Para seu bem.... “deixa-a dormir”


Pesquisas realizadas no Instituto do Sono na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) têm mostrado relações entre o sono e a fertilidade. O trabalho mais recente divulgado na mídia é que a falta de sono pode potencializar o comportamento agressivo e a falta de interesse sexual no período que antecede a menstruação em ratas. Foi verificado que o comportamento dos animais variava de acordo com o estágio do ciclo reprodutivo, assim quando o experimento era iniciado na fase no equivalente à TPM, o resultado era o aumento da rejeição à cópula e a agressividade contra o macho (veja o vídeo de divulgação). Porém, se a privação do sono acontecesse quando as ratas estavam no período reprodutivo ou próximo dele, o resultado era o contrário: o desejo pelo macho ficava maior, sendo que potencializavam os sinais corporais que indicam interesse sexual (como mexer as orelhas e correr em volta do macho e procura por cópula). Esse feito é devido a concentração da progesterona, sendo que ratas com mais desejo sexual tinham menos progesterona. As ratas não foram privadas completamente do sono, apenas da fase dos sonhos (estágio de REM) por quatro noites. Segundo a pesquisadora Monica Levy Andersen os resultados em seres humanos precisariam levar em consideração outros fatores, como condições psicológicas, o fato de tomar ou não anticoncepcionais ou de ter um parceiro sexual fixo.

Outros experimentos tem mostrado que noites passadas em claro afetam de modo diferente o sexo masculino e o feminino. Enquanto em ratas altera o ciclo reprodutivo, ficando nove dias sem ovular nem menstruar (artigo publicado Hormones and Behavior). Em seres humanos, esse período corresponde a dois ciclos menstruais interrompidos sugerindo que a falta de sono adequado pode ser um dos fatores associados à dificuldade que algumas mulheres apresentam de engravidar. Sem descansar plenamente, as ratas produziam níveis do hormônio corticosterona, correspondente em roedores ao cortisol humano, duas vezes superiores ao normal. O excesso desse hormônio no sangue leva à maior produção do hormônio sexual progesterona, que diminuiu a produção dos hormônios: o folículo estimulante (FSH) e o luteinizante (LH), responsáveis pelo amadurecimento dos óvulos.

Já nos machos afeta o funcionamento de uma área do sistema nervoso associada ao prazer e provoca um efeito chamado hipersexualidade (número anormal de ereções e ejaculações espontâneas). Os homens que não têm o hábito de manter uma noite de sono saudável correm o risco de desenvolver problemas cardiovasculares e diabetes, possuem mais chances de engordar e têm a potência sexual reduzida. Segundo a pesquisadora um estudo epidemiológico realizado em 2007 revelou que 32,9% da população da cidade de São Paulo têm apneia enquanto dorme, o que pode interromper o sono em até 80 vezes por hora. Esse distúrbio aumenta em até três vezes a chance de disfunção erétil.

Andersen completa dizendo que há vários outros efeitos da privação de sono sobre o corpo, que vão de sintomas como fadiga e perda de atenção até diminuição da resposta imune e Para cada hora perdida de sono existe uma chance 24% maior de alterações cardiovasculares.ganhar peso, uma vez que a produção de enzimas responsáveis pela fome.

Veja o esquema da pesquisa no site da folha: http://f.i.uol.com.br/folha/ciencia/images/10242178.gif

Mais matérias: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=3174&bd=1&pg=3&lg=

http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2010/08/pouco-sono-pouco-sexo

Site para currículo da Monica Levy Andersen: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4794093P4

Site do Instituo do Sono: http://www.sono.org.br/quemsomos.html

Pesquisa publicada na revista da FAPESP: http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=14&bd=1&pg=1&lg=