes do corpo dos animais usados em tratamentos como uma espécie de “farmácia caseira” no caso da serpente sucuriju, é a sua gordura a parte corporal que frequentemente é guardada em casa. Segundo o artigo as populações rurais fazem uso com maior frequência de animais em tratamentos de saúde, isso porque apresentam menos recursos que as populações das áreas urbanas que, além da disponibilidade de recursos também contam com a distribuição gratuita de diversos medicamentes pelos postos de saúde. O uso da gordura de serpentes com aplicações terapêuticas é muito antigo e conhecido no mundo todo, inclusive é conhecida e até vendida popularmente como “banha de cobra”, trata-se de um conhecimento tradicional passado de geração a geração e que surgiu numa época em que os medicamentos que conhecemos hoje não existiam. 

Atualmente o mundo vivencia uma pandemia causada pelo coronavírus (COVID 19) com mais de 100 mil mortos em todo o mundo. Com indícios que a transmissão para humanos teria ocorrido em um mercado de animais vivos na cidade de Wuhan, na China. Pesquisas estão sendo feitas para identificar os animais que podem ter sido os hospedeiros do coronavírus, os estudos apontam como o principal suspeito da transmissão o pangolim, um mamífero de médio porte, no entanto morcegos teriam sido o reservatório do vírus. O pangolim é uma espécie muito utilizada na medicina tradicional chinesa e também nas demais regiões da Ásia e África. A ciência também busca respostas rápidas para saber se o vírus foi transmitido de forma direta e indireta e se houve mutações na transmissão entre espécies diferentes.
Neste caso quem toma a decisão moral são os seres humanos, o animal precisa ser abatido para que seja utilizado o tecido adiposo, (gordura do animal) e não há como extraí-lo e manter o animal vivo. Além do animal, as pessoas que capturam e manipulam esses animais também estão em risco, pois há uma questão sanitária, que pode afetar diretamente a saúde quem está manipulando esses animais. Importante ressaltar que em parte este comportamento do uso de animais no tratamento de doenças é um comportamento incorporado num contexto biológico e cultural. A questão ética aqui tratada, pode ser referida como a forma de captura e abate destes animais, não são animais domésticos que podem ser criados em casa, precisam ser capturados, mortos e manipulados e geralmente não há muitos relatos de como ocorrem estes procedimentos. Além do impacto ambiental que pode causar.
 
A justificativa para o uso desse tipo de medicamento é milenar, é considerado como conhecimento tradicional, passado de geração a geração, muito difundido em uma época que não havia o conhecimento científico da atualidade e principalmente por pessoas e comunidades não possuem acesso a todo os tipos de tratamentos de saúde disponíveis. Um argumento bastante presente no uso desse tipo de tratamento é o recurso da fé pelo que é natural, ou seja, as pessoas creem numa cura milagrosa, mais rápida, eficaz e com um custo menor do que os medicamentos farmacêuticos, inclusive essas pessoas afirmam que os medicamentos de farmácias são produzidos com uso de plantas e animais, então acreditam que usando as partes dos animais, estão se apropriando de um recurso natural, em que a própria natureza oferece a cura de seus males.
Eu como profissional da área acredito, que o maior problema em relação e este tipo de recurso não esteja de fato nas comunidades tradicionais que fazem uso destes animais, como indígenas, ribeirinhos, caiçaras entre outros, e sim na produção e comercialização destes produtos em feiras livres espalhadas pelo Brasil, e pelo mundo, são produtos clandestinos, que não tem nenhuma fiscalização sanitária e de legislação e que por serem “fabricadas” e vendidas livremente podem sofrer falsificações e colocar em risco a saúde das pessoas que confiam neste tipo de medicamento, seja por uma questão cultural ou por não terem acesso a outros tipos de medicamentos. Outro fator importante é a questão ambiental, esses animais não são comuns, não há grandes quantidades desses animais em nossa fauna, a captura e morte pode ocasionar o desequilíbrio ambiental de várias espécies relacionadas na cadeia alimentar. Penso que este tipo de questão somente pode ser resolvido com educação básica e saúde pública de qualidade. É muito complexo analisar questões ligadas ao fator cultural, mas também fica claro que esse tipo de tratamento não é consumido apenas por populações tradicionais, isso é comum em áreas rurais e em grandes centros urbanos, o acesso a informação de qualidade é um caminho necessário para a mudança desse cenário. A pandemia causada pelo coronavírus disparou um alerta sobre o uso indiscriminado de animais, em especial os silvestres, e o quão perigoso pode ser reunir e manipular animais de diferentes países, habitas e nichos ecológicos.

Zoológicos: devem ou não existir? Será que a pandemia de Covid-19 mudará nosso olhar?




Série Ensaios: Ética no Uso Animal
Por Bruna Meira
Bióloga e Pós-Graduanda em Conservação da Natureza


Dois casos que causaram polêmicas na mídia incluindo os zoológicos. Um deles é sobre o caso de um adolescente que estava visitando um zoo com seu pai em Cascavel e teve que amputar o braço depois do tigre morde-lo. Em vários vídeos filmado por outras pessoas mostram a negligência do pai em deixar que seu filho ultrapasse a barreira de segurança e colocasse a mão para dentro do recinto. Felizmente, o menino teve apenas que amputar o braço e o tigre não foi sacrificado (como muitas pessoas pediram).

