Antes de Alex o
papagaio cinza mais famoso do mundo científico ter entrado em cena, poucas
emoções e capacidades cognitivas eram atribuídas às aves. Porém Irene
Pepperberg mostrou ao mundo que os papagaios não apenas repetem as nossas
palavras, como as compreende. Os resultados de suas pesquisas são
surpreendentes. Não é a toa que os papagaios são utilizados como animais de
companhia para o homem a mais de 4.000 anos. Essa ave monogâmica transfere para
uma pessoa os processos mentais relacionados com o apego e ligação afetiva
dispensado para seu par. E a partir de então passam a estabelecer uma relação
simbiótica cuja a separação afeta profundamente a ambos. É lógico que não
concordo com a domesticação desses animais, seu lugar é na natureza, com seu
par, com seu bando, voando quilômetros por dia. Porém, depois de estabelecido o
elo a quebra gera muitos sentimentos ruins para ambos. Precisamos educar as
pessoas para que transfira seu amor e apego pelos animais deixando-os livres,
mas precisamos ter bom senso para o que já está feito. Informações extra
oficiais dizem que os centros de triagens de animais selvagens estão lotados de
papagaios que sempre viveram com as pessoas, e por estas não terem autorização
para manutenção de animais selvagens em casa, perderam os animais. As aves são
colocadas em viveiros coletivos e passam o dia chamando o dono ou pedindo
bolacha com café. As histórias são de cortar o coração, que foi o que senti
quando vi o vídeo do reencontro com o dono que teve seu papagaio roubado.
Quando eu era adolescente também tive um papagaio que era um amigo inseparável,
e que morreu depois de nossa separação devido a uma mudança temporária de
residência. O que quero levantar aqui é a discussão do rigor da lei diante de
algumas situações em que apenas a ética e o olhar para o bem estar animal e humano possiblitam a compreensão dessas relações.
Blog de discussão e aplicação de conhecimentos científicos no dia-a-dia, destinado para alunos e interessados na Ética Prática, Dialogante e Multidisciplinar própria da Bioética!
domingo, 27 de maio de 2012
O medo que se transforma em agressividade
Por Jhenyffer
Cristine Rosa e Luana Alves Martimianos
Acadêmicas do curso de Bacharelado em Biologia
Acadêmicas do curso de Bacharelado em Biologia
A
palavra agressividade tem sua origem no latim aggredior, aggredi, que,
originalmente, significava acometer, avançar decididamente, mover-se ativamente
para um objeto qualquer, dando a ideia de uma disposição para enfrentar
obstáculos. Em outras palavras, trata-se de uma manifestação de força e
afirmação pessoal. Com
o tempo, o termo agressividade passou a ter dois significados bem distintos: um significado positivo: de força, de afirmação e de
exercício do poder pessoal e de capacidade para superar obstáculos e um significado negativo: de
hostilidade, de ofensa às pessoas, de disposição para a violência e para a
lesão física ou moral. Neste último sentido, a agressividade ainda pode ser
classificada como heteroagressividade (dirigida às outras pessoas) e
autoagressividade (dirigida contra si mesmo)
Segundo a psicóloga AnaBock , a agressividade é
constitutiva do ser humano e a cultura assume um papel importante como
reguladora dos impulsos destrutivos do homem. Na sua visão, a educação e os
mecanismos sociais da lei, da cultura e das tradições têm como objeto o
controle e a subordinação da agressividade. Portanto, desde criança somos
educados no sentido de reprimirmos nossa agressividade e mantê-la sob rígido
controle, ao mesmo tempo em que a cultura cria condições para que possamos canalizarmos,
direcionarmos nossos impulsos agressivos para produções consideradas positivas,
ou socialmente aceitas – como as produções intelectuais, artísticas,
esportivas, entre outras. Nos animais é assim também? Alguns etologistas
definem a agressividade animal e humana como um “instinto territorial” o que
gerou inúmeros debates, por sua implicação de que a agressividade é de origem
genética. Segundo Lorenz a
respeito da natureza humana é que, assim como muitos outros animais, o homem
tem o impulso inato do comportamento agressivo em relação a sua própria
espécie. Esse impulso estaria limitado a poucos danos, como acontece entre
animais da mesma espécie, não fosse, no caso do homem, dois problemas: O primeiro é este dispor de armas que multiplicam seu poder ofensivo. O
desenvolvimento cultural e tecnológico coloca armas artificiais em suas mãos,
de modo que o equilíbrio natural entre o potencial mortífero e a inibição é
perturbado. A segunda causa é que falta, na espécie humana, como em outros animais
normalmente menos agressivos, o respeito ao gesto de submissão feito pelo
perdedor. O homem, por essas razões, é o único animal que mata dentro de sua
própria espécie.
Já nos animais somente por alguns
motivos é que é despertada a agressividade, são eles: defesa e conquista de território; afirmação da dominância de
grupos hierarquizados; agressão sexual; atos de hostilidade, incluindo o
desmame; agressão contra presas; contra-ataques; pressão moralista e
disciplinadora da sociedade.
Nos humanos relatos
de agressividade vinculados com violência têm sido cada vez mais frequentes sempre se vê casos de maus
tratos às crianças, aos idosos, sem uma explicação na maioria das vezes. Seres
que se sentem de certa forma ameaçados e ou traídos e acabam maltratando outros
seres que na maioria das vezes não tem como se defender. Essa situação é
extremamente revoltante, pessoas covardes que agem com covardia com seres inocentes.
Não existem motivos que levem a esse tipo de atitude, agredir ao próximo, esse vídeo é um caso em que uma idosa
foi agredida pelo seu próprio filho, um ato que não temos como justificar.
Nós como biólogas podemos
enxergar a agressividade como uma característica necessária, pois, como
qualquer outro animal nós expressamos esta ação pelos mesmos motivos como a
defesa e conquista de território, afirmação da dominância de grupos
hierarquizados e
agressão sexual. Além de natural essa questão foi importante para nos afirmar
evolutivamente, porem devemos reprimir socialmente assa característica, pois,
como já descrito o homem, é o único animal que mata dentro de sua própria
espécie. Entendemos que por ser natural inibir este comportamento não é fácil,
porém necessário uma vez que a frequência da ocorrência de casos vem crescendo
consideravelmente, acreditamos que a repressão social é a única forma de controlar
esta característica.
Esse ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia,
baseando-se nas obras:
sábado, 26 de maio de 2012
Carnívoro com dieta vegetariana…. Dando uma forçinha pra evolução?
A reportagem polêmica da semana foi veiculada no
Domingo Espetacular a respeito da dieta vegetariana que alguns tutores de
animais estão proporcionando para espécies carnívoras. A ideia de que nós
humanos precisávamos da proteína animal para desenvolvimento e manutenção do
nosso poderoso sistema nervoso já caiu por terra há muito tempo. Mas, faz
sentido, pois nossa dieta nunca foi 100% carnívora, aliás, a carne era
consequência de uma caçada bem sucedida que poderia demorar muitas semanas para
acontecer e quando acontecia era um grande evento. A dieta de rotina era
composta por raízes, grãos, frutos e insetos, logo somos onívoros. O tutano e a
carne foram fundamentais para o aumento do nosso cérebro na época do Homo habilis. O domínio do fogo pelo Homo erectus proporcionou o cozimento
dos alimentos, que nos trouxe muito mais energia (Ler Pegando fogo: como ocozimento dos alimentos nos tornou humanos), porém nosso cérebro parou de
crescer há 100.000 anos... Logo, a proteína animal pode ser tranquilamente
substituída. Ao longo dos milhões de anos da história do nosso gênero, muitas mudanças
contribuíram para alcançarmos a morfologia da nossa mandíbula, dos nossos
dentes, do nosso intestino... todos sendo moldados de acordo com a nossa dieta.
Porém, os animais carnívoros ainda vivos, possuem sua morfologia, fisiologia e
comportamento adaptados para dieta carnívora. O grande questionamento é se o
ser humano pode decidir que é bom para o animal se alimentar com uma dieta tão
discrepante. Uma rápida passagem pelo google com o presente tema nos leva a
inúmeros sites que defendem o cachorro verde, apresentando uma visão de que são
carnívoros oportunistas, tão onívoros como nós. Mas o que dizer de gatos e até
leões. O rancho dos gnomos tem divulgado a tentativa de criar uma ração com soja e nutrientes sintéticos
que possa substituir as vísceras de boi, carne de frango e ratos usados para
alimentar 11 leões, um tigre, uma onça parda, corujas e gaviões. A maior
dificuldade encontrada por eles é tornar a comida atraente, pois disso já
sabemos muito bem, alimento não é só nutriente - como a taurina, um aminoácido
encontrado na carne e importante para a nutrição do felino – mas é também
cheiro, textura, som... Os motivos que levam uma pessoa a se tornar vegetariano
ou vegano são os mais diversos como a preocupação com a própria saúde, com o
meio ambiente e com as condições em que animais como vacas, galinhas e porcos
são convencionalmente criados. Aliás esse é um tema que eu e a Andressa estamos
pretendendo estudar e entender melhor. Porém, pergunto até que ponto temos o direito
ou a obrigação de intervir na dieta dos animais que estão sob nossa tutela? Eu concordo
que o consumo de carne pela nossa sociedade está extrapolando todos os limites
de tolerência e compreensão no que diz respeito tanto aos impactos ambientais como as condições de bem-estar aos animais,
concordo também que devemos buscar urgentemente novas fontes de nutrição para
suprir nas necessidades de nossos 7 bilhões de humanos. Mas vamos intervir
também no rumo da evolução? O que você acha?
CRONOBIOLOGIA, DESVENDANDO OS RITMOS DA VIDA
Por Lício Domit; Marco Rodrigues; Priscila Bohrer
Formandos do curso de Ciências Biologicas
A Cronobiologia é uma disciplina
científica que estuda a organização temporal dos seres vivos, abordando conceitos
como ritmos biológicos e relógios internos. Estes, são compreendidos como a
periodicidade em que ocorrem expressões do comportamento e fisiologia do
organismo (1). Esses sistemas biológicos asseguram
que os processos fisiológicos, bioquímicos e comportamentais ocorram em um
nicho temporal ótimo, a obediência a esses padrões, selecionados durante anos
de evolução, garantem a manutenção do desenvolvimento orgânico saudável e
equilibrado (2).
Os ciclos biológicos são
classificados como circadianos (cerca de 24hrs), infradianos (inferiores a
28hrs) e ultradianos (superior a 20hrs). As
características clássicas dos ritmos biológicos são: o ritmo é gerado
endogenamente, tendo como expressão a sua persistência independentemente de
fatores ambientais; é capaz de ser sincronizado por um ciclo ambiental e também
apresenta compensação às variações de temperatura. Praticamente todas as funções orgânicas
apresentam oscilações, os ritmos biológicos são regulares e oscilações
irregulares são reflexos a variações não periódicas do ambiente. Em resumo,
apesar do relógio endógeno manter a periodicidade, os organismos dependem de
pistas do ambiente para sincronizar suas atividades (2). Os ritmos biológicos estão presentes
de cianobactérias a mamíferos, fornecendo vantagens adaptativas de vários
tipos. Nos procariontes, surgem de forma a protegê-los de agentes
foto-oxidantes. Nos organismos eucariontes pode ter surgido para protegê-los
dos efeitos nocivos dos raios UV, numa época em que a camada de ozônio ainda
não havia se formado. Com o aumento da complexidade dos seres, os ciclos
biológicos aumentam a habilidade de prever acontecimentos e limitações impostas
pelo meio, como disponibilidade de luz e alimento (2).
Os
primeiros relatos de ritmos biológicos foram propostos por J. J. De Mairan, que relatou que os movimentos das folhas de uma planta oscilavam num período
de 24 horas, mesmo se privado do período claro-escuro. A primeira tese formal
foi escrita em 1814, é de Julien – Joseph Virey (‘’Ephémérides de sesphénomènes
dans La santé et lês maladies’’), sendo o primeiro a utilizar o termo relógio
biológico.
Em
1960 ocorreu o – Cold Spring Harbor Symposia on Quantitative Biology:Biological Clocks: Marco inicial da Cronobiologia como disciplina formal,
reunindo profissionais das áreas de Biologia, Medicina, Física, Matemática e
Ciências Humanas. Os tópicos principais do simpósio enfatizavam regras e
metodologias para a condução de estudos de cronobiologia e desenvolvimentos de
métodos estatísticos específicos. No final da década de 70, Jurgen Aschoff
sugere que a cronobiologia deve ser uma complementação da homeostasia, e no
inicio do século XX, foram conduzidos muitos estudos para descobrir os mecanismos
de controle dos ritmos biológicos, também criados e decifrados diversos
conceitos e classificações. Pelo fato dos ritmos biológicos
serem observados em quase todos os organismos, as pesquisas são muito diversas.
