quinta-feira, 28 de maio de 2015

Carne - Um Pedaço De Dor



Série Ensaios: Ética Animal

Por Paula de Freitas Larocca
Acadêmica do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas


Uma simples picada pode te tornar vegetariano, obrigatoriamente. É isso mesmo, os casos de alergia a carne tem aumentado nos Estados Unidos devido a picada do carrapato Amblyomma americanum, cientistas constataram que a liberação do açúcar galactose-alfa pelo arachnida na corrente sanguínea, presente na carne também, provoca uma potente reação imunitária no organismo, produzindo anticorpos para combater o invasor, o que passa a ser associado da mesma maneira após ingestão de carne.




Um dos maiores problemas sociais, ambientais e do bem estar animal é a elevada produção de carne, são mortos cerca de 70 bilhões de animais terrestres por ano no mundo para fins alimentícios. Segundo o documentário ‘A Carne é Fraca’, do Instituto Nina Rosa, nos últimos anos dobrou-se a produção mundial de carne, são cerca de 250.000.000 de toneladas de carne produzidas anualmente. O mundo está passando por um fase em que o número de animais destinados ao abate supera o número de habitantes. Tomando como exemplo, no estado de Santa Catarina há uma população com cerca de 6.000.000 de habitantes e uma população suína de 45.000.000. Essa larga produção, leva a pensar diretamente se todos esses animais tem a vida que merecem, se são realmente tratados de forma a se dizer que tem uma vida digna.

O direito da vida dos animais entra em pauta, será que todos sabem o que se passa por traz da carne que compram? A indústria associa a imagem de venda a algo positivo, como uma vaca, porco ou frango feliz, não passando a verdadeira dor que sentem, o que acaba criando uma ilusão aos consumidores. Infelizmente, o que acontece é que grande parte do animais explorados vivem vidas miseráveis e são abatidos ainda muito jovens. Por exemplo, a produção de frango, em grande parte das vezes, é feita em larga escala, os pequenos pintinhos nascem em uma chocadeira artificial, sem nenhum contato com a mãe, respiram pela primeira vez cheiro de formol, só para ficarem com uma cor mais apresentável, ‘’amarelinhos’’, e assim tratados como produtos, como se não fossem uma vida, ingerindo antibióticos e hormônios até as prateleiras dos mercados. Segundo a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, alguns dos pontos que proclama-se são que todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência; todo o animal tem o direito a ser respeitado; o homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais.  Assim como nós, os animais têm sensibilidade, consciência, direito de serem livres e de viver livres e juntos aos membros de sua espécie.
Considerando as condições em que a carne é produzida, como os animais são tratados e a quantidade de resíduos envolvidos, alternativas tem surgido pra quem não é vegetariano e quer dar o primeiro passo. Presente já em outros países, como no Estados Unidos e Reino Unido, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) lançou a campanha Segunda Sem Carne, que propõe a população a uma vez na semana ficar sem comer carne, afim de conscientizar as pessoas sobre os impactos que o uso de carne para alimentação tem sobre o meio ambiente, a saúde humana e os animais. Outra possível alternativa para os que realmente gostam do gosto da carne, é a carne artificial, cultivada em laboratório é um produto inovador, porém ainda está passando por testes nutricionais, e quem sabe futuramente seja mais acessível nos mercados. Há ainda inúmeras opções de carnes vegetarianas, em grande maioria a base de soja. Pequenas atitudes aliadas a fiscalizações mais rigorosas na qualidade de vida dos animais e a diminuição da produção já seriam um grande passo para minimizar os impactos causados.
Como formanda em Ciências Biológicas, vejo que todos devem tomar consciência de tudo que se passa em todo processo de produção de carne que a população ingere, e que os nossos hábitos alimentares influenciam diretamente no bem-estar animal. É necessário que a indignação fale mais alto e que se passe a buscar alternativas menos abusivas e com menos sofrimento animal, proporcionando uma melhor qualidade de vida a todos os seres vivos.
O presente Ensaio foi Elaborado para Disciplina de Etologia, baseando-se nas fontes:
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/nao-e-mais-possivel-dizer-que-nao-sabiamos-diz-philip-low

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