Humanização De Animais - Uma Análise Bioética


Série Ensaios: Bioética Ambiental

por Daniel Pepes Athanásio      
Músico e Mestrando em Bioética


Há aproximadamente 12 mil anos se inicia a relação entre os seres humanos e os animais domésticos. Mas a forma dessa relação se alterou durante a história de diversas formas e com diferentes problemas, uns superados e outros novos aparecendo, como é o caso da HUMANIZAÇÃO DE ANIMAIS.
Quando se adquire um animal se inicia um relacionamento que é estrutural, é logístico, mas também é afetivo, e nesse relacionamento afetivo podem ocorrer faltas e excessos. A Humanização não é só uma questão estética: roupinha, cabelo, pintar unha do cachorro e etc. Mas é um processo sentimental que se expressa no tratamento do animal de forma humanizada. Um dos motivos de a humanização ocorrer apontado por especialistas é o advento da cidade e a sua “verticalização”. Quando o animal vivia com o humano no campo, preservava sua autenticidade de animal, sua autonomia de ir e vir, mas agora, precisamos encaixar (muitas vezes literalmente) o animal na nossa selva de pedra. As pessoas também se sentem isoladas, chegam no seu apartamento depois de um dia cheio no qual mais uma vez se notou o quão difícil é viver e conviver com o ser humano, e nesse panorama o animal é alternativa frente a dificuldade ou simplesmente frente a solidão mesmo, a carência.
Resumidamente, a humanização ocorre quando o ser humano busca no animal alguma coisa além daquilo que a sua condição de animal pode oferecer. Para um ser humano já é tarefa impossível suprir toda a carência de uma pessoa, quem dirá para um animal. Além disso, a relação com um animal não pode querer ser encaixada na forma que o humano desejar, mas sim na forma que a natureza do animal requer: se é um cachorro vai latir, fazer xixi, coco, querer correr, socializar com outros animais, se sujar e etc... Privar o animal de atividades de animal para que ele se adeque ao meu modo de ser é o resumo do que significa a humanização. Esse processo acarreta consequências, danos que se expressam em problemas psicológicos, físicos e sociais tanto para o animal quanto para o ser humano.
Porém, nessa relação só encontramos um agente moral: o ser humano, pois o animal é mero paciente. Cabe ao humano, como questão ética, a percepção em relação aos problemas dessa relação e a mudança. Importante é ressaltar que a humanização não ocorre como um mal radical, ou seja, não há intenção de causar dano, é mero vazio de pensamento que faz com que, por muito gostar e zelar, se exceda e acabe errando. Por isso a importância de se falar do tema para que os erros se tornem conhecidos, percebidos e consequentemente evitados. Para que a pessoa humana que errava por desconhecimento possa ter subsídios para compreender a situação e assim ter a potencialidade de mudar.
Decorrente de todo afeto que o animal tem a capacidade de oferecer há uma resposta natural e boa do ser humano que é o desenvolvimento de um enorme afeto pelo animal. Dada a existência desse enorme afeto por aquele indivíduo, se torna muito complicado e difícil assumir que o mesmo não é “alguém”, no sentido de dizer que não é gente, não é uma pessoa. E por que?
A tradição filosófica da ética que sempre se construiu de forma absolutamente antropocêntrica até a modernidade, ou seja, dotado de dignidade apenas se encontrou o ser humano, e todo o resto do reino vivo estava fora da esfera ética. O que acaba por mudar com filósofos e pensadores modernos, dentre eles os icônicos nomes de Hans Jonas com o princípio responsabilidade e Van Rensselaer Potter com a visão da bioética Global. Essas novas abordagens colocam o ser humano como responsável também pela vida não humana. Mas quero atentar para o fato de que toda essa tradição talvez tenha deixado ainda essa essência marcada em nós, de que ao chamar algum ser vivo de “pessoa” logo significa absolutamente o mesmo que atribuir dignidade a esse ser, que antes apenas era “coisa”, mas agora é “alguém”. Justamente por que na tradição ética só quem foi considerado digno eram os indivíduos da espécie humana: as pessoas. Somente esses eram “alguéns”, o resto seriam coisas, e a ética é feita de alguém para alguém.
 Motivo pelo qual, quem não é simpatizante das causas ecológicas ou se encontra na esfera mais conservadora se irrita quando algum animal é chamado de “alguém” ou “pessoa”. E pelo mesmo motivo encontra-se uma grande barreira para as pessoas que têm demasiado afeto e identificação com o animal de precisar admitir que não é uma “pessoa”, por que parece a mesma coisa que admitir que não merece dignidade ou respeito. Uma questão que deveria apenas se tratar de uma mera classificação técnica biológica de espécie (dizer se é humano ou não: “pessoa” ou “não pessoa”) se torna uma classificação ética (dizer se tem dignidade ou não). Esse apontamento sobre a incongruência da classificação de dignidade pode ser observado nos argumentos do filósofo utilitarista Peter Singer, que critica a validação da dignidade baseada na espécie. Não querendo aqui entrar no mérito da questão discutida por Singer, mas apenas apontando que ela se baseia na tradição que sempre encontrou dignidade apenas na espécie humana, por isso dizer “pessoa” significa dizer “espécie humana” que logo significa dizer ter relevância ética.
A Humanização de animais é um problema que precisa ser vigiado pela Bioética por ser um problema diretamente envolvido com o ambiente, seja ecologicamente quando se trata de proteger a integridade da vida animal, mas também na saúde do humano que se relaciona com esse animal e que altera o ambiente de ambos. Inclusive, o modo de agir e interagir com os pets, acarreta, conforme citado, vários problemas que desembocam para a área da saúde. Os problemas atuais são complexos e exigem análises complexas, multidisciplinares e não setorizadas, pois o problema não se dá em um viés, mas é um acúmulo de fatores de diferentes esferas do conhecimento. A multidisciplinaridade da Bioética é essencial para enxergar um problema sem cair na armadilha de fraciona-lo e reduzi-lo.
Deixar de humanizar não significa de maneira alguma deixar de amar o animal. Deve se encontrar o equilíbrio. Procurar construir uma relação na qual o pet nos identifique como líder, mantendo a hierarquia, amando o animal, até o ver como parte da família, mas entendendo-o como animal, não como gente. Esperando dele tudo que ele possa oferecer na sua animalidade, e aquilo que não puder, que seja buscado nos relacionamentos interpessoais. Por que se assim não for, conforme já citado, consequências à saúde do animal e do humano também podem ocorrer. Conforme explicado, as vezes o processo de humanização ocorre por conflitos internos do humano que projeta no animal a redenção dos seus problemas afetivos, e isso não é saudável para ninguém.  Por outro lado, o relacionamento com animal pode sim ser uma forma de melhora da inteligência emocional, e pode ser sim benéfico para a saúde tanto do ser humano quanto do animal, os problemas se encontram nos excessos. Pedindo ajuda ao grande filósofo grego Aristóteles vemos que o problema são os extremos e a virtude está no meio termo no qual se entende o significado de ser de cada um e se consegue reconhecer e tratar o animal como animal, entendo que isso não é diminuir seu valor, mas dar o valor que é autêntico para aquele ser no seu modo de ser.

O presente ensaio foi produzido para disciplina de Bioética ambiental, tendo como base as obra: 

1.   As consequências de se humanizar os animais de estimação. Blog: Meus Animais, 2018. Disponível em: <https://meusanimais.com.br/as-consequencias-humanizar-os-animais-estimacao/> Acesso em: agosto/2018.

2.   FISCHER, Marta Luciane et al. Da ética ambiental à bioética ambiental: antecedentes, trajetórias e perspectivas. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.24, n.2, abr.-jun. 2017, p.391-409.

3.   Humanização dos animais é responsável por crescimento do mercado PET. Estadão, São Paulo, 13 de fev. de 2017. Seção: Economia e Negócios. Disponível em: Acesso em: agosto/2018.

4.   JONAS, H. O Princípio Responsabilidade: Ensaio de uma Ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro: Contraponto; Editora PUC-Rio, 2006.

5.   POTTER, V.R. Bioética: ponte para o futuro. São Paulo: Edições Loyola; 2016.

6.   Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa – SBPI. A humanização de animais. 2017. (14m35s). Disponível em: Acesso em: agosto/2018.


7.   VINES, Juliana. Especialistas alertam sobre tratamento humanizado aos animais de estimação. Folha de São Paulo, São Paulo, 05 de out. de 2010. Disponível em: Acesso em: agosto/2018. 


Refugiados Ambientais : Um Retrato Da Vulnerabilidade


SÉRIE ENSAIOS: BIOÉTICA AMBIENTAL 


Por Ludiely Lima do Amaral 
Assistente Social no Hospital Universitário Cajuru.


Em 12 de janeiro de 2010, o Haiti sofreu um terremoto que fez com que o país desabasse material e emocionalmente, o socorro aos feridos fora dificultada por conta dos obstáculos encontrados, onde a maiorias dos prédios vieram abaixo, matando milhares de pessoas. Aqueles que sobreviveram passaram a conviver com epidemias devido à falta de saneamento e água potável, o que fez a Organização Mundial de Saúde emitisse um alerta sobre tal calamidade. 

Ao longo de sua história o Haiti sofreu com a colonização e golpes militares, mas nada se comparou a fúria desta catástrofe natural. A dificuldade em se reconstruir, fez com que centenas de haitianos migrassem em busca de melhores condições de vida. O Brasil se tornou um polo de atração para os Haitianos, que acabaram nos conhecendo por conta da presença dosmilitares da MINUSTAH, que foram enviados ao Haiti com objetivo de instaurar a paz em meio a um caos político. É importante ressaltar que o Brasil não era o destino original de muitos haitianos que tinham como destino a Guiana Francesa por conta da afinidade com o idioma, o Brasil era utilizado apenas como um ponto de passagem, no entanto assustada com o fluxo migratório, a Guiana decidiu fechar suas portas, o que fez com que muitos haitianos ficassem no território brasileiro. 
Como os haitianos migraram em consequência de uma catástrofe ambiental, os mesmos não se “encaixam” no status de refugiados. A Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951 que define refugiado “como aquele que possui fundado temor de perseguição por razões de raça, religião, nacionalidade, filiação em certo grupo social ou opiniões políticas”. Assim, o refugiado ambiental, não tem um amparo jurídico, como cita a reportagem de Debora Draghi publicada no site Migramundo, portanto, perante essa delicada situação se faz gritante à necessidade de se debater sobre o tema, com o objetivo de se alcançar um alicerce legal para esse contingente populacional que só tende aumentar devido ao desequilíbrio ambiental que assola o planeta.  
Ao não possuírem um amparo jurídico, os refugiados ambientais se tornam vulneráveis, seja no que tange sua entrada em outro território, que na maioria dos casos ocorre de modo clandestino, deixando-os a mercê dos coiotes e de diversos tipos de violência, ou por conta das barreiras sócio-culturais, pois o refugiado acaba ingressando em um país que possui uma geografia, um idioma, uma cultura, um clima e uma religião distinta da sua, o que faz com que o mesmo se sinta excluído e tenha dificuldades de adaptação. Além da hostilidade por parte da população local que em alguns casos vê o refugiado, como um concorrente no quesito trabalho e no acesso á serviços de saúde e sociais que mal sustentam seus nativos e que acabam sendo precarizados devido ao aumento da demanda que os refugiados consequentemente proporcionam. 
Neste cenário os refugiados ambientais são indivíduos que padecem em consequência de algo que não provocaram, pois, as tragédias ambientais ocorrem desde os primórdios da humanidade, fazendo parte do ciclo do planeta. Ocorre que algumas dessas catástrofes, acabam sendo influenciadas pela globalização, pela emissão de gases poluentes e pela exploração desenfreada do homem perante a natureza, que desequilibra o ecossistema causando respostas ambientais que aparecem em forma de fenômenos hostis, como furacões, tsunamis, desertificação e inundações que afetam drasticamente a vida do ser humano, aumentando o numero de refugiados ambientais. 
Perante a relação conflituosa do homem com a natureza e suas consequências sociais, podemos contar com a intervenção da Bioética Ambiental que prevê uma interdependência entre homem x natureza, e que ressalta a finitude dos recursos naturais, portanto para o bem estar de todos os seres vivos se faz urgente uma convivência responsável por parte do homem com o meio ambiente, deixando de lado o modo comercial e mecanicista que predomina atualmente, ou como defende Leonardo Boff se faz necessária uma ética do cuidado. 
Como Assistente Social e futura bioeticista, acredito que a Bioética é a ponte para uma solução que contemple os refugiados ambientais e evite o aumento dessa população. Creio que somente a interação entre diversas áreas do conhecimento, através do debate será capaz de sensibilizar a sociedade mundial perante a causa, fazendo com o refugiado climático seja reconhecido como sujeito de direito, que possui necessidades humanas e sociais que precisam ser atendidas sob a ótica dos direitos humanos e não sob a lógica do capital ou da soberania nacional. 



O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Bioética Ambiental do Programa de Pós-Graduação em Bioética da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) tendo como base as obras:

Ajuda começa a chegar em meio a caos no Haiti. disponível em: .  Acesso em: 10 Julho de 2018. 
GORENDER , Jacob. O épico e o trágico na história do Haiti. Disponível em<http://www.scielo.br/pdf/ea/v18n50/a25v1850.pdf>. :. Acesso em: 10 Julho de 2018. 
O Brasil na MINUSTAH. Disponível em:< https://www.defesa.gov.br/relacoes-internacionais/missoes-de-paz/o-brasil-na-minustah-haiti>. 10 Julho de 2018. 
HANDERSON, Joseph. Diáspora: As dinâmicas da mobilidade haitiana no Brasil, no Suriname e na Guiana Francesa. Disponível em: https://laemiceppac.files.wordpress.com/2015/06/tese-de-joseph-handerson.pdf. Acesso em: 10 de  julho 2018. 
Convenção relativa ao estatuto dos refugiados (1951). Disponível em: fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiados.pdf. >. Acesso em: 10 de julho de 2018. 
Disponível em: . Acesso em: 10 de julho de 2018. 
Migrações ambientais uma consequência das mudanças e desastres naturais. Disponível em: . Acesso em: 10 de julho de 2018. 
Os imigrantes haitianos no Brasil e a discriminação múltipla. Disponível em: <http://www.eumed.net/rev/cccss/2016/03/imigrantes.html>. Acesso em: 11 de julho de 2018. 
Rede de 'coiotes’ já faturou us$ 60 mi com haitianos, diz relatório. Disponível em: . Acesso em: 11 de julho de 2018. 
Alguns brasileiros tratam os haitianos como escravos', diz organizaçãoDisponível em: < http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2016/02/alguns-brasileiros-tratam-os-haitianos-como-escravos-diz-organizaca-8741.html>. Acesso em: 11 de julho de 2018. 
MUDANCAS CLIMÁTICAS E MIGRAÇÕES UMA ENCRUZILHADA GLOBAL. DISPONÍVEL EM: < HTTP://MIGRAMUNDO.COM/MUDANCAS-CLIMATICAS-E-MIGRACOES-UMA-ENCRUZILHADA-GLOBAL/>. ACESSO EM: 10 DE JULHO DE 2018. 
QUESTÕES CLIMÁTICAS DEVEM INTENSIFICAR NÚMERO DE REFUGIADOS, DIZEM ESPECIALISTAS. 
DISPONÍVEL EM: < HTTP://AGENCIABRASIL.EBC.COM.BR/DIREITOS-HUMANOS/NOTICIA/2017-06/QUESTOES-CLIMATICAS-DEVEM-INTENSIFICAR-NUMERO-DE-REFUGIADOS-DIZEM>. ACESSO EM: 11 DE JULHO 2018. 
DA ÉTICA AMBIENTAL À BIOÉTICA AMBIENTAL: ANTECEDENTES, TRAJETÓRIAS E PERSPECTIVAS. DISPONÍVEL EM: < HTTP://WWW.SCIELO.BR/PDF/HCSM/V24N2/0104-5970-HCSM-24-2-0391.PDF>. ACESSO EM: 12 DE JULHO DE 2018. 
LEONARDO BOFF. DISPONÍVEL EM: < HTTPS://LEONARDOBOFF.WORDPRESS.COM/SOBRE-O-AUTOR/.>. ACESSO EM: 07 JUNHO 2018. >. ACESSO EM: 12 DE JULHO DE  2018. 

