sexta-feira, 25 de maio de 2018

Corrupção : um fenômeno humano ou natural ?


Série Ensaios: Sociobiologia

Por Camila Bisson, Daniel Wolff Stanczyk, Emanuella Dalla Costa, Isabela Tanobe, Karine Griner, Sophia Cândido e Thays Chagas.
 Acadêmicos do Curso de Psicologia

Caso de corrupção no Brasil: No ano de 2015, uma das maiores empresas frigoríficas do mundo, a JBS, pagou uma quantia de R$ 20 milhões ao então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha para conseguir aprovar o projeto de desoneração tributária da folha de pagamentos para os produtores de aves.

A corrupção pode ser interpretada como um comportamento natural e fixado pela evolução, uma vez que os exemplos são comuns, com destaque para o Pássaro Cuco  e o Pássaro Drongo Rabo de Forquilha.
Os pássaros Cucos não fazem ninho, e quando precisam botar ovos, colocam em ninhos já feitos por outras aves. Quando os filhotes do cuco eclodem (normalmente antes dos filhotes originais), esses empurram os outros ovos ou filhotes, derrubando eles do ninho. Desse modo, apenas o filhote do cuco é cuidado, e aparentemente passa despercebido pela mãe da outra espécie.


Os Drongos costumam viver junto de pequenas espécies mais rasteiras africanas, como os suricatos. E fazem um canto estridente para avisar que tem um predador nas redondezas (como muitas outras espécies fazem). No entanto, normalmente esse aviso é falso; o drongo avisa na hora que os animais estão comendo, e quando estes deixam os alimentos no chão, para poder fugir, o pássaro rouba a comida desses animais.
O comportamento de trapaça parece ser uma variação nas seguintes situações:
 ­a) Camuflagem para caçar ou se esconder de predadores (como uma onça, no caso de um predador, e como um bicho-pau no caso de presa).
b) Parasitismo que algumas espécies fazem (como piolhos e carrapatos). Parece uma junção das duas situações, porque na corrupção os animais enganam (como na camuflagem) e se aproveitam (como no parasitismo).

Aparentemente, o comportamento de trapaça/corrupção apareceu no reino animal, como um método de uma espécie tirar vantagem da outra, para não gastar muita energia (melhor para o organismo). Como esse comportamento normalmente funciona e não existem consequências, a evolução se encarregou de mantê-lo. Parece que a trapaça está presente apenas em animais de cognição maior e desse modo existe consciência do ato (diferente da camuflagem em que o animal já nasce com essa característica física). Então esses usam isso em seu favor. Também ocorre com animais mais solitários, que talvez não tenham a facilidade de um grupo para capturar um alimento, então usam desse artifício para garantir comida.  Então há de se pensar se pensar se a trapaça no reino animal, é errada mesmo, ou se é errada apenas pela nossa convenção moral humana, porque é uma estratégia de sobrevivência implantação pela evolução. Tendo sempre como objetivo principal, a propagação da espécie.
A corrupção pode ser explicada, dentre outras formas, pelo viés da biologia. Na teoria do cérebro trino, elaborada por Paul MacLean, o cérebro é constituído por três partes: o cérebro reptiliano (responsável por garantir a sobrevivência, reflexos simples e pelos instintos), sistema límbico (responsável pelas emoções e comportamentos sociais) e neocórtex (parte racional, que funciona como um filtro crítico e moral, seguindo regras sociais).
Na matéria “O cérebro dos corruptos", da revista Istoé, é abordada qual a influência do cérebro trino no comportamento corrupto. Segunda tal matéria, há indícios de que nos indivíduos nos quais o comportamento corrupto é recorrente, o neocórtex é falho, não filtrando devidamente os instintos e impulsos, fazendo com que esses sobressaiam-se aos comportamentos moralmente aceitos.
Observando tal comportamento através do ponto de vista neuroquímico, constata-se que o ato corrupto pode levar à liberação de neurotransmissores relacionados ao prazer (como no estupro) e recompensa (como no furto); todos esses obtidos a partir de um "atalho", sem grande esforço. Se o comportamento corrupto for reforçado por respostas positivas, ele tende a se tornar um hábito e as sinapses relativas à essa conduta serão intensificadas.

O indivíduo por natureza depende do grupo para sua sobrevivência, mas acima de tudo preza por sua liberdade. Desobedecer a regra do seu determinado grupo pode ser uma fuga mesmo que inconsciente para a sua liberdade. Quando o ser quebra uma regra logo é visto como “poderoso” perante o grupo pois não está sendo submisso a hierarquia imposta e tem poder sob si mesmo, saindo do padrão. “O poder corrompe e expor sinais de corrupção faz com que pensem que você e poderoso”, entretanto, tanto no mundo animal quanto o humano as consequências podem ser graves. Outro exemplo, e a busca por prazer que também pode motivar tal ato, praticar o corrupto beneficiando o próprio prazer, atrai o ser. Em casos de seres que resistem a esta vontade, significa que a busca por prazer pode ser associada ao temor, que faz com que a ação deste gire em torno do medo. Outro exemplo de resistência está relacionado a moral, em que o indivíduo decide respeitar os princípios pela convivência em sociedade. Percebemos então, que por uma falha, alguns dos estímulos cerebrais mais primitivos nem sempre se adaptam ao meio e, em casos como o do furto, acabam satisfazendo o indivíduo através de um ato que consideramos imoral.
Isso acontece pois eles não têm o "filtro" para seus impulsos e acaba fazendo coisas inaceitáveis pela sociedade. Se por um acaso esse comportamento corrupto tiver respostas positivas, isso serve como estímulo e pode agravar o mesmo. Além disso, não só por essa falha, mas por, instintivamente prezar por sua liberdade, com isso, quebrando essas regras, ele se sente com mais poder por não ser submisso a esse padrão imposto.
Acreditamos então que o comportamento corrupto, influenciado por fatores transgeracionais e biológicos, é muito comum no reino animal, de modo mais elaborado nos animais que possuem o processamento cognitivo mais desenvolvido, principalmente no ser humano. Porém, a trapaça não deve ser um comportamento recorrente na organização social humana, pois a corrupção só traz benefícios a uma das partes envolvidas, e uma comunidade deve visar o benefício e bem-estar de todos.

O presente ensaio foi realizado para disciplina de Etologia, baseando-se nas obras:
O cérebro trino: reptiliano, límbico e neocórtex. Disponível em: . Acesso em: 04 de maio de 2018.
O cérebro dos corruptos. Disponível em: . Acesso em: 04 de maio de 2018.
O “jeitinho brasileiro” nas demais espécies?. Disponível em: . Acesso em: 04 de maio de 2018.
Quebrar regras faz pessoas parecerem poderosas. Disponível em: . Acesso em: 04 de maio de 2018.

Corrupção e imoralidade são exclusivamente humanas?


Séries Ensaios: Sociobiologia
Por: Akkemy Kninue Lapola Suemitsu,  Bruno Henrique Bortoletto Zanardo,  Hariadny Dominique Martins,  Nathalia Verçosa Perez Gorte,  Rafaella Armstrong Marques,  Renan Schafhauser Oliveira
Acadêmicos do curso de psicologia

Em 2016 aconteceu o escândalo sobre a influência russa nas eleições norte americanas, já que o ex-chefe da campanha, e um colaborador foram condenados por 12 delitos, além da confissão de um ex-assessor sobre mentir em ter contatos com a Rússia. As acusações incluíram ocultação de atividades e lavagem de dinheiro. Esse acontecimento trouxe à tona não só a questão da corrupção, mas também da imoralidade e da mentira.
A corrupção e imoralidade estão diretamente ligadas a fatores histórico-sociais como: a forma que se estrutura a cultura de ética de cada país, como as instituições politicas são organizadas, a quantidade de transparência política, a opinião pública e a imprensa.
Além disso, a corrupção não é algo exclusivo de países subdesenvolvidos, e com base no Índice de Percepção de Corrupção 2017 realizado pela ONG Transparency International (TI), é possível concluir tal afirmação. Na pesquisa com a escala que vai de zero (mais corrupto) a 100 (menos corrupto), os Estados Unidos e Bélgica (75), países considerados desenvolvidos, não estão muito distantes do Uruguai (70), Costa Rica e Lituânia (59), países considerados emergentes.
A política sempre teve um elo com corrupção e imoralidade. Apesar de não ser exclusividade dos humanos, tais comportamentos podem ser explicados de forma biológica (reações químicas ou disfunções corporais) e etológica (comparação do comportamento com outras espécies).
A imoralidade, por exemplo, consegue ser explicada como uma possível psicopatia provocada por falhas no córtex pré-frontal, ou até mesmo uma liberação reduzida de neurotransmissores que estão ligados à sensação de bem-estar. Logo, se há falhas físicas no cérebro ou erro químico desses neurotransmissores, o indivíduo acaba cometendo atos considerados imorais pela sociedade porque são a forma de buscar a sensação de bem-estar e prazer.
Essa busca da sensação de bem-estar também acaba sendo reforçada com recompensas condicionadas – nesse caso o dinheiro que é um reforçador primário – que atuam em uma parte do cérebro chamada via mesolímbica de recompensa dopaminérgica, que é justamente a recompensa cerebral e a dependência química. Caso aconteça de não existir punição para tal comportamento de corrupção e imoralidade, o córtex pré-frontal não o interromperá.
Assim, se a pessoa apresenta essa patologia há poucas probabilidades de ter uma mudança no seu comportamento, porque ela tenta racionalizar sua conduta a fim de que se pareça correto, sensato e justificado. Além disso, pode também ser um problema relacionado à aprendizagem, já que ela não consegue aprender com seus repetidos erros, o que pode levar à sérios problemas pela má capacidade de tomar decisões.
Para o comparativo etológico, é possível utilizar o estudo do pesquisador Brandon Wheeler da Universidade de Kent que mostrou como macacos-prego utilizam alarmes falsos para roubar comida. As experiências que foram realizadas na Argentina provaram que os macacos mais experientes poderiam comer as bananas antes dos mais jovens, porém, ao sinal de perigo os que estavam esperando sua vez deveriam fazer um alarme de que poderia existir um predador por perto. A conclusão do estudo foi que os mais jovens acabam emitindo alarmes falsos para que os mais velhos saiam de perto das bananas e eles tenham a oportunidade de roubá-las e fugir logo em seguida.
Com base nesses comparativos históricos, etológicos, biológicos, científicos e estatísticos nós como futuros psicólogos acreditamos que é possível concluir que os fatores da corrupção, imoralidade e mentira movem atitudes em busca da homeostase com recompensa bioquímica de bem-estar, e uma maior possibilidade de sobrevivência de um indivíduo, contudo não é um comportamento exclusivamente humano e há uma chance de ser uma patologia ou um problema na aprendizagem.

O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de etologia, baseando-se nas obras:
RIZZON, Luiz Antonio. NICOLETTO, Ugo. BRAGHIROLLI, Elaine Maria. BISI, Paulo. Psicologia Geral. 31ªed. Rio de Janeiro. Editora Vozes. 2012.
O GLOBO. Cientistas buscam explicação biológica para comportamento corrupto. Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/cientistas-buscam-explicacao-biologica-para-comportamento-corrupto-21483307. Acesso em: 17 de maio de 2018.
METRO. Divulgam ranking dos países mais corruptos do mundo: veja posição do Brasil. Disponível em: https://www.metrojornal.com.br/brasil/2018/02/21/divulgam-ranking-dos-paises-mais-corruptos-mundo-veja-posicao-brasil.html. Acesso em: 17 de maio de 2018.
SAÚDE. As origens cerebrais da corrupção. Disponível em: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/as-origens-cerebrais-da-corrupcao/ . Acesso em 17 de maio de 2018.
ETOLOGIA NO DIA A DIA. O “jeitinho brasileiro” nas demais espécies? Disponível em: http://etologia-no-dia-a-dia.blogspot.com.br/search?q=jeitinho . Acesso em: 11 de maio de 2018.
FUNDAÇÃO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO. Coesão social democracia e corrupção. Disponível em: http://fundacaofhc.org.br/files/papers/446.pdf . Acesso em 17 de maio de 2018.
BBC BRASIL. Quatro animais que usam o som para trapacear. Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/12/141203_vert_earth_animais_som_dg Acesso em: 11 de maio de 2018.


A trapaça no mundo animal social


Série Ensaios: Sociobiologa

Por: Camila Gusso; Emilly Argenta; Heloise Molina; Juliana Herderico; Melanie Wicheral; Valeska Bronislawski.
Acadêmicas do curso de Psicologia