Pesquisas em plantas vem mostrando a ação da luz, como reguladora desde a
germinação até quando ocorrerá a floração. Desta forma, explicam também
tropismos, regulação de hormônios, fotorreceptores e metabolismo fotossintético
(2; 4). Nos invertebrados, os estudos de
ritmos biológicos mostram que os controladores dos ritmos e da sincronização
com o meio são os neurônios laterais, visto que possuem um sistema nervoso
central simples, reagem com claro/escuro, interagem com fotopigmentos e
fotoreceptores oculares (2; 5). Nos vertebrados, as pesquisas podem
ser conduzidas às mais diversas hipóteses, visto que possuem um sistema nervoso
central muito desenvolvido, e o sincronismo com o meio pode ter vários
estimuladores, que por sua vez podem ser percebidos por diferentes receptores,
desencadeando as reações, alguns exemplos são os ritmos circadianos e estados
de dormência e hibernação. (6)
Como todos os seres vivos, os
humanos também são rítmicos desenvolvendo suas funções durante o dia e repouso
e/ou período de sono a noite, evolutivamente explicado pela prática da pesca e
da caça, acompanhando o ritmo dos recursos usados principalmente para a
alimentação. Porém na sociedade moderna
esses ritmos não estão sendo respeitados, pelo acesso de luz e atividades
sociais durante a noite acarretam em um atraso no relógio endógeno, alterando
comportamentos e impondo riscos a saúde (2; 7)
As novas tendências da Cronobiologia
estão voltadas ao ser humano, visto que alterações de cunho cultural vêm
modificando os hábitos da população, e como resultados estão aparecendo cronopatologias,
doenças associadas ao desrespeito aos ritmos endógenos. A depressão e a maior
vulnerabilidade a doenças em indivíduos que são submetidos a trabalhos em
horários irregulares têm induzido pesquisas nesse sentido. Quando
a pessoa troca o dia pela noite, ocorre a dessincronização interna, pois nem
todos os ritmos internos se alteram rapidamente. Manifestando sintomas como
desânimo, fraqueza, sonolência, descontrole, agressividade, ansiedade,
alterações gastro-intestinais, obesidade (2; 7). Da
mesma forma, outra linha de estudos possui uma abordagem terapêutica, a
Cronofarmacologia, estuda a ação diferenciada de drogasao se escolher
horários de administração de acordo com protocolos crono-biológicos, havendo a
possibilidade de diminuir efeitos colaterais preservando o efeito desejado.
Nos
formandos em biologia acreditamos que a sociedade humana moderna, com a
necessidade cada vez maior de trabalhadores em horários irregulares e
compromissos sociais noturnos, desrespeitam os aspectos evolutivos relacionados
aos ritmos biológicos, resultando em danos à saúde física e mental dos
envolvidos. Por esse fato a parte da biologia que estuda a dimensão temporal
dos seres vivos assume importância fundamental, tanto por suas implicações
teóricas como pelas possibilidades de aplicação na prática. Atualmente os
organismos são estudados de uma maneira muito mais dinâmica deixando para trás
uma visão mais estática dos seres vivos.
O presente ensaio foi elaborado para
disciplina de Etologia e se baseou nas obras:
1. ARAÚJO, J. F. & MARQUES, N.
Cronobiologia: uma multidisciplinaridade necessária. Margem, São Paulo. Nº 15, p. 95-112. Jun. 2002. Disponível em: <http://www.pucsp.br/margem/pdf/m15jn.pdf>
2. MOURA, L. N. & SILVA, M.S. Fundamentos
evolutivos da ritmicidade biológica. Disponível em:
.
Acesso em: 23 Mar. 2012.
3. MENNA-BARRETO, L & MARQUES, N. O tempo
dentro da vida, além da vida dentro do tempo. Disponível em: <
http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252002000200030&script=sci_arttext>.
Acesso em: 23 Mar. 2012.
A CIÊNCIA SAINDO DO ARMÁRIO...
por Lucas de H. Maracci; Thiago F. Massaki
acadêmicos de Biologia
Com frenquência cada vez maior a
homossexualidade tem sido alvo de discussão nas rodas de amigos, nos jornais,
nas novelas, nas igrejas. Mas esse assunto não é novo! A prática homossexual é
muito antiga. A Bíblia, por exemplo, relata esta prática na cidade de Sodoma. O
código de Hammurabi, datado de 1750 a.C., possui leis de privilégio aos
prostitutos e prostitutas cultuais que praticavam o ato sexual com pessoas do
mesmo sexo (GUIA DO ESTUDANTE, 2008). Na Grécia Antiga, os jovens eram enviados
a partir dos 12 anos às escolas, para aprender filosofia, onde mantinham
relações sexuais com seus mestres mais velhos. Esta era uma forma elevada de
educação e passagem de valores aristocráticos (TONIETTE, 2006) (REVISTA GUIA DO
ESTUDANTE, 2008) (MOREIRA FILHO; MADRID, 2009). Na China a
homossexualidade era influenciada por seus imperadores, sendo que cada
imperador tinha inúmeros “favoritos”, havia uma grande disputa na corte para se
tornar um favorito, já que em consequência da relação do imperador era
favorecido com riqueza e prestigio (MOREIRA FILHO; MADRID, 2009). Contudo, esta é uma prática ainda intrigante
do ponto de vista científico e biológico. De onde surge este comportamento? É
genético? Social? Psicológico? Fisiológico?
Em 1869 foi cunhado pela primeira vez o termo homossexual, pelo médico austríaco Karoly Maria Benkert. O assunto já havia sido tratado quase dez anos antes sob a terminologia uranismo. Porém a nomenclatura homossexual para se referir o relacionamento afetivo-sexual entre pessoas do mesmo sexo foi bem mais aceita (TONIETTE, 2006). Ao longo do tempo diversas terminologias foram utilizadas para se referir às pessoas que possuem interesse afetivo-sexual em pessoas do mesmo sexo, conforme a tabela abaixo (MENEZES, 2005). Com o termo cunhado, resta-nos saber de onde surge o comportamento homossexual. Estudos divergem quanto à origem do comportamento sexual. Alguns indicam que seria um fator genético, onde genes regulariam o aparecimento ou não do comportamento homossexual. Pode-se ainda dizer que são fatores ambientais ou epigenéticos que regulariam essa conduta. Ainda existem autores que indicam que este traço estaria apenas em nível mêmico, ou seja, comportamentos ditos culturais, de ambiente específico. Uma última visão é a interacionista que equilibra entre fatores genéticos e ambientais (FORASTIERI, 2006). É difícil explicar o comportamento homossexual em humanos, uma vez que envolve diversos fatores de alta complexidade social.
“Se o indivíduo possui um traço que reduz
sua habilidade reprodutiva, este traço será selecionado negativamente...
...Porém, a freqüência elevada
da homossexualidade nas diversas populações do planeta mostra não ser plausível
que esta venha sendo reposta por mutações aleatórias. A desvantagem seletiva da
homossexualidade é grande na sociedade moderna, diferentemente do passado,
quando a maioria dos homossexuais se casava e tinha filhos para esconder sua
homossexualidade, enquanto apenas poucos recorriam ao celibato. A partir daí,
pode-se especular que o tempo que passou desde que os homossexuais pararam de
se casar e ter filhos é pequeno demais para que qualquer efeito seletivo
significativo tenha ocorrido. Pode ser que o traço tenha sido mantido porque os
homossexuais estavam tendo tantos filhos quanto os heterossexuais. Por esse
raciocínio, com a mudança nas relações sociais na atualidade, pode ser que o
traço tenha sua freqüência gradativamente diminuída nas populações humanas.”
V.
Forastieri, 2006
Esta é uma afirmação que enfatiza o pressuposto
genético como origem do comportamento em questão, mas deve ser compreendido
claramente que a homossexualidade na espécie humana é um processo extremamente
complexo e delicado de ser estudado (BORGES, 2010). Um estudo revela que a orientação sexual de um homem
pode ser determinada pelas condições do útero. No estudo descobriu-se que a
ligação entre o número de irmãos mais velhos e a homossexualidade existe apenas
quando se trata de irmãos biológicos. O autor sugeriu que o efeito se deve,
provavelmente, a uma "memória maternal" para os nascimentos
masculinos em nível uterino. O corpo de uma mulher pode ver o feto masculino
como algo estranho desencadeando uma reação imunitária que se pode tornar progressivamente
mais forte com cada criança do sexo masculino. Os anticorpos criados podem
afetar o desenvolvimento do cérebro masculino. No entanto, permanece em aberto
a questão dos mecanismos que controlam este efeito.
Já nos animais, com os estudos que vêm sendo
realizados é possível perceber que este comportamento tem função pacificadora
no grupo, seja evitando agressão, criando escalas de submissão ou formando
alianças. Nesse caso, tudo indica que a homossexualidade está estreitamente
ligada à evolução de comportamentos sociais mais complexos, provavelmente
agindo como redutora da agressividade entre machos (FORASTIERI, 2006) (PINTO,
2011). Diversos grupos animais apresentam homossexualidade.
Desde vermes marinhos até os primatas.
Certos vermes marinhos (Moniliformisdubius) cometem o chamado ‘estupro homossexual’ (FURLANETTO et al, 2011); leões (Leones) possuem parceiras reprodutivas e parceiros homossexual com quem criam a prole; bonobos (Pan paniscus) usam o sexo como moeda de troca o tempo todo, inclusive se este precisar ser realizado entre indivíduos do mesmo sexo. As relações homossexuais e heterossexuais são tratadas com o mesmo valor; o golfinho-rotador (Stenella longirostris) pratica sexo oral e penetração entre machos, isto pode estar ligado ao prazer, pela escassez de fêmeas ou apenas instinto de sobrevivência; nos cisnes-negros (Cignus atratus) é comum a formação de pares gays, no período reprodutivo se relacionam com fêmeas e assim que essas botam seus ovos, eles tomam os ovos e criam com seu parceiro; os bisões americanos (Bison bison) praticam sexo gay com objetivo de dominação principalmente entre machos, curiosamente essas relações são muito agressivas; os albatroz-de-laysan (Phoebastria immutabilis) fêmeas adotam a homossexualidade como estratégia de maior segurança no cuidado dos filhotes (ESTADÃO – Planeta, 2011). Enfim, os exemplos são muitos, mas é possível ver claramente que esse comportamento está geralmente baseado na organização social ou na facilidade de cuidado parental (TERRA – Ciência- Animais, 2011). No caso dos leões, por exemplo, podemos entender que o macho dominado provê prazer ao dominante em troca da segurança e da estabilidade do bando. É difícil afirmar que a relação se baseia apenas em afeto. Os bonobos são um exemplo claro do sexo sem compromisso, sem vínculo. Ele provavelmente serve de ‘calmante’ para o bando e por isso facilita as relações sociais. Existem ainda casos, como dos machos de sapos (Bufo bufo) e de flamingos rosa (Phoenicopterus ruber) que mantêm relacionamento homossexual com o macho dominante, normalmente mais velho, como estratégia de submissão e aprendizado de estratégias de reprodução (BORGES, 2010).
Certos vermes marinhos (Moniliformisdubius) cometem o chamado ‘estupro homossexual’ (FURLANETTO et al, 2011); leões (Leones) possuem parceiras reprodutivas e parceiros homossexual com quem criam a prole; bonobos (Pan paniscus) usam o sexo como moeda de troca o tempo todo, inclusive se este precisar ser realizado entre indivíduos do mesmo sexo. As relações homossexuais e heterossexuais são tratadas com o mesmo valor; o golfinho-rotador (Stenella longirostris) pratica sexo oral e penetração entre machos, isto pode estar ligado ao prazer, pela escassez de fêmeas ou apenas instinto de sobrevivência; nos cisnes-negros (Cignus atratus) é comum a formação de pares gays, no período reprodutivo se relacionam com fêmeas e assim que essas botam seus ovos, eles tomam os ovos e criam com seu parceiro; os bisões americanos (Bison bison) praticam sexo gay com objetivo de dominação principalmente entre machos, curiosamente essas relações são muito agressivas; os albatroz-de-laysan (Phoebastria immutabilis) fêmeas adotam a homossexualidade como estratégia de maior segurança no cuidado dos filhotes (ESTADÃO – Planeta, 2011). Enfim, os exemplos são muitos, mas é possível ver claramente que esse comportamento está geralmente baseado na organização social ou na facilidade de cuidado parental (TERRA – Ciência- Animais, 2011). No caso dos leões, por exemplo, podemos entender que o macho dominado provê prazer ao dominante em troca da segurança e da estabilidade do bando. É difícil afirmar que a relação se baseia apenas em afeto. Os bonobos são um exemplo claro do sexo sem compromisso, sem vínculo. Ele provavelmente serve de ‘calmante’ para o bando e por isso facilita as relações sociais. Existem ainda casos, como dos machos de sapos (Bufo bufo) e de flamingos rosa (Phoenicopterus ruber) que mantêm relacionamento homossexual com o macho dominante, normalmente mais velho, como estratégia de submissão e aprendizado de estratégias de reprodução (BORGES, 2010).
Uma matéria feita pela Folha de São Paulo mostra
algumas espécies que apresentam a homossexualidade e a função que esse
comportamento desempenha. Deste modo, pode-se dizer que não uma explicação clara
sobre a origem do comportamento homossexual, seja em humanos ou animais. É
muito precipitado comparar animais e humanos nas motivações desta conduta, pois
além de não se obter um padrão de causas nos animais, os humanos possuem
fatores muito mais complexos envolvidos, pois nossa estrutura social é, por sua
vez, mais abstrusa. “Além disso, comportamento homossexual é diferente de
orientação sexual. Foram encontradas boas explicações para o primeiro item no
reino animal, mas ainda é complicado entender quais as vantagens evolutivas que
se pode ter simplesmente nunca se relacionando com seres do outro sexo.”
(MIOTO, 2009). Ver
QUADRO DE CURIOSIDADES HISTÓRICAS– Guia do Estudante - Aventuras na História, mar. 2008.
O que mais vem se discutindo ultimamente em
relação à homossexualidade é um projeto de lei (PLC122/2006)
que tramita no Congresso Nacional há mais de 10 anos. Este projeto visa a
necessidade de criminalização da homofobia no Brasil. O projeto de lei foi
proposto pela Deputada Iara Bernardi em 2001, e em 2006 o projeto recebeu nova
numeração, além de sofrer inúmeras mudanças ao longo dos últimos 10 anos. No
final do ano de 2010 o projeto foi arquivado, em razão de não ter sido votado
até o fim da legislatura (procedimento padrão). No início de 2011 a Senadora
Marta Suplicy desarquivou o projeto de lei e é atualmente a relatora do mesmo (Site
InQuIeTuDiNe, 2011). A Lei não trata só de homofobia, mas parece que esse tem
sido o foco de discussão em cima desse Projeto (Entenda
o PL122/2006). Desde que a PL122/2006 foi
desarquivada, diversas manifestações vêm ocorrendo contra e a favor da
aprovação da Lei. Manifestações, principalmente de grupos religiosos, vêm sendo
praticadas através de manifestos
públicos e meios de comunicação. O pastor Silas Malafaia, da Igreja
Assembléia de Deus Vitória em Cristo, tem tomado frente e adquirido destaque
como principal idealizador da não aprovação da PL122/2006. Ele explana seu
pensamento principalmente através de seu Programa na TV aberta. Do outro lado, a Senadora Marta
Suplicy do PT-SP tem sido grande defensora da aprovação do Projeto de Lei. Ela
questiona os adiamentos da votação do projeto no Congresso Nacional. Contudo,
ela realizou mudanças no projeto de Lei que desagradou a comunidade gay, com a
justificativa de que a senadora estaria cedendo às pressões da bancada
evangélica. Outro deputado adepto à causa é Jean Wyllys do PSOL-RJ, que se
demonstrou contra as mudanças de Marta no PL (Revista Veja, 2011) (Terra
Magazine, 2011). Paralelo a estes acontecimentos, tem
sido cada vez mais recorrente os casos de agressão a gays em diversos locais do
país. No final do ano passado dois
homossexuais foram agredidos quando saíram de um bar na região da Avenida
Paulista, em São Paulo. A notícia ainda cita diversos casos que aconteceram
nos últimos dois anos. Em fevereiro desse ano, dois
homossexuais foram agredidos na saída do aeroporto Galeão no Rio de Janeiro.
Eles se recusaram a entrar em taxis piratas e acabaram sendo agredidos pelos
taxistas. Em conseqüência das agressões a comunidade gay vem se mobilizando em passeatas
pela não-agressão.
Sobre minha ocular, a homossexualidade é um desvio
comportamental humano. Muitos estudos estão sendo feitos, mas nenhum ainda é
satisfatório para que se diga que a homossexualidade tem caráter fisiológico.
Percebo que diversos fatores levam ao comportamento homossexual e geralmente
estes fatores parecem estar ligados a família, cada vez mais desvalorizada e
desestruturada. A homossexualidade é real, existe e não deve ser ignorada. O
homossexual não deve jamais ser perseguido, ser vítima de qualquer tipo de
preconceito, agressão física ou verbal, como qualquer outra pessoa. Ele não faz
parte de outra raça, espécie ou subespécie, mas é um ser humano e deve ser
tratado como tal em todos os aspectos. Por isso me vejo contra a instauração de
uma lei que os faz diferenciados, privilegiados ou preteridos. Naturalmente ou biologicamente,
o homem se vê completo na mulher e vice-versa. Essa complementaridade é em
nível psicológico, sexual, emocional e fisiológico. Tentar se completar no
mesmo sexo vêm a ser insatisfatório do ponto de vista biológico, sendo que o
indivíduo do mesmo sexo não poderá jamais suprir completamente o seu parceiro. Não devemos esquecer que um homem tem inúmeros papéis
em sua vida. Ele é filho, irmão, sobrinho, neto, cunhado, empregado, namorado,
aluno, amigo, tem dons intelectuais ou manuais, pode ser homo ou heterossexual.
Não se pode avaliar um homem ou mulher apenas por uma de suas características
sob pena de perdermos o melhor que ele (a) tem para nos oferecer. Descrever a
homossexualidade como um simples caso de escolha é ignorar a dor e confusão por
que passam tantos homens e mulheres homossexuais quando descobrem a sua
orientação sexual. É absurdo pensar que esses indivíduos escolheram
deliberadamente algo que os deixa expostos à rejeição por parte da família,
amigos e sociedade. Há ainda muito a aprender sobre a sexualidade humana. Você
pode não aceitar, não entender, mas deve respeitar as diferenças, a diversidade
de opiniões; pois, o homossexual é um ser humano como outro qualquer. O ser
humano foi dotado de livre arbítrio, e você, como um ser humano que é, pode
exercitar seu livre arbítrio através do bom senso e da tolerância.
O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia e baseado nas seguintes obras:
AZEVEDO, Bruno. Manifestantes
fazem ato contra agressão de gays em SP. G1, 2011. Disponível em:
AZEVEDO, Bruno; DOMINGOS, Roney. Casal
gay é agredido na região da Avenida Paulista. G1, 2011. Disponível em:
BARROS, Ana Cláudia. Marta
defende lei anti-homfobia: Jean Wyllys tem má-fé. Terra Magazine –
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BORGES, Jerry Carvalho. Os
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<http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/por-dentro-das-celulas/os-segredos-no-fim-do-arco-iris>
ESTADÃO.COM.BR/Planeta. Homossexualidade
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Priscila. Homossexualismo – Opção,
Estratégia ou Evolução? Blog Etologia no Dia-a-dia, 2011. Disponível em:
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votação de lei anti-homofobia. R7 Notícias: Brasil, 2011. Disponível em:
RODRIGUES, Humberto & LIMA, Cláudia de Castro. Vale-tudo: Homossexualidade na antiguidade. Guia do Estudante –
Aventuras na História, 2008. Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/historia/vale-tudo-homossexualidade-antiguidade-435906.shtml>
SITE DO SENADO FEDERAL. Portal
de Atividades Legislativas – Projetos e Matérias Legislativas. Disponível
em:
SITE InQuIeTuDiNe. Entenda o
PLC122/2006/ lei anti-homofobia. 2011. Disponível em:
TERRA – Brasil: Política. Taxistas
suspeitos de agressão a casal gay são presos no Rio. 2012. Disponível em:
TONIETTE, Marcelo Augusto. Um Breve Olhar Histórico Sobre a
Homossexualidade. Revista Brasileira de
Sexualidade Humana. Pág. 41-52. Vol. 17, n.1, 2006. Disponível em: <http://www.sbrash.org.br/portal/images/stories/pdf/5-rbsh-vol17-2006-n1.pdf#page=37>
YOUTUBE. Vídeo: Silas Malafaia Vote Contra a Lei PL 122/2006.
Disponível em:
sábado, 19 de maio de 2012
Infidelidade: génetica, historia evolutiva ou cultura social?
Por Bruna Bortolini e Nataly Ostrowski
Acadêmicas do curso de Biologia
Muitos
estudos atualmente tem apresentado diferentes hipóteses para a explicação da
infidelidade, seja através da genética, através do passado da espécie ou na
cultura em que vivemos apoiadas também em estudos comparativos entre o homem
com outros animais como pássaros e primatas (o ser vivo mais parecido com o
homem ainda vivente). Segundo
Barash (2007) existe a monogamia social em que os parceiros fazem ninhos
juntos, recolhem alimentos e copulam; e a monogamia sexual que é semelhante a
outra, porém com a cópula exclusiva. Para Santos (2002), monogamia não é
natural em machos nem em fêmeas de aves. Para os machos significa que com
quanto mais fêmeas copular maior será a chance de passar seus genes adiante, e
para as fêmeas, a evidência evolutiva mais aceita é a de que promove a
competição entre os espermatozóides de vários machos, e assim os
espermatozóides de machos ditos mais “fracos” são descartados, além de garantir
o apoio na criação da prole do seu parceiro social, mostrando a infidelidade
nestas copulas extras conjugais, também chamadas de CEP (copula extra par) como
chama o autor.
Segundo Zatz (2011),
um estudo mostrou a relação entre a infidelidade e um gene específico – o
receptor de dopamina D4. Esse gene apresenta uma região com um número variável
(2 a 11) de repetições. Pessoas com um número maior de repetições (7 ou mais)
teriam uma maior predisposição para buscar novas sensações e emoções. A
hipótese dos autores é que essas pessoas também teriam uma tendência maior a
ser sexualmente promíscuas e infiéis. Outro trabalho publicado no
site ciência e saúde,
mostra a infidelidade em rãs. Para os cientistas esse padrão é óbvio para os
machos uma vez que obtem maior número de descendentes possíveis, mas para as
fêmeas não é tão fácil identificar. Segundo os cientistas, as fêmeas que
possuem esse mecanismo herdaram esse comportamento do pai, indicando que esta
pode ser uma característica genética. O site ciclovivo
(2012),
mostra um estudo de que mudanças ambientais podem estar alterando os hábitos de
alguns pássaros em torná-los mais infiéis. O texto diz que isso se deve pelo
fato de que como os animais não sabem o que esta por vir, por causa de todas
estas mudanças abruptas no tempo, procuram copular com um maior numero de
animais, procurando genes resistentes para a perpetuação da espécie.
No texto de Mendonça (2012) a discussão sobre infidelidade e o conceito
social, depende do lugar onde se vive. O matrimônio em nossa cultura ocidental,
prevê o casamento como instituição monogâmica e as relações extraconjugais
configuram infidelidade, nas culturas que prevêem o casamento poligâmico, a
infidelidade também é caracterizada por relações extraconjugais e embora várias
esposas possam ser tomadas por um único homem, elas precisam ser
desposadas, e isto se realiza a partir
de um novo pacto. A infidelidade está relacionada com a moral, idéias de culpa,
pecado, castigo e os custos impostos aos indivíduos que possam desrespeitar a
lei e ir atrás de um “instinto natural”, procurando o desejo em outras pessoas. Casos chocantes são
noticiados sempre através dos meios de comunicação, como no caso destareportagem, em que o marido confessa que após saber da traição, mata a esposa e come seu
coração com cachaça, ou ainda o caso da mulher que descobre a traição do
parceiro e divulga o vídeo desmascarando a melhor amiga, e o que é
interessante, é que a esposa difama a amiga, porem conserva a imagem do marido.
Ao observarmos casos como estes, percebemos que por mais que nós, seres
humanos, sejamos seres com raciocínio e consciência mais desenvolvidos, muitas
vezes os instintos animais falam mais alto e agimos como qualquer outro animal
quando descobrimos ou desconfiamos que somos traídos.
Estes casos, ainda,
demonstram comportamentos animais, estudados por muitos grupos de
pesquisadores, em que o macho, não aceita a traição tendo uma atitude para manter
seu status, porém em casos animas os machos acabam por abandonar a fêmea e
coloca em situação de fracasso, e não comete atos tão violentos, a mulher que
expõem a amiga, toma uma atitude de desvalorizar a outra fêmea que é
concorrente, e mostrar ao grupo, o que a outra fez, casos que podem ocorrer em
alguns grupos animais.
Para confirmar ainda mais o
que já foi relatado neste texto, em uma reportagem da revista Veja os pesquisadores dizem que a cada quatro mil
espécies de mamíferos, apenas três são monogâmicos, comprovando assim que a
promiscuidade e a infidelidade são mais naturais do que
supunha-se nos animais e que esta pode não ser a exceção mas a regra no mundo
animal.
Como biólogas, vemos que a que
a CEP em humanos é biologicamente natural. Mas como a maior parte das culturas
impõe a monogamia e são lideradas por homens (que assim como os demais animais
geralmente são os machos que tem estratégias para evitar a infidelidade da
fêmea) a CEP é tida como infidelidade, algo imoral, antiético, pecaminoso,
principalmente quando se trata do sexo feminino. Sendo todo ser vivo resultado
da soma da genética e do ambiente, o ser humano encontra-se em constante duelo
com o seu instinto e a sua cultura.
O presente ensaio foi
elaborado para disciplina de Etologia e se baseou nas seguintes obras:
D. P. BARASH;
E. J. LIPTON. O mito da monogamia: fidelidade e infidelidade entre pessoas e
animais, Ed. Record. Rio de Janeiro. 2007.
Formação de grupos: vantagens para alguns, dor para outros.
Por Francielle Clais e
Gabriella Torrens
Acadêmicas do Curso
de Biologia
O convívio social na natureza é muito comum e trouxe como vantagens para os animais proteção, obtenção de alimentos, reprodução e defesa de predadores, mas nesse processo de formação de grupo existe o lado cruel onde o diferente não entra e pode ser agredido se avançar limites estabelecidos. A vida em grupo beneficiou muitas espécies, e em decorrência a evolução de mecanismos de comunicação e interação levaram às sociedades complexas. Para se ter o convívio em grupos é necessário ter objetivos em comum, seja positivo ou negativo, como, por exemplo, disputa de território, captura de alimento, cultura ou religião no caso de humanos. Em muitos casos os grupos costumam se tornar territorialistas e a disputa por espaços com outros gera conflitos entre eles.
Nossos
parentes genéticos mais próximos os chimpanzés possuem características sociaismuito semelhantes a nós humanos e são um grande exemplo de grupos territorialistas. Em 1974, pesquisadores do
sítio Jane Goodall, na Tanzânia, presenciaram uma nova forma de agressão de um
chimpanzé: oito membros de uma comunidade surpreenderam e mataram um macho
adulto jovem do grupo vizinho. E nos três anos seguintes, os agressores acabaram
completamente com todos os vizinhos, matando até mesmo fêmeas e bebês, e assim
apossaram-se do território. Porém os conflitos não duram para sempre e entre
eles existem momentos de tréguas e ajuda ao próximo, um grande exemplo é o caso
dos morcegos-vampiros, os quais se alimentam
e oferecem ao seu semelhante que por alguma razão teve uma caçada
frustrada.
Os animais
(exclusivamente o Homem), em geral são egoístas, caso façam algum favor ao
próximo esperam algo em troca, algum benefício por estarem se doando ao seu
semelhante, esperando que esse favor seja retribuído algum dia. Um tema bem
atual a respeito da formação de grupo é o chamado bullying, que vem da tradução
literal do termo bully que significa ameaçar, intimidar, dar trote, fanfarronar
e bravatear. O bullying compreende todas as formas de atitudes agressivas,
intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um
ou mais estudantes contra outros que não façam parte de seu grupo, causando dor
e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Uma pesquisado IBGE realizada em 2009 revelou que quase um terço (30,8%) dos estudantes
brasileiros informou já ter sofrido bullying, sendo a maioria das vítimas do sexo
masculino. A maior proporção de ocorrências foi registrada em escolas privadas (35,9%),
ao passo que nas públicas os casos atingiram 29,5% dos estudantes.
Embora certos
atos de crueldade pareçam gratuitos, eles não o são, havendo um componente
prévio de ordem política ou social. Uma pesquisa desenvolvida no Instituto de
Psicologia (IP) da USP, analisou algumas modalidades de violência, com base nos
grandes genocídios. Principalmente no Holocausto da Segunda Guerra Mundial,
quando a barbárie humana atingiu uma magnitude até então inédita. A fim de
compreender como o homem pôde alcançar tais níveis de destrutividade, a
psicóloga Marie Danielle Brulhart Donoso resolveu articular aspectos históricos
e cotidianos, e individuais e coletivos, fazendo uma análise da relação
indivíduo-mundo. Sigmund Freud, o pai da psicanálise, relaciona a perversão à
sexualidade, mas a autora ampliou o estudo para as perversões morais (não
ligadas à sexualidade): “a perversidade está também na relação do dia-a-dia, e
não só nos grandes massacres. A dominação atrelada à crueldade pode
encontrar-se num chefe autoritário, por exemplo”. A pesquisa direcionou sua
análise aos opressores que praticam atos cruéis com indiferença (o perverso),
havendo uma distinção daquele que o faz por prazer (o sádico). Marie relembra
que Freud afirmava que para viver em sociedade o homem teria que renunciar aos
seus impulsos naturais (isto é, não poder fazer tudo aquilo que deseja, quando
e como quiser), criando, desta maneira, uma tensão constante entre os
interesses pessoais e as exigências da cultura. Dessa forma, a pesquisadora não
acredita que o ser humano esteja mais cruel hoje, mas ele “atualmente está mais
instrumentalizado tecnologicamente para dar vazão a esse tipo de impulso.” A
pesquisadora observa que a perversidade acompanha o homem ao longo da história,
já que sempre existiram os dominados e os dominadores. Segundo ela, isso
explica porque grandes massas podem cometer atos de destruição: “Quando se está
em grupo, há certa desinibição para descargas de ordem não racional. Em uma
massa, as pessoas tornam-se anônimas e se sentem libertadas para fazer o que
sentem vontade, ou para seguir o que fazem os outros. Segundo a psicanálise, na
massa fala mais alto o desejo do todo, não mais a vontade individual”. Segundo
Marie quando o grupo é coordenado por um líder este passa a representar um
ideal para os membros, que passam também a identificar-se entre si. As
diferenças existentes entre grupos (quaisquer que sejam elas) são vistas como
uma ameaça, como algo intolerável, e por causa desta ameaça torna-se
justificável a sua destruição. A pesquisadora também atenta para o fato de que
em muitos casos de destruição em massa, o grupo opressor trata o oprimido como
não-pertencente à humanidade, comparando-os com certos animais ou até objetos.
E essa desumanização pode facilitar ainda mais os atos de crueldade. Deste
modo, os gestos parecem, à primeira vista, gratuitos para quem está de fora,
mas derivam de uma intolerância que pode ter diversas causas. Não há
questionamento a respeito dos atos do líder.
Os recentes
casos de agressão à homossexuais, índios e episódios divulgados pela mídia como
o de Suzanne Von Richthofen (que assassinou os pais com ajuda do namorado) são
exemplos vivos de agressão “gratuita”. “A crueldade, esteja ela articulada ao
sádico ou ao perverso, caminha junto com o ser humano”, acrescenta Marie.
Animais quevivem em grupo, sociedades complexas adotaram os grupos como forma de se
beneficiarem. Todo grupo possui um chefe que mostra aos seus discípulos
vantagens por estarem naquele determinado grupo e demonstram que outros, diferente
deles não podem fazer parte do grupo por serem maus, mostrando que eles merecem
punições assim como os desertores, por isso muitas vezes agem com violência.
Com o ser humano é igual e a discriminação serve para deixar longe pessoas que
não façam parte do relacionamento pessoal do chefe do grupo.
Solidariedade animal que o ser humano deve tomar como lição de vida – Altruísmo.
Por Jhonatan Rodrigues de Lima e
Sarita Teresinha Burei
Acadêmicos do Curso de Biologia
O altruísmo é um conceito difícil de ser compreendido, alguns
estudiosos definem o altruísmo como caridade, simpatia, através da qual um
indivíduo coloca-se, pelo menos subjetivamente, na posição do outro. Na biologia,
altruísmo é definido como um comportamento que favorece a sobrevivência ou
aumenta o número de descendentes de outro indivíduo à custa de sua própria
reprodução ou sobrevivência (Alves et al., 2004). O exemplo mais corriqueiro
que se conhece de altruísmo animal ocorre em algumas espécies de aves, também
chamado de “reprodução cooperativa”, quando um ou mais membros de um grupo
social contribuem com o cuidado parental de um filhote que não é seu, os
ajudantes de ninhos, indivíduos que abdicam de sua própria reprodução em favor
da reprodução de outros indivíduos, ajudando a cuidar de filhotes que não são
seus. Estes estudos são ferramentas para o estudo da evolução altruísmo e dos
sistemas sociais dos animais.
Um estudo publicado em 2011 na revista cientifica “PNAS”, revela que os chipanzés são animais de comportamentos altruístas, ao contrário do que muitos cientistas imaginavam. Os animais impressionam pelos gestos de solidariedade e altruísmo. E não trata-se somente daqueles casos em que a fêmea de uma espécie adota e amamenta um filhote de outra espécie. São verdadeiras lições de vida para nós, seres humanos, por vezes egoístas e presunçosos. Um exemplo famoso de altruísmo aconteceu em 1992, na cidade italiana de Abruzzi, quando um bebê abandonado pela mãe foi salvo da morte pela cadela Gina, que o arrastou até perto de seus filhotes e o amamentou por quase quatro semanas. O bebê foi descoberto pelo fazendeiro Aldo Stefani, dono da cadela. Outro caso relatado foi num instituto de pesquisa, a chimpanzé de nome Washoe, mantida em cativeiro, arriscou a vida pulando uma cerca eletrificada para salvar uma outra chimpanzé que estava se afogando, e que ela nunca havia visto. A macaca heroína demonstrou empatia, ou seja, teve a capacidade de se colocar na pele de outro ser.
Um estudo publicado em 2011 na revista cientifica “PNAS”, revela que os chipanzés são animais de comportamentos altruístas, ao contrário do que muitos cientistas imaginavam. Os animais impressionam pelos gestos de solidariedade e altruísmo. E não trata-se somente daqueles casos em que a fêmea de uma espécie adota e amamenta um filhote de outra espécie. São verdadeiras lições de vida para nós, seres humanos, por vezes egoístas e presunçosos. Um exemplo famoso de altruísmo aconteceu em 1992, na cidade italiana de Abruzzi, quando um bebê abandonado pela mãe foi salvo da morte pela cadela Gina, que o arrastou até perto de seus filhotes e o amamentou por quase quatro semanas. O bebê foi descoberto pelo fazendeiro Aldo Stefani, dono da cadela. Outro caso relatado foi num instituto de pesquisa, a chimpanzé de nome Washoe, mantida em cativeiro, arriscou a vida pulando uma cerca eletrificada para salvar uma outra chimpanzé que estava se afogando, e que ela nunca havia visto. A macaca heroína demonstrou empatia, ou seja, teve a capacidade de se colocar na pele de outro ser.
Em
2009, três homens passavam no momento de um acidente e correram para
socorrer um carro submerso em um canal em Londrina, no Paraná, um acidente de
trânsito por pouco não acabou em tragédia, graças a três brasileiros que
arriscaram suas vidas para salvar uma família que estava em um carro, dentro
dele, estavam o pai e duas filhas: uma de 8 anos e a outra de 5 anos. Sobre o teto, dois homens se esforçam para retirar os passageiros. Um deles é o
entregador de jornais Daniel Pedroso. É ele quem tenta quebrar os vidros com
uma chave de rodas. Este ato de heroísmo, também compreendido como ato de altruísmo
obedece por completo a definição de altruísmo biológico. Os humanos, por meio
do comportamento moral, diminuem seus recursos ao favorecer a outros
indivíduos, parentes ou não (Ver o vídeo).
O presente ensaio foi elaborado para
disciplina de Etologia e se baseou nas obras:
ALVES, A. A.; KIMURA, H.; BASSO, L. F.
C.; KRAUTER, E. O altruísmo nas organizações: Interação e Seleção Natural. Anpec,
2004.
RODRIGUES, M. A sociedade das aves e o
paradoxo do altruísmo. Univerciência. UFMG, 2002.
O vídeo com o primatólogo Frans deWall da Universidade de Emory (EUA)
Ecologia Comportamental: uma ferramenta para interpretar as relações interespecíficas e intraespecíficas.
Por Heros Henrique Heller Chaves;
Leonardo José Lobo Brantes; Marielle Hütner
Acadêmicos do curso de Ciências
Biológicas
A Ecologia Comportamental (Ecoetologia/Etoecologia) é a
ciência que estuda o comportamento dos seres vivos em seu meio natural, visando
principalmente aspectos evolucionistas, tais como a maneira como um padrão
comportamental irá contribuir para as chances de sobrevivência e o sucesso (ALCOCK, 2011; KREBS; DAVIES, 1996). Estudos metodológicos, teóricos
e observativos permitem compreender a forma como os animais procuram alimentação,
gerem seu território e tiram proveito da vida em grupo para assegurarem a sobrevivência da espécie. A Ecoetologia também busca entender por que
diferentes espécies se comportam de diferentes maneiras e por que em uma mesma
espécie pode haver diferenças comportamentais individuais. As condições
ecológicas irão determinar quais padrões comportamentais serão favorecidos
durante a evolução (KREBS; DAVIES, 1996).
Em 1978, Krebs e Davies
publicaram o livro “Ecologia Comportamental” mostrando uma nova
tendência de estudo do comportamento animal, usando a adaptação como um
conceito central, visando avaliar como um comportamento poderia maximizar a
aptidão dos indivíduos que o apresentassem. Os autores ainda enfatizaram a
importância da necessidade de se quantificar a variação do comportamento com
acuidade e o uso da variação entre os indivíduos em teses hipóteses
adaptativas. Esses métodos direcionaram os estudos da ecologia comportamental
até o final da década de 80. Entretanto, a partir de 1990, ecoetologistas
passaram a abandonar algumas áreas de seu interesse tradicional e assumir novos
desafios, como o desenvolvimento de modelos adaptativos simples para investigar
fenômenos biológicos complexos que começaram a ser aplicados em muitas áreas do
comportamento. Dentre elas podemos destacar análises sofisticadas que incluem
modernas técnicas de genética e informática que permitem testar o papel do
comportamento na determinação de padrões de especiação de padrões de especiação
e extinção. Coloque alguns links para exemplificar
A
ecologia comportamental no início do século XXI se apresenta como uma
ferramenta útil para a ecologia da conservação, possibilitando um melhor
entendimento e possibilidade de teste do valor adaptativo de comportamentos
exibidos por diferentes membros de uma mesma rede trófica, fato essencial para
a manutenção da viabilidade de comunidades naturais ainda bem preservadas.
Nós formandos de biologia acreditamos que com o estudo da ecologia comportamental é
possível compreender e comprovar experimentalmente a eficácia de um determinado
comportamento sobre a adaptação de um animal, permitindo reconhecer as bases
ecológicas e evolutivas dos comportamentos em seu ambiente natural, tais como a
escolha de uma estratégia de caça (individual ou em grupo), os mecanismos de
fuga dos predadores, hábitos de higiene, cuidado parental, entre outros.
Esse ensaio foi elaborado para
disciplina de Etologia e se baseou nas obras:
ALCOCK, J. Comportamento animal: uma
abordagem evolutiva. 9.ed. Porto. Alegre:
Artmed, 2011. 606p.
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