Planejamento de Carreira.... O jovem não transcede?


Hoje vou abrir espaço para reflexão sobre um tema muito importante e que eu exaustivamente trabalhei essa semana. Para quem ainda não sabe, estou desenvolvendo uma pesquisa com os alunos de biologia a respeito do planejamento de carreira. Faz muito tempo que venho observando meus ex-alunos e percebendo que apenas o conhecimento técnico não é suficiente para uma inserção no mercado de trabalho e apesar de eu vislumbrar uma série de possibilidades de trabalho para o biólogo não vejo efetivamente operacionalizações. Obviamente devo deixar registrado que existem exceções e até gostaria muito de deixar aberto esse espaço para que ex-alunos relatassem seus sucessos e dificuldades.
A principio acredito que o problema maior está no fato do aluno universitário ser integralmente um aluno universitário, preocupado com o problema imediato, o trabalho da semana que vem, a prova de hoje.... deixando para pensar em emprego, carreira depois que pegar o canudo. E daí a transição pode ser muito mais difícil...
Alguns estudiosos do comportamento humano apontam que uma mudança na linguagem nessa nova geração. A Internet levantou questões como metalinguagem, comunicação instantânea, informações objetivas, movimento.... Assim, essa mesma geração acaba transpondo essa forma de comunicação com seu dia-a-dia, não transcendendo tanto quanto antes... ao ir buscar nos livros as informações necessárias, o homem precisa exercitar o seu cérebro para criar imagens, sons e odores daqueles símbolos que seus olhos captam... agora tudo está pronto. Ao vermos um filme todas as emoções que devemos sentir já estão programadas, é só sentarmos na frente da tela e nos deixarmos levar? Há quem acredite que o grande conflito de gerações que vivemos é que a educação ainda exige do aluno um procedimento que não condiz mais com a condução do seu cérebro... será?
E a carreira? Vocês já pararam para pensar do peso que a profissão tem na vida de uma pessoa? Quando perguntam “o que você é?” ninguém diz “sou uma pessoa honesta, que gosta do azul e almeja ter muitos filhos” as pessoas dizem “sou advogado”, “sou professor” “sou atendente”... É o papel social... obviamente importante para uma espécie social como nós e o que nos conduzirá para determinação das nossas hierarquias. Por isso quem almeja postos maiores precisa se empenhar mais. Sociedades complexas têm grandes divisões de tarefas, nós exercemos ao extremo isso. Além das inúmeras profissões, dentro de cada uma delas temos mais milhares de áreas que podemos atuar... e como saber qual é o nosso papel social? Escolhas que poderão determinará nosso sucesso ou nosso fracasso? A razão da nossa existência social. Todo mundo sabe que temos habilidades natas, determinadas geneticamente. São refinamento de determinados órgãos sensoriais ou mesmo facilidade maior para aprender determinadas coisas. Até pouco tempo atrás a inteligência era medida unicamente pelo teste de QI (coeficiente de inteligência) que beneficiava apenas as habilidades lógicas e matemáticas... hoje são reconhecidas outras inteligências como as musicais, cinestésicas, lingüísticas, artísticas, intrapessoais, interpessoais e por ai vai... Logo, o autoconhecimento a respeito de nossas habilidades e competências já é meio caminho andado. Depois de desenvolver uma consciência de nós mesmos, precisamos desenvolver uma consciência social e nos projetarmos nessa sociedade exercendo a função que a mesma necessita. Precisamos ter a percepção da nossa realidade hoje e projetá-la no futuro. Ter consciência do que precisamos apreender, aprimorar, criar para nos colocarmos no lugar necessário para manter nossa espécie viva... Logo, não faz sentido nos programamos para uma função social se ela não existe! Certo?
Mas será que o jovem de hoje é tão imeditatista? Será que não planeja? Não projeta? Não tem expectativas? A própria escolha da profissão, a decisão de continuar o curso já é um planejamento, talvez não tão consciente e nem tão matematicamente planejado, mas é o início. Incentivar o aluno a programar com mais concentração pode ser benéfico pra ele e para sua carreira....

