Utilização de animais em práticas sexuais (zoofilia)ais em práticas sexuais (zoofilia)


Série ensaios: Ética no Uso de Animais
Por: Gilberto Ademar Duwe


Desde a antiguidade o homem possui sua vida profundamente ligada a animais de outras espécies.  Essa convivência, no entanto, pode causar sofrimento para os animais, privando-os de sua liberdade e em alguns casos comprometendo até mesmo suas vidas. Isso porque, o ser humano considera o animal como de sua propriedade e desta forma se acha no direito de fazer tudo o que quer, até mesmo práticas sexuais. Com relação a sexualidade, a zoofilia possui ampla distribuição pelo mundo, com uma grande quantidade de adeptos. O termo zoofilia, palavra composta de zoo, que significa animal e filia, que significa amor ou amizade, significa a prática sexual de seres humanos e animais de outras espécies, onde exista o contato dos órgãos sexuais, com ou sem penetração. Assim, entende-se a masturbação das genitálias dos animais, sexo oral, anal, vaginal entre homem ou mulher com o animal, macho ou fêmea, como uma prática zoófila (Oliveira, 2013; Abreu, 2005; Singer, 1999).

Esta prática é difundida entre as pessoas a tal ponto que cerca de 34,75% de homens brasileiros que vivem em zonas rurais já tiveram algum tipo de relação sexual com animais em algum momento da vida, uma prática considerada tão comum que é vista com certa normalidade entre essas pessoas (Oliveira, 2013). Outro ponto a ser destacado é o fato da zoofilia não ser praticada exclusivamente por homens, muitas mulheres são adeptas desse comportamento sexual. Em termos gerais, os homens ao praticarem a zoofilia realizam a penetração do pênis em animais fêmeas ou machos de pequeno ou médio porte como galinhas, cachorros, cabras ou ovelhas. Realizada desta forma a zoofilia pode causar sérios danos físicos ao animal, levando-o muitas vezes a morte. No entanto, quando a penetração é realizada em animais de grande porte como éguas, vacas ou porcas, os danos físicos ao animal podem ser mínimos ou totalmente inexistentes devido à diferença de tamanho dos órgãos sexuais (Oliveira, 2013; Singer, 1999).

As mulheres, no entanto, praticam sexo com animais machos de todos os tamanhos como cachorros, touros e até mesmo cavalos estando em uma situação passiva, ou seja, sendo penetradas pelo animal.  Devido a isso, na maioria das vezes a mulher pode pensar um pouco e evitar fazer sexo com um animal que possa causar dano físico a si mesma, coisa que não acontece quando o animal está na posição passiva (Oliveira, 2013). Essa prática sexual é extremamente polêmica, pois uma linha de raciocínio argumenta que quando o ato sexual não causa dano ao animal ele pode ser feito tranquilamente e sem vergonha. No entanto outros consideram uma prática imoral e até mesmo satânica (Oliveira, 2013; Singer, 1999). Singer (2011) comenta que alguns homens usam galinhas como um objeto sexual, inserindo seu pênis na cloaca do animal e ocasionando, na maioria das vezes a sua morte. Porém, muitas vezes o homem decapita a ave antes da ejaculação para que o esfíncter tenha algumas convulsões e proporcione mais prazer para o praticante do ato. Contudo, o autor questiona se morrer desta forma seria mais sofrido do que passar o resto da vida presa em uma gaiola estreita com várias outras galinhas, botando ovos sem descanso para depois serem transportadas em caixas apertadas para um abatedouro (Singer, 1999). Sendo assim, Singer (2011) comenta que quando a prática sexual com animais envolve dor, sofrimento e a morte do animal, ela é imoral, todavia, se não há sofrimento a prática pode ser aceitável e tolerável. No entanto, o abuso do bem estar humano e de outros animais não está associado somente a dor física ou a morte. Os problemas psicológicos causados por práticas sexuais inadequadas podem causar danos muitas vezes, mais significativos aos indivíduos, do que a própria violência (Albefaro, 2011).

Em alguns casos comenta-se que esta prática até proporciona prazer para alguns animais que eventualmente procuram a pessoa para a realização do ato sexual. No entanto, geralmente nesses casos o animal adquire um comportamento sexual com pessoas, quando o mesmo mantém contato apenas com o ser humano, não interagindo com nenhum outro indivíduo de sua espécie, ou seja, ele não tem nenhuma alternativa, nem mesmo a masturbação (Oliveira, 2013; Singer, 1999). Portando, a prática sexual com animais se restringe exclusivamente com indivíduos cativos, ou seja, privados de sua liberdade e sob domínio do ser humano. Um exemplo hediondo de utilização de animais para práticas zoófilas acontece em bordeis da Indonésia e Borneo, onde Orangotangos fêmeas são acorrentadas e obrigadas a satisfazer sexualmente homens da região.  Por tanto, mesmo que o ato não produza dor ou sofrimento para o animal, a privação da liberdade já o impede de decidir se quer ou não se relacionar sexualmente com o ser humano, podendo este ato ser considerado como um estupro, pois se assemelha a condição de uma mulher ou criança que está sendo coagida a praticar sexo, com ou sem penetração, com ou sem sofrimento, e sem seu devido consentimento (Oliveira, 2013; Singer, 1999).

Com isso, considero que a zoofilia além de ser uma forma de estupro, é também um indício de problemas psicológicos que devem ser devidamente tratados por um profissional competente.  Por fim, o que o ser humano faz entre quatro paredes com companheiros da mesma espécie e com a devida permissão de todos os participantes, não vejo como algo imoral ou antiético. Isso porque as pessoas devem buscar meios de se satisfazerem sexualmente e tornarem suas vidas mais felizes e agradáveis. Contudo, os meios de buscar essa satisfação sexual não deve comprometer a liberdade de ninguém, buscando sempre o bem estar de todos os envolvidos.


O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Ética no Uso de Animais baseando-se nas obras:

OLIVEIRA, W. F. A zoofilia é especista ou tolerável. Seminário Internacional Fazendo Gênero 10. Florianópolis, 2013.

 ABREU, I. P. Delitos Sexuais. Portal dos Psicólogos. 2005.

 SINGER, P. Practical Ethics. 2ª ed. Cambridge University press. New York, 1993.

 ARCHER, L. A sexualidade Humana. Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Lisboa, 1999.

 MONTÉS, J. F. J. Zoofilia, alianzas sexuales com diosas y occisiones de jefes: escenas singulares em el arte rupestrepostpaleolítico espanol. Quad. Preh. Arq. Cast. 2005

 Disponível em: http://www.apipa10.org/noticias/publicacoes-da-apipa/no-mundo/2408-pony-orangotango-femea-mantida-como-escrava-sexual-em-prostibulo-de-borneu.html.


De Aranha Viúva-Marrom à Cinoterapia... Sucesso total das Necianas na defesa de TCC 2014

Acabou de acontecer (2/6/14) a defesa de Trabalho de Conclusão de Curso da Amanda e da Gabriela. Ambas as apresentações estavam fantásticas em termos visuais e as meninas se comportaram de uma maneira super-profissional, não transpareceram nervosismo e responderam muito bem às arguições e foram muito elogiadas. Eu estou muito orgulhosa e extremamente satisfeita com os resultados. Segue os resumos dos TCCs para vocês terem uma prévia.


Avaliação do bem-estar animal e da percepção ética na utilização de cães como co-terapeutas de crianças com deficiência intelectual e autistas

  
Amanda Amorim Zanatta; Marta Luciane Fischer
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
amandaamorimzanatta@gmail.com; marta.fischer@pucpr.br


A utilização de animais para benefício do homem data desde os primórdios da existência humana. O aumento deste convívio possibilitou a detecção de diversos benefícios presentes na interação homem/animal, surgindo então a percepção de que os animais poderiam auxiliar em outros contextos como ambientes hospitalares, terapêuticos e educacionais. Neste contexto a zooterapia engloba diversos métodos terapêuticos, a intervenção com cães uma das tendências as quais tendem a proporcionar benefícios educacionais, motivacionais e sociais principalmente para crianças portadoras de necessidades especiais como é o caso de portadores de deficiência intelectual e austimo. Com o intuito de levantar a reflexão ética à respeito do uso de animais em processos terapêuticos o presente estudo teve como objetivo analisar a percepção ética dos tutores envolvidos na utilização de animais em práticas terapêuticas e o bem-estar dos mesmos, ressaltando as linhas teóricas de pensamentos éticos contemporâneos. Em relação a percepção ética dos tutores pode-se observar que os tutores das crianças apresentam uma percepção antropocêntrica utilitarista, enquanto os tutores dos cães tenderam a ser mais bem estaristas. Os dados obtidos em relação ao comportamento animal pode-se observar oito padrões comportamentais  significativamente diferentes nos processos antes e durante a terapia. De forma geral os animais não apresentaram comportamentos estereotipados, porém houve a ocorrência de comportamentos potencialmente estressores, os quais demandam uma maior atenção aos envolvidos com o intuito de evitar danos ao processo terapêutico. Desta forma, concluimos que há necessidade de maior reconhecimento e análise dos impactos que as atividades podem vir a causar na qualidade de vida dos animais envolvidos.
Palavras-chave: Autismo. Deficiência Intelectual. Interação homem/animal. Processo terapêutico. 

Aspectos epidemiológicos e biológicos de

Latrodectus geometricus (Araneae:Theridiidae), no estado do Paraná


Gabriela Pliessnig Stoekly; Msc. Emanuel Marques da Silva e Dra. Marta Luciane Fischer


1 Pontifícia Universidade Católica do paraná- Núcleo de Estudos do Comportamento Animal
2 Secretaria do Estado da Saúde do Paraná – Divisão de Zoonoses e Intoxicações/ DVVZI
gabriela.stoekly@gmail.com;marta.fischer@pucpr.br



O estado do Paraná possui um baixo índice de notificação de acidentes, com a espécie Latrodectus geometricus Koch, 1841, podendo estar relacionado com a subnotificação dos acidentes, falta de amostragem, ou a escassez de informações sobre, a história natural e ciclo de vida da espécie. Assim, objetivou-se analisar aspectos biológicos e epidemiológicos, para compreensão dos processos relacionados com o latrodectismo. Para tal foram utilizados os métodos de análise epidemiológica, levantamento das coleções aracnológicas e estudo de comportamento sexual. Parte dos resultados foram obtidos através dos testes estatísticos: ANOVA, t de Student e Qui-quadrado. Já para estudo de comportamento foram realizadas observações transferidas posteriormente para um etograma. Os dados obtidos de análise epidemiológica não permitem caracterização segura do latrodectismo, uma vez que em 95% dos casos, as aranhas causadoras de acidentes foram identificadas até o nível taxonômico de gênero, correspondendo com escassez de registro de acidentes e de aranhas tombadas em coleções oficiais. Alguns dados do comportamento e biologia apresentados pela espécie tais como: macho bem menor que a fêmea, os quais demandam um número menor de ínstares, correspondem com outras espécies do gênero: L. mactans Müller, 1805 e L. curacaviensis Müller, 1776 e outras específicos da espécie como ausência de canibalismo sexual e o vibrar abdômem lateralmente da fêmea. Através da análise dos resultados obtidos de questionários aplicados para futuros profissionais da saúde, evidenciamos pequena familiarização com temática, portanto concluímos que há necessidade de conteúdos mais aprofundados, já que a divulgação dessas informações tem extrema importância na prevenção de acidentes e preservação ecológica das espécies.
Palavras-chave: Latrodectismo, Latrodectus, distribuição, comportamento, percepção.





As Bases Biológicas do Amor...


Palestra proferida durante I Seminário de Sexo, Amor e Relacionamento

Promoção: Centro de Estudos do Comportamento – CESCOMP
31/05/2014

Ai o amor!....  Uma sensação tão almejada; um processo mental compartilhando entre todas as culturas e durante toda a história da humanidade; Um tema amplamente pesquisado pelos neurocientistas, fisiologias, geneticistas, psicológicos e filósofos; A inspiração para a maior parte das músicas, poemas, livros e filmes...  A paixão e o amor mudam a percepção de nós mesmos, nos sentimos abençoados e olhamos a humanidade de cima, pensando em como deve ser triste passar pela vida e não amar.... Mas de que amor estamos falando? Existem diferentes tipos de amor: o amor romântico, o amor maternal, o amor altruísta, o amor pelo material. Na verdade embora exista diferentes tipos de amor as estruturas cerebrais e os mecanismos envolvidos na ativação dos comportamentos - seja por receptores e neurotransmissores - são os mesmos e estão relacionados à evolução das espécies e os novos arranjos sociais que demandaram vínculos cada vez mais fortes.
Vamos inicialmente falar então do amor romântico. O amor romântico identificado em todas as culturas humanas está relacionado ao comportamento reprodutivo... e como comportamento reprodutivo não entendem-se apenas sexo, mas também: cortejo, cópula, oviposição/gestação/cuidado parental e altruísmo.
Será o amor um produto da evolução com intuito de promover a sobrevivência das espécies? Deve-se considerar que o sexo é considerado uma estratégia reprodutiva cara, uma vez que demanda gasto energético tanto na produção de gametas quanto nas estratégias para combiná-los. É comum que animais que não reproduzem viverem mais, tanto em vermes com mutação, quanto com aranhas. Na aranha-marrom, o macho virgem pode viver meses, se copula morre poucos dias depois. Além disso deve-se considerar que o tempo gasto na busca de parceiro poderia ser utilizado em outras atividades, o animal em cópula pode ser presa fáceis, além dos riscos de morte envolvendo disputas e a própria idade.
Além disso, a reprodução sexuada está relacionada com o surgimento da morte. O sexo e a origem da morte! Isso mesmo! A reprodução assexuada surgiu primeiro. No início os seres vivos se reproduziam assexuadamente, contudo em algum momento da história alguém “inventou” a reprodução sexuada.  Não há sombras de dúvidas que essa foi uma das melhores invenções para promoção da diversidade, e provavelmente, seja o ponto que diferencia nosso planeta de outros onde a vida pode ter surgido e continua até hoje na forma de microrganismos. Antes da invenção do sexo, a reprodução assexuada fazia dos indivíduos seres imortais, pois cada vez que os marcadores internos de processos de manutenção do organismo se deteriorassem – partindo do princípio que todos temos um “tempo de vida útil” – eles criavam uma cópia de si mesmo e começavam tudo de novo. Obviamente que poderia haver mutações decorrentes do processo, mas mesmo assim propiciava uma diversidade bem menor do que aquela obtida pela reprodução sexuada. A reprodução assexuada ainda existe em nós quando constantemente renovamos nossas células, contudo usamos a reprodução sexuada na formação de um novo ser. A partir do momento que dois indivíduos decidiram trocar suas informações para formarem um novo ser, esse novo ser era apenas metade dele, a outra metade contava com uma boa escolha para o fruto ser muito melhor do que os progenitores. Porém, quando o tempo dos progenitores acabasse a combinação de genes que o compunha acabava e ela desapareceria da Terra como a efemeridade de uma fragrância.               
Mas será que nós humanos ainda mantemos padrões instintivos de estratégias sexuais bem consolidadas na nossa jornada evolutiva? Ou será que temos controle sobre nossas escolhas de como viver a nossa vida? A literatura nessa área é vastíssima, há muito e muito tempo a humanidade tem se preocupado em entender o que rege a sua vida amorosa, pesquisas biológicas, sociológicas, psicológicas, evolutivas, filosóficas.... Mesmo sabendo disso tudo, ainda somos extremamente vulneráveis ao que nosso corpo pede! Será que somos movidos por estratégias reprodutivas relacionadas com nosso desenvolvimento baseado na monogamia intermediada pela traição?
                Para fazermos um tour por esse universo precisamos incialmente compreender a química da paixão e que tudo o que envolve essa temática, tanto em nós como nos demais animais é movida por três elementos: o biológico relacionado com tudo que é físico, fisiológico, hormonal, nervoso, glandular, muscular, ou seja, tudo que é corpo, tudo que é mensurável, tudo que produzido pelo nosso organismo e para tal demanda que haja uma codificação genética, uma fórmula pré-concebida – que irá colocar em ação uma cascata bioquímica determinantes do nosso comportamento. A biologia entra nesse cenário para explicar “como” o comportamento ocorre. O elemento etológico se refere à história, tudo que nossos antepassados passaram e os que fixaram e promoveu a sobrevivência. Esse passado envolve tanto o homem primitivo como os demais animais. A etologia explica “porque” é dessa forma, mesmo que para a humanidade não faça sentido, diante da modernidade, para nosso corpinho de 100.000 anos é assim mesmo que é interpretado. E por fim, os elementos psicológicos, que tem a ver com as características individuais de cada pessoa, suas experiências e vivências que faz com que o estímulo que dispare todo o mecanismo seja personalizado e as torne única.
Pra entendermos melhor, vamos então aos “porquês”. A primeira coisa que deve ficar claro é a diferença entre paixão e amor e seus papéis no contexto reprodutivo. Amor e paixão são biologicamente movidos por combinações e tipos de substâncias químicas distintas, justamente por terem funções distintas em cada uma das fases do comportamento reprodutivo. A paixão é biológica, irracional e instintiva. É modelada por hormônios do grupo das catecolaminas que tem ação semelhante às anfetaminas. Qualquer um que já tomou medicamento para emagrecer que continha essa substância pode facilmente relatar seu principal efeito: aumento de atividade! O organismo sobre o efeito dessas substâncias fica totalmente ligado e cheio de energia. Mas porque isso aconteceria com os animais? Simples! A primeira coisa que precisa ficar claro é que por mais simples e instintivo que seja o animal eles não copulam com qualquer um, é necessário que haja uma identificação e uma motivação para tal. Tanto machos quanto fêmeas possuem capacidades seletivas, embora isso varie em grau dependendo da espécie. A questão é que a natureza coloca nos animais padrões para identificação da tampa da sua panela. Muitas vezes esses referenciais são biológicos mesmo, e nós respondemos a eles inconscientemente. Porém, em espécies que detêm um componente forte do aprendizado – como nós e os mamíferos superiores - pode haver uma agregação de critérios e valores condicionados à experiência prévia determinando os estímulos que desencadearão o gatilho da paixão, mesmo que ainda seja realizado inconscientemente. Enfim, o fato é que quando encontramos a pantufa velha para nosso pé cansado nosso corpo reage com um forte sinal de alerta, afinal não é fácil encontrar um parceiro em potencial mesmo em grandes aglomerações.  O ser em estado de paixão se sente único, pensa obsessivamente no outro, mostra sinais de dependência emocional, sente ciúmes, medo de rejeição, ansiedade de separação, reordena suas prioridades. São sentimentos incontroláveis e irracionais. Nesse momento hormônios são acionados para direcionarem toda a atenção para o alvo em potencial, e uma criteriosa mas extremamente rápida avaliação é feita. Diferentes sinais corporais são usados pelos milhões de espécies existente no nosso planeta, mas em geral são expressões físicas que denunciam a saúde e potencial reprodutivo. No mundo natural, um bom sistema imunológico é fundamental, pois será ele que possibilitará maior ou menor chance de sobrevivência da tão amada prole e cujo investimento não pode ser em vão. Desta forma, se faz tão necessário o cortejo, é nesse momento em que as primeiras impressões são comprovadas através de rituais fixados. Quanto mais impressões forem comprovadas, mas catecolamninas são produzidas e cada vez mais as atenções se direcionam para o ser especial. Nesse momento para quê comer? Para que dormir? Nada mais importa apenas ter a minha alma gêmea só pra mim. A paixão é um desequilíbrio orgânico total, que só se restaura na presença do ser amado. Muitos hormônios estão envolvidos nessa fase dentre eles a adrenalina, cortisol, testosterona, estrogênio, dopamina, noroadrenalina e serotonina. A dopamina tem papel no humor, afeto, motivação, prazer e recompensa. A duração do cortejo também depende das espécies, enquanto em algumas precisam de apenas poucos minutos de exibição de vigor físico e atributos genéticos e materiais são suficientes, outras como os albatrozes namoram por sete anos. A visão clássica da etologia via esse momento como uma associação harmoniosa entre o casal, consolidando ligações e identificação. Atualmente a etologia é menos romântica e avalia toda interação como um conflito de interesses, em que cada indivíduo visa proporcionar o seu reequilíbrio. Usando diferentes estratégias para induzir o outro a satisfazer seus desejos num emocionante jogo de manipulações.
Para compreender como funciona o mundo biológico da sedução é fundamental determinar os papéis dos sexos e na maioria das espécies, o fato da fêmea possuir o gameta muito maior do que o macho e com um investimento enérgico maior, faz com que o recurso seja mais valioso e, assim, deve avaliar melhor a possível reprodução, principalmente em espécies com cuidado parental ou mamíferos que devem carregar os filhotes dentro do próprio corpo, tornando-se mais vulneráveis às doenças ou predação.  Acredita-se que a competição ao longo do tempo em busca da maior quantidade de espermatozoides, foi sequencialmente aumentando em número e diminuindo em tamanho. Ressalva-se, obviamente, que existem exceções.
A seleção sexual é baseada em recursos genéticos ou materiais. Obviamente que se a fêmea possui um bom território e dá conta de se alimentar e de cuidar sozinha da sua prole, ela vai selecionar o macho pelos genes. Porém, se a fêmea é totalmente dependente ela vai preferir um macho com um bom território e disposto a abrir mão da sua liberdade para ajudar a cuidar do seu filhote. Na maioria das espécies há um balanço desses dois critérios, contudo algumas são bem extremistas. Embora a fêmea seja o sexo mais interessado na seleção, o macho também atribui valor às fêmeas, principalmente quanto a disponibilidade de fêmeas é alta. Se a proporção for diferente ou a qualidade das fêmeas for desigual poderá desencadear a competição e disputa, muitas vezes ritualizadas, que serve como mais um critério para seleção.
As fêmeas sofrem muito na natureza quando tem que escolher, principalmente quando sabem da responsabilidade da escolha. Então, normalmente as fêmeas têm dificuldade nesse quesito. A natureza deu uma atribuição muito séria, saber se aquele macho é o correto e se vale a pena doar seu valioso óvulo, e aí vem o dilema: acasalar e errar e ter que arcar sozinha com erro condenando toda sua existência ou esperar e correr o risco de não encontrar outro. A avaliação do macho pode ser dar por presunção quando se usa os denominados sinais sexuais honestos, na realidade esses sinais já foram determinados ao longo da evolução e hoje instintivamente e inconscientemente o casal avalia a sua saúde e capacidade reprodutiva. Esses sinais em geral são indicativos de um bom sistema imunológico e dentre eles podemos destacar:
Os ferômonios sem dúvida se constituem de peça fundamental no jogo do amor de todas as espécies, mesmo em nós que diminuímos muito nossa capacidade olfativa. Embora as mulheres possuam uma capacidade maior do que o homem e tenham ovulação oculta, os homens podem ficar mais ciumentos, afetivos, carinhosos e amorosos dependendo da fase da ovulação da parceira. Os animais possuem uma impressão digital de cheiro, são odores que estão relacionados com o sistema imunológico, detector de vírus e bactérias. Quando o casal se cheira o corpo faz uma análise bioquímica testando a compatibilidade genética, quando mais parecidos forem em termos de MHC mais repulsa haverá, pois a prole desse casal pode nascer com uma baixa variabilidade imunológica e ser muito susceptível à doenças e infecções. Assim, quando maior a diferença, maior a atração.  Inúmeros testes já foram feitos em que pessoas sentiam o cheiro de camisas suadas e escolhem as que mais agradam. O MHC também está presente na saliva, assim a cada beijo, uma bateria de testes são feitos confirmando, ou não, que suas primeiras impressões estavam corretas. Sem dúvida nenhuma que o beijo é o momento mais erótico do sexo, e tão importante, que é renegado por aqueles que não querem se envolver. Ressalva-se que o beijo tem outras funções, principalmente nas fases posteriores a avaliação do parceiro. Um detalhe importante é que o uso de pílulas anticoncepcionais pode diminuir os sinais sexuais bem como a recepção. Pesquisas mostram que o cheiro do androstenol pode modificar a química corporal da mulher tornando-as mais relaxadas, podendo até estimular a liberação do óvulo. O sêmen possui açúcares, aminoácidos, colesterol, enzimas, proteínas, muco, testotorena, estradiol, opióides, oxitocina, prolactina e protaglandinas que deixam menos deprimidas, mas tem que ser sem camisinha. O consumo da carne pelo homem diminui a atratividade. O interessante que em homossexuais ocorre atração pelo odor do mesmo sexo. Odores de mulheres lactantes também estimula a ovulação. O estradiol – determinante para fertilização, mesmo que a fêmea ovule – é detectado pelo homem e determinante da atratividade.
Dentre os sinais honestos destaca-se também a coloração, os machos de aves geralmente são mais coloridos, mostrando sua saúde no brilho das penas e mostrando sua habilidade de sobrevivência mesmo atraindo os predadores. Na espécie humana há hipóteses que os homens preferem as loiras e os olhos azuis. As explicações estariam no primeiro caso relacionado como uma forma mais certa de identificar a idade, como as fêmeas mais jovens são as preferidas por causa do potencial reprodutivo, assim que envelhece os cabelos loiros escurecem com a idade; é uma mutação que atraiu por ser diferente, e se alastrou. Já cabelos longos, é um registro honesto do que comeu, do estresse e de doenças e inclusive se já teve filho, além de promover os odores. Já olhos azuis deixam a pupila mais evidente, assim os machos conseguem detectar o interesse da fêmea, As mesmas teorias dizem que as fêmeas já preferem os olhos mais escuros, pois sinais muito evidentes de desejo sexual, pode constrangê-las. Também é reconhecido que a cor vermelha é atraente. Os sons emitidos também demostram saúde. Pesquisas mostram a importância do tom da voz, por isso machos e fêmeas possuem timbres distintos que estão relacionados com a quantidade de testosterona e estrogênio marcando a masculinidade e feminidade. Pesquisas mostram que durante a ovulação a frequência da voz feminina fica mais atraente para os machos.
A simetria indica que eficiência no início da reprodução – divisão do embrião – e isso demonstra a boa qualidade dos gametas e maior chance de sucesso, principalmente relacionado com sistema imunológico. No caso de aves a simetria da cauda, por exemplo, também é um elemento de habilidade de voo. Em humanos inúmeros estudos com preferência já foram realizados mostrando a importância da simetria. Essa proporção perfeita é conhecida como proporção áurea e explorada por artistas em busca de uma ética perfeita. Dizem que os homens preferem os seios grandes, pois assim como o cabelo loiro seria um bom sinal de idade, pois não se sustentam com a idade. Porém a simetria de proporção dos músculos e entre as partes do corpo, como o quadril nas mulheres, também são considerados como sinais honestos. As curvas e proporção permite avaliação a longas distâncias. A altura e comprimento das pernas são bons critérios de saúde uma vez que pernas curtas indicam mais possibilidade de doenças cardiovasculares e obesidade, fato que torna salto alto sensual. Já mulheres preferem homens altos, apenas 1% é mais alta. Há teóricos acreditam que esteja relacionado com tamanho do pênis.
Muitas fêmeas avaliam a força do macho e automaticamente a habilidade do macho em cuidar dela e da sua prole, através da “pegada”. Isso se aplica também em humanos, sendo a linha entre uma boa pegada e uma agressão muito tênue e muitas vezes difícil da mulher perceber.  Segundo muitas pesquisas a avaliação da beleza se centra em três quesitos: a normalidade (familiaridade e tem a ver com o local onde se cresceu), a simetria (estabilidade evolutiva) e o dimorfismo (nível hormonal). A testosterona é responsável pelas mandíbulas e maçãs do rosto proeminentes, sobrancelhas mais grossas, narizes maiores, olhos menores e lábios mais finos, pelos faciais. Assim rostos masculinos mais rudes sinalizam além de um bom sistema imunológico, maior fertilidade de status social. Já o estrogênio modela os traços finos femininos, lábios grossos e voz aguda.  Mulheres robustas possuem três vezes de engravidar. Segundo as pesquisas são necessários apenas 13 milissegundos para fazer toda essa avaliação. O estradiol é determinante para fertilização, mesmo que a fêmea ovule, e os homens conseguem detectar o hormônio que determina a atratividade.
Na avaliação material, a fêmea vai pesar as habilidades do macho como provedor e capacidade de ajudar a cuidar da prole. Nesse quesito é analisado a qualidade do ninho, muitas vezes o macho tem que se dedicar muito, na exibição sexual e posicionamento hierárquico. Muitas fêmeas no reino animal precisam ganhar presentes para se acasalar e para avaliar a capacidade de alimentação de seus filhotes, devem primeiro ser alimentadas. Os sinais sexuais são selecionados ao longo do tempo aumentando cada vez mais a sua expressão, justamente para que não haja fraude. Se num primeiro momento a fêmea da ave do paraíso avaliada a sua cauda relacionando com capacidade de voo, ela a cada geração selecionou a maior, chegando num ponto que ela tem dificuldade para voar, e agora avalia a capacidade de sobrevivência mesmo diante dessa característica exagerada. O mesmo é visto na força do leão marinho. Contudo deve-se considerar que na nossa espécie, esses sinais já não são mais honestos, pois o fato de termos criados tinturas, silicone e outras formas de denunciar sinais desejados sem serem reais, é um engano ao instinto. Se questiona se os humanos também teriam estruturas exageradas como essas? Na verdade em humanos o pênis é uma estrutura grande quando comparamos com outros primatas como gorila e orangotango, provavelmente devido à seleção e a todo peso que ainda é dado a essa característica. Acredita-se que a generosidade, inteligência, criatividade, cooperação, comunicação, fala e outros atributos humanos exagerados quando comparados com outros animais, seja produtos de uma seleção sexual.
Bom...  mesmo a fêmea tendo todos esses critérios biológicos definidos dentro dela, ela ainda fica insegura se está ou não fazendo um bom negócio. Se tudo fosso apenas biológico, estaria tudo certo. Contudo temos um paradoxo, pois ao mesmo tempo que nosso corpo busca o mais diferente geneticamente ele procura um igual culturalmente. E daí a questão se complica. Pois deverá adequar os atributos selecionados em um parceiro que tem as mesmas crenças, os mesmos valores, a mesma criação. Antigamente isso até era fácil, porém com a globalização passou a ser um problema enorme. E daí como saber se é ou não o macho certo para quem posso doar meus óvulos? Devemos então passar para o segundo critério de avaliação, a comparação. Porém não dá para ficar comparando sempre até se sentir segura. Na natureza há uma média, entre as passarinhas, elas fazem em torno de quatro comparações e daí decide. Pois se demorar muito pode concluir que o ideal era o primeiro e ele já não estar mais disponível. Então melhor pegar o melhor de três, e se lá na frente pintar outra oportunidade eu vejo o que fazer. Para entender as estratégias reprodutivas, é necessário entender os sistemas de acasalamento, a monogamia pode ser temporária ou permanente, mas também existe a poligamia que é a associação de um macho com várias fêmeas, uma fêmea com vários machos ou todo mundo com todo mundo. A monogamia extrema é rara, apenas animais como alguns vermes que se fundem com o corpo da fêmea, dará a certeza que não irá trair. Além disso precisa considerar que existe a monogamia social e a genética. A monogamia surgiu pois apenas um dos pais não dava conta de criar a prole sozinho, precisando da ajuda do parceiro. Logo há um acordo entre o casal de ficarem juntos até os filhotes estarem criados, mas não está escrito que não pode rolar uma pulada de cerca, desde que escondida. Logo, a monogamia não é automática, ela deve ser imposta, pela força, medo, ameaças. Algumas espécies que são mais vulneráveis preferem se acomodar com o parceiro, mesmo que não seja dos melhores, do que se arriscar em aventuras extraconjugais.
A monogamia é muito comum em aves, mais de 90% são monogâmicas, mas especialmente em aves cujos os filhotes nascem muito prematuros e totalmente dependente dos pais, assim enquanto uma procura alimento o outro deve ficar no ninho cuidando dos filhotes. Esse nascimento prematuro tem a ver com o tamanho das aves que diminuíram. Aves como galinhas, não precisam do macho para ajudar alimentar e os filhotes nascem maiores, assim ela dá conta sozinha, dispensa o macho. Em mamíferos, as fêmeas não precisam de ajuda para alimentar, logo, só permanecerão com o macho caso não consigam cuidar sozinhas da segurança da prole. Já em peixes, como a fecundação é externa e o macho tem mais certeza da paternidade, muitos deles se encarregam de cuidar sozinhos. No caso dos humanos, nós desvirtuamos dos mamíferos, pois em decorrência da modificação da nossa postura e do aumento do nosso crânio, nossos filhotes nascem muito prematuros quando comparados com outros mamíferos como cavalos por exemplo. Assim mesmo que a fêmea amamentar, precisa do macho para buscar alimento, pois não consegue carregar o bebe e buscar alimentos. Então..... agora entramos na segunda fase do relacionamento o amor, que é modelada por substâncias químicas totalmente diferentes da fase da paixão e que tem uma função totalmente diferente.   Segundo algumas pesquisas a paixão dura de 18 a 36 meses e tem a ver com a saturação das células cerebrais criando uma tolerância aos neurotransmissores. Depois que o organismo identificou e confirmou as potencialidades do parceiro ele precisa tomar uma decisão e se unir com uma meta em comum. A qual na natureza é a reprodução. Nesse momento toda a euforia precisa ser alterada para estados de confiança e calma, pois o casal precisa estar unido e confiante no acordo estabelecido entre eles e estarem dispostos a abrir mão da sua liberdade pela sobrevivência da prole. Nossa estratégia reprodutiva é muito parecida com das aves por causa da monogamia.  Nessa fase predomina hormônios do grupo das endorfinas que são como as morfinas que anestesiam. Há também aqui muita oxitocina, reatando os elos e possibilitando o sentimento de amor entre o casal, entre pais e filhos e entre irmãos. A oxitocina é conhecida como o hormônio do amor e da confiança. As mulheres produzem mais do que homens e são mais sensíveis por ter mais estrogênio. Normalmente apenas ver um rosto infantil já libera a produção da oxitocina despertando um desejo de cuidar. Isso é importante em grupos sociais. Mas a mulher também produz oxitocina ao falar, por isso conversar é importante no estabelecimento de elos afetivos. A mulher produz muita oxitocina durante o parto, esse hormônio leva a contração do útero e faz com que a fêmea sinta um amor intenso pelo filhote, mesmo ele trazendo toda a dor que sentiu no parto e que logo é esquecida. A oxitocina também é produzida durante a amamentação e vai aumentando cada vez mais o elo entre mãe e bebe. Os machos produzem muito oxitocina durante o sexo e no orgasmo, por isso o sexo é tão importante no estabelecimento de elos, tornando-os mais generosos e apegados ao lar. A vasopressina é um neurotransmissor também importante para formação de elos. Alguns machos, possuem poucos receptores para vasopressina, e não se apegam tanto à família.  