O Bem-Estar dos animais: Proposta de uma vida melhor para todos os bichos


Semana passada eu tive uma grata surpresa de encontrar sem querer um livro muito bom e de uma pesquisadora que admiro muito que é a Temple Grandin. Inicialmente fiquei encantada quando descobri o lançamento do livro “o encantador de cães” do conhecidíssimo Cesar Millan, logo em seguida olhei para o lado e vi o livro do Dr. Pet Alexandre Rossi “Adestramento inteligente” e quando olhei para cima vi o livro da Temple. A Temple tem uma característica muito peculiar que é um tipo de autismo, que não permite que ela pense nem imagine com palavras (símbolos da linguagem verbal), mas apenas com imagens. O fantástico disso é que deve ser dessa forma que os animais pensam. Temple trabalha a mais de 30 anos com animais de produção, preocupada com o bem-estar desses grupos de animais que são criados em sistema industrial para abastecer um mercado consumidor cada vez maior. Ela presenciou muita coisa certa e muita coisa errada e contribuiu para amenizar os “problemas” criando sistemas de contenção e de encaminhamento do animal para matadouro levando em considerações suas emoções. Temple trabalhou com todas as espécies de animais domésticos e também em zoológico. No seu livro faz uma revisão e avalia os animais (cães, gatos, cavalos, porcos, galinhas, vacas, animais cativos em zoológico) quanto as emoções básicas: Busca (=motivação, curiosidade, interesse, brincadeira, desejo, prazer) e as ruins medo, raiva e pânico. Temple juntamente com Cahterine Johnson faz uma leitura dessas emoções nos animais e como usá-las para oferecer uma vida de qualidade para os animais que mantemos cativos sob a nossa tutela. Recomendo a leitura desse livro e tenho certeza que novas idéias para melhoria da vida dos animais surgirão.

A HBO produziu um filme sobre a sua vida programado para ser lançado em abril de 2010 veja o trailler:

Polvo Paul, será que pode prever seu próprio destino?



O Polvo Paul está popularizando os invertebrados. Basta digitar “polvo” no Google e aparecem milhares de páginas nacionais e internacionais se referindo ao “polvo vidente”. Será que os polvos são tão inteligentes a ponto de prever o futuro? E o seu próprio destino? Os polvos fazem parte de um interessante grupo de animais conhecidos como exibindo um tipo de reprodução por semelparidade, que em latim significa apenas uma vez. Isso mesmo! Os polvos - assim como suas parentes as lulas - se reproduzem uma única vez na vida e morrem. Os machos morrem alguns meses depois da cópula e a fêmea um pouquinho antes da eclosão dos ovos, nem chega a conhecer os seus filhos por quem dedicou toda a sua energia protegendo-os 24h por dia. A incubação dos ovos pode demorar até 10 meses – dependendo a temperatura da água e da espécie - nesse período da fêmea não se alimenta e fica ventilando os ovos para não crescerem algas. O órgão copulatório do macho é um dos tentáculos modificados o qual contém fileiras de esperma. A forma de abordagem depende da espécie, enquanto algumas o macho insere o tentáculo no oviducto da fêmea, em outros o macho retira o tentáculo e o dá para fêmea armazenar e usar quando achar melhor. Na mídia estavam noticiando que o Polvo Paul não deixará descendentes por tem 2,5 anos é virgem e a sua expectativa de vida é de 3 anos. Claro, que ele poderá deixar descendentes, só não poderá ensinar a sua arte....

Os polvos e as lulas são considerados os invertebrados mais inteligentes do Reino animal. Aprendem facilmente a abrir vidros que contenham alimento dentro – os preferidos são os crustáceos - bem como aprendem a rota certa em um labirinto. Há relatos impressionantes de polvos que saem e retornam para seus aquários, sendo a força corporal outra característica peculiar – além do fato de algumas espécies poderem chegar a 8m de tamanho e a lula a 20m.

Depois de toda a repercussão do Polvo Paul, aumentou consideravelmente a procura no mundo inteiro por esses animais, as pessoas querem tê-los em seus aquários, mesmo desconhecendo aspectos da biologia e comportamento desses animais. A procura está elevada mesmo em países em que não ocorrem - como na Índia. Esperamos sinceramente que toda essa exposição do Polvo Paul sirva como caráter educativo para as pessoas conhecerem mais sobre invertebrados e não contribua para o aumento da captura, venda ilegal e disseminação de espécies exóticas. O coitado do polvo já está sofrendo com a exposição, milhares de pessoas se aglomeram diante do seu aquário disparando flashes, enquanto ele se esconde no canto, será que consegue prever o seu futuro?

Naturalmente Homossexual



A Pri Tamioso me enviou essa semana uma matéria interessante mostrando uma possível explicação para a evolução da homossexualidade baseado em estudos com aves em que pais que dedicam menos tempo aos seus descendentes têm mais tempo e energia para interagir com os membros do mesmo sexo. Até então, a homossexualidade é vista como uma desvantagem em termos evolutivos por distraírem os animais de encontros sexuais férteis. Porém, foi visto que mais de 130 espécies de aves apresentam comportamento homossexual, como o albatroz Phoebastria immutabilis, com até 31% dos pares compostos por duas fêmeas e 20% dos gansos Anser anser formando pares entre machos. A avaliação de vários registros mostrou que em 93 espécies de aves que revelaram comportamento homossexual na natureza, a corte do mesmo sexo e a formação de laços ocorre em 38% destas espécies entre fêmeas e 82% entre machos. As fêmeas e os machos que fornecem mais cuidados aos filhos mostram pouco ou nenhum comportamento homossexual. Segundo os pesquisadores, as aves podem ter comportamentos homossexuais para praticar exibições de corte, reduzir a tensão social ou solidificar a dominância. O comportamento pode ajudá-las a formar alianças, partilhar responsabilidades ou obter recursos. Apesar da variedade de explicações, não é claro se a homossexualidade é um sub-produto neutro da evolução ou se tem uma função adaptativa (http://www.actup.org/forum/pt/content/birds-devote-less-time-their-offspring-engage-more-same-sex-behaviour-791/)

Em outro estudo foi confirmado que a orientação sexual de um homem pode ser determinada pelas condições do útero. Segundo o estudo quanto mais irmãos mais velhos o rapaz tiver maior é a probabilidade de ser gay devido a uma "memória maternal" para os nascimentos masculinos ao nível do útero. O corpo de uma mulher pode ver o feto masculino como algo estranho desencadeando uma reação imunológica que se pode tornar progressivamente mais forte com cada criança do sexo masculino. Os anticorpos criados podem afetar o desenvolvimento do cérebro masculino. Segundo cientistas da Universidade Estatal do Michigan Estes dados reforçam a mãe fornece um ambiente pré-natal que propicia a homossexualidade nos seus filhos. No entanto, permanece em aberto a questão dos mecanismos que controlam este efeito. (http://yourwebapps.com/WebApps/mail-list-archive.cgi?list=65673;newsletter=858).

“Tudo é uma questão de Tato”
















Tudo é uma questão de tato... Essa frase sintetiza a importância do sentido do tato, tão negligenciado em detrimento de outros mais “importantes” como a visão e a audição. Os sentidos como tato e olfato são colocados de lado devido ao componente racional ser mais direcionado na interpretação da visão e da audição. Como a visão e a audição estão ligadas a linguagem verbal, eles nos parecem mais relevantes na leitura do nosso mundo externo, porém deve-se considerar que boa parte desses estímulos também são captados e analisados inconscientemente – como a própria linguagem não verbal. O que diferencia o tato dos outros sentidos, é que deve ter uma proximidade maior com o estimulo do que os demais. A importância do contato físico, principalmente em recém nascido é bem conhecido entre aves e mamíferos, em que há uma maior aproximação dos pais com os filhotes. Os primeiros experimentos etológicos do começo de século passado como os de Harlow mostram que macacos preferem uma mãe artificial fofinha sem leite, do que uma mãe de arame com leite. Há uma linha de pensamento que diz que os filhotes humanos podem desencadear problemas emocionais caso sejam privados de sentirem a sua pele em contato com a pele da mãe, procedimento pouco comum nos dias atuais. (http://www.josesilveira.com/teoriacariasspitzharlow.htm).
Vários experimentos mostram como nossa percepção do mundo muda diante de um pequeno toque. Um teste feito em um supermercado testou a reação do consumidor ao receber um leve toque nos dedos ao pegar o troco com a caixa. Após as compras eram questionados sobre o atendimento; nos que foram tocados, a avaliação foi positiva, já os que não foram, tinham uma impressão ruim ou indiferente. Um novo estudo conduzido no Instituto de Tecnologia de Massachusetts - recentemente publicado na Science – mostra que as sensações táteis podem influenciar nos julgamentos e tomadas de decisões. Pessoas que avaliavam um currículo preso a uma prancheta pesada julgaram o candidato mais sério se comparado com os julgamentos do grupo que seguraram uma prancheta leve. Em outro teste, pessoas sentadas em um banco duro mostraram-se menos dispostas a alterar o preço em um compra fictícia de carro quando comparado com pessoas sentadas em bancos macios. Segundo os autores esse estado inconsciente pode ser facilmente verificado no uso de metáforas como “o ambiente está pesado hoje” ou “tive um dia muito duro”. (http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/761674-sensacoes-tateis-influenciam-decisoes-do-dia-a-dia-diz-pesquisa.shtml).
Conscientemente sentimos muito a falta do tato quando tentamos exercer uma atividade corriqueira com luva. Há doenças como a hanseníase que inibem a sensibilidade da pele, o que acarreta em sérios acidentes, uma vez que a pessoa não sente dor.