A reportagem polêmica da semana foi veiculada no
Domingo Espetacular a respeito da dieta vegetariana que alguns tutores de
animais estão proporcionando para espécies carnívoras. A ideia de que nós
humanos precisávamos da proteína animal para desenvolvimento e manutenção do
nosso poderoso sistema nervoso já caiu por terra há muito tempo. Mas, faz
sentido, pois nossa dieta nunca foi 100% carnívora, aliás, a carne era
consequência de uma caçada bem sucedida que poderia demorar muitas semanas para
acontecer e quando acontecia era um grande evento. A dieta de rotina era
composta por raízes, grãos, frutos e insetos, logo somos onívoros. O tutano e a
carne foram fundamentais para o aumento do nosso cérebro na época do Homo habilis. O domínio do fogo pelo Homo erectus proporcionou o cozimento
dos alimentos, que nos trouxe muito mais energia (Ler Pegando fogo: como ocozimento dos alimentos nos tornou humanos), porém nosso cérebro parou de
crescer há 100.000 anos... Logo, a proteína animal pode ser tranquilamente
substituída. Ao longo dos milhões de anos da história do nosso gênero, muitas mudanças
contribuíram para alcançarmos a morfologia da nossa mandíbula, dos nossos
dentes, do nosso intestino... todos sendo moldados de acordo com a nossa dieta.
Porém, os animais carnívoros ainda vivos, possuem sua morfologia, fisiologia e
comportamento adaptados para dieta carnívora. O grande questionamento é se o
ser humano pode decidir que é bom para o animal se alimentar com uma dieta tão
discrepante. Uma rápida passagem pelo google com o presente tema nos leva a
inúmeros sites que defendem o cachorro verde, apresentando uma visão de que são
carnívoros oportunistas, tão onívoros como nós. Mas o que dizer de gatos e até
leões. O rancho dos gnomos tem divulgado a tentativa de criar uma ração com soja e nutrientes sintéticos
que possa substituir as vísceras de boi, carne de frango e ratos usados para
alimentar 11 leões, um tigre, uma onça parda, corujas e gaviões. A maior
dificuldade encontrada por eles é tornar a comida atraente, pois disso já
sabemos muito bem, alimento não é só nutriente - como a taurina, um aminoácido
encontrado na carne e importante para a nutrição do felino – mas é também
cheiro, textura, som... Os motivos que levam uma pessoa a se tornar vegetariano
ou vegano são os mais diversos como a preocupação com a própria saúde, com o
meio ambiente e com as condições em que animais como vacas, galinhas e porcos
são convencionalmente criados. Aliás esse é um tema que eu e a Andressa estamos
pretendendo estudar e entender melhor. Porém, pergunto até que ponto temos o direito
ou a obrigação de intervir na dieta dos animais que estão sob nossa tutela? Eu concordo
que o consumo de carne pela nossa sociedade está extrapolando todos os limites
de tolerência e compreensão no que diz respeito tanto aos impactos ambientais como as condições de bem-estar aos animais,
concordo também que devemos buscar urgentemente novas fontes de nutrição para
suprir nas necessidades de nossos 7 bilhões de humanos. Mas vamos intervir
também no rumo da evolução? O que você acha?
Blog de discussão e aplicação de conhecimentos científicos no dia-a-dia, destinado para alunos e interessados na Ética Prática, Dialogante e Multidisciplinar própria da Bioética!
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Muito interessante a postagem, concordo com você no ponto que até onde devemos intervir na dieta dos animais, acho que devemos desestimular os cachorros e onívoros a pararem de comer carne -isso inclui o ser humano- , e os carnívoros, a comerem carne devido aos seus costumes que devem ser respeitados...
ResponderExcluirGostaria também de parabenizar você por ter um blog com tanta diversidade de opinião, realmente adorei ele. Beijos (: