Na matéria da Brasil Post é relatado o racismo nas redes sociais contra a Maju Coutinho: Garota do tempo do Jornal Nacional.


Série Ensaios: sociobiologia

Por: Josiane Mann

Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas PUCPR

Nas redes sociais tem sido constante a ocorrência de casos como o da garota do tempo do Jornal Nacional, a Maju, que foi alvo de comentários racistas na página do jornal na rede do Facebook. O que promoveeu grande mobilização dos conhecidos e familiares. O racismo é uma forma de não aceitar a diferença física do outro, ou também cultural.


            Comportamento social pode ser definido como a interação existente entre indivíduos pertencentes da mesma espécie, geralmente aparentados e vivendo em um grupo (Alcock, 2011). A ciência encarregada do estudo do comportamento social dos animais é denominada sociobiologia a qual foi apresentada primeiramente em 1975, pelo entomologista Edward Osborne Wilson. Considerando como características definidora do comportamento social o fato da existência de regulação ou influencia de um membro da mesma espécie sobre o comportamento do individuo (Carvalho, 1998).

            A necessidade é o principal motivo pelo qual se forma uma grupo, seja ela a de proteção ou obtenção de alimentos, além de aumentar as chances de reprodução. A definição dada para grupos é como um conjunto de indivíduos da mesma espécie, dependendo da sua complexidade, terá hierarquia e divisão de tarefas. Viver em grupo pode favorecer a estabilidade para sobrevivência da espécie, mas seja qual for o grupo terá estímulos agregadores os quais são responsáveis pela identificação com o grupo. Entre as formas de convívio social pode ser identificado o agrupamento, pelos quais os integrantes do grupo vivem juntos porem não dependem uns dos outros. Agregação, também uma forma de grupo, já tem mais força, pois os integrantes do grupos tem motivos maiores para permanecerem juntos, seja por motivos de proteção ou também na busca de recursos, nessa formação há a dependência entre eles. Desde de se juntar por afinidades ou até mesmo excluir por diferenças como a identificação de odores e cheiros para aceitação no grupo, moldam o conceito de racismo que seria apenas uma questão superficial, analisando pontos como de união e separação que já veem naturalmente no comportamento dos animais para chave de identificação se o outro é nosso amigo ou inimigo, barreiras como diferenças são identificadas como sinais do que pode nos ajudar a manter a sobrevivência.

            Graças a grande variação dos caracteres genéticos, fisiológicos, morfológicos e comportamentais resultantes ao fenômeno adaptativo, espécies mantem sua sobrevivência a diversidade do meio ambiente. Um exemplo dessa variação como resposta ao meio é a pigmentação da pele, onde ha mais concentração de melanina a pele tende a ser escura e menos concentração em uma pela clara, a concentração elevada ocorre como resposta de proteção aos raios ultravioletas nos países nos países tropicais. O ser humano tem a mania de separar e classificar tudo ao seu redor, historicamente o conceito de raça foi apresentado na Zoologia e na Botânica para a classificação das espécies de animais e plantas (UFMG).

            O racismo é formado por um processo de hierarquização, exclusão e discriminação contra um individuo ou toda uma categoria social baseada em uma diferença física externa a qual é também vinculada a diferença cultural. Podendo ser entendido como uma redução do cultural ao biológico, facilitando a manipulação do primeiro sobre o segundo.  Ele se fortalece sobre a crença na distinção natural entre os grupos, já que faz ligação à ideia de que os grupos são diferentes por possuírem elementos essências que os diferem (Lima & Vala, 2004). Na natureza o que é diferente pode apresentar perigo e como mecanismo de defesa, o racismo, pode ser de principio instinto de defesa. Mas vale lembrar que devido nossa complexidade somos capazes de oprimir esse instinto.

             O racismo também está presente nas universidades, como conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as etnias, no Jornal GGN o professor de biociências da USP, durante aula, defendia a teoria da inferioridade do QI (Quociente de Inteligência) dos africanos. Atos como estes estão previsto na Lei 7716/1989 como crime, considerado como a difusão de ideias racistas.

            Como formanda de biologia ressalto que dentre tantas variações externa e interna ninguém é tão diferente e capacitado para ser considerado superior, temos diferenças de diversos aspectos e integramos dentro do mesmo grupo, o grupo da vida. Sendo assim, o racismo, tanto no caso da Maju como em outros, pode ser considerado um processo de aceitação que necessita passar de geração a geração, pois essas diferenças sempre vão existir, mas não é de se considerar que seja motivos para depreciação, considerando que estamos sujeitos as adaptações ao meio. Além do mais se o mundo todo fosse igual não existira a beleza que comtemplamos todos os dias, de diversas espécies de plantas e animais


O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, baseando-se nas fontes:


Alcock, John. (2011) Comportamento animal: uma abordagem evolutiva. Porto Alegre: Artmed,.xvii, 606 p. ISBN 978-85-363-2445-6 (broch.)

Carvalho, A. M. A. (1998). Etologia e comportamento social. Em L. Souza, M. F. Q. Silva & M. M. P. Rodrigues (Orgs.), Psicologia – Reflexões (im)pertinentes (pp. 195-224). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Lima, M. E. O. & Vala, J. (2004) As novas formas de expressão do preconceito e do racismo. Estudos de Pscologia, 9 (3). 401-411.

Reis, J. A controvertida sociobiologia.

UFMG. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia.

Espiritualidade e Ciência: Poder da mente sobre o corpo?

