Ops! Já acordamos calibrados...

Quem nunca não quebrou a cabeça tentando desvendar sonhos extremamente nítidos, mas sem nenhum sentido aparente? Do esoterismo à psicanálise os sonhos se constituíram de um grande mistério a ser desvendado. Para Freud, era o campo de atuação da mente inconsciente; para Jung, o local para atuação dos arquétipos da psique, para teorias mais recentes, os sonhos ajudam a mente a consolidar memórias emocionais ou resolver problemas. Um novo estudo publicado pelo psiquiatra Dr. J. Allan Hobson na Nature Reviews Neuroscience argumenta que a principal função do sono REM - período em que ocorre a maioria dos sonhos - é fisiológica. Segundo a pesquisa, o cérebro está aquecendo seus circuitos, antecipando as imagens, sons e emoções do despertar, ou seja, os sonhos estão ajustando a mente à consciência. O sonho é um estágio paralelo de consciência que funciona continuamente. Em termos evolutivos, o sono REM parece ser um desenvolvimento recente, e está presente nos seres humanos e em outros animais de sangue quente como mamíferos e aves. O sono REM surge antes que uma criança em desenvolvimento adquira experiências ou um acervo de imagens que permita abastecer um sonho. Os cientistas descobriram indícios de que a atividade REM ajuda o cérebro a construir conexões neurais, especialmente em suas áreas visuais. O feto em desenvolvimento pode estar "vendo" alguma coisa, em termos de atividade cerebral, muito antes que os olhos se abram - o cérebro em desenvolvimento se inspira em modelos inatos, biológicos, de tempo e espaço, como se cada pessoa portasse uma máquina interna de realidade virtual. As interpretações de sonho são fortemente parciais, resultados de uma pesquisa apontam que as pessoas tendem a atribuir significado mais sério a um sonho negativo se ele envolve alguém de quem não gostam, e o mesmo vale para sonhos positivos que envolviam pessoas queridas.

Mais noticias: http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI4096748-EI8147,00-Sonhos+servem+para+antecipar+emocoes+do+dia+diz+cientista.html

Site pessoal do pesquisador: http://allanhobson.net/Welcome.html

Artigos: http://www.nature.com/nrn/series/sleep/index.html

Decisões racionais são mitos?


O israelense-americano Daniel Kahneman ganhador do prêmio Nobel de 2002 por mostrar que seres humanos não tomam decisões de modo racional – tem liderado uma série de pesquisas que fundamentam cada vez mais suas teorias. Kahneman é psicólogo e matemático considerado como um teórico da finança comportamental que combina a economia e ciência cognitiva para explicar o comportamento aparentemente irracional da gestão do risco pelos seres humanos.
Seus estudos têm mostrado as pessoas seguem "atalhos" de raciocínio que podem se revelar errados e dependem muito da emoção em seus julgamentos econômicos. A maioria das pessoas prefere não receber nada a ganhar um pagamento considerado irrisório; e, também, se sente mais feliz quando ganha mais do que um colega do que pelo valor absoluto do salário.
Outros estudos envolveram a análise de um enorme banco de dados americano para saber até que ponto dinheiro compra felicidade, chegando a um valor a partir do qual mais riqueza não significa mais bem-estar: R$ 11 mil por mês. Segundo Kahnema "Uma renda pequena exacerba as dores emocionais associadas a problemas como divórcio, doença ou solidão". A maioria dos americanos considera que para ser feliz, o importante não é ser rico, mas sim não ser pobre.

