Trapaças - M oral - Vergonha - Perdão





Essa semana minha querida turma do primeiro ano da psicologia topou um desafio e o cumpriu de maneira brilhante: Refletir à luz da evolução sobre uma questão polêmica.... “Qual sentido biológico da trapaça, moral, vergonha e perdão”... Li muitos textos, reflexões e opiniões e decidi compartilhar o ponto que chegamos compondo um texto único feito à muitas mãos... vamos lá?

Wallace no seu livro “Sociobiologia, o fator genético” ressalta que a moral, assim como o amor, tem uma natureza subjetiva que desafia a definição humana. Porém ao observarmos o aspecto moral de diferentes sociedades notamos uma forte associação com o sexo, ou seja, o que é certo ou errado para o sucesso reprodutivo e obviamente para perpetuação da espécie. Ao longo da evolução o comportamento era mantido nos limites fixados pelas regras reprodutivas, assim se o individuo era muito ativo e se afastava demais do bando, corria perigo e poderia ser caçado; se o individuo era muito agressivo, gastaria muito tempo e energia lutando; e se o indivíduo era dócil demais, não competiria. Em nenhuma dessas situações os indivíduos teriam muito sucesso na passagem dos seus genes para frente. Assim, as regras naturais foram observadas pelo homem e codificadas em nossas sociedades na forma de tradições, leis, religiões e ética, condenando tudo que fosse contra o sucesso reprodutivo (homossexualidade, sexo anal, sexo com crianças, cuidado maior com meninas, fidelidade, estupro, fornicação e incesto). Sendo esses comportamentos resultados de modificações morfológicas e bioquímicas do nosso cérebro as quais atualmente começam a serem desvendadas pela neurociência (http://www.profpito.com/dirneuro.html). No entanto, o homem como uma espécie altamente social, também precisou fixar regras naturais de conduta para que o convívio fosse estimulado e os custos da vida social minimizados. A traição e a fraude devem ser condenadas e punidas, pois evitam com que o indivíduo deixe de corresponder à confiança do outro e desencoraja os outros traidores, logo não seria de interesse de ninguém trair, pois poderia mais tarde precisar do outro. Assim, cada pessoa aumenta a probabilidade de ser tratado com lealdade desencorajando o traidor sempre que ele aparece. A moralidade humana envolve noções de direito, justiça e ética iniciada com a preocupação com os outros e a compreensão de regras sociais (Ver o Animal Moral de Robert Wright – lista de livros). O evolucionista Marc Hauser em seu livro “Moral Minds” também defende a idéia que a faculdade moral e instintiva e modelada pelas emoções e pela razão (http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u351566.shtml). Assim, juntamente com a trapaça a moral evoluiu em outros grupos animais como mostra Frans de Waal em seus livros Eu, primata (lista ao lado) e Primates and Philosophers (Primatas e Filósofos, inédito no país) (http://psione.wordpress.com/2007/08/20/deu-na-veja-a-moral-e-animal/).

Não podemos esquecer que a regra nº 1 do mundo natural é lutar pela própria sobrevivência, para então conseguir passa os genes para frente e garantir a sobrevivência da espécie ao longo do tempo evolutivo. Assim, os animais são dotados de artifícios comportamentais para se adaptar o meio em que vivem e irão estabelecer determinadas estratégias, chamadas de furtivas, ou desleais. Muitos comportamentos que eram vistos pela etologia clássica como indicativos de doenças ou efeitos do estresse, hoje são interpretados pela ecologia comportamental como estratégias furtivas. Um sapo calado ao lado de outros que coaxam para atrair suas fêmeas, peixes que amadurecem vários anos antes que seus co-especificos assemelhando-se às fêmeas, o sexo forçado, aves que abandonam seus ovos para fêmeas de outras espécies criarem, grito do filhote pedindo alimento como chantagem "se não me alimentar átrio predadores"; o irmão que empurra outro ovo para fora do ninho - são alguns exemplos de animais que buscam maximizar a sua chance de sobreviver por outros meios que os sinais honestos estabelecidos pelas regras naturais. São animais que não teriam os atributos genéticos ou materiais necessários para conseguir se reproduzir. Mentir e enganar também pode facilitar a busca por alimento, diminui a competição, protege da morte assim os genes da trapaça são fixados e passados de geração em geração. O engano tem evoluído ao longo do aumento de complexidade da vida social, assim quanto mais sofisticado é o animal, mais comum se tornam as trapaças e mais perspicazes são seus contornos. Novas pesquisas têm mostrado que os mentirosos têm cérebros maiores (http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3422260-EI238,00.html).

Muitos animais decidem abrir mão da sua própria individualidade e liberdade para viver em sociedade, uma vez que essa é uma estratégia necessária, pois sozinho não teria chances de sobreviver. Desde que os organismos unicelulares passaram a viver em colônias dando início ao surgimento dos organismos multicelulares, as células (antes individualistas) precisaram ajustar o seu comportamento ao da vizinha e se comunicar com todas as outras para terem um ritmo de funcionamento e crescimento. Caso contrário o conjunto sucumbiria. Nosso corpo é o melhor exemplo de como deve funcionar uma sociedade diversa e complexa com um objetivo em comum. Porém em sociedades animais a desonestidade e a trapaça fazem parte da luta pela sobrevivência e pela busca incansável pela deliciosa homeostase baseada nos interesses próprios. Assim, matar, roubar, trair, enganar, iludir, omitir, seduzir são comportamentos naturais. Porém, enquanto enganar os outros é vantajoso, ser descoberto pode ser custoso, assim foram desenvolvidos os mecanismos de auto-engano, para aumentar a eficácia da trapaça ocultando os sinais não verbais denunciadores de uma condição emocional. A inveja pode ser considerada uma derivação, pois envolve a comparação com o outro e a compreensão que o melhor deve ocorrer apenas pra si. A nossa própria evolução está pautada no surgimento dos “leitores de mentes” – indivíduos capazes de enganar e detectar o engano do outro e há quem considere o desenvolvimento da linguagem o nosso grande triunfo nessa busca de “se dar melhor que o outro”, embora há quem afirme que o a linguagem não verbal seja mais efetiva na comunicação das nossas emoções do que a verbal. Alguns autores definem os animais como egoístas por instinto e altruísta por interesse e que igualmente nós também vivemos na tensão entre o impulso do gene egoísta (teoria de Richard Dawkins – lista de livros ao lado) e a necessidade do convívio social.

A manutenção dos grupos coesos é essencial para serem mais efetivos contra adversários e para tal é necessário saber gerir os conflitos usando como base os valores estabelecidos pelo grupo. Assim, é possível gerar a capacidade para construir sociedades nas quais os valores compartilhados restringem o comportamento individual, pois se cada um agisse apenas em função de seus interesses individuais, não existiria cooperação.

O reconhecimento do o erro é visto como uma virtude, porém em uma sociedade a sinalização do indivíduo de que entendeu o erro e as regras da sociedade - através da adoção de uma postura submissa - é fundamental para não ser banido do grupo. O juízo e de si e o sentimento de culpa e arrependimento evita a tentação de trapacear. E quando compreende o erro, instintivamente evidencia para o outro na forma do sentimento de vergonha através de sinais claros, o qual na nossa espécie é caracterizado principalmente por “ficar vermelho” destacado pela perda dos pelos da face. Essas emoções auto-conscientes são decorrentes da sua compreensão como individuo social, uma auto-vigilância que policia a sua imagem pública influenciando na sua atratividade social, aceitação pelo grupo, coesão social e, conseqüentemente, pelo sucesso reprodutivo. Assim, os indivíduos que se envergonham de seus atos ficam mais propensos a continuarem vivos e a gerarem descendentes e esses genes também ficam fixados na espécie. Existem pesquisas que mostram que pessoas com baixa auto-estima e baixos níveis de serotonina têm maior probabilidade de cometerem trapaças e atitudes impulsivas.

Perdoar é ato de vontade, em que o indivíduo traído abre mão de querer se vingar de algo que lhe gerou uma emoção negativa e coíbe seu senso de justiça. O perdão leva a uma sensação boa, para que seja repetido, alivia a tensão do que perdoa para recuperar o que errou. Desta forma, envolve mecanismos neurocognitivos e afetivos complexos, sendo a empatia uma condição necessária para o ato. O perdão foi extremamente importante na nossa evolução, pois uma cascata de comportamentos de revanche poderia ter levado a nossa extinção no inicio da nossa historia. O perdão exige compaixão se colocar no lugar do outro sem julgamento e sentir suas emoções. Algumas pesquisas mostram que o ato de perdoar pode alterar sistema imunológico e harmoniza o organismo. As adaptações necessárias para a socialização e cooperação foram selecionando certas estruturas cerebrais a fim de permitir o comportamento de desafronta.

Essa reflexão do comportamento humano sob um viés etológico nos permite compreender de uma forma muito mais ampla os “por quês” de determinados comportamentos humanos – inclusive os nossos – e despidos de uma capa de julgamentos extremamente individuais e momentâneos nos libertarmos por alguns de nossos papéis sociais e vemos a grandiosidade dos processos naturais que a evolução moldou. Não podemos nos esquecer que temos um corpo biológico de 100.000 anos e um cérebro social e cultural muito recente e de que o conflito entre esses nossos dois “eus” é o que está conduzindo a nossa evolução.


Bem-Estar-Animal

Você já ouviu falar de bem-estar-animal? O próprio nome se refere a uma ação que qualquer pessoa indagada a respeito irá compreender sobre o que você está falando. Porém, quando perguntamos se “sabe quando o animal está bem”....

Diagnosticar o bem-estar-animal é complicado, pois envolve um conhecimento do comportamento animal e de suas necessidades naturais. Nas últimas semanas eu e a Márcia Cziulik trabalhamos arduamente na elaboração de um curso de especialização em Bem-estar-animal. A idéia veio da falta de cursos similares no mercado brasileiro que habilite e capacite diferentes profissionais que trabalham e convivem com animais a diagnosticar se as condições nas quais eles estão sendo mantidos estão proporcionando bem-estar e como fazer para melhorar essas condições. Essa idéia surgiu a partir da orientação de TCCs como da Silvane Krull com cutias e dos trabalhos da Priscila Tamioso com interação homem-animal e principalmente com o trabalho da Mariana Kugler e da Maria Eugenia Tucunduva, que tem nos possibilitado perceber a necessidade urgentíssima de mais profissionais refletindo sobre o tema.

O fato é que o homem usa” os animais para diferentes funções a muito tempo, e essa prática se desenvolveu junto com sua evolução cultural. Os animais nos servem de alimento, vestuário, produção de trabalho, desenvolvimento tecnológico e obviamente companhia e diversão... Durante muito tempo a assimetria dessa relação permitiu ao homem tratar o animal da forma como lhe fosse mais favorável, porém o avanço das ciências do estudo com comportamento animal, tem nos mostrado que os animais possuem emoções, sentimentos e consciência. Esses novos paradigmas levantaram a questão ética no relacionamento e na forma como tratá-los. Inicialmente o setor de produção e de pesquisa e ensino começaram a trabalhar no estabelecimento de diretrizes para melhoria das condições de cativeiro e uso racional das cobaias.

O setor da produção visa o bem-estar animal mais focado na qualidade do produto final, na diminuição das perdas, mas obviamente que contribuem para diminuir situações terríveis de produção industrial de frangos, porcos e vacas (veja: Vacas dão mais leite quando ganham nome http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL974165-5603,00-VACAS+DAO+MAIS+LEITE+QUANDO+GANHAM+NOME+AFIRMA+PESQUISA+BRITANICA.html... Já os acadêmicos e a indústria têm buscado alternativas no uso de animais para experiências e para aulas. Ainda estamos no começo da caminhada, mas a obrigatoriedade da existência de comitês para avaliarem o uso de animais foi o ponto de partida para a construção dessa consciência.

O uso de animais para entretenimento é muito controvertido, em alguns locais já é proibido o uso de animais em circos, mais ainda são mantidos em parques temáticos, em touradas e em rodeios. O uso de animais para trabalho impulsionou o desenvolvimento das sociedades humanas, possibilitando o surgimento de grandes construções e aumentando a produção de alimentos, além de propiciar o deslocamento por grandes distâncias. Embora, hoje tenhamos equipamentos movidos a motor, os animais ainda são as alternativas mais baratas e muitas vezes cruéis, mesmo nas grandes cidades, carrinheiros reversão cavalos noite e dia para tração dos recicláveis.

O subproduto dos animais como o couro ainda é usado pra vestimenta e artefatos humanos, embora o uso de peles, muitas vezes retiradas de forma cruéis tenha sido combatida nos últimos anos.

O uso dos animais na alimentação, para maioria das pessoas é algo fundamental, mas muitos vegetarianos têm evidenciado a possibilidade da obtenção da proteína por outras formas. A questão talvez não seja nem o uso do animal na alimentação, mas a forma como eles são produzidos. Existem estudos que mostram como sai ecologicamente cara a produção de bovinos, por exemplo.

Os animais também são mantidos nos zoológicos seja para o fim educativo ou de conservação. As condições dos recintos geram uma rotina entediante e uma impossibilidade desses animais expressarem seus comportamentos naturais, o que gera muito estresse. A própria visitação é questionável do ponto de vista da qualidade de vida proporcionada para esses animais, e há quem acredite que em breve zoológicos virtuais interativos serão a alternativa (veja link ao lado). Eu acredito que alternativas assim possibilitaria conhecer muito mais do animal, chegar mais perto, flagrar seu dia-a-dia, sem precisar correr atrás do pavão para pegar uma pena pra fazer brinco ou jogar pedra na onça para ouvir ela rugir (imagens presenciadas por mim no Zôo de Curitiba num domingo a tarde). Os profissionais que trabalham em Zôos ou criadouros científicos têm se preocupado em oferecer um recinto mais rico, com mais alternativas, desafios e entretenimento para os animais. Um exemplo foi no próprio zoológico de Curitiba em que o chimpanzé Bob recebe caixas de cereal e revistas para reavivarem instintos naturais evitando efeitos como depressão, queda de resistência e de imunidade (http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1321351-5598,00 CHIMPANZE+LE+PARA+EVITAR+ESTRESSE+EM+ZOOLOGICO+DE+CURITIBA.html).

Por fim temos o setor de animais de companhia... (Ver reportagem sobre Martin Afonso abaixo), em que o homem busca em outros animais identificar emoções e sentimentos e os tratam bem, bem demais e como humanos, trazendo sérios danos comportamentais e de saúde. Essa é uma relação que devemos discutir e estudar bastante, pois o aparente cuidado pode ser tão ou mais danoso para o animal...

São muitos assuntos que gostaríamos de aprofundar as reflexões e as pesquisas, usar indicativos fisiológicos do estresse, indicativos comportamentais, refletir sobre como e quando usar os animais e em situações em que a manutenção dos animais em cativeiro é necessária como proporcionar melhor qualidade de vida para eles. Há alguns movimentos abolicionistas que não admitem e até criticam as ações de bem-estar-animal, pois acreditam que é uma forma de endossar essa prática. Concordo que o ideal era cada animal ter o seu nicho e toda presa ter a oportunidade de fugir do seu predador. Mas também tenho consciência que o radicalismo não muda a consciência coletiva nem os paradigmas de uma sociedade. Acredito na formação de um grupo de pessoas pensantes, atuantes, idealistas e com vontade de trabalhar mesmo diante dos inúmeros desafios. Por isso nós nos jogamos nessa nova área para contribuir para que um dia exista um mundo ideal, e que as cinco liberdades existam para todos os animais, inclusive para o homem, então vamos em busca de:

Sermos livres de medo e estresse

Sermos livres de fome e de sede

Sermos livres do desconforto

Sermos livres de dor e doenças

Sermos livres para expressar nosso comportamento N A T U R A L

Cientistas encontram mais antigo ancestral humano na Etiópia


Alguns alunos da Psicologia me abordaram semana passada com dúvida a respeito de uma noticia que foi veiculada na mídia sobre a descoberta de um novo fóssil que poderia mudar os rumos do conhecimento do homem a respeito da nossa origem, uma vez que mostrava que não originávamos do chimpanzé, mas de um ancestral comum entre os dois. Na verdade, sempre soubemos que não viemos dos chimpanzés... a grande mudança é data da separação das linhas evolutivas. Para quem curte esse assunto eu sugiro os documentários postados na nossa listagem que nos permite ter uma visão bem clara de como as coisas devem ter acontecido...
A nova espécie já vem sendo estudada a mais de 10 anos e seus ossos muito fragmentados foram reconstruídos graças ao desenvolvimento de novas tecnologias computacionais (saiu agora uma publicação especial da Science com essa descoberta). Trata-se da espécie Ardipithecus ramidus (apelido Ardi = raiz dos macacos terrestres) que viveu há 4,4 milhões de anos e substituí a famosa Lucy da lista do ancestral mais antigo do homem conhecido até então e agora aumentou em 1 milhão de anos o achado da família que resultou na nossa linhagem (pois estima-se que essa separação foi de 6 a 7 milhões de anos). A grande novidade é que o ancestral dos humanos não seria uma criatura similar ao chimpanzé, mas sim que ambos vieram de um “ancestral comum e desde então cada um tomou caminhos distintos na linha evolutiva.

O estudo de Ardi, sugere que se trata de uma espécie vivia nas florestas (encontrada em Afar Rift, na Etiópia com ocorrência junto com fósseis de outros animais e plantas) e que poderia subir em árvores. O desenvolvimento de seus braços e pernas indica que eles não passavam muito tempo nas árvores, podendo andar eretos. Os caninos superiores eram mais parecidos com os dentes de humanos modernos do que com os de chimpanzés, através do tipo de esmalte dentário sugere uma dieta diversificada, que incluía frutas, folhas e nozes. Seu focinho era menos saliente do que os dos macacos modernos. Detalhes do fundo do crânio indicam que o órgão ficava posicionado de maneira semelhante ao dos humanos modernos, possibilitando o desenvolvimento de áreas que envolvem aspectos visuais e de percepção espacial. Suas mãos e punhos eram uma mistura de características primitivas e modernas, cuja as palmas das mãos e os dedos eram relativamente curtos e flexíveis e permitiam que agüentasse o peso do próprio corpo enquanto se movia por entre as árvores, porém não tinham estruturas desenvolvidas para balançar, agarrar e mover facilmente entre as árvores.








Para saber mais: http://g1.globo.com/Noticias/Cienci/0,,MUL1325897-5603,00-CIENTISTAS+ENCONTRAM+MAIS+ANTIGO+ANCESTRAL+HUMANO+NA+ETIOPIA.html

Diário de Carol Caracol... a Felicia Magno e seus Caracois Megas

Essa semana eu presenciei um papo fantástico entre a Acadêmica de Biologia Carolina Magno e alguns colegas seus no NEC, ela estava contando um pouco sobre as características individuais ou “personalidades” dos Caramujos da espécie Megalobulimus paranaguensis que vivem a alguns anos no NEC. Eu fiquei fascinada com a sensibilidade dela e achei muito divertido e então pedi para ela colocar no papel a descrição de cada um dos caramujos para poder dividir suas impressões com mais pessoas. Quando fiz essa solicitação ela me fez uma reclamação que ela já tinha tentando me contar essas suas impressões e eu ignorei... muita falta de sensibilidade minha... Então vamos lá, vou apresentar para vocês as impressões de Carol Caracol desses bichinhos que logo logo serão responsáveis por uma série de publicações sobre que estão sendo produzidas pelo nosso laboratório.


O caramujo do terrário 2 – é o dorminhoco, não acorda nem para quando a Carol coloca as irresistíveis leguminosas que sempre traz com muito carinho para eles. Então pascientimente a Carol procura por ele por todo o terrário, tira a serrapilheira, cavouca a terra, e o encontra repousando enterrado. Então, ela dá um estimulante banho morno, acorda ele e o coloca sobre o alimento, só então ele come e logo em seguida volta a se enterrar e repousar até o próximo banho.

O caramujo do terrário 1 - é o tarado, porque é o único que freqüentemente expõe o pênis principalmente em decorrência do fluxo de pessoas no laboratório. A Carol percebeu que ele poderia fazer e fez uma parceria mais que perfeita com o caramujo do terrário 8, a parideira, a qual atualmente está com 4 filhotes. É o caramujo mais fértil do laboratório e faz suas oviposições menos de uma semana depois da cópula e um mês depois os filhotes nascem, bonitos e saudáveis.

O Caramujo do terrário 6 foi apelidado por todos de Mega X ou alucinado, segundo a Carol ele simplesmente adora subir na tampa do terrário então solta seu pé e se atira no pote d’água, fazendo um grande barulho e dando sustos e arrancando sorrisos de todos com essa mania tão peculiar. Depois ele sai do pote, sobe na tampa e começa tudo de novo. É realmente intrigante esse comportamento e o que está gerando uma reflexão sobre ele sentir prazer com esse comportamento.

Também tem o mega bebê, que vive ativo, nunca entra na concha, está sempre andando, principalmente em cima dos outros, parece até uma criança mesmo.

O mega adolescente é revoltado, vivia ativo, até que um a Carol colocou um mais ou menos da mesma idade junto, agora ele não quer mais sair da concha, e ás vezes sai só pela metade, parece que só para fazer birra, para mostrar que não achou nada legal ter seu espaço tomado.

O Mega Godinho é o comilão do terrário 7, é o único caramujo que só tem comida por um dia, a Carol coloca o dobro de comida para ele, mas no outro dia não tem mais nada, e com um terrário inteiro para ele dormir, o seu local preferido é o pote de comida.