A Etologia dos e nos Manifestos


A Etologia no dia a dia não poderia deixar de refletir sobre um acontecimento tão emocionante, intrigante e histórico como as ondas de manifestos que ocorreram no Brasil inteiro na última semana. O fato é não inusitado que ainda não temos uma explicação totalmente formada para o fenômeno ocorrido. Tudo indica que começou com um grupo de estudantes indignados com o aumento da tarifa do transporte público -  lógico que devemos considerar que a insatisfação está se acumulando há décadas. Esses jovens procuraram reunir voluntários para o protesto via a ferramenta mais familiar para eles: as redes sociais. E o resultado... assustou e alertou a todos os governantes. Uma adesão fantástica foi obtida de norte a sul, das grandes megalópoles como São Paulo até as menores cidades do interior. Centenas de milhares de pessoas nas ruas andando, andando, andando, com a necessidade de serem ouvidas, reclamando a insatisfação há muito tempo comentadas apenas virtualmente. Eu fiquei emocionada com os relatos emocionados dos meus alunos - ainda na segunda década de suas vidas - que até então se sentiam inseridos na sociedade ao verem o número de amigos, cutucadas e curtidas crescerem nas suas redes sociais. Esses alunos com os olhos mareados me contaram a experiência – biologicamente compreensível – de estarem inseridos em um mar de pessoas reais que estavam na mesma frequência e compartilhavam uma meta, um ideal, uma causa. Muito bacana! Eu vivi isso nas passeatas que culminaram no impeachment do Collor. Obviamente que na época eu não sabia das motivações políticas escusas que me conduziram às ruas, mas sentia a mesma emoção dos jovens de hoje, ao me sentir membro de uma nação. 
Logicamente que atualmente até a linguagem das ruas é diferente. Antigamente tínhamos lideranças políticas a nos guiar, até mesmo as palavras de ordem. Hoje, as autoridades dizem que não conseguem entender o que o povo reclama, cada cartaz, cada camiseta, cada palavra de ordem traz uma reivindicação diferente, eles estão confusos! Rs! É a linguagem da internet! Das redes sociais... É assim mesmo, cada um posta o seu ponto de vista, assim individualmente e extremamente criativo, daí quem gosta compartilha, curte ou reelabora! Eu fiquei muito positivamente impressionada de ver a linguagem das redes sociais nas ruas. É o mundo moderno do individualismo extremo, clamando para uma primitiva necessidade inserção no grupo. Toda espécie social precisa de uma liderança! A liderança serve para trazer tranquilidade para o grupo, pois a ela é atribuída funções importantes tanto de orientação para qual rumo seguir, quanto para defesa do grupo e principalmente para manter o grupo coeso, seja pelo medo de ser expulso, ou por se sentir confortável no grupo. Caso a liderança não atenda as expectativas do grupo ela é substituída. 
A política não foi criada pelo homem, ela foi criada pela natureza! - Sugiro a leitura da obra clássica de Frans de Wall ChimpanzeePolitics. -  Ao escolhermos uma liderança deve
mos confiar que ela fará o melhor para a coletividade. A questão é que nossa nação traz a herança da colonização, de sermos totalmente conduzidos, de sermos explorados e principalmente de admirarmos mais o estrangeiro do que a nossa natureza. A globalização, contudo tem trazido novos horizontes, assim a geração que engoliu um sistema já saturado de descontentamentos, procura se mobilizar - com as armas e argumentos que possuem – para deixar bem claro para essa liderança que não é desse grupo que queremos fazer parte. A vida moderna tem causado um colapso entre nossas necessidades biológicas e nossa extremamente rápida e fantástica evolução cultural e tecnológica. As pessoas já não estão tolerando o desconforto e ineficiência em buscar sozinhas soluções para tornar a nossa viva, vivível. Essa mobilização me trouxe a certeza de que é possível sim continuarmos a nossa jornada nesse planeta, de que a evolução dos seres humanos não foi em vão e de que conseguiremos encontrar o equilíbrio. Também acredito cada vez mais na seleção natural que irá eliminar aqueles que não conseguirem encontrar esse equilíbrio.  Obviamente que todos nós estávamos presentes nesse manifesto, eu estava a favor da vida, da vida com qualidade, da essência e valor de cada segundo, do valor de cada ser vivo, da participação individual e coletiva na construção de uma história para nosso Planeta! – o qual, até provem o contrário – é o único fantasticamente vivo em todo esse universo! So, enjoy it    