Para saber mais: Folha on line - http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/795123-pesquisador-ataca-mito-das-decisoes-ditas-racionais.shtml

Prêmio Nobel de Economia: http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u226.shtml

Algumas publicações do autor:

The framing of decisions and the psychology of choice - http://www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/sci;211/4481/453

Heuristics and biases: the psychology of intuitive judgement - http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=FfTVDY-zrCoC&oi=fnd&pg=PR11&dq=Daniel+Kahneman+2002&ots=_-2ECkee9O&sig=Ox7u0utsIrfnDJZvLGe0GlY3qM8#v=onepage&q=Daniel%20Kahneman%202002&f=false

Para seu bem.... “deixa-a dormir”


Pesquisas realizadas no Instituto do Sono na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) têm mostrado relações entre o sono e a fertilidade. O trabalho mais recente divulgado na mídia é que a falta de sono pode potencializar o comportamento agressivo e a falta de interesse sexual no período que antecede a menstruação em ratas. Foi verificado que o comportamento dos animais variava de acordo com o estágio do ciclo reprodutivo, assim quando o experimento era iniciado na fase no equivalente à TPM, o resultado era o aumento da rejeição à cópula e a agressividade contra o macho (veja o vídeo de divulgação). Porém, se a privação do sono acontecesse quando as ratas estavam no período reprodutivo ou próximo dele, o resultado era o contrário: o desejo pelo macho ficava maior, sendo que potencializavam os sinais corporais que indicam interesse sexual (como mexer as orelhas e correr em volta do macho e procura por cópula). Esse feito é devido a concentração da progesterona, sendo que ratas com mais desejo sexual tinham menos progesterona. As ratas não foram privadas completamente do sono, apenas da fase dos sonhos (estágio de REM) por quatro noites. Segundo a pesquisadora Monica Levy Andersen os resultados em seres humanos precisariam levar em consideração outros fatores, como condições psicológicas, o fato de tomar ou não anticoncepcionais ou de ter um parceiro sexual fixo.

Outros experimentos tem mostrado que noites passadas em claro afetam de modo diferente o sexo masculino e o feminino. Enquanto em ratas altera o ciclo reprodutivo, ficando nove dias sem ovular nem menstruar (artigo publicado Hormones and Behavior). Em seres humanos, esse período corresponde a dois ciclos menstruais interrompidos sugerindo que a falta de sono adequado pode ser um dos fatores associados à dificuldade que algumas mulheres apresentam de engravidar. Sem descansar plenamente, as ratas produziam níveis do hormônio corticosterona, correspondente em roedores ao cortisol humano, duas vezes superiores ao normal. O excesso desse hormônio no sangue leva à maior produção do hormônio sexual progesterona, que diminuiu a produção dos hormônios: o folículo estimulante (FSH) e o luteinizante (LH), responsáveis pelo amadurecimento dos óvulos.

Já nos machos afeta o funcionamento de uma área do sistema nervoso associada ao prazer e provoca um efeito chamado hipersexualidade (número anormal de ereções e ejaculações espontâneas). Os homens que não têm o hábito de manter uma noite de sono saudável correm o risco de desenvolver problemas cardiovasculares e diabetes, possuem mais chances de engordar e têm a potência sexual reduzida. Segundo a pesquisadora um estudo epidemiológico realizado em 2007 revelou que 32,9% da população da cidade de São Paulo têm apneia enquanto dorme, o que pode interromper o sono em até 80 vezes por hora. Esse distúrbio aumenta em até três vezes a chance de disfunção erétil.

Andersen completa dizendo que há vários outros efeitos da privação de sono sobre o corpo, que vão de sintomas como fadiga e perda de atenção até diminuição da resposta imune e Para cada hora perdida de sono existe uma chance 24% maior de alterações cardiovasculares.ganhar peso, uma vez que a produção de enzimas responsáveis pela fome.

Veja o esquema da pesquisa no site da folha: http://f.i.uol.com.br/folha/ciencia/images/10242178.gif

Mais matérias: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=3174&bd=1&pg=3&lg=

http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2010/08/pouco-sono-pouco-sexo

Site para currículo da Monica Levy Andersen: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4794093P4

Site do Instituo do Sono: http://www.sono.org.br/quemsomos.html

Pesquisa publicada na revista da FAPESP: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=14&bd=1&pg=1&lg=