Animais se suicidam?




O Portal terra divulgou dia 29.8.9 que a Suiça, contrariando a opinião de cientistas, investiga o caso de suicídio de vacas em uma localidade chamada Lauterbrunnen. Segundo moradores locais 28 animais se jogaram de um penhasco em um intervalo de 3 dias, as hipóteses vão desde o suicídio até susto com fortes tempestades, ou que caíram sem querer ao seguir uma das vacas que não percebeu o penhasco quando procurava pasto distraidamente. Outros relatos clássicos que temos datam de 1870 segundo testemunhas oculares. durante uma nevasca cerca de 100.000 bissões se deslocaram em fila e se jogaram de um penhasco de 1.000 metros. Será que as baleias e golfinhos que encalham na praia estão se suicidando?

Mas o suicídio precisa ser necessariamente tão radical? Até mesmo para os humanos é um tema extremamente controverso. O que eu questiono é se não há formas mais sutis de se suicidar. A lenta produção de radicais livres (ver postagens anterior) que aos poucos minam nossa renovação celular promovendo o envelhecimento, podem ser maximizados de uma forma tão intensa que doenças e “desligamento” dos órgãos promovem uma morte antecipada. São os inúmeros relatos de animais que morrem de “tristeza” ao serem abandonados pelos seus donos, deixam de se alimentar e aos poucos desligam-se! Há um relato não comprovado de um cão que se jogou propositalmente num rio. Segundo o Etólogo César Ades em entrevista para revista “Mundo Estranho” (http://mundoestranho.abril.com.br/mundoanimal/pergunta_286752.shtml) não considera a existência de suicídio nos animais, pois a natureza deve dotar o animal de um instinto de sobrevivência, não o contrário. Mas poderia os animais ter algum “termômetro” que indicasse que para a manutenção da espécie seria necessária a sua eliminação? O comportamento das abelhas que dão a sua vida em defesa da colméia seria colocado em qual contexto?

Hoje a acadêmica de Biologia Priscila Tamioso me enviou um interessante texto de divulgação de uma pesquisa sobre “o cheiro da morte”. Pesquisadores da Universidade de McMaster publicada na Evolutionary Biology. O líder da pesquisa prof. Rollo estava estudando semioquímicos presentes no corpo da barata que poderiam servir como indicativos para os demais indivíduos da presença de um bom sítio para alimentação e refúgio. Os pesquisadores perceberam que animais mortos exalam um cheiro que repulsam os co-específicos, provavelmente relacionado com a proteção, pois evitaria o contato com material orgânico em decomposição e plausível de contaminação. Eduward Wilson, já havia referido sobre essas substâncias na década de 70, em que formigas vivas banhadas em ácido oléico eram carregadas para os cemitérios das formigas, pois eram interpretadas como mortas e sua remoção do formigueiro necessária. Isso mesmo a formiga esperneando! O interessante é que essa molécula parece ser comum a inúmeros grupos de animais e ser utilizada como estratégia de sobrevivência a milhares de anos.
Em 2007 foi divulgado a capacidade de um gato pressentir o cheiro da morte em um asilo em Providence, nos Estados Unidos. O gato previu a morte de 25 idosos, deitando-se junto deles pelo menos quatro horas antes. É possível que todos os animais compreendam a proximidade da morte, embora esse comportamento tenha sido pouco estudado. Elefantes se afastam quando pressentem sua mote e se deslocam para os cemitérios dos elefantes.


David Rollo - http://www.science.mcmaster.ca/biology/faculty/rollo/rollo.htm
Gato cheiro da morte - http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1790161-EI8145,00.html