domingo, 21 de junho de 2009

Transcendência, espiritualidade, religião....


Essa semana o Centro Acadêmico de Biologia promoveu a X BIOCEC trazendo profissionais renomados para a atualização, reciclagem e reflexão das diferentes áreas onde o biólogo pode atuar. Eu particularmente gostei muito das palestras sobre educação e sustentabilidade do Dr. Waldomiro Gremski, lendas e mitos do Dr. Paulo Bernande, sobre memória do Ilton Silva e senti muito pela baixa participação dos alunos. Esse é um momento tão enriquecedor para carreira, mas o que vi foram os alunos espalhados pelos corredores fazendo trabalhos de faculdade... será que de fato a juventude não está conseguindo transcender? Enfim, essa é outra discussão. Gostaria agora de falar um pouco da palestra do Dr. Marcio Pie. Fazia tempo que não via um debate deste nas semanas acadêmicas, mas a discussão ficou com um gostinho de quero mais. O professor quis levantar a questão de que o conflito entre ciência e religião é estéril, pois ambas têm seu lado bom e ruim, apresentou e re-interou a importância em se analisar dados históricos e reproduzir a fala de religiosos, cientistas, ateus... Mas será que é isso que devemos discutir?

Como eu mesma coloquei e discuto com meus alunos na disciplina de Etologia é a questão da transcendência e espiritualidade. Transcender é se deslocar pelo tempo, é se ver no futuro que ninguém tem garantia nenhuma que existirá. Espiritualidade é acreditar que “algo maior” está sob controle da vida, que ele nos protege e nos dará condições de superarmos os obstáculos, por mais intransponíveis que eles pareçam. Nossa espécie é apenas mais uma de tantos hominídeos que vagaram por esse mundo e nossos cerca de 100.000 anos de existência é pouco perto do tempo que as demais espécies viveram por aqui antes de se extinguirem. Nós convivemos com pelo menos uma espécie, o Homem de Neardenthal. Eles eram fortes, resistentes, inteligentes... então porque desapareceram e nós tivemos tanto sucesso nos espalhando pelo mundo e alcançando hoje a marca de mais de 6 bilhões de indivíduos? Dentre as hipóteses está a transcendência e a espiritualidade. O homem que vai até a caverna e conversa com os deuses através de seus desenhos, pedindo e acreditando em uma boa caçada; que supera as intempéries, que busca força para migrar por um mundo ríspido e cheio de obstáculos, que busca explicações para os fatos, que encontra uma forma de perder o medo da morte, que desenvolve os leitores de mentes e passa a acreditar em coisas que não são reais, que não se pega como o amor, o futuro, Deus... E a religião? Religião é cultura, vem da necessidade de formação de grupos inerente a qualquer espécie social. Ela terá fatores integradores e segregadores. Enquanto algo forte une o grupo, esse mesmo fator deve ser usado para diferenciar quem não é do grupo. O homem primitivo vivia em bandos de cerca de 150 pessoas, que deveriam estar unidas para conseguir alimento e proteção. A cultura com suas musicas, danças, jóias, dialetos cumpriu esse papel, assim cada um sabia bem a sua origem. É lógico que regras de conduta também existiram, apesar de muitos conceitos morais serem universais (Ler o Animal Moral). E a própria ciência acaba cumprindo esse papel quando segregam os cientistas dos não cientistas e até mesmo entre os cientistas dependendo do que cada um acredita.

A reflexão que eu gostaria de levantar é o fato de um cientista não poder acreditar em Deus, não poder ter uma religião. Eu mesma me deparei com essa situação quando eu entrei na faculdade. Era uma escolha que deveria ser feita! Com o passar do tempo fui entendendo que se a espiritualidade foi o fator de sucesso do ser humano, por tornar ele capaz, vencedor, valente por que não aproveitar esse comportamento que a natureza me deu e ter uma vida de qualidade. Por que eu deveria agora entrar na onda de alguns cientistas que procuram por evidencias históricas, arqueológicas, evolutivas para provar que Deus não existe? Quem está no cenário atualmente é o Dawkins com seu livro “Deus, um delírio” e o Collins com seu livro “A linguagem de Deus”. Eu vejo Dawkins tão transcendente quanto qualquer religioso por acreditar nos seus dogmas tão imateriais quanto. Mas também não acredito que devamos provar a existência material de Deus em fatos científicos como faz o Collins. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa... Deus não existe para ser materializado, mesmo porque quem tem experiências com Deus tem certeza que ele existe.

Inúmeros estudiosos estão se dedicando ao estudo do que acontece com o cérebro de alguém que está tendo uma experiência transcendental, é uma área chamada de neuroteologia (Cérebro e Mente abril 2005) e eu indico um livro muito interessante que é “o gene de Deus”. Também é muito difundido estudos que mostram que pessoas que têm fé, fazem ou recebem orações são curadas de doenças complexas. Aliás, milhares de exemplos de curas improváveis (milagres) podem ser vistos em qualquer religião. O cientista japonês Masaru Emoto demonstrou como o efeito de determinados sons, palavras, pensamentos, sentimentos alteram a estrutura molecular da água, a qual passava de um cristal lindo para um cristal disforme. Se nosso corpo é formado por mais de 70% de água como você quer sejam seus cristais? (http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=1919). (http://conscienciaevida.blogspot.com/2009/02/cristais-de-agua.html)

Veja e comenta o que o Dawkins pensa...


8 comentários:

  1. Eu gostei muito desse post, pois realmente essa discussão que aconteceu na BIOCEC merece um pouco mais.
    Na verdade eu acredito que isso não é uma guerra entre pessoas que acreditam em Deus contra as que não acreditam e vice-versa, mas sim uma briga política e de poder entre quem tem interesse que as pessoas acreditem em Deus e quem tem interesse que as pessoas não acreditam em Deus.
    Acho lamentável o modo como Dawkins debocha das pessoas que tem fé, e para quem trabalha com educação, e inaceitável apresentar esse tipo de preconceito.
    Eu não acredito em ir pro céu, vida após a morte essa coisas, mas acredito em respeito e dicernimento para separar as coisas. é claro que também é inaceitável o que o governo Americano faz proibindo o ensino da evolução e educação sexual nas escolas, pois acredito que o importante é manter a mente aberta e ter escolha para saber no realmente quer ou não quer acreditar, é uma questão de fé. Mas como diz o ditado, não acredito que exista nenhum ateu em um desastre aéreo.

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  2. A minha opinião é que o Dawkins coloca muita culpa na religião pela ignorância cega que alguns fanáticos tem, principalmente através dos dogmas que alguns fundamentalistas colocam fortemente contra a aceitação da evolução. E em parte eu concordo com ele. No Brasil não temos muito esse problema, mas lá fora é muito sério chegando até a intervenções na educação. O problema é que ele chega a a ser tão fundamentalista quanto os fanáticos religiosos tentando transformar o ateísmo como norma. Assim como o Collins que tenta colocar sua ideologia compatível com a ciência. Meu único porém em relação as religiões e que elas como instituições organizadas na minha opinião não estão adequadas no mundo de hoje, elas precisam se adaptar para que não sejam responsáveis pela cegueira das pessoas para a realidade. E acima de tudo as pessoas precisam apreender a ter respeito com os ateus e entre as religiões que não sejam suas assim como o oposto.

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  3. Felipe, no Brasil também ocorre o preconceito com relação ao Ensino da Evolução. Principalmente em escolas que permeiam locais onde temos pessoas de baixa renda. Eu estou enfrentando isso esse ano em Piraquara. Com a sexta série estou trabalhando com filogenia (para compreensão da "teia da vida") e muitos pais estavam indo na escola questionando meu método de ensino e que, se permanecer assim, serei denunciado.
    Recentemente, fiz um curso sobre a Teoria da Evolução no Ensino de Ciências e Biologia onde discutimos esse assunto. Isso prova que essas religiões estão ocasionando a cegueira de muitas pessoas.
    Concordo quando a Marta menciona da religião como fator agregador. Em que local podemos reunir mais pessoas do que uma igreja? Nem mesmo em uma palestra sobre "Paz Mundial". Dennet também aponta a questão da religião como esse fator agregador. Assim como Dawkins (que menciona o sectarismo religioso e o preconceito), Dennet coloca uma explicação para o sucesso da religião e sua persistência no mundo atual. Agora eu questiono: a religião persiste por que é intocável pela ciência ou é intocável pela ciência por que persiste?

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  4. Richard, Qual é a sua religião ? o que você pensa sobre transcendência?

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  5. Quein acredita nisso ? sai daê ô palhaço ! >:-x

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  6. A postura científica mais adequada em relação à religião é ignorá-la totalmente. Vai se desfazer como fumaça com o tempo. Já saimos das cavernas, não precisamos mais ter medo do deus trovão.

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  7. A religião é o expoente máximo da preguiça mental. Está tudo prontinho lá, basta fechar os olhos e acreditar, não precisa ligar um único neurônio. É só abrir a boca e deixar a baba cair.

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  8. Não há nenhum estudo (verdadeiro) apoiando qualquer sinal de eficácia de orações ou algo similar. O maior estudo já feito e financiado pela Fundação Templeton (criada para provar as crenças religiosas de seu fundador) mostrou exatamente o contrário. Que pessoas que sabiam que estavam recebendo orações pioraram. E não se conhece nenhum exemplo de cura improvável ( fora as milhões de charlatanices que ainda hoje infestam como praga as igrejas evnagélicas, centros espiritas, centros de umbanda e similares. Favor apresentar referências sobre esses fatos.

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