É óbvio que todos nós fomos agraciados pela natureza... sentir gostosinho é tudo de bom




No mês passado biólogo inglês Jonathan Balcombe, da Universidade do Tennessee, nos Estados Unidos, publicou um livro intitulado The exultant ark (algo como A arca exultante) com imagens de diferentes animais em momentos de prazer. O livro teve uma repercussão enorme e de novo veio a tona o questionamento se os animais podem ser felizes. A cada reequilíbrio homeostático todos nós animais recebemos de presente da natureza a sensação de prazer, é como se fosse uma premiação por um trabalho bem feito e que nos motiva a lutarmos pela nossa sobrevivência. Não precisa ser grandes feitos, não. Coisas pequenas como comer quando se está com fome, dormir quando se está com sono ou curtir um carinho, apreciar uma paisagem.... Já que é tão bom... o jogo é somarmos milhares de momentos de prazer e cultivarmos nosso bem-estar e proporcionar isso também a todos os animais. Balcombe se baseia em estudos científicos sobre o cérebro dos vertebrados, que mostram que o prazer está ligado a uma região conhecida como núcleo acumbente, evidenciando que os animais sentem e manifestam prazer de forma parecida com a nossa. Logo, esses prazeres têm uma função evolutiva, uma vez que proporcionam seres mais felizes, saudáveis e com mais chances de encontrar parceiros e deixarem descendentes. As pesquisas de Balcombe têm como objetivo é estimular os estudos de comportamento animal para criar argumentos que ajudem a combater práticas cruéis, como as de alguns zoológicos ou circos e aí entramos nós!

Veja a matéria inteira e algumas fotos: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI259009-15257,00.html


Veja a entrevista com o autor:


O Ser Humano: Ser naturalmente pessimista ou Otimista?

Essa semana a reflexão rolou solta nas aulas de Etologia! Na turma do primeiro ano de psicologia uma aluna levantou um contra-argumento interessante, que vale a pena continuarmos a refletir por aqui também. Eu estava falando que o ser humano era naturalmente pessimista me referindo a matéria da revista mente e cérebro desse mês que foi justamente sobre a ciência da felicidade. Segundo a reportagem Quando o otimismo faz mal os pesquisadores evolucionistas acreditam que herdamos uma tendência de perceber o negativo de forma mais rápida do que o positivo. E embora isso pareça algo ruim, na verdade não é não. Nossos ancestrais que eram mais sensíveis às mudanças negativas no ambiente tinham mais chances de sobrevivência, pois essas mudanças poderiam ser sinais de situações perigosas. Como ainda temos um corpinho de 200.000 anos, reagindo igual aos nossos ancestrais, nosso cérebro seria pré-programado a perceber problemas. Desta forma, os jornalistas concluem que a condição humana natural é desprezar as experiências positivas e focalizar os aspectos incômodos da vida. Ruffie (1982) já se referia aos humanos como macaquinhos insatisfeitos, segundo o autor, se fossemos macaquinhos felizes estaríamos até hoje pulando de galho em galho como nossos parentes mais próximos, os chimpanzés. Ruffie, em seu tratado sobre sociobiologia, coloca que nós seres humanos somos demasiado conscientes para sermos felizes. Nossos antepassados já viviam na angustia: tanto em relação aquilo que não conheciam, quanto em relação ao que não entendiam. Temiam o futuro que só eles, entre todos os seres vivos, conseguiam imaginar. A angustia foi o motor da evolução cultural. Levou à investigação e à inovação. Esta busca contínua permitiu aos homens melhorarem as suas técnicas e, desse modo, tornou a sua existência mais segura. Sucessivamente, aprenderam a talhar o sílex e a servirem-se de armas, a fazer fogo e controlá-lo; mais tarde a domesticar as plantas e os animais. Conhecemos bem os imensos progressos realizados. Este clima de insatisfação lançou-nos para a vanguarda do mundo. Uma humanidade feliz decerto que já teria desaparecido. O progresso foi fruto da inquietação. Mas nenhuma descoberta respondeu, ainda, as interrogações fundamentais como: o desconhecido, o futuro, a morte e para dizermos tudo, o sentido da vida. Porém a aluna pontuou muito pertinentemente que o otimismo é o que nos motiva a experimentar. Segundo Fernando Reinach as pessoas superestimam sua longevidade e subestimam sua probabilidade de morrer. Acreditar que o Brasil é o país do futuro parece estar nos nossos genes. Segundo o Biólogo, essa característica do cérebro faz sentido biológico. Sem ela, provavelmente seria mais difícil sobreviver em um ambiente em que impera a competição e a seleção natural. Uma das características da depressão é exatamente a redução desse otimismo e uma dificuldade em imaginar que o futuro é promissor. Assim, os neurocientistas estão procurando mapear o cérebro na busca da região responsável pelo otimismo. O resultado é que sempre que as pessoas utilizadas nos testes imaginavam, elas se dirigiam para o futuro e focavam em um pensamento positivo, duas regiões do cérebro eram ativadas de maneira específica: a região da amígdala e a parte anterior do córtex cingulado rostral. Essas regiões apresentam anomalias em pessoas afetadas por depressões profundas e pacientes com lesões nessas áreas tendem a apresentar depressão.

Os animais também podem ser mais otimistas ou mais pessimistas e pesquisas acadêmicas renomadas tem mostrado que as emoções dos animais influem no modo em que percebem o mundo e em suas decisões. Segundo Mike Mendl e sua equipe um animal que vive em um mundo habitualmente ameaçado por predadores desenvolve emoções negativas como a ansiedade, enquanto em um meio cheio de oportunidades e recursos para sobreviver se encontra em um estado emocional positivo. Assim, os animais pessimistas interpretam um movimento na mata como a presença de um predador. Já aqueles com estados emocionais positivos teriam um ponto de vista otimista da realidade, e na mesma situação interpretariam que o que se esconde no meio do mato é uma suculenta presa assustada. O mesmo pesquisador fez um experimento com cães e verificaram que os pessimistas costumaram estragar a mobília da casa e ter um comportamento destrutivo na ausência do dono, enquanto os cachorros mais otimistas costumaram ficar tranquilos durante o período de ausência do dono.

Podemos até debater se somos naturalmente mais pessimista ou mais otimista, mas provavelmente essa discussão ira culminar no fato que somos ambos e a sábia natureza criou a diversidade, ou seja, seres humanos com diferentes níveis de pessimismo e otimismo. É lógico se ambos as formas de perceber e interagir com a vida permaneceram é por que ambas as formas possibilitaram a sobrevivência de nossos ancestrais em um mundo heterogêneo que tem lugar para todos. Se o comportamento esta aí é porque foi evolutivamente determinado, só nos resta desfrutar do que construímos e do que conquistamos, lutando, obviamente, para nossa sobrevivência

Fecho esse Post com um exemplo de otimismo... Todos deveriam ver esse vídeo pelo menos uma vez na vida e refletir.....