Cientistas investigam origem da relação da humanidade com cães e gatos

Sugestão de reportagem enviada por Priscila Tamioso

XXVII Encontro Anual de Etologia


Nessas últimas semanas eu e meus jovens etólogos passamos escrevendo os resumos de nossas pesquisas para serem apresentados no XXVII Encontro Anual de Etologia realizado pela Sociedade de Brasileira de Etologia de 12 a 15 de novembro de 2009, na irresistível cidade de Bonito, Mato Grosso do Sul (Clique no Titulo para acessar a página do congresso). O evento contará com nomes importantes como de Alcock (primeiro livro citado na nossa lista ao lado). O tema central do evento será Evolução e Comportamento Animal, simplesmente fantástico! Temos várias frentes de pesquisa: invertebrados de interesse médico, bem-estar e ética no uso de animais, etologia humana e até sociobiologia... o Laboratório Núcleo de Estudos do Comportamento Animal contará com a representação de diferentes áreas da Etologia trabalhadas com seriedade e dedicação por cada um desses acadêmicos que se preparam para alçar grandes vôos no mundo fantástico e fascinante da Etologia. Embora cada um deles tenham me prometido escrever uma síntese de suas pesquisas para postar neste blog hoje irei fazer um breve resumo dos trabalhos que serão submetidos.

As biólogas Lays Parolin e Thalita Vieira irão levar o resultado de seus projetos de iniciação científica. Eles tratam de um assunto fascinante que é a estratégia reprodutiva. E embora estejamos estudando esse aspecto em animais de interesse médico (aranha-marrom) que causa milhares de acidentes todos os anos em Curitiba (Situação atípica em termos mundiais) e usarmos esses resultados para subsidiar a compreensão dos motivos que levam espécies como Loxosceles intermedia lograrem tanto sucesso nos substratos antrópicos, não deixamos de vislumbrar padrões evolutivos relacionados com a seleção de parceiros e competição espermática, universais para todos animais, inclusive para os humanos. Para quem se interessa por esse assunto, sugiro os livros “O mito da monogramia” e “guerra de esperma” (lista ao lado).

O acadêmico Felipe Neves (parceiro desse blog) e extremamente eclético (tem trabalhado com aranhas, formigas, sonhos...), grande parceiro meu (por compartilharmos muitas afinidades) desta vez irá levar resultados parciais do seu TCC que visa avaliar como as pessoas suprem a ausência de elementos da comunicação não verbal nas interações de pré-cortejo durante os bate-papos nos chats... o trabalho está ficando fantástico!

A acadêmica Priscila Tamioso, que tem trabalhado com seu TCC a vários anos e mostrado excelentes resultados levantou a questão da ética no uso de animais. Partimos do principio que tratamos o outro como igual quando reconhecemos nele sentimentos e emoções nossas. Assim, será que acadêmicos e profissionais de diferentes áreas do conhecimento tendem a ter maior ou menor afinidade com os animais?

A acadêmica Alessandra Condessa também tem refletido muito pelos rumos da compreensão do comportamento social, principalmente dos “animais humanos”. Para isso ela leu muitos livros a respeito da sociobiologia e quis saber como essa nova área dentro da biologia extremamente polêmica na sua concepção está sendo interpretada atualmente por acadêmicos e professores que trabalham como o comportamento social como os biólogos, psicólogos e sociólogos.

Animais se suicidam?




O Portal terra divulgou dia 29.8.9 que a Suiça, contrariando a opinião de cientistas, investiga o caso de suicídio de vacas em uma localidade chamada Lauterbrunnen. Segundo moradores locais 28 animais se jogaram de um penhasco em um intervalo de 3 dias, as hipóteses vão desde o suicídio até susto com fortes tempestades, ou que caíram sem querer ao seguir uma das vacas que não percebeu o penhasco quando procurava pasto distraidamente. Outros relatos clássicos que temos datam de 1870 segundo testemunhas oculares. durante uma nevasca cerca de 100.000 bissões se deslocaram em fila e se jogaram de um penhasco de 1.000 metros. Será que as baleias e golfinhos que encalham na praia estão se suicidando?

Mas o suicídio precisa ser necessariamente tão radical? Até mesmo para os humanos é um tema extremamente controverso. O que eu questiono é se não há formas mais sutis de se suicidar. A lenta produção de radicais livres (ver postagens anterior) que aos poucos minam nossa renovação celular promovendo o envelhecimento, podem ser maximizados de uma forma tão intensa que doenças e “desligamento” dos órgãos promovem uma morte antecipada. São os inúmeros relatos de animais que morrem de “tristeza” ao serem abandonados pelos seus donos, deixam de se alimentar e aos poucos desligam-se! Há um relato não comprovado de um cão que se jogou propositalmente num rio. Segundo o Etólogo César Ades em entrevista para revista “Mundo Estranho” (http://mundoestranho.abril.com.br/mundoanimal/pergunta_286752.shtml) não considera a existência de suicídio nos animais, pois a natureza deve dotar o animal de um instinto de sobrevivência, não o contrário. Mas poderia os animais ter algum “termômetro” que indicasse que para a manutenção da espécie seria necessária a sua eliminação? O comportamento das abelhas que dão a sua vida em defesa da colméia seria colocado em qual contexto?

Hoje a acadêmica de Biologia Priscila Tamioso me enviou um interessante texto de divulgação de uma pesquisa sobre “o cheiro da morte”. Pesquisadores da Universidade de McMaster publicada na Evolutionary Biology. O líder da pesquisa prof. Rollo estava estudando semioquímicos presentes no corpo da barata que poderiam servir como indicativos para os demais indivíduos da presença de um bom sítio para alimentação e refúgio. Os pesquisadores perceberam que animais mortos exalam um cheiro que repulsam os co-específicos, provavelmente relacionado com a proteção, pois evitaria o contato com material orgânico em decomposição e plausível de contaminação. Eduward Wilson, já havia referido sobre essas substâncias na década de 70, em que formigas vivas banhadas em ácido oléico eram carregadas para os cemitérios das formigas, pois eram interpretadas como mortas e sua remoção do formigueiro necessária. Isso mesmo a formiga esperneando! O interessante é que essa molécula parece ser comum a inúmeros grupos de animais e ser utilizada como estratégia de sobrevivência a milhares de anos.
Em 2007 foi divulgado a capacidade de um gato pressentir o cheiro da morte em um asilo em Providence, nos Estados Unidos. O gato previu a morte de 25 idosos, deitando-se junto deles pelo menos quatro horas antes. É possível que todos os animais compreendam a proximidade da morte, embora esse comportamento tenha sido pouco estudado. Elefantes se afastam quando pressentem sua mote e se deslocam para os cemitérios dos elefantes.


David Rollo - http://www.science.mcmaster.ca/biology/faculty/rollo/rollo.htm
Gato cheiro da morte - http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1790161-EI8145,00.html

Nós e “eles” (by Felipe Neves)


Em resposta a uma aula de comportamento social com o 8o período de biologia em que estávamos refletindo sobre o fato de sermos uma espécie muito solitária nesse planeta por não existir outra espécie de hominídeo conosco a milhares de anos e que talvez a única forma de nos unirmos de fato seria a chegada e alienígenas comprometendo nosso domínio, o Felipe citou um novo filme que está para ser lançado. A meu pedido ele fez a sinopse e critica...