Em Curitiba, 17 de maio de 2018 o senador e ex-presidente da república Fernando Collor de Melo, se tornou réu pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Foi acusado de receber mais de R$ 30 milhões em propina por negócios da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, na venda de combustíveis
Existem vários pontos de vista para um comportamento como o do ex-presidente Collor de Mello e outros políticos acusados de corrupção, que na verdade não passa de uma traição, que pode ser julgada por efeitos biológicos, etológicos, psicológicos e culturais.
Do ponto de vista psicológico é possível identificar características comuns dos indivíduos que praticam esse tipo de crime, um padrão em seu temperamento afetivo e seu insight, os quais representam respectivamente seus estados de humor e a interação da pessoa com o mundo. Nos crimes do colarinho branco é possível encontrar características de extroversão neuroticismo e abertura para novas experiências.
Existem também fatores biológicos, como os genes da traição, que é passada de geração em geração e fixados no animal. Esse gene pode evoluir mais quando o animal é mais sofisticado. Por estar presente desde o Brasil colônia o comportamento corrupto está presente na genética do brasileiro e devido ao convívio a tendência é que a corrupção aumente e a cada geração, pois a partir de um pai ou mãe que decida fazer o mal, entrara esse gene em si próprio e se não for controlado poderá se aprimorar.
Em comparação com os humanos os animais silvestres decidem largar sua individualidade para morar em uma sociedade por conta da segurança e facilidades na caça. Porém algumas vezes percebem que as regras impostas pelo grupo podem afetar sua sobrevivência e ele passa a buscar mecanismos de trapaça e desonestidade para facilitar a busca por alimentos e seus interesses próprios sem competição. Logo é normal que um animal engane o outro para se beneficiar, assim como os humanos, porém no mundo silvestre, geralmente ocorre penalidades extremas, como o caso da morte ou expulsão do grupo. Como é o caso dos leões, que quando um leão subordinado tem relações com uma leoa, o macho alfa o expulsa para viver longe da matilha.
Existem também contribuições etológicas que explica o porquê de o comportamento ser assim, ocorrendo entre as espécies através de um passado evolutivo. Por exemplo, em uma época da nossa evolução algum animal teve que trapacear para conseguir o que precisava para a sua sobrevivência, pois provavelmente a vida em grupo não estava assegurando nada a ele. Portanto o fato dele ter trapaceado, ficou em seu gene como uma evolução que foi passada de geração em geração, evoluindo e se tornando intensa, a partir do momento em que o ser humano passa a fazer o mal para conseguir ter mais que os outros por um motivo de puro egoísmo.
Temos também o fator cultural, que é passado por meio da fala e ações, como por exemplo: uma criança que foi criada por pais criminosos está mais propensa a criminalidade do que alguém que foi criado por pessoas integras. Ou em países como a China e o Japão onde as crianças desde pequenas já tem responsabilidades. Já no Brasil, muitas crianças só criam responsabilidades quando passam a morar sozinhas, gerando um atraso e frustrações ao resolver problemas, fazendo com que a pessoa acabe pegando caminhos mais fáceis.
Nós como futuros psicólogos acreditamos que o fator que mais influencia a corrupção e a trapaça é o fator psicológico, pois pensamos que para alguém fazer algo, ela deve arquitetar um plano e ter um diagnóstico para ver se está certo ou errado é papel da psique. O segundo ponto mais importante é o etológico, pois acreditamos que os nossos genes estão muito relacionados com a distinção entre o bem e o mal.

O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, baseando-se nas obras:

terça-feira, 22 de maio de 2018

Espiritualidade: Somos Todos OM


Série Ensaios: Sociobiologia

Por Danielle De Vargas, Evelin Brandão, Fabiana Cristina Barreto, Giovanna Piotto Amaro, Larissa Fernandes, Nathalia Cristina Augusto, Nathalia Forti Francisco


A prática apresentada denomina-se Reiki, cuja técnica foi criada no ano de 1922 por um monge devoto do budismo. Essa prática acredita que através das mãos a energia vital pode ser canalizada sobre a pessoa que está recebendo e assim reestabelecer o equilíbrio emocional, mental e físico do seu corpo, fazendo com que até mesmo dores ou sintomas de estresse sejam aliviados ou completamente curados.
Outra vertente dessa prática é o Reiki animal, que a partir de um bom Reikiano é possível que, baseado no seu comportamento, avalie-se o que o animal não-humano está demonstrando e/ou sentindo. Essa conduta pode ser realizada presencialmente ou a distância e tem como princípio o respeito ao animal.
O caso relatado em aula aconteceu com Maritacas, espécie da família Psittacidae, que foram traficadas e tiveram seus pés amputados devido ao seu transporte ilegal. Esses animais demonstravam um comportamento agressivo e de agitação e através do mediador da prática de Reike, foi possível descrever que, após iniciada uma sessão elas se tornaram mais calmas e que seus espíritos estavam sendo ali curados pós vivência traumática.
Muitas pessoas acreditam que a espiritualidade surgiu com o cristianismo. Entretanto a crença, em algo ou alguém, coexiste com a humanidade há milhares de anos. Podemos citar como exemplo os egípcios que passaram a idolatrar gatos por eles combaterem os ratos, que por sua vez destruíam suas plantações e trazia doenças para a população, assim passaram a ser considerados divindades. Com o passar do tempo as diferentes religiões vêm se adaptando.
A crença é algo muito importante para o ser vivo, tanto na parte do autoconhecimento, quanto em relação ao convívio social, pois a partir de uma crença pessoas diferentes formam uma comunidade. Para um número muito grande de pessoas a religião oferece motivação para viver, ajuda a resolver problemas humanos sérios e dá respostas para muitas questões (LEMOS, p. 129-142). A espiritualidade é em sua totalidade definida pela crença, baseando-se no comportamento do indivíduo em acreditar nas coisas sobre o mundo em que vive, podendo até controlar, através de sua convicção, seu sistema imunológico, por exemplo.
Existem várias pesquisas com foco neste controle sobre o corpo, e o “poder” da espiritualidade, Dr. Masaru Emoto, pesquisador japonês, demonstrou, cientificamente, que os sons, palavras, pensamentos e sentimentos influenciam as pessoas que os emitem e as que os recebem. Em suas experiências, mostrou-se que a estrutura molecular da água se altera em face dos pensamentos, sons e sentimentos. A técnica usada por ele consistiu na exposição da água a esses agentes e depois de passar por um processo de congelamento, os cristais formados são fotografados obtendo-se as imagens que demonstram diferentes formatos para cada palavra, como: amor, ódio, gratidão e conceitos como "alma", "anjo" e "demônio". A mesma palavra falada em vários idiomas mostrou imagens de cristais praticamente idênticas, tendo como principal foco a vibração das palavras (ou energia gerada por elas) sobre os cristais de água.
Considerando que somos compostos em cerca de 70% de água, fica evidente a influência que sofremos em virtude de nossos pensamentos e sentimentos, assim como afetamos igualmente as outras pessoas e, consequentemente, somos influenciadas pelos pensamentos e sentimentos. Incontestável é que tudo que existe, as pessoas, os animais e o planeta são influenciados pelo que pensamos e sentimos, e de mesmo modo podemos ser vítimas dos nossos pensamentos e sentimentos negativos. Um experimento com arroz, feito também pelo Dr. Masaru, consegue demonstrar o poder das palavras juntamente com sentimentos, onde no estudo, pegou-se três vidros com arroz e água, e para um deles, apenas foi dito “obrigado”, outro foi xingado e o terceiro vidro foi ignorado. Ao final da experiência, o vidro que recebeu energias positivas o arroz fermentou naturalmente; no vidro que recebeu energias negativas, o arroz apodreceu, e o vidro que foi ignorado, o arroz chegou ao seu estado de decomposição de maneira mais rápida. Assim, Masaru comprovou novamente o impacto das palavras e energias para a água e assim pode aplicar este conhecimento para os seres, de modo que somos afetados em igualdade por ações e energias.
Até o presente momento não foi identificada a espiritualidade no comportamento de outras espécies, ela está restrita a espécie humana, provavelmente se manteve nas gerações, pois serve como um motivador, gerando coragem e esperança o que foi fundamental para a manutenção da espécie. A espiritualidade e o acreditar em algo maior causa uma motivação, os outros animais são guiados pelo extinto não tendo a necessidade de acreditar em algo maior parar ter uma motivação. Mesmo assim a manutenção da vida é realizada em ambos os casos. Talvez os animais tenham algum vínculo sensitivo com o mundo espiritual, os egípcios veneram os gatos, acreditavam que eles teriam ligação com o mundo dos mortos, os grandes nomes da sociedade egípcia eram sepultados com um gato ao lado, como forma de proteção.
O Efeito Placebo está relacionado com a espiritualidade, pelo fato do acreditar numa determinada substância para conseguir um prognóstico melhor, sem o uso de fármacos. Mas o que significa o efeito placebo? Há duas explicações, a primeira sendo basicamente retirada do dicionário “Substância neutra administrada em vez de um medicamento, como controle num experimento, ou para desencadear reações psicológicas nos pacientes” (Aurélio, 2018) e a segunda sendo puxada mais pela natureza psicológica, assim como a primeira, mas utilizando um ‘ser superior’ como forma de explicação do motivo a não ser utilizado medicamento e sim apenas a fé em algo. É considerado um agente terapêutico com substância inerte, que não há efeitos cientificamente comprovados, e os quais são usados muitas vezes como forma de tratamentos alternativos, tais como: chás de raízes fortes, água benzida por religiosos e entre outros.
Muitas pessoas já utilizaram tais substâncias não farmacológicas – como por exemplo medicar alguém utilizando água com açúcar, mas sem que a pessoa saiba e acabar sendo curada por acreditar ser um medicamento –e constataram melhora ou até mesmo cura de certas doenças, que para os médicos pareciam incuráveis, parecendo milagres, não havendo explicação. Entretanto, o placebo por não ter constatação científica, pode prejudicar tratamento clínicos, que por diversas vezes são abandonados e podendo levar os pacientes ao óbito. O que nos faz indagar: qual o limite da fé e qual o limite da medicina?
A espiritualidade é muito importante para pessoas com algum tipo de problema. Para a psicologia, uma pessoa que é diagnosticada com doença terminal passa por alguns estágios, negação e isolamento, raiva, barganha, depressão e aceitação. Na barganha a espiritualidade é mais usada, pois o paciente irá negociar com sua determinada crença sobre a sua cura, como por exemplo uma pessoa com câncer que faz promessa a Deus dizendo que se for curada irá até a cidade de Aparecida do Norte a pé. Outras pessoas já tem uma crença tão forte, que acredita com toda convicção que irá se curar, como no caso citado no seminário apresentado, onde um homem de meia idade com hábitos de fumar e beber desde que era muito jovem, descobre um câncer maligno na garganta mas continua com seus hábitos regulares normalmente, pois segundo ele Deus iria cura-lo, dias depois com novos exames foi diagnosticado que seu câncer tinha se curado.
Nós como futuras biólogas acreditamos que a espiritualidade é de grande importância para formação de grupos dentro da sociedade, pois une as pessoas que acreditam em algo comum, essa união fortalece vínculos, encoraja as pessoas, motiva, faz com que haja um sentido na vida, se torna uma busca por algo que apenas a fé e a espiritualidade podem proporcionar. Mas acreditamos que a essência da espiritualidade é o respeito entre as diferenças, se tornando a base crença e a espiritualidade. Acreditar em algo diferente é o que nos faz únicos, cada pessoa atribui espiritualidade aquilo que deseja, suprindo a sua necessidade o que vai fazer seguir em frente e manter a vida.

O presente estio foi elaborado para disciplina de etologia se baseando nas obras:
CROCOLI, Frei Aldir. HISTÓRIA DA ESPIRITUALIDADE. Disponível em: . Acesso em: 21 de abril de 2018.
DICIONÁRIO AURÉLIO. 2018. SIGNIFICADO DE PLACEBO. Disponível em: Acesso em: 30 de abril de 2018.
Merighi, Miriam Aparecida Barbosa, Ivete Ollita, e Thelma Ribeiro Garcia. 1989. EFEITO PLACEBO - IMPLICAÇÕES PARA A ASSISTÊNCIA E O ENSINO DE ENFERMAGEM. Rev. Esc. Enf. USP 23. Disponível em: Acesso em: 21 de abril de 2018.
REIKI VETERINÁRIO. Disponível em: . Acesso em: 30 abril 2018.
BARRIO, Laura. 2017. RELIGIÃO E ESPIRITUALIDADE INFLUENCIAM ÍNDICES DE QUALIDADE DE VIDA. Disponível em: Acesso em: 10 de maio de 2018.
LEMOS, Carolina Teles. RELIGIÃO E SOCIEDADE: A ETERNA BUSCA DE SENTIDO. In: LAGO, Lorenzo; REIMER, Haroldo; SILVA, Valmor da (Organizadores). O Sagrado e as construções de mundo. Roteiro para aulas de introdução à teologia na Universidade. Goiânia – Taguatinga: UCG – Universa, 2004, pp. 129-142


sexta-feira, 18 de maio de 2018

A cultura do “vale tudo” na ginástica nacional e no mundo

Série Ensaios: Sociobiologia


Por Laureen Gabrielly, Erica Padilha, Eduardo Ramos, Isabella Bordim, Sofia Enciso, Suelen Malisak
Acadêmicos do Curso de Ciências Biológicas


Kyle Stephen falou com os seus pais. Larissa Bryce com sua treinadora. Amanda Thomashow com um médico. Os pais da primeira não acreditaram nela, à segunda disseram-lhe que estava confusa e à terceira que o que aconteceu não era algo “sexual”. Asim foi como Larry Nassar, o maior depredador sexual do esporte estadunidense, criou um universo obscuro de abuso de menores por mais de 20 anos. Durante esse tempo, a Federação de Ginástica de Estados Unidos e a Universidade Estadual de Michigan protegeram o reconhecido médico, ignorando as reclamações e olhando pela reputação do mesmo. Larry Nassar foi acusado de abuso sexual por 265 mulheres, segundo a juíza Janice Cunningham. Após a primeira sentença, em Lansing, Michigan, para a qual foi determinante o testemunho de cerca de mais de 150 vítimas, mais mulheres e jovens alvos de agressão sexual de Nassar estão a apresentar os seus casos à justiça. Outras 60 se juntaram e começaram esta quarta-feira a confrontá-lo em tribunal.

Com a revelação dos abusos cometidos pelo Nassar nos Estados Unidos, muitas ginastas no mundo tem tido a coragem de revelar-se como vítimas do abuso pelos treinadores, médicos e técnicos das suas equipes. Recentemente, o ginasta brasileiro Petrix Barbosa junto com outros 41 atletas denunciaram ao técnico Fernando de Carvalho Lopes, denunciando ele pelo delito de “estupro de vulneráveis”
A ginástica é um esporte que busca a perfeição, compreendendo uma sequência de acrobacias nos diferentes tipos de aparelhos. Não há precisão por quanto a sua origem, alguns confiram que foi no Antigo Egito, mas a primeira escola de ginástica (só para homens) foi criada na Alemanha no ano de 1811. Apesar de despontar para o mundo como um esporte inicialmente masculino, a ginástica tornou-se uma prática mais ativa entre as mulheres. Os países mais destacados no esporte são os que são parte da União Soviética (Rússia, Romênia), Japão, China e recentemente Estados Unidos e o Brasil.
Órgãos da mídia como Deadspin estão há tempos investigando a cultura do abuso e do silêncio no mundo da ginástica. No ano 2000, a equipe dos EUA, comandada então pelos temíveis Károlyi, o casal que moldou Comaneci, ficou em quarto lugar, sem medalha. A partir daí, segundo a jornalista Dvora Meyers, que é ex-ginasta e conhece esse ramo com perícia, se fomentou uma cultura do “vale tudo” com a finalidade de voltar ao pódio. E nesse “vale tudo” a cultura de estupro tem um lugar privilegiado. Na verdade, não é só na ginástica. Com a maior repercussão da mídia e as redes sociais na sociedade atual, o estupro tem sido exposto em muitas esferas, não só aquelas práticas arcaicas como o casamento de crianças com homens mais velhos, mas também como uma forma de mostrar, obter e manter poder sobre outras pessoas, geralmente vulneráveis.
Nas palavras descontraídas do grande filósofo e escritor Mario Sergio Cortella, a moral pode ser definida basicamente como, tudo que o sujeito faz quando está sozinho, ou seja, diferente da ética, que é a noção do que é certo perante a sociedade como um todo, a moral diz respeito a essa noção no indivíduo sozinho, porém é baseada nos conceitos éticos vigentes na época em questão. Essas regras têm origem na educação, cultura, tradição. O estupro pode ser considerado como um ato imoral, pois fere a moral comum da sociedade, mas não pode ser considerado amoral, visto que é a ausência da noção de conceitos morais, e isso, teoricamente só ocorre em crianças ou pessoas com patologias mentais graves.
A palavra pedofilia é de origem grega e significa “amar ou gostar de crianças”. O termo é utilizado quando um indivíduo é atraído sexualmente por crianças e adolescentes, podendo ser desde a fantasia, desejo, a exploração comercial e o ato sexual em si. A pedofilia é considerada uma doença e o pedófilo não necessariamente precisa praticar o ato sexual, mas se sentir atraído por crianças e adolescentes já o torna um pedófilo.
O crime de estupro pode ser considerado se o autor: constranger a vítima, violência (força física) ou ameaças (violência moral), ter qualquer tipo de relação como: conjunção carnal (penetração completa ou incompleta), praticar ato libidinoso (qualquer um que vise prazer sexual) e obrigar a vítima a permitir que se pratique ato libidinoso com ela. Hoje em dia qualquer ato com sentido sexual praticado com alguém sem seu consentimento, até mesmo um toque íntimo é considerado estupro pela lei.
No remoto passado da espécie humana, à atividade sexual expandiu-se além da reprodução. O sexo social passou a ser uma parte importante na interação dos nossos antepassados simiescos. Com uma ovulação oculta nas fêmeas e outras mudanças fisiológicas, o corpo do Homo sapiens adaptou-se para ser capaz de dedicar-se ao sexo o ano inteiro e durante a maior parte da sua vida. Atualmente a prática sexual pode ser feita pelo prazer, poder ou até por diversão. O Homo sapiens não tem sexo, tem sexualidade e ela precisa de regras de convivência. Os valores morais inseridos na sexualidade não são só uma construção social, estão definidos geneticamente para a manutenção da espécie, onde todo indivíduo tinha liberdade de se expressar como quiser, sempre que não interferisse na sua procriação. Como imoral podemos citar: adultério, incesto, pedofilia e estupro; pois essas práticas afetam o desenvolvimento da prole.
O estupro, entendido como violência sexual, é observado na natureza também, não sendo uma questão intrinsecamente humana embora nas sociedades de Homo sapiens não seja admitido. Algumas das circunstâncias que levam ao sexo forçado entre animais podem ser explicadas como as teorias psicológicas do comportamento humano. Podem ser machos que cortejam as fêmeas de maneira tradicional mas forçam quando elas resistem; machos que já têm parceiras e violentam outras para aumentar seu repertório (e assegurar os seus genes na seguinte geração); estupro da parceira quando se suspeita infidelidade e violência sexual pelos machos desprezados ou em desvantagem competitiva com outros. Registros de machos forçando a cópula são conhecidos em elefantes-marinhos, orangotangos, patos, peixes e até mesmo insetos.
 Para a Bioética Ambiental todos os seres vivos são interdependentes; a natureza é finita; sendo necessária  uma convivência pacífica do Homem com o natural tornando  o respeito à natureza uma missão política, ética e jurídica (Zacarkin Dos Santos, 2014 ).É uma conduta comportamental do ser humano em relação à natureza, decorrente da conscientização ambiental, tendo como objetivo a conservação da vida global, sendo assim a ética ambiental nos remete a uma ética da responsabilidade onde todos somos responsáveis por nossas ações e suas consequências diretas e indiretas.
Para ser combatido, o estupro precisa ser exposto. Na verdade, se trata de uma equação cruel. Mas a exposição, hoje, só vem quando o crime foge do “comum” (Juliana Carpanez, 2016). Nós como formandos em Ciências Biológicas acreditamos que temos um problema claro como sociedade quando o estupro pode chegar a ser visto como “comum”. Em alguns estados do México, a ação não é punida quando o estuprador se casa com a vítima. A moral humana tem que ser reforçada, especialmente no âmbito da violência sexual, pois pode levar até a morte da vítima como é visto em inumeráveis casos no Brasil e ao redor do mundo. Isso só pode acontecer com uma punição certeira para os estupradores e educação para as novas gerações. Com o apoio das bases biológicas é muito fácil entender porque o estupro é repulsivo para todas as sociedades de animais e não tem que ser protegido na sociedade humana pelo poder ou hierarquia que o estuprador tenha frente aos demais membros.  É preciso conscientizar a população sobre a importância de falar, de não ficar calado ante os atos imorais. Os grupos vulneráveis têm que ser educados e protegidos pela sociedade no geral para lograr a erradicação desses comportamentos que só fazem mal para a mesma.


