Uso de animais para entretenimento humano, até quando?




Série Ensaios: Ética no Uso de Animais

Por Geovanna Dargel Lima
Bióloga e pós-graduanda em Conservação da natureza


Em abril de 2018 um urso é utilizado para uma apresentação antes de uma partida de futebol na Rússia. O urso entrega a bola para o juiz e bate palmas para a torcida. O urso estava usando focinheira e do lado estava seu adestrador. Quando pesquisado no youtube pode-se encontrar o vídeo da participação do urso na partida de futebol, e o que chama atenção é o título de um dos vídeos “jogo na Rússia extrapola limites de criatividade”, onde o apresentador no vídeo elogia a iniciativa da Rússia de usar o animal para o entretenimento da torcida.

Isso infelizmente não é um caso isolado, podemos encontrar animais sendo utilizados pelo ser humano para seu entretenimento na televisão, filmes, parques, rodeios e menos frequente ultimamente circos, o que faz levantar o questionamento sobre ainda existe a necessidade de utilizar animais para nosso entretenimento?

Quando criança frequentava muitos circos que passavam pela minha cidade, porém nunca assisti uma apresentação que utilizava animais. Há anos aqui no Brasil órgãos em defesa dos animais estão em debate quanto ao assunto, visando as condições de bem estar desses animais, mas principalmente a segurança dos espectadores.

Em abril de 2000 em Pernambuco um menino de 6 anos morreu atacado por leões no circo Vostok. Os animais foram abatidos pela polícia para tentar tirar o corpo da jaula. A partir deste fato a utilização de animais em atividades circenses foi proibido no estado. Existem leis semelhantes em diversos estados brasileiros como Goiás, Alagoas, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, mas nenhuma lei que abranja para o país todo.

Quando falado em animais de circo logo se vêem imagens na cabeça de as apresentações com leões pulando em arcos com fogo, ursos e elefantes equilibrados em uma bola, mas isso não é algo que esses animais fariam normalmente em seus habitats naturais. Um questionamento que deveria vir na cabeça dos espectadores de apresentações como essa é o que o animal passa para aprender esses movimentos.

Bom, existem diversas notícias na internet que abordam a tortura que esses animais passam nesses ambientes. Os felinos são acorrentados, vivem a vida inteira em jaulas pequenas, são queimados constantemente por barras de ferro. Ursos têm suas patas queimadas em chapas de metal para que aprendam a ficar sobre duas patas. Macacos tem seus dentes retirados para que possam posar para foto com crianças. Esses animais vivem em um nível de estresse muito alto por não conseguirem expressar seu comportamento e hábito natural, onde entra o bem estar desses animais?

A proibição do uso de animais em atividades circenses deveria abranger o país inteiro, assim como já acontece na Itália, Irlanda, Holanda, Argentina, entre outros. Há grandes circos famosos não utiliza nenhum animal em seus espetáculos e ainda assim atrai muitas pessoas. Com a tecnologia de hoje em dia não precisamos de animais para nosso entretenimento, existem diversas alternativas substituí-los como a computação gráfica e hologramas.


Conforme a discussão em nossa aula remota várias questões foram levantadas, mas todos chegaram num acordo que não existe a necessidade de usar os animais para nosso entretenimento seja para o circo, parques aquáticos ou filmes nos dias de hoje. Os animais não precisam sofrer quando existem tecnologias que podem substituir seu uso, como foi citado de exemplo circos que utilizam hologramas ao invés de animais vivos, como é mostrado no vídeo abaixo :

Eu, como bióloga acredito que podemos estar evoluindo quando se trata de animais utilizados em circos, mas e os outros animais que são utilizados como entretenimento em rodeios, montarias e vaquejadas e são torturados tão quanto aos animais de circo? Até quando serão considerados patrimônios culturais? Precisamos de leis e fiscalização que sejam abrangentes a todas essas atividades, tendo como prioridade o bem estar animal.