No dia 14 de agosto estreou nos EUA (no Brasil é só dia 30 de outubro) o filme “District 9” do diretor Sul-africano Neil Blomkamp e de produção do Peter Jackson, conhecido por ser o diretor dos filmes da trilogia Senhor dos Anéis. O que é interessante neste filme, que apesar de toda a ação e entretenimento que ele passa, ali existe uma grande análise da natureza humana que faz o espectador sentir um ultrarealismo sobre o que acontece no decorrer do que o longa transmite. O que Neil fez nesse filme é em suas próprias palavras algo mais ou menos assim “eu quis retratar a realidade do meus país, assolado por tantos anos de racismo e xenofobia... e eu amo ficção cientifíca, então porque não juntar os dois?”.
“District 9” é um exemplo perfeito de um tipo de filme de ficção cientifica bizarro, violento e subversivo com uma das melhores histórias do gênero dos últimos anos. O ponta-pé inicial da estória (prometo não fazer spoilers) e a situação de uma nave espacial de refugiados alienígenas que fica sem combustível e permanece “estacionada” na periferia de Joanesburgo (África do Sul) a cerca de 28 anos atrás, quando a polícia no apartheid segregava os não-brancos em distritos . No início os aliens são bem recebidos pelos humanos com atuação de organizações e ajuda internacional, mas com o passar do tempo apesar do intenso foco da mídia, essas ações não são tão eficientes assim (algo parecido com o que acontece nos dias de hoje, não é mesmo?...Qual era o país que queria ajuda internacional para implementação de votos diretos...Irã? bom, sabe... o Michael Jackson morreu). E os aliens não são tão “bonitos” e nem carismáticos, sendo algumas vezes perdidos e não tão tolerantes (parte do porque disso é explicado no filme).

O que acontece em seguida é que os aliens são separados dos humanos por medo (apesar de não serem perigosos) ou explicitamente por xenofobia e administrados por um grupo privado a MNU (Multi-National United) que tem um grande interesse pela tecnologia (sendo que esta mal pode ser usada pelos aliens como arma ou coerção, porque é necessário energia ou acesso) e biologia extraterrestre. E os aliens apesar de serem tão inteligentes e muitas vezes “mais humanos” do que nós, são maltratados e obrigados a viver em condições de pouca disponibilidade de comida e pequenas áreas (uma favela por assim dizer, extraterrestres ou humanos?) criando no distrito 9 (o lugar aonde são obrigados a viver) vínculos e grupos com gangues, negociantes de drogas nigerianos, prostituição interespécie, escambo por troca de comida (tem uma parte muito engraçada/triste sobre isso mas não vou falar hehe) e planejando fugas. A população atual dos extraterrenos está tão grande que faz com que a MNU tente realocar parte da população do distrito 9 para o 10 que é distante do lugar que a sua nave está parada, e alguns aliens não querem sair. Wikus van der Merwe é um dos agentes da MNU responsáveis pela mudança e é a partir da ação dele que o filme se inicia, mas ele está longe de ser o bonzinho que vê a situação toda e quer mudar...longe disso, ele é tão indiferente e muitas vezes cruel quanto todo o resto da população e alguns acontecimentos e relacionamentos com os alienígenas no filme apesar de indiretamente influenciar para o bem ou mal só acontece pelo egoísmo. O filme mostra uma espécie em grande parte pacífica se confrontando com uma espécie egoísta e manipuladora, alguém adivinha, qual é qual?

http://www.youtube.com/watch?v=d6PDlMggROA&feature=fvw (para ver trailler clicar no título dessa postagem)




Dancem macacos, dancem

Hipertricose congênita






A postagem dessa semana é decorrente de um dos milhares de temas que abordamos nas intensas aulas de Etologia na Psicologia. Trata-se de uma anomalia que resulta no nascimento de pessoas com pelos, como nossos antepassados... (será a ativação de genes que herdamos dos nossos ancestrais?). Os pelos são longos e podem chegar até a 25 cm. Na verdade trata-se da manutenção e intensificação de uma penugem (hipertricose) que os fetos possuem e que caem antes do nascimento. Essa síndrome é conhecida como a síndrome do lobisomen, estará aí o surgimento da lenda??? São pouquíssimos os casos de Hipertricose congênita registrados no mundo (em torno de 50 pessoas), e sem cura.