Um outro caso envolvendo zoológico, qual gerou ainda mais discussão pois o animal foi sacrificado. Uma criança de 4 anos escalou a grade de segurança e acabou caindo na jaula de um gorila e a decisão do local, e a decisão foi matar o gorila. Os especialistas alegaram que se fosse disparados apenas tranquilizantes a situação poderia ser pior, pois não sabiam de fato como o gorila reagiria com a presença do menino e a dor que sentiria dos tranquilizantes. Com isso, um grupo realizou abaixo-assinado para que os pais da criança sejam processados por negligência.




Quando o assunto são os Zoológicos, abre-se grande leque para comentários e as opiniões são divididas: pessoas contra e a favor. Os pontos de vista são explanados por especialistas, como biólogos e médicos veterinários, e também, a sociedade de uma maneira geral. Além de ativistas que trazem pontos de vista sem fundamentos científicos.
Há quem defenda que ir ao zoológico é a chance que temos de ver de perto animais que não habitam as mesmas regiões que nós, e também, os que são muito difíceis de ser vistos na natureza. Os especialistas em Educação Ambiental defendem fortemente a ideia de que Zoológicos tem um papel importante na sensibilização da sociedade. Sabe-se também, que zoos tem um papel importante no estudo e conservação das espécies. Além de cuidar de animais vindo de contrabando e maus tratos, que seriam incapazes de sobreviver sozinhos na natureza.
Todos os seres vivos nascem livres, com suas especificidades e instintos. Uma vez que uma espécie tem seus habitat, alimentação, etc., modificado fica difícil fazer com que ele se adapte novamente. Quando mantidos em cativeiros você fere em muitos quesitos o bem estar e a ética animal. Na maioria dos Zoológicos públicos os cativeiros e a alimentação desses animais são precárias. Quando esses lugares são pagos, aparentemente o cuidado e a estrutura para os animais são melhores. 

Sanders & Feijó (2007) relatam que hoje em dia há inúmeros meio de comunicação e tecnologia que possibilitam a apreciação de animais silvestres em seu habitat natural, sendo assim qual seria a justifica ética para o confinamento? Os autores trazem reflexões a cerca da manutenção de animais em cativeiro se de fato representam um papel adequado na educação ambiental. Sabendo que a vida em cativeiro gera uma situação em que as espécies desenvolvem comportamentos anormais, sendo assim acreditam que é necessário uma justificativa ética e cientifica plausível para tais confinamentos.
Há alguns métodos que possam melhorar a qualidade de vida e proporcionar um melhoramento quanto ao bem-estar das espécies. O enriquecimento ambiental e outras práticas criativas dentro dos recintos, podem possibilitar uma melhora para a espécie confinada. Os especialistas desses locais precisam dar o melhor para que o animal tenha boa saúde física e psicológica Prohnii et. al (2015) refletem bastante sobre a ética envolvida na manutenção de animais cativos em zoológicos.
 
Há varias normativas, leis e regulamentos que regem o funcionamento de um Zoológico (aqui exemplos da Base Júridica do Zoo de Brasília-DF ). E todos, deveriam seguir a rista o que é previsto em lei e o que os especialistas na área dizem sobre funcionamento, recintos, alimentação entre outros pontos importantes para os animais e as pessoas que trabalham nesses locais. Infelizmente, muitas vezes por falta de fiscalização muitas questões não são levadas em contas, e os animais são os mais prejudicados de toda história. Também temos alguns biólogos, veterinários e tratadores que muitas vezes tem uma opinião diferente das ordens que recebem, mas quando são apenas funcionários não tem o que questionar.
Com a questão atual da Pandemia do Covid-19, várias pessoas comparam o isolamento social com a situação de animais em zoológicos. Veja aqui uma comparação e reflexão sobre o momento. Em relação ao novo coronavírus acreditava-se que essa espécie de vírus não poderia contaminar animais até que um tigre em Nova York testou positivo para a doença. E fez os pesquisadores terem um olhar diferente para os animais.

Fiscalização eficiente

Eu como licenciada em Ciências Biológicas e pós-graduanda em Conservação da Natureza e Educação Ambiental, não acredito que os zoológicos tenham esse papel tão forte de sensibilizar as pessoas quanto a conservação de espécies. Acredito que eles deveriam ser reformulados e virar Centros de conservação: sem visitas, procurar expor aos mínimo os animais, sem pesquisas invasivas, na medida do possível que a maioria deles ficassem livres e recinto bem adequados, o mais próximos possível de seu habitat natural.

Enquanto o modelo de ideal de “Zoológico” não existe, podemos buscar maneiras para que os animais sejam colocados em primeiro plano como os maiores beneficiários. Um menor número de visitantes por dia, já aliviaria o estresse que muitos sofrem. Sem dúvidas melhorar a qualidade de cada recinto, com tamanhos justos. Que fosse proporcionado sempre o enriquecimento ambiental. Nem vou entrar aqui na questão de ser público ou privado, porque ai já estaríamos em outro foco. Se tivéssemos também um órgão competente para fiscalizar esses locais já seria um grande avanço também.

Enfim, é uma longa jornada onde os interesses pessoais devem ser deixados de lado.
O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Ética no Uso de Animais e Bem-estar Animal, tendo como base as REFERÊNCIAS:





PROHNII, S. S. et al. Bioética ambiental: refletindo a questão ética envolvida na manutenção de animais cativos em zoológicos. 2015.
SANDERS, Aline; FEIJÓ, A. G. Uma reflexão sobre animais selvagens cativos em zoológicos na sociedade atual. In: Adaptado do artigo publicado nos anais do III Congresso Internacional Transdiciplinar Ambiente e Direito. 2007.