Atualmente pesquisas tem mostrado que a inalação da ocitocina aumenta a confiança no outro. O Toque – homem reage diferente da mulher ao toque de estranhos. O toque tem um contexto importante na reação de elos e na produção de oxitocina e automaticamente aumento de confiança. Pesquisas mostram que dormir de conchinha faz bem para o sistema imunológico, pois diminui o nível de estresse. O beijo é uma constante pois produz oxitocina e cortisol. Segundo pesquisas os homens tendem a beijar mais para ganhar favores sexuais ou se reconciliar, enquanto as mulheres buscam estabelecer e monitorar o status do relacionamento. Segundo a percepção popular a mulher deve ser dobrada para se entregar ao sexo e o homem ao casamento, por isso quando duas lésbicas se conhecem dizem que no primeiro encontro rola um café, e no segundo o caminhão de mudança e no caso de gays no primeiro encontro sexo, e no segundo, qual seu nome? Maximizando os processos naturais de cada um.
     Quando se fala em cópula-exta-par em machos deve-se considerar que ele não faz toda essa análise evolutiva, o que move o macho para traição é a satisfação imediata. Obviamente que ele deverá pesar também o risco imediato, tanto de perda de tempo e energia, quanto risco de morrer na disputa. Mas deve-se considerar que quanto menos tempo o macho passa com a parceira para pular a cerca, ele está deixando-a à disposição de outros machos. Quando mais a risco a fêmea oferece de traição, mais ele cuida. Os machos mais atraentes cuidam menos, é como se houvesse uma compensação, já tem bons genes, logo não precisa cuidar. Quanto menos atrativos, mais ele se dedica ao lar. Se vive em um lugar com muitas fêmeas, trai mais, agora se o local tem muitos predadores, melhor ficar cuidando da casa. Os machos não traem por terem problemas, mas por ser divertido. A monogamia atualmente é considerada uma estratégia-mito. Antigamente os pesquisadores se encantavam com o amor que as aves demostravam, formando as vezes casais para vida toda, inclusive ficando viúvos até a morte. Contudo, durante uma pesquisa de controle populacional de um pássaro que causava danos econômicos, se descobriu que o mais fiel casal, não era tão fiel assim. A invenção dos métodos de detecção de paternidade possibilitou a queda da monogamia e o surgimento de uma nova denominação: a estratégia mista, chamada de CEP = cópula-extra-par. Em algumas aves é visto que pelo menos 5% das cópulas ocorrem com vizinhos e que 8% dos filhotes não são filhos do que se acha pai. Também foi visto a cópula múltipla com frequência, o que antigamente se acreditava estar relacionada com relação de elos, hoje se sabe ter a ver com a maior chance de fertilização do macho que copulou por último. Pesquisas mostram que no Brasil 51% dos homens e 26% das mulheres traem seus parceiros. Tanto macho quanto a fêmea perde com a traição e eles tentarão ao máximo coibir o parceiro. Mas em algumas situações algumas fêmeas aceitam ser a outra, é preciso pesar o que vale mais a pena ter o seu próprio macho, mas com baixo valor e perspectivas de sucesso para prole, ou dividir um excelente macho com outra fêmea. Deve-se considerar que machos que detêm mais de uma fêmea possuem características bem melhores, e como a proporção natural de machos e fêmea é de 1:1, para cada 10 machos poligênicos, teremos 9 solteiros.
Já as fêmeas traem por vários motivos, ela pode ter sido seduzida, coagida, coparticipante ou iniciadora do processo. E pode estar reivindicando os benefícios genéticos e materiais que busca para sua prole garantindo fertilidade e seleção. Quando tem uma ninhada pequena, aumenta a chance de trair na próxima estação reprodutiva. Elas e eles preferem trair com casados, ele porque deixa o filho para o marido criar e ela por ter garantia de que já passou pelo controle de qualidade de outra, e também por que preferem trair com os dominantes, e eles geralmente são casados, além disso encontrar o melhor parceiro requer tempo e energia, que pode ser minimizado. Como as espécies territoriais, se ligam muito no material, pode perder na questão genética, então as chances de trair são maiores. Algumas como as protisturas pinguins traem em troca de pedras para ninhos. As CEPS são mais comuns em fêmeas, pois para trair o macho tem que ter bala na agulha, a fêmea não. Se a fêmea já tem como intenção se separar, as chances de trair são maiores. Fêmeas bem alimentadas, traem menos. Muitas vezes copulam com outros machos em busca de favores sexuais e poder entrar no território. Muitas vezes deixar o macho em dúvida de quem é o pai, evita infanticídio. Quando menor diversidade tiver, menos trai. A traição é sexo rápido, dispensando todo os rituais que exigiu do marido. Trai quando fica em dúvida da escolha, tem preferência por forasteiros. Aspectos culturais visam garantir a fidelidade da fêmea para acalmar o marido. A fêmea também mantém a copula intra-par visando tanto reatar elos, quando garantir a fidelidade do macho. Machos e Fêmeas evitam ser traídos. Os machos têm um desconfiomêtro melhor para detectar a traição do que as fêmeas. Os machos têm como opção a agressão, forçar a cópula da fêmea, cuidar menos da prole ou deixar a parceira. O fato é que quanto mais certeza o macho tem da fidelidade, mais ele cuida. Muitos machos são zelosos, e em um ambiente de alto risco ele só garante a fidelidade da fêmea, se literalmente ficar grudado nela. Mas também pode usar estratégicas como pio de alarmar, tampões, injeção de espermatozoides, feromônios antiafrodisíado, cópula frequente e adaptação do pênis para retirada de espermatozoides precedentes. As fêmeas também evitam a traição, é o ciúmes, que sinalizam que tem donas, mata os filhotes da amante, bate no macho, solicita sexto na frente da amante, segue o parceiro, solicita sexo frequente, mantem a sincronia no cio ou se torna uma largadora de ovos.
Bom chegamos em um ponto crucial. Depois de todos esses argumentos científicos relacionados com a seleção e todos os inúmeros critérios possíveis de serem utilizados para deixar a fêmea mais segura na sua escolha, ela ainda está uma dúvida. Neste caso, ela pode usar uma estratégia que tem sido muito pesquisa e comprovada em inúmeras espécies anima, inclusive no homem que é a seleção críptica da fêmea: a atual guerra de espermas. Hoje se sabe que os espermatozoides não são todos iguais, eles variam em forma e função e, também, que devem ser verdadeiros guerreiros, pois deve superar muitos obstáculos mecânicos e químicos para chegar até o tão sonhado óvulo. Existem espermatozoides bloqueadores, matadores e fertilizadores, cuja combinação e concentração no ejaculado varia conforme o objetivo. Os fertilizadores representam apenas uma pequena fração e são os que de fato irão fertilizar os demais compõe um exército que fará a cobertura. Há também um tipo programado de espermatozoide que serve para destruir os fertilizadores, são produzidos em situação de estresse. Os machos possuem então estratégias para driblar a guerra de espermas, dentre elas destaca-se o sexo oral, presente em quase todas as espécies e servem para identificar uma cópula prévia. A masturbação para manter o exército sempre pronto para combate, o sexo de rotina, o movimento do pênis para retirada de espermas velho ou potencial invasor e o sexo forçado. O estupro é uma estratégia comum a todas as espécies e tem a ver com a incapacidade de disputa legal pela fêmea.
Para entender a guerra de espermas precisamos entender como é a morfologia da fêmea, nesse caso estou exemplificando uma mulher, mas poderia ser outra fêmea. O útero é uma estrutura que parece uma esponja, com várias criptas. Durante a copula de 300 milhões de espermatozoides liberados, metade será expelido pelo próprio movimento da vagina. Dos que sobraram 147 milhões serão destruídos pelos glóbulos brancos da fêmea. Apenas 1 milhão chega até as criptas e 20 mil vai para área de repouso e fica esperando o óvulo passar. Os bloqueadores ocupam os espaços para não deixar com que outro potencial macho se aproveite, e os matadores fazem a ronda. Na área de repouso os espermatozoides podem ficar vivos por cerca de cinco dias. Espermatozoides masculinos são mais rápidos, porém menos resistentes e os femininos mais lentos, porém mais resistentes.  Há também uma relação entre o ph vaginal e a seleção do espermatozoide favorecendo um ou outro. Caso a fêmea copule com outro macho, haverá uma guerra dos espermatozoides, prevalecendo o mais forte. Por isso o que copula por último tem mais chances.  Se o macho ejacula 1 vez por semana ira disponibiliza 400 milhões de espermatozoides que demoram 2 meses para serem produzidos. Caso o casal queria uma fertilização e fazem muito sexo, pode ter um efeito contrário pois espermatozoides demais pode matar o óvulo.  O sexo de rotina e a segurança na fidelidade da fêmea também atrapalham. Outro ponto importante nesse momento é o orgasmo, pois durante essa fase o útero abaixa e absorve mais fácil os espermatozoides, contudo esse movimento do útero demora 1 a 2 minutos depois do clímax, porém depois que ele sobre produz uma capa de muco que dificulta a entrada dos espermatozoides. As chances de fertilidade durante o orgasmo é de 50 a 90%. Quase uma em cada três mulheres nunca atingiram o orgasmo, parece ter uma relação com a genética e juntamente com questões ambientais e emocionais pode estar relacionada com a seleção sexual. Deve-se lembrar que não é apenas a ovulação da fêmea que é oculta, mas o clitóris também e esse é mais um desafio para o teste de qualidade do macho.Mesmo depois de toda essa batalha do espermatozoide para chegar até o óvulo e conseguir fertiliza-lo, ainda tem um longo caminho até a nidação. E o corpo da fêmea e as condições do embrião determinarão ou não a fixação do mesmo. Uma análise matemática é realizada cujos parâmetros bioquímicos e psicológicos podem ser determinantes. Em espécies cujo macho compete pela fêmea, e a força e saúde do macho é fundamental, o corpo da fêmea rejeita embriões masculinos se ela estiver desnutrida ou se não confiar tanto na capacidade do marido. Mas mesmo depois da nidação, embriões masculinos e femininos terão desenvolvimento igual até mais ou menos o terceiro mês, cuja produção de testosterona para os masculinos mudará o rumo do desenvolvimento dos órgãos genitais e de seus cérebros, equívocos cometidos por causas genéticas, ambientais ou psicológicas podem fazer com que meninos nasçam com cabeça de meninas ou vice-versa.
Diante de toda essa contextualização se questiona o que seria natural para o humano. Nós temos alguns atributos normais para nós como a união em pares, o casamento, o harém, o sexo escondido, a ovulação oculta e a menopausa. Se acredita que nossa ovulação oculta, vem do risco do parto.  Acredita-se que inicialmente nós tínhamos um sistema de acasalamento promiscuo que visava a proteção da prole, mas que mudamos para monogamia por precisar de todo cuidado de um parceiro apenas.  Existem várias teorias que tentam explicar como chegamos ao sistema predominante. Nesse cenário nossas ancestrais seriam como os chimpanzés, teoricamente teria um macho alfa, mas que escondido copulava com outros, para que assim houvesse uma dúvida de quem era o pai e todos ajudassem a cuidar. Contudo a ovulação oculta surgida colocou o macho em dúvida de quando a fêmea estava ovulando e deveria ficar próximo o tempo todo para garantir a ovulação. Dessa forma a fêmea conseguiu atrair um macho só para si que a ajudasse a cuidar da sua prole e assim... surgiu o amor!

Sugestão de Leitura e referências de obras usadas na concepção desse texto: