Como transformar conhecimento acadêmico em qualidade de vida para população?

Essa semana eu irei ministrar duas palestras na UFPR, uma é sobre competição espermática e outra sobre os rumos da aplicação do conhecimento sobre aranha-marrom. Em ambas situações faço um destaque para a necessidade de transformação do conhecimento acadêmico em ações práticas que beneficie de imediato nossa sociedade. No Brasil produzimos muito conhecimento acadêmico, mas ainda somos capengas em produção de tecnologia. Entende-se por tecnologia não apenas patentes e produtos, mas protocolos de diagnósticos e ações de cidadania e educação. Uma forma de fazer a divulgação científica popular é através de programas de TV. O Fantástico tem produzido vários desses quadros e o que particularmente gostei foi sobre neurociência. Vejam o primeiro deles.


Transcendência, espiritualidade, religião....


Essa semana o Centro Acadêmico de Biologia promoveu a X BIOCEC trazendo profissionais renomados para a atualização, reciclagem e reflexão das diferentes áreas onde o biólogo pode atuar. Eu particularmente gostei muito das palestras sobre educação e sustentabilidade do Dr. Waldomiro Gremski, lendas e mitos do Dr. Paulo Bernande, sobre memória do Ilton Silva e senti muito pela baixa participação dos alunos. Esse é um momento tão enriquecedor para carreira, mas o que vi foram os alunos espalhados pelos corredores fazendo trabalhos de faculdade... será que de fato a juventude não está conseguindo transcender? Enfim, essa é outra discussão. Gostaria agora de falar um pouco da palestra do Dr. Marcio Pie. Fazia tempo que não via um debate deste nas semanas acadêmicas, mas a discussão ficou com um gostinho de quero mais. O professor quis levantar a questão de que o conflito entre ciência e religião é estéril, pois ambas têm seu lado bom e ruim, apresentou e re-interou a importância em se analisar dados históricos e reproduzir a fala de religiosos, cientistas, ateus... Mas será que é isso que devemos discutir?

Como eu mesma coloquei e discuto com meus alunos na disciplina de Etologia é a questão da transcendência e espiritualidade. Transcender é se deslocar pelo tempo, é se ver no futuro que ninguém tem garantia nenhuma que existirá. Espiritualidade é acreditar que “algo maior” está sob controle da vida, que ele nos protege e nos dará condições de superarmos os obstáculos, por mais intransponíveis que eles pareçam. Nossa espécie é apenas mais uma de tantos hominídeos que vagaram por esse mundo e nossos cerca de 100.000 anos de existência é pouco perto do tempo que as demais espécies viveram por aqui antes de se extinguirem. Nós convivemos com pelo menos uma espécie, o Homem de Neardenthal. Eles eram fortes, resistentes, inteligentes... então porque desapareceram e nós tivemos tanto sucesso nos espalhando pelo mundo e alcançando hoje a marca de mais de 6 bilhões de indivíduos? Dentre as hipóteses está a transcendência e a espiritualidade. O homem que vai até a caverna e conversa com os deuses através de seus desenhos, pedindo e acreditando em uma boa caçada; que supera as intempéries, que busca força para migrar por um mundo ríspido e cheio de obstáculos, que busca explicações para os fatos, que encontra uma forma de perder o medo da morte, que desenvolve os leitores de mentes e passa a acreditar em coisas que não são reais, que não se pega como o amor, o futuro, Deus... E a religião? Religião é cultura, vem da necessidade de formação de grupos inerente a qualquer espécie social. Ela terá fatores integradores e segregadores. Enquanto algo forte une o grupo, esse mesmo fator deve ser usado para diferenciar quem não é do grupo. O homem primitivo vivia em bandos de cerca de 150 pessoas, que deveriam estar unidas para conseguir alimento e proteção. A cultura com suas musicas, danças, jóias, dialetos cumpriu esse papel, assim cada um sabia bem a sua origem. É lógico que regras de conduta também existiram, apesar de muitos conceitos morais serem universais (Ler o Animal Moral). E a própria ciência acaba cumprindo esse papel quando segregam os cientistas dos não cientistas e até mesmo entre os cientistas dependendo do que cada um acredita.

A reflexão que eu gostaria de levantar é o fato de um cientista não poder acreditar em Deus, não poder ter uma religião. Eu mesma me deparei com essa situação quando eu entrei na faculdade. Era uma escolha que deveria ser feita! Com o passar do tempo fui entendendo que se a espiritualidade foi o fator de sucesso do ser humano, por tornar ele capaz, vencedor, valente por que não aproveitar esse comportamento que a natureza me deu e ter uma vida de qualidade. Por que eu deveria agora entrar na onda de alguns cientistas que procuram por evidencias históricas, arqueológicas, evolutivas para provar que Deus não existe? Quem está no cenário atualmente é o Dawkins com seu livro “Deus, um delírio” e o Collins com seu livro “A linguagem de Deus”. Eu vejo Dawkins tão transcendente quanto qualquer religioso por acreditar nos seus dogmas tão imateriais quanto. Mas também não acredito que devamos provar a existência material de Deus em fatos científicos como faz o Collins. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa... Deus não existe para ser materializado, mesmo porque quem tem experiências com Deus tem certeza que ele existe.

Inúmeros estudiosos estão se dedicando ao estudo do que acontece com o cérebro de alguém que está tendo uma experiência transcendental, é uma área chamada de neuroteologia (Cérebro e Mente abril 2005) e eu indico um livro muito interessante que é “o gene de Deus”. Também é muito difundido estudos que mostram que pessoas que têm fé, fazem ou recebem orações são curadas de doenças complexas. Aliás, milhares de exemplos de curas improváveis (milagres) podem ser vistos em qualquer religião. O cientista japonês Masaru Emoto demonstrou como o efeito de determinados sons, palavras, pensamentos, sentimentos alteram a estrutura molecular da água, a qual passava de um cristal lindo para um cristal disforme. Se nosso corpo é formado por mais de 70% de água como você quer sejam seus cristais? (http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=1919). (http://conscienciaevida.blogspot.com/2009/02/cristais-de-agua.html)

Veja e comenta o que o Dawkins pensa...


Produção Independente, Independente mesmo?






A novela “Caminho das Índias” está levantando um tema polêmico: “a produção independente”. Dificuldades nos relacionamentos, entrada no competitivo mercado de trabalho, idade avançada, falta de realização pessoal, cobrança da sociedade, instinto materno... Inúmeras são as explicações para a necessidade incontrolável de ser mãe a qualquer custo. Mas, como a autora da novela considera: “melhor ter um filho sozinha, pois daí eu crio como eu quiser”. E, daí? Será o final da monogamia social? Tantos milhões de anos de evolução para que a mulher da caverna conseguisse fisgar o seu homem para ajudá-la com a prole e agora... vamos dispensar? Será que o biológico e o social estão preparados para essas mudanças? A sociedade será monoparental? (ver reportagem Mente e Cérebro 193)

Em primeiro lugar precisamos ter em mente que em uma população de qualquer espécie nem todos os indivíduos se reproduzem, caso isso ocorresse teríamos sérios problemas de superpopulação. Por isso mesmo na natureza além de haver “seleção sexual” e “seleção social” há animais mais ou menos propensos para serem pais ou mães. Desta forma, é esperada a ocorrência de indivíduos inférteis ou com pouca chance de lograr uma fertilização.

Se o problema for a Infertilidade masculina e feminina..... recorremos a fertilização in vitro

Em humanos inúmeras pesquisas apontam para o aumento da infertilidade (atualmente em torno de 10%), sendo que em cerca de 90% dos casos é possível o diagnóstico. A taxa de infertilidade em humanos é grande para tendo em vista seu baixo índice reprodutivo quando comparados a outros animais. Porém, deve-se levar em consideração que somos uma espécie extremamente abundante representadas atualmente por 6,5 bilhões de pessoas, com uma projeção de 9 bilhões até 2050. Mesmo assim, alguns países europeus se preocupam com a diminuição na taxa de natalidade, fornecendo benefícios para quem tiver filhos.

No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que os homens são responsáveis por 40% dos casos de esterilidade, estando relacionado com a qualidade ou quantidade de espermatozóides. Além dos fatores genéticos, os fatores ambientais como hábitos de vida pouco saudáveis, poluição do ar, má qualidade da água podem estar contribuindo para esse aumento. Há, inclusive, a possibilidade de que o convívio com um excessivo número de eletrodomésticos possa colocar o indivíduo em contato com fontes de irradiação eletromagnética de diferentes níveis de potência e freqüência. Esse contato pode causar além de distúrbios na reprodução, também doenças degenerativas, efeitos psiquiátricos e psicológicos, alterações citogenéticas, alterações no sistema cardiovascular, nervoso e neuroendócrino, bem como nos parâmetros biológicos e bioquímicos.

A infertilidade feminina é um pouco mais complexa de ser diagnosticada, e além dos fatores genéticos (cistos, disfunções hormonais déficit na quantidade de hormônios, estrógeno ou progesterona, insuficiências em glândulas como a hipófise, as supra-renais ou a tireóide) e ambientais (inflamações, doenças, medicamentos), deve-se considerar o psicológico, muitas vezes responsáveis pela não ovulação ou impedimento da nidação do embrião, uma vez que o sistema imunológico da mulher precisa se adaptar a gravidez.

Desde o primeiro bebê de proveta - a cerca de 30 anos - a fertilização in vitro vem se aperfeiçoando e logrando sucesso até mesmo com homens considerados inférteis. O paradoxo é que apesar da população global estar aumentando em uma velocidade muito grande tornando o planeta quase inabitável, no Brasil, até mesmo o SUS e os planos de saúde deverá dar assistência para que os casais que não consigam ter filho. Dados do Ministério da Saúde apontam que quase 200 mil casais em idade fértil têm dificuldade de ter filhos. A orientação é que um casal cuja mulher tem menos de 35 anos e não conseguiu engravidar no período de 12 meses deve procurar um tratamento. O preço de um tratamento fica em torno de 15 mil reais.

No hospital das Clinicas de São Paulo a taxa de sucesso de gravidez após um tratamento de fertilização in vitro é de 30%, sendo que cada casal tem 3 chances. Novos estudos têm mostrado que a presença de uma proteína no endométrio é fundamental para nidação. O uso de uma das 50 proteínas presentes no endométrio tem aumentado para 88% o sucesso da técnica.

No Brasil, até o momento dessa publicação, as técnicas de Reprodução Assistida são regulamentadas apenas pelas normas éticas definidas pela resolução do Conselho Federal de Medicina de novembro de 1992 (nº 1358/92). Logo devem ser debatidas e legalizadas questões como vinculo matrimonial para aplicação das técnicas, doação de gametas, número de embriões transferidos, criopreservação dos embriões e diagnóstico genético pré-implantação.

E quando o problema é o útero.... Recorremos à barriga de aluguel

A "barriga de aluguel" já gerou polêmica e até uma novela global. Atualmente só pode ser feita entre parentes de até segundo grau, irmãs ou primas, para que não haja incompatibilidade sanguínea. Inclusive a pouco tempo no Japão uma senhora de 61 anos deu a luz ao seu neto. No Brasil nem a doadora nem a que empresta o útero podem receber pagamento, ao contrário de outros países (EUA), porém é possível que a mãe seja responsável pelo tratamento da outra mulher, mas não diretamente.

Se o problema for falta de parceiro.... Banco de espermas e Banco de óvulos

Deve-se considerar que nem todo mundo que quer ter um filho tenha ou queria ter um parceiro para ajudar. Neste caso, pode-se recorrer a um banco de esperma ou de óvulo. A doação de gametas só é permitida por lei se o doador for anônimo. Os doadores devem passar por uma bateria de testes biológicos, genéticos, de saúde e psicológicos. É comum modelos e jovens universitárias serem abordadas para doação de óvulos. Os EUA são o único país que considera legal o comércio de células reprodutivas. Na internet é possível encontra propostas de até US$ 15 mil por óvulos de mulheres com as mais diversas características físicas e intelectuais. A concepção de um filho por esses meios levanta a questão legal, caso a criança mais tarde venha pleitear a paternidade biológica.

E se o problema for não achar o parceiro.... Congelamento de óvulos, Clonagem ou Reprodução assexuada! Você escolhe...

Congelamento de óvulos

O congelamento de óvulos pelo processo de vitrificação tem sido sugerido para mulher que precisa passar por algum tratamento invasivo que comprometa suas células reprodutivas (como quimioterapia). Porém, mulheres que estão adiando a maternidade sejam devido à carreira profissional ou dificuldade em encontrar um parceiro, têm se beneficiado da técnica. Um estudo dirigido por Ri-Cheng Chian, da Universidade McGill, de Montreal (Canadá), tem sugerido que inicialmente o desconcegelamento (50% de sucesso) não representa perigo para o eventual bebê, sendo o índice de problemas de nascença entre as crianças fruto de óvulos vitrificados é de 2,5%, porcentagem comparável ao de nascimentos naturais. O congelamento custa no Reino Unido entre US$ 3.913 e US$ 5.870, mais um valor anual pelo armazenamento dos óvulos. Porém, ao contrário do esperma, que pode ser facilmente congelado, descongelado e usado em tratamentos de fertilidade, os óvulos são frágeis e, muitas vezes, acabam sendo danificados ao serem descongelados. No entanto, novas técnicas têm tido melhores resultados.

Clonagem

A clonagem de seres vivos tem sido um vasto campo de experimentos científicos e de discussões éticas. O nascimento da Dolly - em 1997 - quebrou o dogma segundo o qual uma célula adulta jamais poderia ser reprogramada para gerar um novo indivíduo. Muitos outros animais foram clonados e o mundo balançou frente à possibilidade de um ser humano ser clonado, o que gerou a interferência dos governos de vários países limitando as pesquisas. Nessa técnica se retira o óvulo de uma doadora e remove o núcleo. Então, uma célula contendo DNA é retirada de quem está sendo clonado. Por meio de eletricidade, o óvulo sem núcleo é fundido com a célula contendo o DNA. Forma-se o embrião, que é implantado na mãe de aluguel, aquela que forneceu o óvulo. Caso o procedimento seja bem-sucedido, a mãe de aluguel dará à luz à uma cópia exata do clonado.

Reprodução assexuada – Não precisamos mais dos espermatozóides! E agora que será dos homens?


A reprodução assexuada é comum na natureza e a primeira forma de replicação criada. Porém perdeu cenário para a reprodução sexuada diante da diversidade genética proporcionada com mais rapidez por esta. A reprodução assexuada nada mais é que uma forma de clonagem e entre a mais comum está a partenogênese, em que a fêmea produz um óvulo que não precisa ser fertilizado. Não há registro natural da partenogênese em mamíferos, porém uma nova técnica de clonagem propõe a eliminação do sexo masculino, marcando com o nascimento de uma fêmea de camundongo chamada Kaguya que tem duas mães e nenhum pai. O nascimento desse camudongo foi considerado o fato mais revolucionário na biologia reprodutiva desde a clonagem da ovelha Dolly.

Na formação de espermatozóides e óvulos certos genes fundamentais são desligados por uma série de marcações químicas. Para produzir Kaguya, Tomohiro Kono e sua equipe desenvolveram uma espécie de truque biológico, manipulando o núcleo do óvulo de uma das fêmeas para masculinizá-lo através da criação de camundongas transgênicas cujos óvulos têm ativado o gene IGF-2, normalmente ativo nos espermatozóides. Assim, o núcleo do óvulo de uma camundonga transgênica foi transferido para um óvulo normal, esse óvulo com dois núcleos foi cultivado em laboratório, crescendo e se dividindo. A técnica ainda é altamente ineficiente, uma vez que de 457 óvulos reconstruídos apenas Kaguya e uma irmã nasceram vivas. E somente Kaguya chegou à idade adulta. A experiência tem desdobramentos biológicos e éticos, uma vez que o ser humano chega a um nível inédito na capacidade de mudar a geração de seres vivos. Agora, casais de lésbicas podem ter filhas geneticamente aparentadas de ambas - sempre filhas, já que sem o cromossomo sexual masculino Y é impossível gerar meninos

E a adoção?


A adoção entre os animais ainda não é algo compreendido seria apenas a compensação por um filhote perdido? Um instinto de cuidar? Ou altruísmo?. O caso mais clássico é relatado no livro “o parente mais próximo” (lista ao lado) em que uma macaca adora um filhote da mesma espécie, após perder os seus bebês e exemplos mais modernos como o casal de pingüim gay relatado dias atrás neste blog. Existem também inúmeros relatos de adoções heteroespecíficas como macaca que adota gato (http://franpage.blogspot.com/2008/08/macaco-adota-gato.html), gata que adota coelho (http://porcamandioca.com/2009/05/gata-adota-filhote-de-coelho/), porca que adota tigre (http://www.achetudoeregiao.com.br/noticias/animal0215.htm), cão que adota veado (http://www.angelamoura.com/Nova/cao_adota_veado.htm), leão (http://adestramento.wordpress.com/2008/05/10/cachorro-adota-filhotes-de-leo/) e macaco (http://www.seucachorro.com/cachorro-adota-macaco-em-mocambique/).
Os seres humanos também adotam outras espécies como filhos (cães, gatos, macacos, aves...) tem gente que adota ate objetos. A adoção de crianças não é um processo tão fácil, atualmente milhares de casais heterossexuais, homossexuais e solteiros (só no Rio de Janeiro são 450 casais) estão na fila de adoção. Normalmente buscam por crianças brancas, recém-nascidas e saudáveis. Deve-se considerar também que muitas das crianças presentes em abrigos não estão disponíveis para adoção, os pais deixam-as ao por não terem como cuidar, mas não abrem mai do pátrio poder. A maioria atinge a maior idade nesses abrigos sem terem a oportunidade de terem uma família (http://www.adocaobrasil.com.br/news007.asp).

Para saber mais:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=17963
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2004/04/040421_dnarato.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u413152.shtml
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1046649-EI296,00.html
http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/19395
http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3682666-EI238,00.html
http://www.minhavida.com.br/materias/saude/e+preciso+conhecer+as+causas+da+infertilidade+masculina.mv
http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mulher/mat/2009/05/22/o-sonho-da-maternidade-em-parcelas-755986011.asp
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u389469.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/equi20000826_gravidez40_04.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u118224.shtml
http://www.crh.com.br/crh.asp?pasta=33&livro=1&txt=15

A Pílula para Lembrar? Pílula para esquecer?



Qual você vai tomar hoje?


Uma questão polêmica está em pauta: usar medicamentos para melhorar o desempenho intelectual em pessoas saudáveis (em algumas universidades até 25% dos estudantes e professores consomem) com o intuito de turbinar o cérebro. Essa atitude tem contado com o apoio de alguns cientistas renomados (área de neurociência, saúde pública, direito e ética) e repulsa por outros. Alguns adeptos assinaram um manifesto na revista científica Nature, justificando que artifícios para aperfeiçoar o desempenho cerebral - seja por educação, alimentação ou meditação - são métodos e não trapaças, análogos ao uso desses remédios.



Steven Rose em sua obra "o Cérebro no século XXI" (lista ao lado) traz um ponto de vista bem interessante ao questionar o uso dos novos conhecimentos advindos com o avanço das neurociências. Ao invés do homem usar o conhecimento para compreensão do comportamento (animal e humano) ele visa deter o controle e ultrapassar a genética trazendo promessas como a “pílula da inteligência"; "Máquinas que lêem o cérebro"; "Estimuladores do cérebro", "Genes da psique"; "Controle do estresse".


Há muito tempo se pesquisa a melhoria dos sintomas de doenças que provocam danos cognitivos - capacidade de aprendizado, memorização, compreensão, linguagem, distúrbios de sono - como o mal de Alzheimer, esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção ou hiperatividade (TDAH) e mal de Parkinson. Drogas como a Ritalina, Adderall, modafinil, donepzil, têm trazido melhoras no quadro clínico. No entanto, além de não se conhecer os efeitos colaterais a longo prazo, não há estudos concretos como o cérebro funciona, quanto aumenta nosso QI, nem os efeitos dessas drogas sobre o cérebro em formação. Também não se é sabido se o uso desses compostos provoca apenas uma melhora temporária ou permanentes.



A questão ética levanta vários pontos que devem ser debatidos com a sociedade - a administração de drogas sem o conhecimento ou consentimento da pessoa pode possibilitar a homogeneização das pessoas ou a criação de máquinas para servir a determinados aspectos? Por exemplo: transformar soldados em máquinas de matar - patrão obrigar funcionário a usar para melhorar desempenho - o doping mental em um concurso seria uma trapaça? Qual a implicação social se todos os seus elementos se tornassem inteligentes? Será que essas pílulas seriam uma maximização de estratégias mais tradicionais para o aumento de concentração (como o cafezinho ou o guaraná; Cuidado com alimentação, meditação e exercícios físicos). Será que poderíamos considerar um procedimento desleal a competição entre um indivíduo nascido rico e com boa nutrição durante seu desenvolvimento e boa educação com um que passou a infância desnutrido? Nesse cenário poderíamos considerar essas drogas uma contribuição para redução das desigualdades sociais? Quais seriam então as implicações sociais e evolutivas disto?

Rotina ou Novidade?

A natureza nos dotou de um cérebro para resolvermos nossos problemas, nossa memória foi moldada para medida das nossas necessidades. Evoluímos em um ambiente altamente mutável - o qual somado a nossa longa longevidade e estrutura social com muitos integrantes - exigia uma capacidade de memorização de eventos e indivíduos de forma extremamente interligada. Assim, a rotina não despertava a atenção do cérebro como as novidades. Pesquisadores ingleses mostram que o Hipocampo serve tanto para fixar quanto para reativar as memórias, sendo ele o verdadeiro detector de novidades. A Dopamina é a substância que permite a formação da memória. Esses conhecimentos podem ser incorporados pela pedagogia para o desenvolvimento de procedimentos pedagógicos que favoreçam a fixação da memória usando os mecanismos naturais do cérebro.

Socialmente existem os Novelly seekers – buscadores de novidades – como Chris McCandless cuja vida foi relatada no filme Na natureza selvagem (veja trailler). Essas pessoas têm uma ânsia pelo novo, não se adaptam à rotina. Segundo neurocientistas alemães seus cérebros possuem pouca dopamina. Em um cérebro normal quando uma pessoa vê um rosto, o hipocampo procura nos arquivos de rostos, caso não encontre nada parecido aciona o alarme “estranho” e aumenta a atenção. Em pessoas com altas dosagens de dopamina tudo é novidade, então conseguem viver facilmente com a rotina, (são mais amáveis, estáveis emocionalmente e têm mais consciência de si). Já as pessoas que têm baixa dosagem, nem estimulo novo satisfaz (são sociáveis, ativas, atraídas por novidades e exploradoras). A novidade é um paradoxo, pois ao mesmo tempo que fascina, também assusta, pois o conhecido nos dá segurança. Embora sempre a novidade excite a todos, tente a ser maior na juventude. Deve-se considerar, ainda, que embora precisamos da consciência para aprendermos muitas coisas, alguns processos cognitivos ocorrem inconscientemente, num processo chamado de aprendizado implícito.

Mas seria saudável lembrar de tudo?

Paralelamente às pesquisas que visam desenvolver drogas que nos façam lembrar de TUDO - de uma tempestade de 30 anos atrás até o telefone novo memorizado a meia hora - outros pesquisadores tentam desenvolver tecnologias para que possamos apagar memórias que nos fazem mal. Yadín Dudai, chefe do Departamento de Neurobiologia do Instituto de Ciências Weizman, da cidade israelense de Reho descobriu que a proteína, a enzima PKN-zeta, atua como u ma pequena máquina que a mantém viva e também pode apaga a memória. A descoberta pode tanto fortalecer a memória de pessoas idosas quanto remover lembranças traumáticas. Esta enzima é encontrada na sinapse, sendo capaz de modificar algumas facetas na estrutura deste contato. Dudai e Shema expuseram a descoberta na edição da revista "Science" - entenderam que se a PKN-zeta for "silenciada" na sinapse a mudança produzida pela enzima poderia ser revertida. Veja o vídeo e comente.



Para saber mais

http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/041006/trecho_cerebro.html
http://www.unesp.br/aci/clipping/231208i.php
http://consciencianodiaadia.com/2008/07/06/pilulas-para-turbinar-o-cerebro-onde-estamos-e-onde-podemos-chegar/
http://hypescience.com/dez-maneiras-de-manter-a-mente-afiada/
http://claudioalex.multiply.com/links/item/1227/1227

http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/a_busca_da_pilula_da_inteligencia.html

http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/6845

http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1842276-EI8147,00.html

http://www.insanus.org/mondoestudo/2007/03/cientista_apaga_memoria_de_roe.html

Revista Mente e Cérebro 193 – Doidos por novidades!

Casal de pinguins gays adota filhote abandonado



A estudante de Psicologia Carolina me enviou essa matéria e achei interessante dividir com vocês complementando o tema da semana passada.

A matéria divulgada pela BBC apresenta o resultado de experimentos realizados no zoológico de Bremerhaven o qual ficou conhecido por "testar" a orientação sexual de pinguins com características homossexuais. Na ocasião foi registrado alguns machos tentando cruzar e inclusive chocando pedras. Os pesquisadores disseram que tentaram introduzir fêmeas, mas que foram coagidos pelo movimento gay a desistirem da idéia. Então eles doaram um ovo para o casal, o qual chocou, protegeu, cuidou e alimentou o filhote adotado. Veja a matéria na íntegra (Clique no título) e comente.