Série Ensaios: Socibiologia
Por: Bruna Estefany Lemos de Souza
Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas - Bacharelado da PUCPR


Ao adoecer nosso corpo não executa corretamente as funções biológicas, fisiológicas, físicas e químicas, funções estas que estão atreladas uma com a outra, portanto, quando uma dessas funções falha ocorre um desequilíbrio em todo o sistema (corpo), a partir desse pressuposto, quando todas as funções falham, ocorre a morte. Sendo assim, partindo do aspecto evolutivo interrompemos o comportamento comum da espécie ao passo que para realizarmos todas as ações características da espécie precisam-se ter todas as funções do corpo igual àquelas que selecionaram a espécie no passado através da seleção natural de Charles Darwin (Itokazu, 2006).
Então, como explicar a morte do corpo e a mente continuar viva presa ao corpo. No passado a ciência conservadora, acreditava que a mente fazia parte do corpo de alguma forma, porém imaterial, e que ainda não se tinha descoberto e ao morrer, não se existia mais a alma do indivíduo. No entanto, esse “tabu caiu por terra” com vários casos de pacientes, que viveram em coma ou estado “vegetativo” por muitos anos e que acordaram e retomaram as funções do corpo e testemunharam que ouviam tudo o que se passava ao redor deles, ou seja, que tinham consciência (Itokazu, 2006).
A física quântica, explica que o cosmo é o elo que une os planetas, sol, lua e as moléculas, e que ele é a fonte da vida e expande nossa consciência. Deepak Chopra em seu filme Realidade Espiritual relata que a base das nossas ações e funções vem através da energia cósmica. A qual adquirimos no sono ou quando entramos em meditação, esquecendo dos pensamentos, sem realizar qualquer tipo de atividade. A partir desse momento a mente é ligada ao intelecto, em busca do "self" o eu superior que todos têm dentro de si mesmo, e que se comunica com o cosmo, recebendo energia cósmica que permite executar nossas ações e vivermos felizes e saudáveis, portanto essa energia seria capaz de curar doenças da mente e do corpo ( Deepak, 2012).
Essa teoria é reforçada pelo Biólogo Bruce Lipton em sua obra “Biologia da Crença", que relata que a energia quântica retoma conceitos que Descartes no século 17, refutou afirmando que a mente não tinha controle sobre corpo, que o corpo era formado por material denso e que a mente era formada por uma substância desconhecida, porém imaterial, incapaz de controlar o corpo (Lipton, 2007).
Sendo assim, a mente emana energia para o corpo, ativando ou inibindo proteínas, e as células            são ligadas através de “antenas" com o planeta. Estando a mente além do corpo, tendo poder sobre ele. O que contribui para esta Evolução seria o desenvolvimento do sistema límbico que através de reações químicas, libera sinais controlados pelo sistema nervoso para as células, e a mente por sua vez interpreta estes sinais em forma de emoções que controlam o nosso corpo, e apontam que o descontrole dessas emoções podem causar doenças no corpo ( Lipton, 2007).
Martin Pistorius em seu livro “O invisível" afirma que por dois anos esteve inconsciente, e que após isso recobrou a consciência e se sentia preso dentro de um corpo morto, e que por muitas vezes ouviu a sua mãe dizer em seu ouvido: “ Você precisa morrer, você precisa morrer", ele diz que ali teve sim vontade de morrer e que entendia o desespero de sua mãe e que a perdoou, aos poucos Martin foi percebendo sinais no corpo e depois de 12 anos através do poder da mente sobre seu corpo saiu do estado vegetativo e continuou a sua vida curado, casando-se com Joanna Pistorious, vivendo atualmente na Inglaterra(XPTODOS, 2012).
Eu como formanda de Biologia, acredito que o caso de Martin é muito claro do poder da mente sobre nosso corpo, da forte ligação que a mente tem com os céus e que o nosso espírito está além da matéria e que quando nosso corpo morre nossa alma não morre. De fato muitos cientistas não aceitam essa ciência espiritual, mas é valido estudar a mente, para curar doenças de uma forma alternativa, já que a medicina tradicional ainda não descobriu um tratamento menos invasivo como no caso câncer, ou para curar doenças autoimunes que não tem cura pela medicina, entre outros problemas que envolvem a mente e o corpo, como depressão.


O presente trabalho foi elaborado para a disciplina de Etologia II tendo como base as seguintes referências:


