Carne - Um Pedaço De Dor



Série Ensaios: Ética Animal

Por Paula de Freitas Larocca
Acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas


Uma simples picada pode te tornar vegetariano, obrigatoriamente. É isso mesmo, os casos de alergia a carne tem aumentado nos Estados Unidos devido a picada do carrapato Amblyomma americanum, cientistas constataram que a liberação do açúcar galactose-alfa pelo arachnida na corrente sanguínea, presente na carne também, provoca uma potente reação imunitária no organismo, produzindo anticorpos para combater o invasor, o que passa a ser associado da mesma maneira após ingestão de carne.




Um dos maiores problemas sociais, ambientais e do bem estar animal é a elevada produção de carne, são mortos cerca de 70 bilhões de animais terrestres por ano no mundo para fins alimentícios. Segundo o documentário ‘A Carne é Fraca’, do Instituto Nina Rosa, nos últimos anos dobrou-se a produção mundial de carne, são cerca de 250.000.000 de toneladas de carne produzidas anualmente. O mundo está passando por um fase em que o número de animais destinados ao abate supera o número de habitantes. Tomando como exemplo, no estado de Santa Catarina há uma população com cerca de 6.000.000 de habitantes e uma população suína de 45.000.000. Essa larga produção, leva a pensar diretamente se todos esses animais tem a vida que merecem, se são realmente tratados de forma a se dizer que tem uma vida digna.

O direito da vida dos animais entra em pauta, será que todos sabem o que se passa por traz da carne que compram? A indústria associa a imagem de venda a algo positivo, como uma vaca, porco ou frango feliz, não passando a verdadeira dor que sentem, o que acaba criando uma ilusão aos consumidores. Infelizmente, o que acontece é que grande parte do animais explorados vivem vidas miseráveis e são abatidos ainda muito jovens. Por exemplo, a produção de frango, em grande parte das vezes, é feita em larga escala, os pequenos pintinhos nascem em uma chocadeira artificial, sem nenhum contato com a mãe, respiram pela primeira vez cheiro de formol, só para ficarem com uma cor mais apresentável, ‘’amarelinhos’’, e assim tratados como produtos, como se não fossem uma vida, ingerindo antibióticos e hormônios até as prateleiras dos mercados. Segundo a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, alguns dos pontos que proclama-se são que todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência; todo o animal tem o direito a ser respeitado; o homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais.  Assim como nós, os animais têm sensibilidade, consciência, direito de serem livres e de viver livres e juntos aos membros de sua espécie.
Considerando as condições em que a carne é produzida, como os animais são tratados e a quantidade de resíduos envolvidos, alternativas tem surgido pra quem não é vegetariano e quer dar o primeiro passo. Presente já em outros países, como no Estados Unidos e Reino Unido, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) lançou a campanha Segunda Sem Carne, que propõe a população a uma vez na semana ficar sem comer carne, afim de conscientizar as pessoas sobre os impactos que o uso de carne para alimentação tem sobre o meio ambiente, a saúde humana e os animais. Outra possível alternativa para os que realmente gostam do gosto da carne, é a carne artificial, cultivada em laboratório é um produto inovador, porém ainda está passando por testes nutricionais, e quem sabe futuramente seja mais acessível nos mercados. Há ainda inúmeras opções de carnes vegetarianas, em grande maioria a base de soja. Pequenas atitudes aliadas a fiscalizações mais rigorosas na qualidade de vida dos animais e a diminuição da produção já seriam um grande passo para minimizar os impactos causados.
Como formanda em Ciências Biológicas, vejo que todos devem tomar consciência de tudo que se passa em todo processo de produção de carne que a população ingere, e que os nossos hábitos alimentares influenciam diretamente no bem-estar animal. É necessário que a indignação fale mais alto e que se passe a buscar alternativas menos abusivas e com menos sofrimento animal, proporcionando uma melhor qualidade de vida a todos os seres vivos.
O presente Ensaio foi Elaborado para Disciplina de Etologia, baseando-se nas fontes:
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/nao-e-mais-possivel-dizer-que-nao-sabiamos-diz-philip-low

Qual a Razão por trás da Emoção?



Série Ensaio: Ética Animal

Por Gustavo da Silva Torres
Acadêmico Curso Ciências Biológicas


Pode se referir a emoção como o estado mental do individuo e de que modo suas reações instintivas estão operando, porém, devido a sua complexidade, não existe no campo científico um consenso sobre o que é, de fato, a emoção. Geralmente associada a atos que dependem de pouca reflexão e intensa atividade do sistema nervoso central, é muitas vezes ligada a sentimentos, temperamento, personalidade, motivação e processos cognitivos.
Segundo a neurobiologia, o processo emocional se origina do sistema límbico do cérebro, que reage a sensações agradáveis e de desconforto, levando ao aumento ou redução na produção de neurotransmissores específicos a cada situação, como dopamina e serotonina.
A complexidade das emoções deriva do fato destas serem um resultado direto das experiências de vida do ser em conjunto com suas necessidades fisiológicas, usando associações para criar reações consistentes à eventos, internos e externos, que tenham influencia na vida do individuo, como por exemplo a raiva e o medo em frente a uma ameaça, com o objetivo de buscar o melhor resultado possível para o ser, sendo esta busca normalmente recompensada com uma sensação de prazer gerada pelo sistema nervoso.
Somando estes fatores ao fato de que a emoção não está presente em todos os seres vivos, sendo reconhecida principalmente entre mamíferos, foram originadas as idéias de que reações emocionais surgiram através de um processo evolutivo, como uma ferramenta de auxílio a sobrevivência, já que gera nos seres a vontade de buscar por recursos, e a satisfação por encontrá-los, além de criar incentivo ao combate e à defesa de território e de descendentes.
Porém, está é uma área que sofre com a falta de estudos, já que além de se tratar de um tema extremamente complicado e minucioso, depende da cooperação de várias áreas diferentes de estudo, sendo que apenas na ultima década se procurou de fato um trabalho em conjunto, com a união da psicologia, neurociência, endocrinologia, entre outros, e deste então houveram grandes avanços na compreensão dos processos emocionais.
A falta de conhecimento nesta área é um fator limitante tanto na pesquisa de comportamento animal, quanto dos hábitos humanos, impossibilitando em grande parte a compreensão do modo de vida de diversos seres, dificultando assim as chances de ajudá-los e de melhorar sua qualidade de vida.

O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia I se baseando nas seguintes obras:

THOITS, P. A. (1989). "The sociology of emotions". Annual Review of Sociology 15: 317–342.
GAULIN, J. C. and DONALD H.. Evolutionary Psychology. Prentice Hall. 2003. Chapter 6, p 121-142.
HUME, D. Emotions and Moods. Organizational Behavior, 258-297.
RUSSELL, J.A. Culture and the Categorization of Emotion. Psychological Bulletin, 110.1991. p 426-450.
KRINGELBACH, M.L.; O'DOHERTY, J.O.; ROLLS, E.T.; ANDREWS, C. (2003). "Activation of the human orbitofrontal cortex to a liquid food stimulus is correlated with its subjective pleasantness". Cerebral Cortex 13: 1064–1071
SCHMIDT, L.A. (1999). "Frontal brain electrical activity in shyness and sociability". Psychological Science 10: 316–320.

O cão policial, um parceiro.



Série Ensaios: Ética Animal

Por: Bruna Marchioro Dias
Acadêmica Curso de Ciências Biológicas


Em 1956, um garoto conhecido como Eduardinho, desapareceu da porta de sua casa. O governador de São Paulo, na época Janio Quadros, determinou que todos os esforços fossem feitos para encontrar o garoto. Porém três dias se passaram e ele não foi encontrado. A contra gosto de Janio, que queria fechar o canil da PM, como última alternativa foram usados os cães farejadores da PM. Após cheirar o travesseiro do menino, Dick que era um pastor alemão abandonado à porta da corporação e treinado pela mesma, adentrou a mata próximo à casa, e encontrou o garoto dentro de um poço abandonado, coberto de folhas, aos prantos. Após este episódio Dick recebeu uma promoção, passando a ser conhecido como Cabo Dick. O seu busto está até hoje na entrada do canil da PM-SP e é conhecido como herói e campeão de buscas.


Etapas do treinamento de um cão policial - Aos quatro meses o filhote inicia o treinamento, que dura oito semanas. Nesta fase o animal convive com seu parceiro policial, onde brinca e acostuma-se a identificar o dono pelo cheiro, bem como a se comunicar com ele. Na segunda fase do treinamento, que vai até o 15º mês, o cão recebe o adestramento. Ele aprende duas ações básicas: a repetição de palavras curtas e a recompensa, como um biscoito ou um brinquedo, dado quando os comandos são reconhecidos ou obedecidos. Na terceira fase o animal aprende a atacar uma pessoa, imobilizando-a até o policial mandar parar. Nesta fase também aprende a subir e descer escadas, saltar de lugares altos, conviver com fogo e habitua-se a barulhos e tiros. Numa última fase animais selecionados, recebem de acordo suas aptidões, treinamento para o reconhecimento de drogas e explosivos. O método de ordem e recompensa está presente em todas as fases do treinamento, tornando o cão apto a: atacar um criminoso, imobilizar suspeitos, localizar pessoas pelo faro e identificar a presença de drogas ou explosivos.          Os cães da raça pastor alemão são os preferidos para o treinamento, pois são bastante apegados ao parceiro, são sociáveis e tem força e resistência adequadas para a atividade policial. No controle de rebeliões são utilizados cães da raça rottweiller devido ao seu porte e força. O cão labrador é capaz de identificar cerca de 25 odores diferentes, por isso é usado em aeroportos e barreiras policias, como farejadores de drogas. Para a detecção de explosivos pelo olfato, o cão escolhido é o pastor belga de Malinois.  Os cães mestiços ou mix de raças, de acordo com um estudo realizado pelo Dr. David Smith, do Departamento de Ciências Animais da Universidade de Aberdeen, possuem melhor percepção espacial e capacidade de resolver problemas que os “cães de raça”. Os resultados são animadores pois “sete entre os dez melhores cães, eram mestiços”. Estes animais são mais baratos, bastante resistentes e resolvem o problema da escassez de cães de raça para treinamento.
            Eu, como formanda em Biologia, penso que é importante se ressaltar que durante o treinamento, o uso da droga e ou explosivos, não oferece nenhum risco para os cães, pois apenas o odor é utilizado. Os cães não tem nenhum contato com o produto, só sentem o cheiro. Em toda missão de sucesso o animal recebe, carinho e um bastão de plástico inquebrável com um pouco de droga dentro, para brincar. Eles acabam associando o cheiro a algo positivo. Sempre que sentir o odor da droga, vai procurar encontrá-la para conseguir a recompensa. Eles não têm contato direto com a droga, portanto podemos afirmar que não são viciados e muito menos dependentes. O treinamento pode gerar stress no animal, porém este problema é facilmente resolvido com brincadeiras e muito carinho. Partindo-se da premissa que o cão policial tem treinamento militar e sempre acompanha o seu dono (parceiro), ele tem folgas como os militares e quando perde a sua capacidade olfativa por volta dos 8 a 10 anos, ele se aposenta, e em geral, vai para a residência do policial que ficou com ele mais tempo.
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O presente Ensaio foi Elaborado para Disciplina de Etologia, baseando-se nas fontes: