“Tudo é uma questão de Tato”
















Tudo é uma questão de tato... Essa frase sintetiza a importância do sentido do tato, tão negligenciado em detrimento de outros mais “importantes” como a visão e a audição. Os sentidos como tato e olfato são colocados de lado devido ao componente racional ser mais direcionado na interpretação da visão e da audição. Como a visão e a audição estão ligadas a linguagem verbal, eles nos parecem mais relevantes na leitura do nosso mundo externo, porém deve-se considerar que boa parte desses estímulos também são captados e analisados inconscientemente – como a própria linguagem não verbal. O que diferencia o tato dos outros sentidos, é que deve ter uma proximidade maior com o estimulo do que os demais. A importância do contato físico, principalmente em recém nascido é bem conhecido entre aves e mamíferos, em que há uma maior aproximação dos pais com os filhotes. Os primeiros experimentos etológicos do começo de século passado como os de Harlow mostram que macacos preferem uma mãe artificial fofinha sem leite, do que uma mãe de arame com leite. Há uma linha de pensamento que diz que os filhotes humanos podem desencadear problemas emocionais caso sejam privados de sentirem a sua pele em contato com a pele da mãe, procedimento pouco comum nos dias atuais. (http://www.josesilveira.com/teoriacariasspitzharlow.htm).
Vários experimentos mostram como nossa percepção do mundo muda diante de um pequeno toque. Um teste feito em um supermercado testou a reação do consumidor ao receber um leve toque nos dedos ao pegar o troco com a caixa. Após as compras eram questionados sobre o atendimento; nos que foram tocados, a avaliação foi positiva, já os que não foram, tinham uma impressão ruim ou indiferente. Um novo estudo conduzido no Instituto de Tecnologia de Massachusetts - recentemente publicado na Science – mostra que as sensações táteis podem influenciar nos julgamentos e tomadas de decisões. Pessoas que avaliavam um currículo preso a uma prancheta pesada julgaram o candidato mais sério se comparado com os julgamentos do grupo que seguraram uma prancheta leve. Em outro teste, pessoas sentadas em um banco duro mostraram-se menos dispostas a alterar o preço em um compra fictícia de carro quando comparado com pessoas sentadas em bancos macios. Segundo os autores esse estado inconsciente pode ser facilmente verificado no uso de metáforas como “o ambiente está pesado hoje” ou “tive um dia muito duro”. (http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/761674-sensacoes-tateis-influenciam-decisoes-do-dia-a-dia-diz-pesquisa.shtml).
Conscientemente sentimos muito a falta do tato quando tentamos exercer uma atividade corriqueira com luva. Há doenças como a hanseníase que inibem a sensibilidade da pele, o que acarreta em sérios acidentes, uma vez que a pessoa não sente dor.