BIOÉTICA AMBIENTAL. DISPONÍVEL EM: < HTTP://BIOETICAAMBIENTAL2014.BLOGSPOT.COM/2014/11/POR-GABRIELA-RODRIGUES-MESTRANDA-DO.HTML. >. ACESSO EM: 12 DE JULHO DE 2018. 

DEFINIÇÃO DE BIOÉTICA - POTTER 1971. DISPONÍVEL EM: < HTTPS://WWW.UFRGS.BR/BIOETICA/BIOET71.HTM. >. ACESSO EM: 12 DE JULHO DE 2018. 

Uma visão utilitarista sobre a ética ambiental. Disponível em: < 
HTTP://WWW.CONFERENCIAS.ULBRA.BR/INDEX.PHP/CEDS/1ECES/PAPER/VIEWFILE/1119/580>. ACESSO EM: 12 DE JULHO DE 2018. 



Será a sustentabilidade uma saída para contornar as famosas epidemias e erradica-las?


Série ensaios: Bioética Ambiental

Por Jessica de Gang
Mestranda de Bioética

 Todos os dias os números de mortes na Republica Democrática do Congo, agora no ano de 2018, por conta de uma epidemia de ebola tem aumentado. Esta doença que começa com sintomas comuns de uma gripe, como febre, fraqueza, dores musculares e de cabeça, rapidamente se transforma em vômitos, diarreia, insuficiência renal e em alguns casos até mesmo hemorragias internas, podendo causar a morte de seu portador se não tiver nenhum tipo de tratamento em até mesmo duas semanas após aparecerem os primeiros sintomas.
Dentre os que se encontram no grupo de maior risco de infecção no país africano, podemos citar profissionais de saúde que atendem os pacientes sem as medidas de proteção, pessoas que entram em contato com corpos de mortos pela realização de algum ritual fúnebre, caçadores que entram em contato com o corpo de animais infectados e o contato com secreções de pessoas infectadas por meio de lesões na pele ou nas membranas mucosas.
A doença é de difícil cura, a sua vacinação ainda está no início da distribuição e a melhor forma de se prevenir é evitar o contato direto com pessoas ou animais doentes. A premissa básica é a produção sustentável de alimentos. Um ambiente sustentável resulta em uma vida saudável.
Este surto crescente da doença nos faz questionar por que é comum ouvirmos que certa região do planeta está sofrendo com determinada epidemia. Mas o que são as chamadas epidemias e quando uma doença pode ser considerada epidêmica?
Epidemia é o aumento do número de casos de uma doença que supera o número esperado em determinada região. Quando ocorre de a epidemia ultrapassar países e continentes dizemos que se tornou uma pandemia. Para saber quando está ocorrendo uma epidemia deve-se saber primeiramente a sua taxa de incidência em determinado local, se a taxa for maior que o limiar epidêmico chegasse à conclusão que temos uma epidemia. As epidemias nos dias atuais têm sua maior incidência por conta do rápido transito de pessoas que podem levar as doenças de um lugar para o outro.
Um exemplo epidêmico em nosso próprio país que podemos citar é as consequências da não precaução em Mariana (MG) que resultaram em um possível surto de Febre Amarela surgido após o desastre. A região já sofria grandes impactos por conta da mineração e, segundo a bióloga Márcia Chame da Fiocruz, “é um conjunto de coisas que vão se acumulando e podem ter vindo à tona por conta da tragédia ocorrida”.
