Preciso de uma cobaia! Pode ser...?


 Série Ensaios: Ética no Uso e Bem-Estar-Animal



Por Lucas Bomfim Marques

Acadêmico do curso de Pós Graduação em Educação Ambiental e Conservação da Natureza.



Um caso muito conhecido e que teve grande repercussão na mídia, foi o do Instituto de Pesquisa Royal, onde um grupo de manifestantes invadiu o centro, pois receberam informações falsas que o local maltratava animais em teste para medicamentos, cosméticos e até com produtos de limpeza. Isso acabou com cerca de 20 anos de pesquisas, que futuramente traria benefícios para a humanidade.



Os animais sempre estiveram presentes na evolução humana, servindo como fonte de alimentos, animais domésticos e até mesmo objetos de estudo. A maioria das coisas que sabemos nas questões que envolvem o uso de medicamentos veio através de estudos realizados em animais, sendo que o cachorro e macacos são os exemplares mais utilizados. Com o passar dos anos isso foi mudando, devido à criação de vários conselhos para proteção de animais. No Brasil a Lei Arouca regulamenta a forma de como e quando animais podem ser usados em pesquisas por universidades e centros de pesquisa, porem esses centros ainda deve possuir vínculo com o conselho nacional de controle de experimentação animal (CONCEA).

Da mesma forma como a tecnologia tem nos acelerado sempre, ela também tem ajudado nas pesquisas. Os experimentos já realizados com animais in vivo possuem um armazenamento de todos os dados possíveis até o momento. Evitando assim que novos experimentos desnecessários com animais sejam feitos, ou até mesmo repetidos. Já os novos experimentos devem passar por conselhos de éticas, sendo os testes realizados predominantemente em roedores, mas a maioria dos protocolos para que quaisquer medicamentos sejam liberados pelo Ministério da Saúde, devem realizar pesquisas em dois modelos diferentes de animais, mamíferos.

Essa é uma questão que atualmente, tem mexido muito com as pessoas. Utilizar ou não animais em pesquisas cientificas para testes de medicamentos e cosméticos? O professor Marcelo Morales da UFRJ, deu uma entrevista para o Portal dos Fármacos, que “não há pesquisa sem animais”. Mesmo que isso soe um pouco desnecessário, levando em conta a evolução da tecnologia, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), estabelece como protocolo que os medicamentos devem ser testados em animais sim. Já quando se fala nos cosméticos, isso já não há mais necessidade, pois os testes são feitos diretamente com métodos alternativos, como tecidos sintéticos, e até mesmo materiais coletado de animais mortos em atropelamentos, por exemplo. E esses testes realizados com animais vivos voltados para o mercado de cosméticos já não há mais necessidade.

A principal questão sobre a reprovação, da maioria da população na utilização de animais em pesquisa, esta focada no sofrimento desses animais. É levado em conta também a quantidade de testes realizados e a quantidade de exemplares utilizados, para resultados que ainda, apresentam pouco efeito, em curto prazo.

Sempre me posiciono a favor da utilização de animais em experimentos que realmente tenham objetivos certos. Como várias pessoas questionam dizendo que não há necessidade, mas os pesquisadores sabem que cada organismo pode sim responder de formas diferentes, levanto a possibilidade da pessoa se oferecer como “cobaia” para o experimento, ai que vem a resposta da pessoa alegando que há outras formas. Realmente existem, porém são bastante caras e em nosso pais pesquisas serias que não tem como o objetivo o lucro, pouco recebem incentivo públicos ou privados.

Um bom exemplo disso ocorreu recentemente com o caso da famosa pílula do câncer, em que pesquisadores da USP de São Paulo, estavam a mais de 15 anos realizando estudos, foram barrados de colocarem seu medicamento em circulação. Muitas pessoas utilizam essa forma como último recurso e fizeram o uso do medicamento. Porém como dito anteriormente, esse medicamento não possuía testes autorizados pela ANVISA e outros conselhos. Sendo assim o medicamento vai ser produzido fora do país, e em um futuro breve será vendido aqui. Quem perdeu e vai continuar perdendo é a população, pois empresas com acabam interrompendo suas atividades, e mudando para outro país, trabalhadores perdem suas rendas, medicamentos mais caros, e no quesito pesquisa o país não consegue romper.

Eu como futuro conservacionista e Educador ambiental acredito que o ocorrido no Instituto Royal, foi uma perda muito grande para o setor científico. Pois foram anos investidos em pesquisas e estudos que visavam melhorar o bem estar de pessoas, muitas dessas passando por problemas graves de saúde. E que agora terão que aguardar um período maior para que essas pesquisas retornem. Sabemos que as pessoas são movidas a sentimentos, e os pesquisadores também são pessoas, que procuram ao máximo minimizar o sofrimento dos animais em testes. E o ocorrido no instituto foi realmente a falta de informação. Muitos dos animais soltos pelos ativistas, hoje vivem aos redores do instituto como cães de rua, sem comida, sem água e sem um lar, aumentando o problema de zoonoses da região. Atitudes impensáveis que terão consequências futuras. Sendo uma delas a utilização de novos exemplares animais, para continuidade das pesquisas.



O presente Ensaio foi elaborado para Disciplina de Ética no Uso de Animais e Bem-Estar-Animal, tendo como base as obras:

http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2015/08/pesquisador-acredita-que-substancia-desenvolvida-na-usp-cura-o-cancer.html
http://www.portaldosfarmacos.ccs.ufrj.br/atualidades_animais.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11794.htm
http://www.mct.gov.br/
http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/noticia/2013/10/ativistas-invadem-e-levam-caes-de-laboratorio-suspeito-de-maus-tratos.html
https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/116800/DICAS_SOBRE_COMO_ESCREVER_UM_ENSAIO.pdf?sequence=1
http://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2014/01/27/interna_tecnologia,491975/conheca-alternativas-ao-uso-de-cobaias-vivas-na-pesquisa-cientifica.shtml
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252008000200015