Transcendência, espiritualidade, religião....


Essa semana o Centro Acadêmico de Biologia promoveu a X BIOCEC trazendo profissionais renomados para a atualização, reciclagem e reflexão das diferentes áreas onde o biólogo pode atuar. Eu particularmente gostei muito das palestras sobre educação e sustentabilidade do Dr. Waldomiro Gremski, lendas e mitos do Dr. Paulo Bernande, sobre memória do Ilton Silva e senti muito pela baixa participação dos alunos. Esse é um momento tão enriquecedor para carreira, mas o que vi foram os alunos espalhados pelos corredores fazendo trabalhos de faculdade... será que de fato a juventude não está conseguindo transcender? Enfim, essa é outra discussão. Gostaria agora de falar um pouco da palestra do Dr. Marcio Pie. Fazia tempo que não via um debate deste nas semanas acadêmicas, mas a discussão ficou com um gostinho de quero mais. O professor quis levantar a questão de que o conflito entre ciência e religião é estéril, pois ambas têm seu lado bom e ruim, apresentou e re-interou a importância em se analisar dados históricos e reproduzir a fala de religiosos, cientistas, ateus... Mas será que é isso que devemos discutir?

Como eu mesma coloquei e discuto com meus alunos na disciplina de Etologia é a questão da transcendência e espiritualidade. Transcender é se deslocar pelo tempo, é se ver no futuro que ninguém tem garantia nenhuma que existirá. Espiritualidade é acreditar que “algo maior” está sob controle da vida, que ele nos protege e nos dará condições de superarmos os obstáculos, por mais intransponíveis que eles pareçam. Nossa espécie é apenas mais uma de tantos hominídeos que vagaram por esse mundo e nossos cerca de 100.000 anos de existência é pouco perto do tempo que as demais espécies viveram por aqui antes de se extinguirem. Nós convivemos com pelo menos uma espécie, o Homem de Neardenthal. Eles eram fortes, resistentes, inteligentes... então porque desapareceram e nós tivemos tanto sucesso nos espalhando pelo mundo e alcançando hoje a marca de mais de 6 bilhões de indivíduos? Dentre as hipóteses está a transcendência e a espiritualidade. O homem que vai até a caverna e conversa com os deuses através de seus desenhos, pedindo e acreditando em uma boa caçada; que supera as intempéries, que busca força para migrar por um mundo ríspido e cheio de obstáculos, que busca explicações para os fatos, que encontra uma forma de perder o medo da morte, que desenvolve os leitores de mentes e passa a acreditar em coisas que não são reais, que não se pega como o amor, o futuro, Deus... E a religião? Religião é cultura, vem da necessidade de formação de grupos inerente a qualquer espécie social. Ela terá fatores integradores e segregadores. Enquanto algo forte une o grupo, esse mesmo fator deve ser usado para diferenciar quem não é do grupo. O homem primitivo vivia em bandos de cerca de 150 pessoas, que deveriam estar unidas para conseguir alimento e proteção. A cultura com suas musicas, danças, jóias, dialetos cumpriu esse papel, assim cada um sabia bem a sua origem. É lógico que regras de conduta também existiram, apesar de muitos conceitos morais serem universais (Ler o Animal Moral). E a própria ciência acaba cumprindo esse papel quando segregam os cientistas dos não cientistas e até mesmo entre os cientistas dependendo do que cada um acredita.

A reflexão que eu gostaria de levantar é o fato de um cientista não poder acreditar em Deus, não poder ter uma religião. Eu mesma me deparei com essa situação quando eu entrei na faculdade. Era uma escolha que deveria ser feita! Com o passar do tempo fui entendendo que se a espiritualidade foi o fator de sucesso do ser humano, por tornar ele capaz, vencedor, valente por que não aproveitar esse comportamento que a natureza me deu e ter uma vida de qualidade. Por que eu deveria agora entrar na onda de alguns cientistas que procuram por evidencias históricas, arqueológicas, evolutivas para provar que Deus não existe? Quem está no cenário atualmente é o Dawkins com seu livro “Deus, um delírio” e o Collins com seu livro “A linguagem de Deus”. Eu vejo Dawkins tão transcendente quanto qualquer religioso por acreditar nos seus dogmas tão imateriais quanto. Mas também não acredito que devamos provar a existência material de Deus em fatos científicos como faz o Collins. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa... Deus não existe para ser materializado, mesmo porque quem tem experiências com Deus tem certeza que ele existe.

Inúmeros estudiosos estão se dedicando ao estudo do que acontece com o cérebro de alguém que está tendo uma experiência transcendental, é uma área chamada de neuroteologia (Cérebro e Mente abril 2005) e eu indico um livro muito interessante que é “o gene de Deus”. Também é muito difundido estudos que mostram que pessoas que têm fé, fazem ou recebem orações são curadas de doenças complexas. Aliás, milhares de exemplos de curas improváveis (milagres) podem ser vistos em qualquer religião. O cientista japonês Masaru Emoto demonstrou como o efeito de determinados sons, palavras, pensamentos, sentimentos alteram a estrutura molecular da água, a qual passava de um cristal lindo para um cristal disforme. Se nosso corpo é formado por mais de 70% de água como você quer sejam seus cristais? (http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=1919). (http://conscienciaevida.blogspot.com/2009/02/cristais-de-agua.html)

Veja e comenta o que o Dawkins pensa...