Série Ensaios: Ética no Uso Animal
Por Marli T. Everling
Designer e Pós-Graduanda em Conservação da Natureza e Educação Ambiental
Por Marli T. Everling
Designer e Pós-Graduanda em Conservação da Natureza e Educação Ambiental
Os vertebrados (mamíferos, aves, peixes, répteis, anfíbios) têm anatomia compatível com emoções e sentimentos. As sensações dos animais são análogas a dos seres humanos. Percepções derivadas da observação dos animais (e não fundamentadas em nossas crenças) têm produzido evidências neste sentido (animais sencientes). O espécime escolhido para a realização do ensaio foi o pombo.
De acordo com matéria veiculada na Gazeta do Povo, as fezes do pombo transmitem doenças por meio de fungos e bactérias Quando as fezes se desfazem em pó de fezes soltam esporos que liberam agentes no ar. Um dos fungos, supostamente, carregados pelo pombo é o cryptococcus que causa doenças como criptococose (infecção pulmonar), meningite (infecção da meninge) e pneumonia (infecção dos pulmões). Seus ninhos também atraem insetos que causam doenças. Para discutir questões éticas relacionadas ao bem estar no tratamento de pragas vertebradas foram coletadas três situações reais.
A primeira situação levantada corresponde ao município Santa Rita do Passa quatro (SP) (2013). Trata-se de um relato de Infestação de pombos em ginásio de esporte, praças, rodoviária. As ações de controle incluíram: (1) proibição da alimentação; (2) grades, grelhas e malhas que vedam o acesso aos edifícios; (3) uso da iluminação noturna.
A segunda situação levantada ocorreu no município de Caxias do Sul. De acordo com a matéria, em situações alteradas, ao invés de duas reproduções, podem ocorrer até 6 reproduções. Os pombos não têm predadores e podem viver até 15 anos (com frequência de 3 a 5 anos). O Plano de ação adotado pelo município para lidar com a superpopulação abrangeu: (1) fase educativa; (2) fiscalização; (3) coleta de fezes para análise e mapeamento de zoonoses.
De acordo com matéria veiculada na Gazeta do Povo, as fezes do pombo transmitem doenças por meio de fungos e bactérias Quando as fezes se desfazem em pó de fezes soltam esporos que liberam agentes no ar. Um dos fungos, supostamente, carregados pelo pombo é o cryptococcus que causa doenças como criptococose (infecção pulmonar), meningite (infecção da meninge) e pneumonia (infecção dos pulmões). Seus ninhos também atraem insetos que causam doenças. Para discutir questões éticas relacionadas ao bem estar no tratamento de pragas vertebradas foram coletadas três situações reais.
A primeira situação levantada corresponde ao município Santa Rita do Passa quatro (SP) (2013). Trata-se de um relato de Infestação de pombos em ginásio de esporte, praças, rodoviária. As ações de controle incluíram: (1) proibição da alimentação; (2) grades, grelhas e malhas que vedam o acesso aos edifícios; (3) uso da iluminação noturna.
A segunda situação levantada ocorreu no município de Caxias do Sul. De acordo com a matéria, em situações alteradas, ao invés de duas reproduções, podem ocorrer até 6 reproduções. Os pombos não têm predadores e podem viver até 15 anos (com frequência de 3 a 5 anos). O Plano de ação adotado pelo município para lidar com a superpopulação abrangeu: (1) fase educativa; (2) fiscalização; (3) coleta de fezes para análise e mapeamento de zoonoses.
A terceira situação apresentou uma família de Goiânia cuja casa foi infestada por pombos: a família alimentava os pombos que ocuparam o forro. Com as alergias provocadas pelos ácaros que tomaram conta da casa, boa parte dos bens estão sendo queimados para eliminar os ácaros. A casa já passou por 8 dedetizações, deverá ter o telhado e o forro trocados, bem como precisa ser pintada e de uma nova dedetização.
Os relatos sobre os pombos apontam que os problemas decorrem da não existência de predadores, da capacidade de reproduzir até 6 vezes por ano e, de viver por até 15 anos. Além disso, suas fezes transmitem doenças por meio de fungos e bactérias e seus ninhos atraem insetos que causam doenças. Os modos ‘aceitáveis’ evidenciados para dissipar as aves foram: fios elétricos, malhas, grelhas e grades para impedir a entrada de pombos em edifícios, não disponibilizar alimentos nem água, uso da iluminação noturna.
Observou-se por meio dos dados coletados que as esferas executivas e legislativas (incluindo prefeituras e secretarias do meio-ambiente) tem papel relevante em termos de sensibilização, educação, orientação e fiscalização; entretanto os cidadãos também possuem responsabilidade ética em não atrair pombos e em resguardar residências do acesso. Um exemplo da responsabilidade administrativa é o plano de ação adotado pelo município de Caxias do Sul (RS) que inclui 3 fases: (i) fase educativa: conduzida em escolas e praças enfatizando a não alimentação e o bloqueio de aberturas de prédios; (ii) fiscalização: multa para quem alimentar os pombos e apreensão de alimentos; (iii) canal de denúncias (alô caxias - 156); (iv) coleta de fezes para análise e mapeamento de zoonoses circulantes e locais com maior foco da doença para intensificação do controle e conscientização.
Após a coleta de dados, o estudo de caso foi apresentado na disciplina de ‘Ética no uso de animais e bem estar animal’ do Cursos de Pós-Graduação em ‘Conservação da Natureza e Educação Ambiental’ da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. As contribuições oriundas deste debate foram orientadas para as estratégias utilizadas para dizimar os pombos e o fato que as matérias coletadas estão centradas no bem estar humano e não no bem estar animal quando, a ocupação dos espaços pelos pombos é uma decorrência do impacto humano no seu habitat.
Eu como designer, estou interessada há bastante tempo em discussões associadas à manutenção da vida, e em virtude da proximidade com a pesquisa tenho intimidade com processos associados ao comitê de ética na pesquisa com seres humanos. O tema da disciplina ‘ética’ e ‘bem estar animal’ foi uma grata surpresa por alterar as lentes da pesquisa para o contexto de pesquisa como animais. Algumas leituras associadas as atividades da disciplina, bem como vídeos deixaram impressões mais profundas como o documento da Embrapa (da autoria de Miguel Francisco Souza Filho, 2011) o qual defende que a natureza é equilibrada; é a agricultura que rompe o equilíbrio. Já o documentário ‘Animais Sencientes’ (web) discute a capacidade de sentir dos animais. A série de oito vídeos relata que a agricultura iniciou o processo de exploração animal e deles nos utilizamos para alimentação, para força, para vestir e para companhia. Esta opressão deriva da crença que só os homens têm alma. De acordo com o vídeo: (i), animais são concebidos por nós seres humanos como seres sem sensibilidade, como máquinas; (ii) vertebrados (mamíferos, aves, peixes, répteis, anfíbios) têm anatomia compatível com emoções e sentimentos; (iii) as sensações dos animais são análogas a dos seres humanos; (iv) percepções derivadas da observação dos animais (e não fundamentadas em nossas crenças) têm produzido evidências neste sentido; (v) a opressão dos animais se estende também aos animais de estimação em ações como a humanização das suas necessidades, desenvolvimento de raças, corte de orelhas e caudas (consideradas mutilações). No campo do design as abordagens ainda são bastante centradas nas pessoas. Considerando que este é um campo cujo fenômeno de estudo é o mundo artificial construído pelo homem, a mudança de lentes do ‘design centrado no humano’ para ‘design centrado na manutenção da vida’ é fundamental se os profissionais dessa área quiserem contribuir com a transição para uma forma mais sustentável de viver, preenchendo a lacuna ‘entre o que é’ e ‘o que pode vir a ser’, contribuindo para a solução de problemas complexos e atuando como facilitadores da criatividade coletiva para uma outra forma de viver (conforme propõe a World Design Organization).
O presente ensaio foi elaborado na disciplina
de ‘Ética no uso de animais e bem estar animal’ baseado nas obras:
ANIMAIS SERES
SENCIENTES. https://www.youtube.com/watch?v=rF1wXCVMDE0.
Acesso em 04 abr. 2020.
GAZETADOPOVO.
pombas animais transmitem fungos que causam meningite. Disponível em
https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/saude-e-bem-estar/pombas-animais-transmitem-fungos-que-causam-meningite/
Acesso em 04 abr. 2020.
GRINGS, Vitor Hugo
Controle Integrado de Ratos. Embrapa. 2006.
INVASÃO DE POMBOS
TRAZ PROBLEMAS PARA FAMÍLIA DE GOIÂNIA. Disponível em https://globoplay.globo.com/v/5901601/
Acesso em 04 abr. 2020.
KOGAN, Marcos e
BAJWA, Waheed; Integrated Pest
Management: A Global Reality?An. Soc. Entomol. Brasil 28(1).
Março, 1999.
PIONEIRO.
Prefeitura apresenta plano para controle de pombos em caxias. Disponível em
http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/geral/cidades/noticia/2018/07/prefeitura-apresenta-plano-para-controle-de-pombos-em-caxias-10514603.html.
Acesso em 04 abr. 2020.
PREFEITURA DE SÃO
CARLOS CRIA PROGRAMA DE CONTROLE DE POMBOS. Disponível em https://globoplay.globo.com/v/2811801/
Acesso em 04 abr. 2020.
SOUZA FILHO, Miguel
Francisco De . Manejo Integrado De Pragas. Cati / Campinas-sp
11 nov. 2011.