Destaques na semana de TCC-PUCPR



A semana de 10 a 14 de junho de 2013 foi marcada pela defesa dos Trabalhos de Conclusão de Curso dos Cursos de Bacharelado e Licenciatura em Biologia da PUCPR. Dentre tantas bancas esse semestre destaco duas. A primeira da Ana Laura Diniz, orientada minha e da Flávia Garbado, cujo objetivo foi investigar como o tema “bem-estar animal” está sendo abordado na internet, redes sociais e como é percebido por alunos do ensino fundamental e médio de escolas públicas e privadas de Curitiba.  Tivemos a brilhante participação da Mestre Priscila Tamioso na banca que alertou para o cuidado que deve-se ter para não confundir o termo "bem estar animal" com "ética no uso de animais". O segundo foi relativo aos dados da formanda Gabriela Leviski - cujo trabalho acompanhei desde a concepção -  com um fantástico trabalho desenvolvido com distribuição de borboletas no Estado do Paraná, a aluna abrilhantou o curso com a magnitude do seu trabalho analisando mais de 27.000 registros, para o qual teve que aprender e dominar a utilização de soft
wares estatísticos. Mais um tema de interesse da Bioética ambiental foi desenvolvido pelo orientado da Flávia Garbado, o formando Diego Florêncio sobre espécies invasoras. Deixo meus parabéns a todos por mais uma etapa cumprida e sucesso nos novos desafios na carreira de Biólogo.

Um tira gosto dos trabalhos....

Avaliação da utilização, aplicação e percepção do termo “Bem estar animal”
 
Ana Laura Diniz Furlan; Flavia Roberta Amende Gabardo; Marta Luciane Fischer;

O rápido avanço tecnológico e cultural do homem tem resultado em sérios impactos ambientais. A sociedade necessita de novos paradigmas que norteie a relação do homem com a natureza, principalmente como os animais mantidos sob sua tutela. Dessa forma, a pergunta norteadora do presente estudo foi como o termo ”bem-estar animal” é percebido pela comunidade que utiliza da Internet, para pesquisas e entretenimento e como estudantes de. Utilizando de diagnósticos de avaliações através de análise de imagens do Facebook, sítios e a realização de grupo focal com estudantes, pode-se considerar que a sociedade e os estudantes tem a percepção de bem-estar sobre o animal que apresenta convivência, sendo na sua expressividade cães e gatos. diferentes realidades educacionais e em diferentes estágios de maturidade. Teve-se como hipótese inicial que este termo, todavia não esteja sendo utilizado e percebido de maneira ampla, mas sim focado na realidade em que o indivíduo está inserido e correspondente ao animal com o qual que tem mais convivência
Palavras-chave: Ambiente Escolar. Educação. Mídias Sociais.



REVELANDO PADRÕES DE RIQUEZA E COMPOSIÇÃO DE BORBOLETAS (LEPIDOPTERA: HESPERIOIDEA E PAPILIONOIDEA) NO PARANÁ, BRASIL

Gabriela Leviski e Eduardo Carneiro

As comunidades de borboletas (Hesperioidea & Papilionoidea) são frequentemente  reconhecidas por sua sensível alteração frente a diferentes aspectos ambientais o que as torna um grupo eficaz na determinação de qualidade de hábitat e efeitos antropicos, auxiliando consequentemente na ação de políticas de conservação. Tendo em vista a diversidade geológica, climática e biológica do Paraná, o presente trabalho objetivou reconhecer os padrões de riqueza e composição de borboletas no estado, contribuindo assim para a otimização do seu sistema unidades de conservação. O presente estudo baseou-se em informações de distribuição coligidas durante mais de 70 anos de registros históricos, presentes em coleções entomológicas e em bibliografia. Os registros coligidos foram transformados em mapas cuja distribuição das espécies eram representadas através de cinco diferentes metodologias e três tamanhos de escala, representadas através de quadrículas. Os valores de riqueza e composição obtidos foram correlacionados com esforço amostral, topografia, clima, remanescentes florestais e unidades de conservação. Verificou-se uma distribuição heterogênea da riqueza e da composição ao longo do estado. Independente da escala, a riqueza e a composição se mostraram correlacionadas entre si, apesar de apontarem diferenças sobre seus fatores determinantes. Os padrões de distribuição de borboletas no estado do Paraná se mostram influenciados por fatores tanto fitofisiográficos como climáticos, indicando que alterações nesses fatores devem acarretar em mudanças na distribuição das espécies. Observou-se que as áreas de maior riqueza coincidem com aquelas com o maior tamanho de remanescentes florestais, embora tal correlação não esteja presente para unidades de conservação. Algumas áreas com maiores dissimilaridades de fauna são representadas apenas por pequenos fragmentos desconectados no noroeste. Tais resultados sugerem que o plano atual de unidades de conservação do estado é ineficaz para a manutenção de determinados grupos da fauna, e que implementações visando sua otimização podem ser realizadas em remanescentes desprotegidos.
Palavras-chave: Conservação; biodiversidade; biogeografia; ecologia de comunidades, distribuição de espécies

ESPIRITUALIDADE: DESPERTAR DA VISÃO BIOLÓGICA.



Série Ensaios: Sociobiologia

Por Guilherme Felitto da Costa e Lucas Menon de Oliveira

Acadêmicos do Curso de Biologia

As relações com o místico sempre estiveram presentes na história da humanidade. Crenças, doutrinas religiosas e experiências espirituais têm sido componentes marcantes em diversas sociedades, refletindo um caminho na formação dos mais variados grupos. As palavras espiritualidade e religião, embora tenha significados diferentes, são muitas vezes compreendidas como sinônimos. Segundo Saad et al (2001), religiosidade envolve um sistema de cultos e doutrinas que é compartilhado por um grupo, e, portanto, tem características comportamentais, sociais, doutrinarias e valorais especificas. Já a espiritualidade está relacionada com o transcendente, com questões definitivas sobre o significado e o propósito da vida, e com a concepção que a mais na vida do que aquilo que pode ser visto ou plenamente entendido.A espiritualidade e sua relação com a saúde tem se tornado claro paradigma a ser estabelecido na prática médica diária. A doença permanece como entidade de impacto amplo sobre aspectos de abordagem desde a fisiopatologia básica até sua complexa relação social, psíquica e econômica. Logo, é fundamental reconhecer que esses diversos aspectos estão correlacionados em múltiplas interações. Existindo está correlação é possível atingirmos uma visão holística do ser humano.  Sendo assim, a doença passa a ser tratada como um conjunto de possíveis causas (não somente biológicas) e é superado o pensamento mecanicista, em que a doença, até então, é vista apenas como uma falha em uma das engrenagens da máquina humana.
Este vídeo relaciona a interação entre ciência e espiritualidade, trazendo um caso real de fé, onde a crença de uma mulher fortaleceu seu período de gestação. Também mostra que pesquisadores já estudam os aspectos biológicos e benéficos da espiritualidade para o corpo humano. O Renomado pesquisador Fritjof Capra (1985) diz: “Considero a ciência e o misticismo como manifestações complementares da mente humana, de suas faculdades racionais e intuitivas. O físico moderno experimenta o mundo através de uma extrema especialização da mente racional; o místico, através de uma extrema especialização da mente intuitiva. As duas abordagens são inteiramente diferentes e envolvem muito mais que uma determinada visão do mundo físico. Entretanto, são complementares, como aprendemos a dizer em Física. Nenhuma pode ser compreendida sem a outra; nenhuma pode ser reduzida à outra. Ambas são necessárias, suplementando-se mutuamente para uma compreensão mais abrangente do mundo. Parafraseando um antigo provérbio chinês, os místicos compreendem as raízes do Tao, mas não os seus ramos; os cientistas compreendem seus ramos mas não suas raízes. A ciência não necessita do misticismo e este não necessita daquela; o homem, contudo, necessita de ambos”. Logo, consideramos que é importante examinarmos a nós mesmo, relacionando todas as nossas atitudes e ações que destoem da ordem criada e que de alguma forma param ou impedem o desenvolvimento da Espiritualidade. Não podemos fingir um sorriso, precisamos mudar toda a nossa maneira de ser, pouco a pouco, se quisermos mesmo sentir uma purificação de alma.
Nós como biólogos acordamos para o fato de termos alterado o curso da evolução, percebemos as vezes que não soubemos para onde estamos indo. Temos que ter consciência que são nessas horas que precisamos parar, refletir e nos conscientizar do melhor a ser feito. Dando fim à nossa solidão e descobrirmos quem somos realmente. Entenderemos nosso interior, o que faz de nos seres únicos e como poderemos nos comunicar com todos outros seres, que também são únicos e possuem sua espiritualidade, não importando a qual seja. Sabendo que para nos sentirmos mais confiante em nós mesmo e nas diversas coisas do mundo é preciso crer em algo, ter algo que possamos nos fortalecer e acreditar que existe o além daqui. Por fim concluímos que a espiritualidade não é a presença a igreja, e sim o teu sentido de espírito, a fé que você carrega dentro de você mesmo. Tenkai no livro “O Gene de Deus” interpreta muito bem isso quando consegue se sentir limpo de mente, ora pelo desapego, ora pelo contato com o seu eu interior. A mensagem que fica é: Mente sã, corpo são!


O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia e apoiado nas seguintes obras:

ALBERT, L.; Espiritualidade Verde: Doze Lições Sobre Espiritualidade Ecológica. São Paulo: Editora Gaia, 1996.
CAPRA, F.; O Tao da Física – Um Paralelo entre a Física Moderna e o Misticismo Oriental. São Paulo: Editora Cultrix, 1985.
CREMA, R.; Introdução à Visão Holística – Breve Relato de Viagem do Velho ao Novo Paradigma. São Paulo: Editora Summus Editorial, 1989.
GUIMARÃES, H.P.; AVEZUM, A.; 2007. O IMPACTO DA ESPIRITUALIDADE NA SAÚDE FÍSICA. Revista de Psiquiatria Clínica, 2007, Vol.34, p.88-94
PESSINI, L.; 2007. A ESPIRITUALIDADE INTERPRETADA PELAS CIÊNCIAS E PELA SAÚDE. O Mundo Da Saúde: São Paulo, 2007: abr/jun 31(2):187-19.
SAAD, M.; MASIERO, D.; BATTISTELLA, L. R.; 2001. ESPIRITUALIDADE BASEADA EM EVIDÊNCIAS. Acta Fisiátrica 8(3): 107-112, 2001.