Por serem fenômenos que afetam negativamente a vida do indivíduo e causam, por vezes, mudanças permanentes na sociedade e ambiente pode-se ser discorrido sobre o tema sobre o ponto de vista ético e sustentável. A Declaração dos Direitos Humanos caracteriza como direitos individuais a vida, a privacidade, a liberdade e a não discriminação de um indivíduo indiferente de qual seja sua integridade física. As epidemias podem ser consideradas problemas sociais por conta da grande globalização ocorrente. Sempre houve pobreza, xenofobia ou a exclusão de certos grupos pelas mais variadas razões, porém quando ocorre a exclusão ou dano a integridade física e moral do indivíduo por conta de uma doença propagada que acontece sem seu controle, cabe ao Estado assumir a responsabilidade. O mesmo justifica sua exclusão de responsabilidade pelas epidemias serem problemas de “força maior”.
A Bioética, assim como a sua vertente Ambiental, se ocupa de declarar os princípios que devem observar a conduta de um indivíduo que vive em sociedade. Todos os indivíduos são interdependentes, fazendo-se seu objetivo a conservação da vida global. Seus princípios devem ser respeitados: a autonomia, a beneficência, a não maleficência e a justiça.
A sustentabilidade vem do termo sustentável, que significa sustentar, defender, favorecer, apoiar, conservar e/ou cuidar de um processo ou sistema. Precisamos achar soluções e, primeiramente, formas de evitar os problemas ambientais e sociais que nos assolam. Seu tripé se baseia em três princípios básicos: social, ambiental e econômico. Sem eles sustentabilidade não se sustenta, estes princípios englobam as pessoas e suas condições de vida, os recursos naturais do planeta e a forma como são utilizados, a forma de produção, distribuição e consumo de bens e serviços. As ações sustentáveis podem se estender tanto em um indivíduo como em uma sociedade. As pessoas irão ficar doentes, por isso precisamos da sustentabilidade para remediar este agravo.
A saúde é uma questão global. Tornamo-nos vulneráveis existenciais, os seres humanos não são de forma igualitárias capazes para suportar as relações com o mundo natural. E se não corrermos atrás de melhorarmos os problemas urbanos, como a diminuição da emissão de gases, a separação do lixo, o reaproveitamento da água, o cuidado com o próximo, ou seja, se não mudarmos nossos valores morais, na base ética de nossas ações, de nenhuma ajuda as mudanças serão. A sustentabilidade é o valor de maior importância nesse momento, pois nos faz questionar se o que fazemos é o certo e nos ajuda a encontrar formas de que os impactos sofridos não sejam permanentes, e evitemos primeiramente para que não ocorram, tomando cuidados mais éticos com todos os seres do planeta.
A natureza se apresenta como estrago e como dano que podem ser irremediáveis. O mundo está passando pelo que pode ser sua sexta extinção em massa por problemas ambientais causados principalmente pelo homem. A aniquilação biológica terá grandes consequências ecológicas, econômicas e sociais, das quais não conseguirá se recuperar pagando um preço muito alto.
            Eu, como futura bioeticista, acredito que o principio da sustentabilidade, atrelado a Bioética Ambiental ajudaria a diminuir e até mesmo erradicar certas epidemias, pois ambos tentam prevenir e conscientizar sobre os problemas que afetam a sociedade e o meio ambiente. Ao nos questionarmos sobre o que é certo ou errado, tenta-se achar uma solução e agir melhor. Os cuidados com a saúde, natureza e bem estar social devem ser pensados antes e posto em prática desde cedo e não depois de que as catástrofes e doenças atingem a população como forma de remediação.


O presente ensaio foi elaborado para disciplina de..., tendo como base as obras:
·         Paula Laboissière. Surto de ebola no Congo: saiba mais sobre a doença. Brasilia 2018. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2018-05/surto-de-ebola-no-congo-saiba-mais-sobre-doenca . Acesso em 20 de maio de 2018.
·         Mariana Timóteo da Costa, GloboNews, Genebra . Vacinação contra Ebola começa nesta segunda na República Democrática do Congo. Disponível em: https://g1.globo.com/bemestar/noticia/vacinacao-contra-ebola-comeca-nesta-segunda-na-republica-democratica-do-congo.ghtml
·         Losinskas, Barchi Muniz Advogados Associados. O Estado pode ser responsabilizado por epidemias? Disponível em: https://lbmadvogados.jusbrasil.com.br/artigos/313342913/o-estado-pode-ser-responsabilizado-por-epidemias. Acesso em 23 de maio de 2018.
·         Vanessa Sardinha dos Santos.  Epidemia.  Bol, Uol. Disponível em: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/doencas/epidemia.htm . Acesso em: 10 de maio de 2018.
·         Gabriella Porto. Pandemia. Infoescola. Disponível em:  https://www.infoescola.com/doencas/pandemia
·         https://conceitos.com/problemas-sociais/
·         Redação Pensamento Verde.  Dezembro, 2013. Disponível em: http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/saude-sustentabilidade-medidas-sustentaveis-evitam-doencas/ Acesso: abril de 2018
·         Ricardo Abramovay. Sustentabilidade, um valor para orientar nossas decisões. https://redeglobo.globo.com/Responsabilidade-Social/eu-sou-geracao-do-amanha/noticia/sustentabilidade-um-valor-para-orientar-nossas-decisoes.ghtml
·         Carlos A. V. Gothe, 1998. Disponível em: http://users.matrix.com.br/cgothe/sustenta.htm Acesso em: abril de 2018
·         Equipe Ecycle. Disponível em: https://www.ecycle.com.br/sustentabilidade-o-que-e-conceito-de Acesso em: maio de 2018
·         Lana Magalhães, professora de biologia. Maio de 2018. Disponível: https://www.todamateria.com.br/sustentabilidade/
·         Daniel Serrão. Disponível em: http://www.danielserrao.com/gca/index.php?id=124 Acesso em Junho de 2018
·         Deutsche Welle. Globo G1. Julho de 2017. Disponível em: https://g1.globo.com/natureza/noticia/mundo-vive-sexta-extincao-em-massa-e-e-pior-do-que-parece.ghtml Acesso em Junho de 2018
·         Antonio F. P. Pedro. Ambiente Legal. AICA. Fevereiro de 2017. Disponível em: http://www.ambientelegal.com.br/lama-da-samarco-e-o-surto-de-febre-amarela/. Acesso em Junho de 2018
·         Vanessa S.S. Epidemia. Mundo Educação. Disponível em: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/doencas/epidemia.htm Acesso em agosto de 2018.
·         Ariadne B. Entenda a tragédia em Mariana, Minas Gerais. Disponível em: http://meexplica.com/2015/11/entenda-a-tragedia-de-mariana-em-minas-gerais/ Acesso em agosto de 2018.
·         Ministério da Saúde. Sobre a Febre Amarela. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/febreamarela/sobre.php Acesso em agosto de 2018.
·         Declaração Universal do Direitos Humanos. Unicef. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.htm Acesso em agosto de 2018.
·          Significados. Xenofobia. Disponível em: https://www.significados.com.br/xenofobia/ Acesso em agosto de 2018.
·         Portal Educação. Bioética. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/o-que-significa-bioetica/50873 Acesso em agosto de 2018.
·         Autonomia, beneficência, não maleficência e justiça. Disponível em: http://www.bioetica.org.br/?siteAcao=Manuais&exibe=conteudo&id=53 Acesso em 2018.