Abril (2009). O que é coma. Disponível em: http://www.dicionarioinformal.com.br/tabu/. Acesso em 25 de set. e 2015.
Amaris, Marlene (2015). Estado Vegetativo. Disponível em: http://www.infoescola.com/saude/estado-vegetativo/. Acesso em 26 de set. de 2015.
Brasil Escola (2015). Lua. Disponível em: http://www.brasilescola.com/geografia/lua.htm. Acesso em 26 de set. de 2015.
Brasil Post (2015).  Como escapei depois  de passar 12 anos preso dentro de meu próprio corpo. Disponível em: http://www.brasilpost.com.br/martin-pistorius2/como-escapei-depois-de-pa_b_7172812.html. Acesso em 25 de set. de 2015.
Conceito. De(2015). Conceito de mente. Disponível em: http://conceito.de/mente. Aceso em 27 de set. de 2015.
Conceito. De (2015). Conceito de Planeta. Disponível em: http://conceito.de/planeta. Acesso em: 26 de set. de 2015.
Hamilton, Calvin J. ( 1997). O sol. Disponível em: http://www.if.ufrgs.br/ast/solar/portug/sun.htm. Acesso em 26 de set. de 2015.
Deepak Choppa (2015). https://www.deepakchopra.com/. Acesso em 26 de set. de 2015.Dicionário Informal (2006). Cosmo. Disponível em: http://www.dicionarioinformal.com.br/cosmo/. Acesso em 26 de set. de 2015.
Dicionário Informal (2009). Tabu. Disponível em: http://www.dicionarioinformal.com.br/tabu/. Acesso em 25 de set. de 2015.
E-Biografias (2015). Charles Darwin. Disponível: http://www.e-biografias.net/charles_darwin/. Acesso em 25 de set. de 2015.
History (2015). Estudo científico encontra primeira prova de que existe vida depois da morte.  Disponível em: http://www.seuhistory.com/node/128951. Acesso em 27 de set. de 2015.
Hype Science. Cientista se aproximam da teoria de Cosciência Disponível em: http://hypescience.com/cientistas-se-aproximam-da-teoria-da-consciencia/. Acesso em 26 de set. de 2015.
Itokazu, Ericka Marie (2006). A Filosofia espinosana para além do corpo-máquina: o palelismo em questão. XII ncontro da ANPOF, Salvador. Disponível em: file:///C:/Users/ways/Downloads/88983-126543-1-SM.pdf. Acesso em 26 de set. de 2015.
Leitão, Amelia (2004). Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Organização Mundial da Saúde. Disponível em: http://www.inr.pt/uploads/docs/cif/CIF_port_%202004.pdf. Acesso em 27 de set. 2015.
Lipton, Bruce H. A Biologia da Crença. Editora Butterfly: São Paulo, 2007. p. 34; 160-172; 279-243.
Lira, Julio Cesar Lima (2015). Molécula. Disponível em: http://www.infoescola.com/quimica/molecula/. Acesso em 25 de set. de 2015.
Louredo, Paula (2015). Doenças e Patologias. Disponível em: http://www.brasilescola.com/doencas/. Acesso em 27 de set. de 2015.
Portal da Educaçã (2009). Evolução e Seleção  Natural. Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/7297/evolucao-e-selecao-natural. Acesso em 27 de set. de 2015.
Portal da Educação (2008). O que é Etologia?. Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/biologia/artigos/1492/o-que-e-etologia. Acesso em 25 de set. de 2015.
Santana, Ana Lucia (2015). Física Quântica. Disponível: http://www.infoescola.com/fisica/quantica/. Acesso em 25 de set. de 2015.
Sinônimos (2015). Sinônimo de imaterial. Disponível em: http: http://www.sinonimos.com.br/imaterial/. Acesso em 27 de set. de 2015.
Só Biologia (2008). Espécie: a unidade de classificação dos seres vivos. Disponível em: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Seresvivos/Ciencias/classifiseresvivos2.php.  Acesso em 25 de set. de 2015.
Só Biologia (2008). O que é evolução?. Disponível  em: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Seresvivos/Ciencias/bioevolucao.php. Acesso em 25 de set. de 2015.       
Lakatos , Eva M. & Marconi, Marina ( 1991). Metodologia científica, Editora Atlas S.A.: São Paulo, p. 19
XPTODOS (2015). Coragem durante 12 anos. Disponível em: http://xptodos.org/inspiracoes/coragem-durante-12-anos/. Acesso em 25 de set. de 2015.
Youtube (2012). Deepak Chopra Realidade Espiritual Uma jornada Interior como Meditar. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=K2FNOo7rDR8. Acesso em 25 de set. de 2015.


A homossexualidade em diferentes mundos

Série Ensaios: Sociobiologia



Por Thalita Adriana Tavares
Acadêmica do curso Ciências Biológicas da PUC – PR

                  “Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.” - Albert Einstein.
            A jornalista Marina Estarque em abril de 2015, escreve em Carta Capital, alguns casos de casais homossexuais que esperam na fila da adoção. Um dos casos conta a história de Marcos Gladstone e seu parceiro, pais de 2 filhos adotivos. O casal aguarda a chegada de mais uma menina na família, porém a decisão está ameaçada pelo projeto de lei 6583/13, mais conhecido como Estatuto da Família, que define como família apenas casais formados por um homem e uma mulher, ou um dos pais e seus descendentes. Na prática, impede casais homossexuais de se casarem e adotarem crianças – ambos direitos já reconhecidos pela Justiça, mas não previstos em lei. O projeto de lei já possui vários opositores, porém acaba por afastar o interesse dos homossexuais em adotar.  
           
          A homossexualidade é milenar em existências comportamentais, sociais e culturais. No livro Biological Exuberance - Animal Homosexuality and Natural Diversity, o pesquisador Bruce Bagemihl analisou mais de 400 espécies, na maioria mamíferos e aves, todas praticantes de hábitos homossexuais. A pesquisa mostrou, inclusive, que as relações homossexuais na natureza não são fruto de confusão do instinto ou falta de fêmeas. Pode-se dizer que, a maioria dos animais homossexuais é assim porque é.   
            Os comportamentos homossexuais dos animais, às vezes diferenciam-se dos comportamentos homossexuais humanos, pois são desempenhados para uma estratégia de sobrevivência para o grupo em que se inserem, e não por simples prazer.

           O livro considera cinco comportamentos classificados como homossexuais, entre eles o cortejo, que inclui todas os meios que os animais usam para se exibir e conquistar parceiros. O pássaro-lira, bem como o pavão seduzem suas fêmeas exibindo sua grande cauda a elas, no entanto as fêmeas não são as únicas atraídas, machos são observados exibindo suas caudas para outros machos. A afeição é outro critério notado pelo biólogo, expressa o vínculo íntimo com outros indivíduos através de demonstrações de afeto, porém não são consideradas manifestações de sexualidade. A formação de casais nem sempre envolvem seres do mesmo gênero, mais de 70 espécies de aves mantém relações duradouras com indivíduos do mesmo sexo, além de leões e elefantes machos que podem formar laços mais duradouros que casais heterossexuais. A criação de filhotes também é atividade bem comum entre parceiros semelhantes, o pássaro-cantor macho atrai o outro por meio do canto, no início do período reprodutivo, constroem o ninho e cuidam dos ovos e crias abandonados. Por fim, o contato sexual propriamente dito é todo momento em que há estimulação dos órgãos genitais. Bonobos, morsas, golfinhos, libélulas, são exemplos de alguns animais que desempenham atos homossexuais.    
            No quesito histórico, desde a Grécia Antiga, a homossexualidade era uma prática comum entre os guerreiros espartanos. Prestigiados pela valentia, obediência e força, o comportamento homossexual era visto como uma estratégia de sobrevivência na rotina de batalhas. O estreitamento de laços entre os guerreiros fazia com que os mesmos estivessem mais dispostos e mais encorajados a lutar.
            Os pesquisadores Urban Friberg, William Rice e Sergey Gavrilets no periódico científico The Quarterly Review of Biology, afirmam que o fator biológico ligado à homossexualidade se encontra em um conceito conhecido por epigenética, que consiste no estudo das mudanças hereditárias na expressão gênica que não envolve uma mudança na sequência do DNA, são modificações que sinalizam aos genes se eles devem se expressar ou não. Com o modelo proposto no estudo, eles poderiam explicar que a homossexualidade é transmitida através de epimarcas hereditárias, responsáveis por alterar e regular a sensibilidade à testosterona em fetos no útero materno. Além das modificações físicas, a exposição à testosterona é o que poderia também influenciar na orientação sexual do indivíduo.  
            As variações epigenéticas adquiridas durante a vida de um organismo podem ser passadas aos seus descendentes, portanto a hereditariedade explica apenas parte da variação na preferência sexual. A homossexualidade pode ser uma característica geneticamente estabelecida de acordo com os hábitos e o ambiente social que o indivíduo está inserido. As razões, que podem ser sociais, culturais e do ambiente, permanecerão como um tópico de intensa discussão.
         
   No sentido biológico, há uma forte possibilidade de que a homossexualidade seja uma conduta claramente benéfica, segundo Edward Osborne Wilson. O biólogo entomologista discute que a homossexualidade surgiu como elemento importante na organização social humana primitiva, visto que os homossexuais podem ser portadores genéticos de alguns dos raros impulsos altruístas da humanidade. A homossexualidade é sobretudo uma forma de estabelecer vínculos. A predisposição para o caráter homófilo possui uma base genética e os genes se difundiram nas sociedades primitivas devido a vantagem que conferiam a quem os possuísse. Wilson avança com a hipótese de seleção de parentesco para explicar a origem da homossexualidade, segundo a qual os parentes mais próximos dos homossexuais podem ter mais filhos como resultado da sua presença.
            O grande enigma diz respeito ao processo de seleção natural: como homossexuais produzem menos prole do que heterossexuais, por qual razão uma possível variação genética seria mantida ao longo das gerações?
            Os membros homossexuais das sociedades primitivas, livres das obrigações e deveres paternos, eram eficientes em ajudar os parentes mais próximos. Os parentes, beneficiados por taxas mais elevadas de sobrevivência e reprodução, partilhavam com os homossexuais genes alternativos, responsáveis pela aquisição do potencial para preferências homofílicas por uma minoria da população, possibilitando que os genes homossexuais continuassem a difundir-se através de linhagens de descendência colateral, ainda que os próprios homossexuais não tivessem filhos.  
            Devido à grande demanda de estudos associados a homossexualidade, pensamentos e conceitos vêm se modificando com o decorrer do tempo. De acordo com a psicanalista Cynthia Ladvocat, do ponto de vista legal, não existe nenhum impedimento para que homossexuais adotem crianças, pois a sexualidade de cada postulante à adoção não faz parte da avaliação.
            Apesar da polêmica sobre o assunto, é de suma relevância alguns aspectos como o fato de que os pais adotivos escolhem ser pais, superam limites biológicos, procuram os mais diversos métodos em busca da paternidade ou maternidade, em contraste com muitos casais heterossexuais que experenciam de gestações não planejadas. Outro fator é o de que uma grande porcentagem de pais ou mães homossexuais procuram adotar crianças diferentes de suas raças e/ou portadores de deficiências, um gesto bastante gracioso.
            Como futura bióloga, acredito que um comportamento tão antigo, praticado por inúmeros animais, deve ser estudado profundamente para a percepção e entendimento de todas as espécies, inclusive a nossa. O preconceito, a opressão social, a homofobia em geral ainda é muito acentuada, o que afeta de modo direto a adoção por casais homossexuais. As pessoas esquecem que independente do contexto social em que uma criança se encontra, o relevante é promover a essa criança um ambiente saudável, afetivo e que supra as necessidades físicas e psicológicas para o seu bom desenvolvimento, uma vez que a família é a base para a formação do caráter do indivíduo e um dos alicerces para a formação da personalidade do mesmo.
            O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia II se baseando nas seguintes referências:

Zoofilia: Por que é imoral?

Série Ensaios: Sociobiologia

Por Raphael Coutinho Mello
Acadêmico do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas

           
Recentemente em sua autobiografia a subcelebridade Andressa Urach revelou ter tido seu primeiro orgasmo ao manter relações sexuais com o cachorro de uma amiga. Apesar da criminalização (Lei n º 9605/98) e desprezo por boa parte da população, é sabido que essa é uma prática muito comum em diversas regiões do mundo, e no Brasil, principalmente em áreas rurais onde muitos garotos têm suas primeiras experiências sexuais com animais de criação.
            Sabe-se que em humanos o comportamento sexual é influenciado pelo hipotálamo que tem o papel de estimular a glândula pituatária a liberar os hormônios sexuais. O hipotálamo secreta o fator de liberação apropriado no sangue, que alcança a glândula pituatária e a estimula a secretar hormônio gonadotrófico, que no homem tem como alvo os testículos para a produção de testosterona e esperma e nas mulheres o objetivo é estimular os ovários a produzir óvulos e secretar estrógeno e progesterona – hormônios estes responsáveis pelo desejo sexual.
Dentre as diversas “perversões sexuais” ou parafilias está a zoofilia, definida como atração ou envolvimento sexual entre humanos e animais de quaisquer outras espécies. Algumas teorias da Psicologia baseadas nas obras de Freud, classificam a Zoofilia como um transtorno da sexualidade humana e a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), na categoria F65.8 (Outros Transtornos de Ordem Sexual) aborda a bestialidade (ou zoofilia).
Sabe-se que muitos problemas da sociedade humana estão freqüentemente relacionados a interações entre ambiente e comportamento ou entre genética e comportamento (Snowdon, 1999) - apesar disso, não existe ainda uma explicação completamente aceitável para as parafilias, sendo possível que tenham sido um comportamento ancestral que e que foi culturalmente transmitido para alguns, no caso da zoofilia podendo ter surgido há aproximadamente 10 mil anos atrás após a revolução agrícola quando o homem parou de ser nômade, se estabeleceu em terras fixas e começou a plantar e domesticar animais, por outro lado, é possível que desde os primórdios não tenha sido um comportamento socialmente aceito por todos e por isso ainda é mal visto por grande parte da população, provavelmente devido ao fato de que os comportamentos humanos foram sexualmente selecionados, ou seja, os comportamentos que não favoreciam o indivíduo de se reproduzir foram eliminados ou pelo menos transmitidos com frequência bem menor se comparado aqueles que favoreciam a reprodução, já que no início quando a espécie vivia em pequenos grupos um indivíduo de comportamento aberrante poderia ter dificuldade em se relacionar social e sexualmente dentro do grupo por estar fora do Imperativo Reprodutivo e com isso não escolhia parceiros sexuais e também não era escolhido, já que não visto como um parceiro em potencial por apresentar um comportamento que não ajudaria na reprodução das futuras gerações, e justamente devido ao Imperativo Reprodutivo é que estamos sempre tentando adequar nosso comportamento ao do grupo, ou julgando como os outros se comportam e excluindo da competição por pares reprodutivos aqueles que julgamos imorais.
Mas porque a moral é considerada tão importante em nossa sociedade?
Acredita-se que a moral seja a responsável pela manutenção da ordem entre as pessoas e sociedades, sendo inclusive ensinada desde para as crianças desde muito cedo. Caso contrário, diante de quaisquer adversidades que surgissem em nosso caminho, retornaríamos ao nosso estado primitivo e resolveríamos todos os problemas de maneira antiquada, desprovida de ética e moral, tal qual os criminosos que notoriamente não seguidores dos valores morais. Então na verdade os valores morais foram criados para regular a vida em sociedade, fazendo com os que não os seguem sejam mal vistos pela maioria e em muitos casos até segregados do convívio social, seja pela lei quando são criminosos ou por nós mesmos, qual julgamos que uma pessoa não é boa o bastante para fazer parte de nosso convívio quando a julgamos imoral, ou ainda pela religião

Este ensaio foi realizado com base nas referências:
Diniz IA, Chagas AR, Fiedler MW, Ribeiro RB, Silva ALR, Machado RM TRANSTORNOS DE IDENTIDADE E DE COMPORTAMENTO SEXUAL: UMA ABORDAGEM EPIDEMIOLÓGICA Rev Rene. 2013; 14(2):231-40.

Snowdon T. Charles O SIGNIFICADO DA PESQUISA EM COMPORTAMENTO ANIMAL Estudos de Psicologia 1999, 4(2), 365-373 365

A cura do corpo pela Fé

Série Ensaios: Sobiobiologia
Por Bruna Schaidt
Acadêmica do curso de Biologia

Louise L. Hay, fundadora da Casa Hay e autora motivacional, foi diganosticada com câncer de útero e conseguiu a cura através da fé e do perdão. Louise teve uma infância bastante conturbada, pois quando tinha apenas 5 anos de idade começou a sofrer abusos sexuais de um vizinho e só parou quando ela decidiu fugir de casa e da escola com 15 anos.
Aos 16 anos Hay engravidou, mas teve que dar a criança a uma família por falta de condições de criá-la. Após esse período sua vida começou a melhorar quando se tornou modelo e se casou, mas não para sempre que a felicidade durou, quando após 14 anos de casamento seu marido a deixou para morar com outra mulher.
Já descrente de que era merecedora de amor e a falta de sgurança e valorização própria, Louise buscou ajuda na igreja e foi quando sua vida começou a mudar, até que foi diagnosticada com câncer no útero. Em seu livro, “Sana to Curpo”, ela relata como foram suas experiêcias e seu tratamento envolvendo o espiritualismo e sua fé atrás da sua recuperação sem ajuda da medicina convencional e acredita que esse tipo de enfermidade é reflexo da energia e do comportamento que o ser humano emana para o mundo e que se estivermos em paz e com a mente positiva emanando boas vibrações é possível reverter é possível alcançar a auto cura.
Ela conta que precisou perdoar tudo que havia acontecido na sua vida, principalmente os abusos quando criança e, somente quando realmente perdoou conseguiu se livrar de todo ódio e remorso que ainda havia nela, alcançando a cura do câncer que, segundo ela, era reflexo de todo o seu sofrimento.




Para muitos, é quase incompreensível acreditar que pensamentos positivos ou a fé em algo abstrato possam controlar as ações biológicas exercidas pelo corpo. Para René Descartes e alguns cientistas adeptos da biomedicina tracional, a mente e o corpo são dois coisas separadas, pois a mente teria influência sobre o corpo? Descartes, no séc. 17, negou o conceito de que a mente tenha influência sobre o corpo. O corpo físico é feito de matéria, algo palpável e físico, e a mente de uma substância não identificada, tida como imaterial. Como então, algo imaterial poderia ter influência sobre algo material? A ciência ainda não é capaz de explicar como muitas vezes isso acontece, mas há relatos para fundamentar a ideia de que a mente atua sobre o corpo e sua biologia.
A espiritualidade é considerada umas das heranças genéticas humanas fundamentais que para ele, é considerada um instinto. Para ele, o dever de um ciesntista que quer explicar a espritualidade é mostrar que ela pode ser definida e quantificada e, dessa forma, Hamer apresenta cinco argumentos para fundamentar sua teoria.
A Quantificação é o primeiro deles, que através da “autotranscendência” há uma medida numérica de como as pessoas vão além delas mesmas. O segundo é a Herdabilidade, demonstrando que a espiritualidade é significativamente hereditária.
 Seguido da Identificação de um gene específico, o terceiro argumento apresentado por Hamer, que explica o Gene de Deus como aquele é associado à escala de autotranscendência da espiritualidade. Esse gene não explica a espiritualidade, mas é importante por indicar como é manifestado no cérebro o mecanismo da espiritualidade, sendo que, tal gene codifica um transportador de monoamina, uma porteína que é resposável pela quantidade de importantes substâncias químicas cerebrais sinalizadoras.
O Mecanismo Cerebral, quarto argumento, explica as funções da monoaminas, serotoninas e dopaminas no cérebro, alterando a consciência incluindo pensamentos, emoções e lembranças. E por último a Vantagem seletiva, que explica quais as vantagens seletivas e competitivas de possuir os genes de Deus, proporcinando ao ser humano um senso de otimismo inato, ou seja, é a vontade de continuar vivendo e procriando, e a busca por uma saúde melhor e curas de doenças. Seriam essas vantagens que nos permitiriam transmitir nossa herança genética (Hamer, 2005).
A espiritualidade desa forma, afirmando que pensamentos são a energia da mente emanados pela matéria, e tais energias podem afetar o corpo físico, controlando diretamente a forma como o cérebro físico irá controlar a fisiologia do corpo (Lipton, 2007).
Essas energias irão atuar de tal forma que ativam ou inibem proteínas responsáveis pelo funcionamento das células, agindo diretamente sobre as reações fisiológicas geradas pelo corpo. Para ele a ciência não deve se afastar da espiritualidade, mas deve caminhar junto a ela, para que possamos entender a “a ordem natural” das coisas sem tentar controlar a natureza.
Mas a espiritualidade pode ser explicada também no sentido etológico, e não apenas no biológico.  É natural o ser humano querer estabelecer relações sociais, ter uma compreensão do mundo, passar por problemas e é nesse momento que a espiritualidade ganha tanta importância.
Ela se torna responsável por vários agrupamentos sociais, diminuindo tensões entre os indivíduos que compartilham dos mesmo ideais, porém também acarreta em um choque quando indivíduos de grupos diferentes entram em contato entre eles, e por vezes, acabam causando conflitos. Além de estar envolvida com o nosso equilíbrio interno tendo grande influência no nosso bem estar, levando em conta o fato de que corpo e mente estão diretamente ligados, a espiritualidae tem um papel importante na administração do estresse, atuando em nossa saúde.
Segundo,  a espiritualidade ocupa todo o nosso ser e é uma presença íntima e const
ante e, mesmo alguns sendo mais ou menos espirituais, somos todos espiritualizados. Está presente em todo o nosos cotidiano, e até mesmo nos momentos em que estamos vivenciando experiências sociais, como no trabalho, no lazer, educação, religião ou apenas na intimidade de cada um. Esse lado espiritual acaba sendo fundamental pois pode nos indicar caminhos e posições a partir da qual, é possível uma compreensão da sociedade em que vivemos (Silva & Silva, 2014). 
            Como formanda em biologia acredito na função importante da ciência e suas diversas áreas que buscam por tratamentos e curas de doenças e têm como prospota intervenções medicamentosas oude caráter médico, mas também creio que a nossa psique e nossa espiritualidade exerce grande poder sobre nossos corpos. Inferterferindo fortemente pelas energias que espalhamos pelo mundo e que devemos além da medicina convencional, devemos buscar nosso equilíbrio pessoal para alcançarmos nossa restauração interior.


O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia II, baseando-se nas seguintes obras:

IMECC. René Descartes. Disponível : <http://www.ime.unicamp.br/~calculo/ambientedeensino/modulos/history/descartes/descartes.html>. Acesso em: 04 de set. 2015.

UFRGS. Fisiologia. Disponível em:<http://www.ufrgs.br/biomedicina/biomedicina-2/habilitacoes/fisiologia>. Acesso em: 04 de set. 2015.

Estudo Geral. As escolhas entre terapias convencionas e medicina convencional. Disponível em:<http://www.ufrgs.br/biomedicina/biomedicina-2/habilitacoes/fisiologia>. Acesso em: 04 de set. 2015.

Ciência 20. O que é matéria? Disponível em:<http://www.ciencia20.up.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=625>. Acesso em: 04 de set. 2015.

UNICAMP. O que é ciência? Disponível em:<http://www.unicamp.br/~chibeni/textosdidaticos/ciencia.pdf>. Acesso em: 04 de set. 2015.

INCA. Colo de útero. Disponível em:<http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/colo_utero/definicao>. Acesso em: 04 de set. 2015.

SER. A Importância da Espiritualidade da Sociedade Contemporânea. Disponível em: <http://www.ser-psi.com.br/crbst_35.html>. Acesso em: 21 de set. 2015.

SILVA, João Bernardino da; SILVA, Lorena Bandeira. Relação entre a Religião, Espiritualidae de Sentido da Vida. Revista da Associação Brasileira de Logoterapia e Análise Existencial. 3 (2), 203-215, nov. 2014.

LINPTON, Bruce H. A Biologia da Crença: Ciências e espiritualidade na mesma sintonia: o poder da consciência sobre a matéria e os milagres. Butterfly Editora, 2007.

HAY, Louise H. Sana tu Cuerpo: Las causas mentales de laenfermedad física y la forma metafísica de superarlas. Urano, 1988.

HAMER, Dean. O Gene de Deus – como a herança genética pode determinar a fé. Mercuryo 

Espiritualidade: uma luz no fim do túnel?


Série Ensaios: Sociobiologia

Por Nicoly Subtil de Oliveira
Acadêmica do Curso de Biologia da PUCPR

"Eu me ergui e fui puxada por essa luz”, descreve a professora Rita Isabel Rohr. “Tinha um túnel, bem longe, e aquela luz me puxava. Era uma luz tipo um sol, não era uma luz qualquer, era uma luz muito forte, que soltava raios para tudo que era lado, e tinha muita força aquela luz. Eu cheguei ao fim do túnel, e atrás da luz tinha um espaço muito grande, com uma luminosidade tão estranha, tão bonita, que não dá para explicar. Eu não consigo comparar com uma coisa bonita que tem aqui na Terra hoje para dizer como era bonito lá.”

           
Assim como o caso desta professora, muitos outros casos de Experiência de Quase Morte (EQM) são relatados em hospitais. Apesar de estas experiências serem algo real para essas pessoas e, em grande parte, ocasionarem em um motivo para a mudança de comportamento, nos valores e nas crenças de diversas pessoas, como a ciência entende isso?
            A EQM é definida como um estado alterado de consciência que inclui uma experiência emocional e um conteúdo estereotipado (Fenwick, 2013). Estes estados próximos da morte referem-se a experiências profundas, onde as pessoas que vivenciam isto acreditam que deixam seus corpos e viajam para outra dimensão (Greyson, 2007). Segundo a medicina, estas experiências acontecem devido a mudanças químicas no cérebro. Existem estudos que demonstram que existe um último lampejo de explosão de atividade cerebral nos últimos minutos de vida, por isso esses relatos podem estar relacionados com a perda de consciência da pessoa, porém com um mínimo de atividade cerebral ainda.
Tem-se como características específicas de quem sobreviveu a uma EQM a incapacidade de expressar um sentimento através de palavras, ouvir o anúncio da própria morte, sentimentos de paz, ouvir ruídos, ver um túnel, sentir-se fora do corpo, encontrar-se com seres não físicos, realizar uma revisão da vida, retornar à vida, contar aos outros sobre a experiência, consequência da experiência que a pessoa viveu, ter novas visões da morte e comprovação de conhecimentos não adquiridos por meio da percepção normal (Greyson, 2007). Os efeitos posteriores a vivencia são, na maioria das vezes, permanentes. A pessoa passa a apreciar melhor a vida, ter maior espiritualidade/ fé, menos medo da morte e menores níveis de competitividade e materialismo (Von Haesler & Beauregard, 2013).
Em um estudo médico realizado, 30 dos 58 pacientes que disseram que tinham tido EQM, não estavam em perigo de morte. Ou seja, estas experiências de quase morte não estão relacionadas apenas com o perigo médico apresentado, mas com o estado físico mental e do corpo. Existem casos relatados em que pacientes com diabetes relataram a EQM após uma significativa baixa de açúcar no sangue (hipoglicemia), os pacientes estavam em estado de sono e apresentaram movimentos rápidos do olho, demonstrando um estado comum de quando sonhamos (Mobbs & Watt, 2011).
Vários estudos têm sido feitos para entender este fenômeno; mas ainda estamos longe de poder entender o que realmente acontece. Em outro estudo feito com pacientes que tinham tido a experiência de quase morte, 50% relataram a sensação de estarem mortos, 24% disseram ter tido a experiência fora do corpo, 31% falaram que passaram por um túnel e 32% disseram ter encontrado pessoas falecidas. Não existe um padrão para estas experiências, ao mesmo tempo em que algumas pessoas relatam todas as características já apresentadas, outras relatam apenas uma ou duas. Isto dificulta o seu entendimento, mas é certo que existem diversas explicações para isto.
O professor Alexander de Almeida da UFJF, em uma entrevista, explica que pode estar relacionada à falta de oxigênio no cérebro e a pessoa passa a desencadear alucinações; ou também pode ser em um período próximo a morte e a pessoa comece a fantasiar como mecanismo de defesa. O neurocientista Kevin Nelson, autor do livro The Spiritual Doorway in the Brain – a Neurologist’s Search for the God Experience, conta que a cada segundo o cérebro regula a quantidade de sangue que circula nele, então se o fluxo diminui, o cérebro aciona mecanismos que controlam a passagem entre os estados de consciência porque encara isto como uma crise, e nesses momentos podem acontecer reações como paralisia e alucinações. Em uma linguagem mais química, Jansen (1990; 1997) propõe que a cetamina é um modelo para a EQM, ou seja, a cetamina é capaz de reproduzir estas experiências através do bloqueio dos receptores no cérebro pelas neurotransmissões glutamatérgicas, mediadas pelo receptor de N-metil-D-aspartato (NMDA).
O que chama atenção nas pessoas que vivenciam essa experiência de quase morte é a mudança de comportamento e pensamento sobre valores. A maioria dos casos ocorridos relata que as pessoas passam a ter outra visão de morte, tem menos medo de viver e até aumentam a espiritualidade.
Dr. George Vaillant, autor do livro Fé: evidências científicas, defende que a espiritualidade é uma força positiva na evolução humana. O autor ainda relata que para essa força positiva existem três tipos diferentes de evolução: a seleção natural dos genes ao longo de milênios; a evolução cultural de ideias sobre o valor da vida humana ao longo da história documentada; e o desenvolvimento da espiritualidade durante a vida de cada indivíduo. Nossa espiritualidade acontece no cérebro, na nossa capacidade inata para emoções como o amor, a esperança, a alegria, o perdão e a compaixão; sentimentos selecionados pela evolução que se localizam em uma parte do cérebro diferente daquela onde se encontram as crenças religiosas dogmáticas, relata o Dr. Vaillant.
A espiritualidade pode ter duas dimensões: a horizontal, em que a pessoa é movida pela experiência de doação de si mesma e de fraternidade por meio do contato mais íntimo com si próprio, com a natureza, a arte, a poesia, ou qualquer outro valor visando o bem-estar social, a solidariedade, o cuidado, a tolerância, etc. E a dimensão vertical, onde a pessoa acredita em Deus (Poder Superior). As duas dimensões podem estar ligadas ou não (Moberg & Brusek, 1978). É importante deixar claro que a espiritualidade e religião estão relacionadas, mas são termos independentes. Uma pessoa não precisa pertencer a uma religião para alcançar um nível espiritual (Guerrero et al, 2010).
Quando se fala dos benefícios da espiritualidade, o efeito placebo é citado. Acredita-se que uma terapia pode trazer sentimentos positivos. Alguns pesquisadores até falam que certos rituais podem afetar os sistemas endócrino e imunológico (Valla, 2000). Como estratégia de sobrevivência no mundo social, a espiritualidade pode ser vista como uma forma de amenizar os problemas diários, acreditando que é possível superar cada um; de valorizar e aproveitar mais a vida, porém com cautela; de buscar novas experiências para chegar a felicidade plena; entre outros.. Com a ajuda de rituais, é possível chegar a uma paz interior, acalmar os pensamentos e até chegar a tão desejada felicidade.
Eu como formanda em Biologia, acredito que apesar de todas as pesquisas já realizadas, a experiência de quase morte é, na maioria das vezes, uma questão de interpretação pessoal; pode-se vê-la como um acontecimento da vida ou da química do cérebro da pessoa, que pode estar em risco de morte ou não. O importante é que as pesquisas continuem sendo realizadas para que possa ser explicado o que realmente acontecem nesses momentos e se isso pode levar a algum risco ao cérebro após a experiência. Porém, acredito também que mesmo que seja descoberta a razão para esses acontecimentos, a espiritualidade ainda seria um motivo a levar-se em questão, pois de certa forma, a espiritualidade deixa a pessoa mais calma, tranquila e feliz, além de que se unida com a religiosidade, a pessoa tem mais cuidado com si mesma, com as coisas e com a busca da felicidade.

O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia II, baseando-se nas seguintes obras:
FENWICK, P. As experiências de quase morte (EQM) podem contribuir para o debate sobre a consciência? (2013). Rev Psiq Clín, v. 40 (5), p. 203-207.
G1. Brasileiros que quase morreram contam ter visto luzes e até Jesus. Disponível em: <http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2011/09/brasileiros-que-quase-morreram-contam-ter-visto-luzes-e-ate-jesus.html>. Acessado em 18 de Setembro de 2015.
GREYSON, B. Experiências de quase-morte: implicações clínicas. (2007). Rev. Psiq. Clín, v. 34, supl. 1, p. 116-125.
GUERRERO, G.P., ZAGO, M.M.F., SAWADA, N.O. & PINTO, M.H. Relação entre espiritualidade e câncer: perspectiva do paciente. (2010). Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília/ DF, v. 64 (1), p. 53-59.
JANSEN, K. L. R. Neuroscience and the Near-Death Experience: roles for the NMSA - PCP receptor, the sigma receptor and the endopsychosins. (1990). Medical Hypotheses, v. 31, p. 25-29.
JANSEN, K. L. R. The Ketamine Model of the Near-Death Experience: a central role for the N-Methyl-D-Aspartate receptor. (1997). Journal of Near-Death Studies, v. 16, p. 5- 26.
MOBBS, D. & WATT, C. There is nothing paranormal about near-death experiences: how neuroscience can explain seeing bright lights, meeting the dead, or being convinced you are one of them. (2011). Trends in Cognitive Sciences, v. 15, n. 10, p. 447-449.
Moberg, D. O. & Brusek, P. M. (1978). Spiritual well being: A neglected subject in quality of life research. Social Indicator Research, v. 5, p. 303-323.
VAILLANT, G. E. Fé: evidências científicas. (2010). Editora Manole, Barueri/ São Paulo.
VALLA, V.V. Globalização e saúde no Brasil: a busca da sobrevivência pelas classes populares via questão religiosa. (2000). Trabalho de Congresso. Disponível em: . Acessado em 23 de Setembro de 2015.
VON HAESLER, N. T. & BEAUREGARD, M. Experiências de quase morte em parada cardíaca: implicações para o conceito de mente não local. (2013). / Rev Psiq Clín, v. 40 (5), p. 197-202.