Nós e “eles” (by Felipe Neves)


Em resposta a uma aula de comportamento social com o 8o período de biologia em que estávamos refletindo sobre o fato de sermos uma espécie muito solitária nesse planeta por não existir outra espécie de hominídeo conosco a milhares de anos e que talvez a única forma de nos unirmos de fato seria a chegada e alienígenas comprometendo nosso domínio, o Felipe citou um novo filme que está para ser lançado. A meu pedido ele fez a sinopse e critica...


No dia 14 de agosto estreou nos EUA (no Brasil é só dia 30 de outubro) o filme “District 9” do diretor Sul-africano Neil Blomkamp e de produção do Peter Jackson, conhecido por ser o diretor dos filmes da trilogia Senhor dos Anéis. O que é interessante neste filme, que apesar de toda a ação e entretenimento que ele passa, ali existe uma grande análise da natureza humana que faz o espectador sentir um ultrarealismo sobre o que acontece no decorrer do que o longa transmite. O que Neil fez nesse filme é em suas próprias palavras algo mais ou menos assim “eu quis retratar a realidade do meus país, assolado por tantos anos de racismo e xenofobia... e eu amo ficção cientifíca, então porque não juntar os dois?”.
“District 9” é um exemplo perfeito de um tipo de filme de ficção cientifica bizarro, violento e subversivo com uma das melhores histórias do gênero dos últimos anos. O ponta-pé inicial da estória (prometo não fazer spoilers) e a situação de uma nave espacial de refugiados alienígenas que fica sem combustível e permanece “estacionada” na periferia de Joanesburgo (África do Sul) a cerca de 28 anos atrás, quando a polícia no apartheid segregava os não-brancos em distritos . No início os aliens são bem recebidos pelos humanos com atuação de organizações e ajuda internacional, mas com o passar do tempo apesar do intenso foco da mídia, essas ações não são tão eficientes assim (algo parecido com o que acontece nos dias de hoje, não é mesmo?...Qual era o país que queria ajuda internacional para implementação de votos diretos...Irã? bom, sabe... o Michael Jackson morreu). E os aliens não são tão “bonitos” e nem carismáticos, sendo algumas vezes perdidos e não tão tolerantes (parte do porque disso é explicado no filme).

O que acontece em seguida é que os aliens são separados dos humanos por medo (apesar de não serem perigosos) ou explicitamente por xenofobia e administrados por um grupo privado a MNU (Multi-National United) que tem um grande interesse pela tecnologia (sendo que esta mal pode ser usada pelos aliens como arma ou coerção, porque é necessário energia ou acesso) e biologia extraterrestre. E os aliens apesar de serem tão inteligentes e muitas vezes “mais humanos” do que nós, são maltratados e obrigados a viver em condições de pouca disponibilidade de comida e pequenas áreas (uma favela por assim dizer, extraterrestres ou humanos?) criando no distrito 9 (o lugar aonde são obrigados a viver) vínculos e grupos com gangues, negociantes de drogas nigerianos, prostituição interespécie, escambo por troca de comida (tem uma parte muito engraçada/triste sobre isso mas não vou falar hehe) e planejando fugas. A população atual dos extraterrenos está tão grande que faz com que a MNU tente realocar parte da população do distrito 9 para o 10 que é distante do lugar que a sua nave está parada, e alguns aliens não querem sair. Wikus van der Merwe é um dos agentes da MNU responsáveis pela mudança e é a partir da ação dele que o filme se inicia, mas ele está longe de ser o bonzinho que vê a situação toda e quer mudar...longe disso, ele é tão indiferente e muitas vezes cruel quanto todo o resto da população e alguns acontecimentos e relacionamentos com os alienígenas no filme apesar de indiretamente influenciar para o bem ou mal só acontece pelo egoísmo. O filme mostra uma espécie em grande parte pacífica se confrontando com uma espécie egoísta e manipuladora, alguém adivinha, qual é qual?

http://www.youtube.com/watch?v=d6PDlMggROA&feature=fvw (para ver trailler clicar no título dessa postagem)