Ecoturismo: uma alternativa boa ou ruim? Como o vírus covid-19 impactou no ecoturismo?




Série Ensaios: Ética no uso Animal

Por Amanda Samujeden da Silva
Engenheira florestal e Pós Graduanda em Conservação da Natureza e Educação Ambiental 



“O Ecoturismo pode ser mais prejudicial para o meio ambiente do que o turismo de massa, pois normalmente ocorre em ambientes frágeis e abre destinos anteriormente destinos desconhecidos para o mercado em massa.” Helena de Godoy Bergallo. 









Atualmente com COVID-19 e com a quarentena imposta pelos governantes, podemos ver o impacto que o homem pode causar ao meio ambiente. Veneza é conhecido pelos canais tendo águas escuras e mal cheirosas, e com a diminuição do turismo já pode-se observar as águas mais cristalinas, tendo presença de peixes e outros animais, sendo que em alguns pontos pode-se observar até cisnes. Outro caso é no Parque Nacional Kruger, na África do Sul, onde leões foram vistos andando livremente e descansando no meio da rodovia, ocupando espaços onde quando os turistas estão eles não ocupam.
O ecoturismo é um ramo do turismo que utiliza os recursos naturais e culturais de um determinado local e contribui para conserva-lo. Um dos princípios do ecoturismo é a conservação ambiental aliada ao desenvolvimento das comunidades, devendo ser desenvolvidas sob princípios da sustentabilidade. Este surgiu no final de 1970 como um movimento ambiental global em decorrência às preocupações com o meio ambiente. No Brasil foi introduzido pelo EMBRATUR que iniciou em 1985 o Projeto Turismo Ecológico, e com o Rio 92 este tipo de turismo ganhou maior credibilidade e impulsionando no mercado brasileiro.

Quando o ecoturismo cresce em uma determinada região, o governo local muitas vezes o reconhece como um meio “bom econômico”, sendo assim investindo nestes locais ajudando a preservar e mantendo estes locais. Alem de gerar renda para os moradores locais, entre artesão, empresas, restaurantes, guias turísticos e empresas que oferecem estes serviços.
Para uma oferta melhor de “produto” as empresas se baseiam em espécies chaves, aquelas que vão atrair mais o turista, ou seja, são animais “adestrados”. Estes animais muitas vezes são retirados de seus habitat e treinados para estarem mais mansos e os visitantes poderem acariciar e/ou alimentar estes animais silvestres.
O ecoturismo se tornou um fenômeno em massa, um estudo feito pela Universidade de Cabridge, divulgou que a estimativa é de 8 bilhões de visitantes por anos em reservas naturais e parques nacionais. Apesar de gerar uma economia para as localidades e muitos destes sendo destinada a conservação dos parques e reservas, o principal problema é o preço que estes animais podem estar pagando.

Os parques nacionais no Quênia são muitos conhecidos, nestes os passeios consistem em andar nos habitat naturais dos animais selvagens, vendo-os na natureza. Porem este contato direto com os animais pode causar um impacto muito maior do que se pode imaginar. Usando o exemplo dos parques no Quênia, por terem um contato direto com os humanos, sendo estes que não irão feri-los, os animais selvagens se tornam mais maços, ou seja, estes ficam mais vulneráveis sendo assim presas fáceis para os caçadores e/ou predadores maiores.
Com a maior presença de turistas nos parques os animais estão passando menos tempo em alerta, passando mais tempo se alimentando de comidas deixados pelos turistas, comidas nos quais não fazem parte das dietas destes animais, sendo assim tendo uma comida de fácil acesso, sem ter que buscar seu alimento. Um exemplo deste é o Parque Nacional Grand Teton (Wyoming, EUA).
O ecoturismo apresenta muitos pontos positivos, pois em muitas regiões por esta prática o governo investe e ajuda na conservação, mas isto apenas se da se o manejo e planejamento deste turismo sejam feito adequadamente, mesmo assim sempre haverá um impacto seja ela na fauna tanto na flora. Portanto para minimizar o máximo possível dos impactos são necessários monitoramentos e indicadores de sustentabilidade que avaliem as consequências das intervenções.
As empresas ainda estão muito na questão ética antropocêntrica, ou seja, prezam pelo bem estar humano, se preocupara apenas com o que o consumidor irá gostar, satisfazê-los sendo assim esquecendo das preocupações reais com o meio ambiente (fauna e flora). O ideal seria transformas esta ética antropocêntrica em ética biocêntrica que trata com maior importância o meio ambiente, sendo ele o principal beneficiado. Com este conceito de ética se entende que a terra é um ser vivo, sendo assim tanto o homem quanto os outros serres vivos necessitam de cuidados igualmente.
Como mencionado no início deste ensaio com a pandemia atual (COVID-19), todos estão em quarentena, apenas comércios essenciais abertos e envolta deste cenário trágico e preocupante à um ponto positivo. Com a ausência de veículos, pessoas fazendo turismo ecológico entre outros o mundo está melhorando em termos de meio ambiente.

“Essa pandemia que o mundo está passando levou as pessoas numa guerra contra um inimigo invisível. Apesar da agonia que está causando, com todo o respeito e sem ofensa, tem seu lado bom e seu benefício. O nosso planeta também está sendo beneficiado. Em que sentido? Os carros quase estão sem circular, com isso menos poluição, ar mais puro, mais saúde para o meio ambiente, que com a diminuição das pessoas está proporcionando aos animais voltarem ao seu habitat natural. As trilhas não estão sendo pisoteadas todos os dias, com isso estão recuperando sua vegetação.” 


Conforme uma discussão feita através de uma vídeo aula, vários assuntos foram abordados, entre eles a questão econômica mencionado anteriormente, no qual muitas vezes o ecoturismo esta relacionado diretamente a economia, sendo melhor econômico e não prezando pela qualidade e bem executado os programas de turismo, assim prejudicando a vida selvagem. Outro assunto apontado foi justamente a relação com a pandemia, e como isto esta impactando positivamente, porem as regiões onde os animais que de alguma forma se acostumaram com os turistas e se alimentavam das comidas que estes levavam (mesmo sendo prejudicial para a saúde deles) provavelmente estejam tendo um impacto por ausência de alimentação.
Eu como uma engenheira florestal deixo uma reflexão para vocês, será mesmo que o ecoturismo respeita o meio ambiente? Será mesmo que é uma alternativa boa e sustentável? Para mim pode ser uma alternativa boa, porem sempre preso pela conservação destes locais, sendo assim acho necessário melhores estudos e análises dos impactos causados por estas atividades, podendo planejar melhor e/ou suspender tais atividades. Buscando sempre o que é melhor para o meio ambiente (fauna e flora) e respeitando os limites destes locais, respeitando os habitat dos animais selvagens, e buscando o bem estar de todos. 

O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Ética no uso de animais e bem estar animal baseando-se nas seguintes referências:
FISCHER, M.L., RENK, V., RODRIGUES, G., BORDINI, A.S.J. “Interfaces entre a Bioética Ambiental e o Ecoturismo” Revista - Centro Universitário São Camilo – 2014.
OLIVEIRA, D.G.R. “Impactos da visitação turística sobre animais em áreas naturais.” 2007. 77 p. Monografia (Turismo e Desenvolvimento sustentável). Universidade de Brasília, Brasília.



Como a Bioética pode ajudar na pandemia pelo COVID 19? Na perspectiva de uma médica que está na linha de frente da Atenção Primária a Saúde (APS)




Série Ensaios: Bioética Ambiental
Por Cassia Guimarães
Especialista em Pediatria e Medicina do adolescente, mestranda em Bioética


Diante da realidade de uma pandemia que afeta a todos indistintamente, podemos concluir que bem-estar seletivo não existe e que estamos todos vulneráveis. Ledo engano acharmos que uma sociedade que com imensas desigualdades, onde os modelos econômicos estimulam a competição, o consumo e o individualismo, seria capaz de garantir a sobrevivência a qualquer um de seus segmentos.
Os desafios éticos nos cuidados de saúde são inúmeros em condições normais, visto que buscam atender ao sofrimento humano.
Trabalhando com pediatria e medicina do adolescente há mais de 30 anos, pude me deparar com inúmeras situações conflituosas, onde embora o paciente seja soberano, precisamos estar preparados e prepará-lo para a tomada da melhor ou mais prudente e respeitosa decisão. Mas quando não há tempo para refletirmos? Com velocidade da difusão do coronavírus e de tantas emergências que surgem, respostas rápidas passam a ser exigidas, para as quais, apesar de tanta tecnologia e informação, não estávamos preparados.
É nesse sentido podemos lançar mão de uma ferramenta chamada Bioética (grego: bios, vida e ethos, relativo à ética). A Bioética é um campo de estudo transdisciplinar e sua aplicação prática faz a ponte entre as ciências biológicas, ciências da saúde, filosofia, e direito, entre outras, que busca encontrar as condições necessárias para uma administração responsável da vida humana, animal e do meio ambiente. Em um momento atípico com o qual a humanidade se depara, a Bioética pode e deve ajudar a estruturar a discussão em andamento das preocupações éticas, previsíveis ou não, que surgem sob situações de contingência de atendimento em situação de crise.
Muitos questionamentos têm sido levantados diante da pandemia, sendo grande parte deles de caráter ético, onde os agentes de saúde necessitam apresentar respostas na atenção prestada às pessoas em situação de sofrimento e incertezas.
Cabe aos envolvidos responder muitas perguntas:

- Como garantir o acesso ao serviço de saúde de forma justa e equitativa?
- Como proteger as populações mais vulneráveis ​​, devido a fatores como idade ou condições de saúde subjacentes? E aquelas com barreiras ao acesso à assistência médica, como por exemplo, os imigrantes ?
- Qual a responsabilidade moral do agente de saúde diante do paciente quando o foco no momento de crise se descola do indivíduo para a coletividade?
- Como minimizar danos e maximizar os benefícios para a comunidade?
- Os agentes de saúde estão preparados para essas respostas rápidas que a pandemia exige?
- Como proteger a dignidade do ser humano? O respeito as preferências individuais na condução terapêutica?
- Os ensaio clínicos? Técnicas experimentais? Medidas de compassivas?
- Quando iniciar os cuidados paliativos?
- Como garantir a segurança e a proteção a vida dos profissionais de saúde que tem por juramento defender a vida do seu paciente?
- E os direitos e o conforto as família enlutadas? E os rituais simbólicos do fim da vida?
- Decisões de caráter organizacional de serviços e alocação de recursos?
- Em um momento de sofrimento global como deve ser feita a distribuição de recursos?
- Como as relações de poder e capital influenciam os critérios distributivos?

É considerando essas e outras questões, que várias Instituições de Bioética, tem se manifestado em relação à preocupante pandemia de COVID-19. Dentre elas, por exemplo, a Rede de Bioética da América Latina e do Caribe – UNESCO e o The Hasting Center, que abordam através de produção de protocolos de orientação e diretrizes detalhadas, cujo intensão é ajudar os comitês de ética hospitalar e os serviços de consulta de ética clínica a se prepararem rapidamente para apoiar os médicos e outros agentes que cuidam de pacientes sob alto nível de tensão de atendimento e contingenciamento.
Em uma situação crítica, onde muitos adoecem ao mesmo tempo e ocorre uma mudança da prática clínica, antes centrada no paciente e agora para a assistência guiada por considerações de saúde pública, gera um grande estresse , especialmente para os médicos não acostumados a trabalhar em condições de emergência com recursos escassos. As orientações e diretrizes tem o objetivo de levantar questões práticas que os administradores e profissionais de saúde ainda não tenham considerado e apoiar a reflexão e a revisão em tempo real de políticas e processos de tomada de decisão.
Os serviços de consulta de ética clínica, consultores de ética clínica e comitês de ética devem atuar no sentido de promover a igualdade de pessoas e a equidade na distribuição de riscos e benefícios na sociedade e apoiar a prática clínica durante uma emergência de saúde pública. Nessas situações, os protocolos de triagem, por exemplo, podem ajudar a priorizar rapidamente os pacientes para diferentes níveis de atendimento, com base em suas necessidades e em sua capacidade de responder ao tratamento, devido às restrições de recursos,causando menor sofrimento e angústia aos pacientes e profissionais.
Em circunstâncias onde haja um provável sofrimento moral , a Bioética pode ser fundamental ajuda na promoção da integridade do paciente e o bem-estar da força de trabalho.
Quanto as lideranças, compete aos Estados, de acordo com a Declaração de Bioética e Direitos Humanos (UNESCO,2005), “garantir que toda a população possa contar com o necessário para garantir o acesso aos cuidados de saúde que certifiquem o bem-estar individual e coletivo”, sendo que, a falta de uma política nacional de segurança, implicam em uma violação de direitos fundamentais.
Aos líderes da assistência cabe então a função de planejar, proteger e orientar aos profissionais e à comunidade durante uma emergência de saúde pública.
E quanto ao caminho a seguir para a que humanidade venha a superar esse desafio e outros que possam surgir? Seria a solidariedade uma importante estratégia para a sobrevivência do planeta?
Várias palavras emergem nesse momento,como: ciência, prudência, cooperação, solidariedade, transparência, equidade e justiça.
Quais seriam suas as palavras para esse momento?

https://www.thehastingscenter.org/ethicalframeworkcovid19
https://www.thehastingscenter.org/guidancetoolsresourcescovid19/
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000146180_por













SANTUÁRIOS, o quão “santos” são.




Série Ensaios: Ética no Uso Animal
Por Caio Miguel C. Teixeira
Biólogo e Pós-Graduando em Conservação da Natureza e Educação Ambiental
São notícias como a da Bióloga[MF1] e Doutora em Zoologia Yara de Melo Barros que em 2016 era a diretora do Parque das Aves, e isso nos deixam preocupados sobre o trabalho efetuado em um dos santuários mais famosos do país, o GAP[MF2] [BM3] (Great Apes Project), localizado em Sorocaba – SP. “Santuários: está na hora de descobrir o que acontece lá dentro”, esse é o tema da noticia publicada no site oeco.org.br em julho de 2016, que retrata um caso onde uma das tratadores sofreu um ataque por um chimpanzé e ficou com ferimentos graves, a explicação inicial dada pela instituição é que “o chimpanzé saiu de seu recinto e feriu a funcionária, e que, após o ocorrido, foi acionado o
plano de emergência para a segurança da equipe. O GAP considerou o ocorrido um acidente. No entanto, em uma matéria posterior, o proprietário disse que o animal se assustou quando a tratadora entrou no recinto para avisar sobre a fuga de outro animal. De acordo com o que o proprietário relatou à repórter, ele tentou “lutar” contra o animal, mas não conseguiu, então uma outra pessoa entrou e conseguiu tirar a Jurema do local.”


O santuário tratar um ocorrido como este um acidente se torna um pouco contraditório, pois no site da instituição retrata as que as fugas dos zoológicos são evidências de um sofrimento do animal e um desespero para sair de lá em busca da sua liberdade, e quando acontece dentro da sua instituição eles dizem que foi apenas um “acidente”.

De acordo com a INSTRUÇÃO NORMATIVA IBAMA Nº 07, DE 30 DE ABRIL DE 2015 um Santuário é classificado como criadouro científico para fins de conservação sem um empreendimento de pessoa jurídica, ou pessoa física, sem fins lucrativos, vinculado a plano de ação ou de manejo reconhecido, coordenado ou autorizado pelo órgão ambiental competente. Com finalidade de criar, recriar, reproduzir e manter espécimes da fauna silvestre nativa em cativeiro para fins de realizar e subsidiar programas de conservação e educação ambiental, sendo vedada a comercialização e exposição;
Diferente de zoológicos os santuários não são abertos ao público para que o contato humano com os animais seja o mínimo possível, visando sempre melhorar a qualidade de vida deles, permitindo apenas visitas monitoradas de caráter técnico, didático ou para atender programas de educação ambiental da rede pública ou privada de ensino além de terem que seguir uma série de exigências e documentações para funcionar legalmente.

Em aula realizada através de uma vídeo conferência eu e a turma do curso de Especialização em Conservação da natureza e Educação ambiental da PUCPR, discutimos até que ponto os santuários são melhores que os zoos e cumprem seu papel de criadouro conservacionista, no qual trará mais qualidade de vida aos animais. É claro que não podemos generalizar e achar que todo santuário comete esse tipo de erro, por isso quando formos defender esse tipo de manejo e conservação devemos avaliar individualmente as instituições.
Eu como biólogo acho que os “santuários” precisam ser mais abertos e mais transparentes em relação a fiscalização dos recintos e a qualidade de vida dos animais que vivem nele, pois em várias notícias em sites de comportamento animal e de denúncias, relatam sobre a dificuldade de entrar em contato com a administração do mesmo para realizar a visitação a fim de investigar e coletar as informações necessárias para ver se realmente os animais estão tendo uma qualidade de vida maior do que possuíam em zoos ou circos que estavam antes de ir para lá.




Abaixo GAP localizado em Sorocaba e de alguns outros zoos no Brasil e no mundo para observarmos o recinto dos animais e ver qual e mais parecido com seu habitat natural:



O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Ética Animal, tendo como base as obras;
RECINTO DE CHIMPANZÉS. PONGOLAND. ZOO LEIPZIG, ALEMANHA.
RECINTO PARA GORILAS NO ZOO DE BELO HORIZONTE. FOTO: IGOR MORAIS
RECINTO PARA CHIMPANZÉS NO ZOO DE SÃO PAULO. FOTO: IGOR MORAIS
O presente ensaio foi elaborada para a disciplina de Ética no uso de amimais e bem estar animal do curso de Conservação da Natureza e Educação Ambiental feito na PUCPR, baseando-se nas obras:

Amimais de estimação: filhos ou pets? E na epidemia de CVID-19, como fica?



 Série Ensaios: Ética no Uso Animal 

por  GUSTAVO TULIO SUBTIL DE OLIVEIRA

Licenciado em Biologia e discente do curso de especialização em Conservação da Natureza e Educação Ambiental da PUCPR
A reportagem do programa “Hoje em Dia”, que foi ao ar no dia 2 de janeiro de 2018, diz que mimos excessivos podem ter efeitos negativos para os pets.




Hoje em dia e possível encontrar uma enorme gama de serviços para os animais de estimação, além do básico, clínicas veterinárias e pet shops, também há creches, adestradores, passeadores, babás, nutricionistas, hotéis, clínicas específicas para espécies exóticas, padarias, confeitarias e buffets para bicho, spas, resorts e até funerárias, (Instituto Pet Brasil). Tudo para suprir a demanda de uma nova categoria familiar: os "pais" e "mães" de pets.

O Brasil tem a 4ª maior população pets do mundo e é o segundo maior mercado para pets do planeta, atrás apenas dos EUA. De acordo com números levantados pelo IBGE e atualizados pelo do Instituto Pet Brasil, estima-se um total de 139,3 milhões de animais de estimação, somando cães, aves, gatos, répteis e pequenos mamíferos. Em 2019 o mercado de pets cresceu cerca de R$ 36,2 bilhões em uma alta de 5,4% sobre 2018, segundo dados do Instituto Pet Brasil, e para esse ano de 2020 a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação) aponta um faturamento de R$ 20 bilhões. Em média, o brasileiro gasta mensalmente R$ 274,37 a 425,24 com cachorros de pequeno a grandes (10 kg a 45 kg) e com os gatos, a despesa mensal média é de R$ 205,94. Dados do Instituto Pet Brasil.
Os números confirmam uma crescente tendência: que cada vez mais as pessoas vêm buscando um animal de estimação para si. No entanto, com o maior número de pessoas morando sozinhas, e em espaços mais apertados, os cuidados com nossos pets podem ser prejudicados. Mas será que há relação entre uma coisa e outra? "Seres humanos são afetados pelo ambiente em que vivem e mudanças sociais e econômicas afetam diretamente nosso comportamento", diz a psicóloga Laís Milani, membro da diretoria da área de Terapia Assistida por Animais do Inataa (Instituto Nacional de Ações e Terapias Assistidas por Animais), em entrevista para o portal TAB. "Vejo que, no geral, as pessoas optam cada vez menos por ter filhos e pensam mais no peso dessa decisão. Sendo assim, ter um pet pode ser visto como uma alternativa para suprir a necessidade de afiliação dentro desta realidade socioeconômica", argumenta. Segundo Laís, enxergar o bicho como "filho" pode ser prejudicial para os animais, se implicar que eles não possam exercer comportamentos naturais de sua espécie.





Por mais diversos que sejam os motivos para ter um animal de estimação em casa, há uma série de cuidados que dedvem ser levados em conta para garantir o Bem Estar dos mesmos. Seguindo o pensamento que os animas são seres sencientes e possuem sentimentos análogos aos nossos sentimentos humanos, o Bem estar animal só pode ser alcançado quando o mesmo tem a capacidade de resolver livremente suas necessidades e vontades. Uma forma de averiguar o Bem Estar de todos os animais, não só os de estimação, são as Cinco Liberdades. Nessas Cinco Liberdades se propõem que todos os animais possam ser:
Livres de fome e sede e com pronto acesso à água fresca e a uma dieta que os mantenha saudáveis e vigorosos;
Livres de desconfortos e vivendo em um ambiente apropriado que inclui abrigo e uma área confortável para descanso;
Livres de dor, ferimentos e doenças por meio de prevenção ou de rápido diagnóstico e tratamento;
Livres para expressar comportamento normal, uma vez que lhes sejam garantidos: espaço suficiente, condições de moradia apropriadas e a companhia de outros animais de sua espécie;
Livres de medos e angústias e com a garantia de condições e tratamento que evitam sofrimentos mentais;

Na atual conjuntura que nos encontramos devido à pandemia causada pelo Covid-19, algumas das Cinco Liberdades podem ser difíceis de cumprir. Os passeios, por exemplo, fundamentais para cães que não fazem as necessidades em casa, além de ser prazeroso para o animal também é uma forma de aliviar a ansiedade causada pelo confinamento.
As recomendações são: Evitar aglomerações e não permitir que outras pessoas façam carinho no animal; Passeios mais curtos ao ar livre, só para atender às necessidades fisiológicas; Somente uma pessoa por vez deve sair passear com o animal; Procurar lugares menos movimentados em horários mais tranquilos; Evitar contato com outros animais e pessoas, e na volta para casa, higienizar as patas e pelos do pet com água e sabão neutro, de preferência os que sejam adequados a uso veterinário.
Em diversos países há a compreensão por parte dos governos que, mesmo com toda a pandemia, algumas necessidades são essenciais, incluindo as dos animais. Seguindo as recomendações e mantendo o distanciamento e higienização correta, aos poucos, algumas atividades poderão voltar a acontecer normalmente.

No debate, que ocorreu na disciplina, foram discutidas diversas questões éticas em relação ou tema: Como em muitas ocasiões nos não entendemos as vontades e necessidade dos nossos animais. Como antigamente os pets morriam de forma natural, ou de velhice, e hoje em dia estão morrendo de diabetes e obesidades. Como antigamente os animais tinham seu espaço próprio, fora das casas, nos quintais onde podiam correr e brincar livremente. Como muitas vezes as pessoas adotam um animal e posteriormente, por diversas circunstâncias, os abandonam nas ruas. Como prolongamos a vida dos nossos pets, para mantê-los ao nosso lado, por mais inapropriadas que sejam as condições. Que o amor que queremos dar nem sempre faz bem para eles e que, para se tornar tutor de animais de estimação, o mais apropriado seria que houvesse um curso obrigatório, para preparar e ensinar as pessoas a cuidar dos animais.
Como biólogo, acredito que a divulgação das Cinco Liberdades seria um ótimo primeiro passo para revolver muitas das questões debatidas neste ensaio, e concordo que o mais correto seria que houvesse um curso obrigatório, para qualificar tutores de animais. Esses seriam os melhores modos para garantir o Bem Estar dos nossos estimados bichos, na minha visão como biólogo. Os animais de estimação devem ser tratados com carinho, mas como animais, como cão, como gato, respeitando as necessidade e vontades da cada espécie, nunca descaracterizando suas identidades como ser sencientes que são. É preciso repensar a forma que agimos com os animais e entender que, apesar das boas intenções, nem sempre fazemos as melhores escolhas para com a saúde e necessidades dos nossos pets. As relações estabelecidas com nossos animais de estimação devem gerar bem-estar para todos.

Este ensaio foi elaborado para a disciplina de Ética no Uso de Animais e Bem-Estar Animal, no ano de 2020, tendo como base os textos e imagens:

ESTADO DE MINAS NACIANAL. No Brasil, 44,3% dos domicílios possuem pelo menos um cachorro e 17,7%, um gato. Postado em 28/07/2016, 15h31. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2016/07/28/interna_nacional,788614/no-brasil-44-3-dos-domicilios-possuem-pelo-menos-um-cachorro-e-17-7.shtml. Acesso em: 11/04/2020.

 PORTAL TERRA. Mercado pet: animais são prioridade e petshops buscam um novo posicionamento. Postado em 13/03/2020, 08h44. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/dino/mercado-pet-animais-sao-prioridade-e-petshops-buscam-um-novo-posicionamento,82a74fb3f4a358f7379c33193d9bd9b0mwpq7par.html. Acesso em: 11/04/2020.

Bianchin. PORTAL TERRA UOL TAB. "Peternidade" só cresce, e mercado dos filhos peludos não conhece recessão. Postado em /10/2019, 04h00. Disponível em:

CERTIFEED HUMANE BRASIL.Conheça as cinco liberdades dos animais. Postado em 31/01/17. Disponível em: https://certifiedhumanebrasil.org/conheca-as-cinco-liberdades-dos-animais/?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=cinco-liberdades-dos-animais&gclid=CjwKCAjwp-X0BRAFEiwAheRui-pzENbweZqZBo6zsTsjGQanHeTW-2q_Dk3XbqjebjmUchOG4k0FKxoC3hAQAvD_BwE.Acesso em: 16/04/2020.

Carol Knoploch. O GLOBO. Brasil tem mais cachorros de estimação do que crianças, diz pesquisa do IBGE. Postado em 02/06/2015, 10h00. Disponível em:
https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/brasil-tem-mais-cachorros-de-estimacao-do-que-criancas-diz-pesquisa-do-ibge-16325739. Acesso em: 16/04/2020.

 Luiza Cervanka de Assis. PORTAL ESTADÃO. Pode passear com cachorro durante a quarentena? Postado em 15/04/2020, 08h00. Disponível em:  https://emais.estadao.com.br/blogs/comportamento-animal/pode-passear-com-cachorro-durante-a-quarentena/. Acesso em: 16/04/2020.

 ISTOCKPHOTO. Imagem. Ícone Wuhan 2019-nCoV em estilo plano, vetor - Ilustração em Alta Resolução. Disponível em: https://www.istockphoto.com/br/vetor/%C3%ADcone-wuhan-2019-ncov-em-estilo-plano-vetor-gm1202392886-345181483?asid=FreeImages&cid=IS&clickid=zAiQPxUwwxyOUPowUx0Mo3IyUki2xT3v9x6ATE0&esource=AFF_IS_IR_SP_FreeImages_246195_&irgwc=1&utm_content=246195&utm_medium=affiliate_SP&utm_source=FreeImages. Acesso em: 17/04/2020.

ISTOCKPHOTO. Imagem.  Veterinário com cão e gato - Imagem em Alta Resolução. Disponível em: https://www.istockphoto.com/br/foto/veterin%C3%A1rio-com-c%C3%A3o-e-gato-gm878447520-244991957?asid=FreeImages&cid=IS&clickid=zAiQPxUwwxyOUPowUx0Mo3IyUki2xTR-9x6ATE0&esource=AFF_IS_IR_SP_FreeImages_246195_&irgwc=1&utm_content=246195&utm_medium=affiliate_SP&utm_source=FreeImages. Acesso em: 17/04/2020.

Uso de animais para entretenimento humano, até quando?




Série Ensaios: Ética no Uso de Animais

Por Geovanna Dargel Lima
Bióloga e pós-graduanda em Conservação da natureza


Em abril de 2018 um urso é utilizado para uma apresentação antes de uma partida de futebol na Rússia. O urso entrega a bola para o juiz e bate palmas para a torcida. O urso estava usando focinheira e do lado estava seu adestrador. Quando pesquisado no youtube pode-se encontrar o vídeo da participação do urso na partida de futebol, e o que chama atenção é o título de um dos vídeos “jogo na Rússia extrapola limites de criatividade”, onde o apresentador no vídeo elogia a iniciativa da Rússia de usar o animal para o entretenimento da torcida.

Isso infelizmente não é um caso isolado, podemos encontrar animais sendo utilizados pelo ser humano para seu entretenimento na televisão, filmes, parques, rodeios e menos frequente ultimamente circos, o que faz levantar o questionamento sobre ainda existe a necessidade de utilizar animais para nosso entretenimento?

Quando criança frequentava muitos circos que passavam pela minha cidade, porém nunca assisti uma apresentação que utilizava animais. Há anos aqui no Brasil órgãos em defesa dos animais estão em debate quanto ao assunto, visando as condições de bem estar desses animais, mas principalmente a segurança dos espectadores.

Em abril de 2000 em Pernambuco um menino de 6 anos morreu atacado por leões no circo Vostok. Os animais foram abatidos pela polícia para tentar tirar o corpo da jaula. A partir deste fato a utilização de animais em atividades circenses foi proibido no estado. Existem leis semelhantes em diversos estados brasileiros como Goiás, Alagoas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, mas nenhuma lei que abranja para o país todo.

Quando falado em animais de circo logo se vêem imagens na cabeça de as apresentações com leões pulando em arcos com fogo, ursos e elefantes equilibrados em uma bola, mas isso não é algo que esses animais fariam normalmente em seus habitats naturais. Um questionamento que deveria vir na cabeça dos espectadores de apresentações como essa é o que o animal passa para aprender esses movimentos.

Bom, existem diversas notícias na internet que abordam a tortura que esses animais passam nesses ambientes. Os felinos são acorrentados, vivem a vida inteira em jaulas pequenas, são queimados constantemente por barras de ferro. Ursos têm suas patas queimadas em chapas de metal para que aprendam a ficar sobre duas patas. Macacos tem seus dentes retirados para que possam posar para foto com crianças. Esses animais vivem em um nível de estresse muito alto por não conseguirem expressar seu comportamento e hábito natural, onde entra o bem estar desses animais?

A proibição do uso de animais em atividades circenses deveria abranger o país inteiro, assim como já acontece na Itália, Irlanda, Holanda, Argentina, entre outros. Há grandes circos famosos não utiliza nenhum animal em seus espetáculos e ainda assim atrai muitas pessoas. Com a tecnologia de hoje em dia não precisamos de animais para nosso entretenimento, existem diversas alternativas substituí-los como a computação gráfica e hologramas.


Conforme a discussão em nossa aula remota várias questões foram levantadas, mas todos chegaram num acordo que não existe a necessidade de usar os animais para nosso entretenimento seja para o circo, parques aquáticos ou filmes nos dias de hoje. Os animais não precisam sofrer quando existem tecnologias que podem substituir seu uso, como foi citado de exemplo circos que utilizam hologramas ao invés de animais vivos, como é mostrado no vídeo abaixo :

Eu, como bióloga acredito que podemos estar evoluindo quando se trata de animais utilizados em circos, mas e os outros animais que são utilizados como entretenimento em rodeios, montarias e vaquejadas e são torturados tão quanto aos animais de circo? Até quando serão considerados patrimônios culturais? Precisamos de leis e fiscalização que sejam abrangentes a todas essas atividades, tendo como prioridade o bem estar animal.