O presente ensaio foi realizado para disciplina de Etologia, baseando-se nas obras:

BORGES CABRAL, Bianca; CARDOSO DA SILVEIRA CARVALHO, Bianca; MAGGIONI FABRIS, Letícia Eliane; QUINTINO DE ABREU, Lucila Edi; NIEBEL STIER, Paola; CRESCÊNCIO MATHIAS, Thamires Cristina. Genética da Moral. Brasil, o País do Futebol ... e também da Homofobia. Disponível em: http://etologia-no-dia-a-dia.blogspot.com.br/2017/06/serieensaios-sociobiologia-por-bianca.html Acesso em 2 de Maio de 2018
CARPANEZ, Julia. Estupro. UOL TAB, 2016. Disponível em: https://tab.uol.com.br/estupro/#tematico-1 Acesso em 1 de Maio de 2018
D´AGOSTINO, Rossane. O que a Lei Brasileira Diz Sobre o Estupro. São Paulo. Disponível em: http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/06/o-que-lei-brasileira-diz-sobre-estupro.html
FUENTES, Agustín. “La chispa creativa” . Seleção de: Michele Catanzaro. España, 2018. Disponível em: https://www.elperiodico.com/es/ciencia/20180115/sexo-creativo-una-caracteristica-unica-de-los-humanos-6553029 Acesso em 2 de Maio de 2018.
GIRARDI, Giovana. Ciência: Estupro. Superinteressante. 2004. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/estupro/
PACHECO CLEMENTE, Ana Paula. Bioética e meio ambiente. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=526
RÁDIO CRICIUMA. Entenda as diferenças entre pedofilia, violência, abuso e exploração sexual. São Paulo, SP. 2010. Disponível em: http://abp.org.br/portal/clippingsis/exibClipping/?clipping=11261
RECORD. Ginástica: Antigo médico Larry Nassar tem já 265 mulheres a acusá-lo de abusos sexuais. Lisboa, Portugal. 2018. Disponível em: http://www.record.pt/modalidades/detalhe/ginastica-antigo-medico-larry-nassar-tem-ja-265-mulheres-a-acusa-lo-de-abusos-sexuais.html
RODRIGUEZ COUTO, Vanessa. Ginástica artística. São Paulo, SP, 2014. Disponível em: https://www.infoescola.com/esportes/ginastica-artistica/

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Bullying


Série Ensaios: Sociobiologia
Por Bruna Nascimento, Guilherme Batista Lago, Isabelle Louise Aliganchuki, Joyce Teixeira de Carvalho, Mateus Massaiti Koga, Natalia Bueno Ferreira, Natalia Cordeiro Santini
Acadêmicos do Curso de Biologia


Um caso de bullying que levou a tragédia e chocou o país recentemente é do garoto de 14 anos que atirou contra os colegas em uma escola particular em Goiânia. A ação levou à morte de dois colegas de sala e feriu outros quatro. O garoto era filho de militares e, portanto, pegou a arma escondido dos pais e levou à escola no dia 20 de outubro de 2017. Após a investigação do ocorrido, colegas entrevistados revelaram que o menino era uma vítima do bullying e sofria com chacotas e piadas na escola.


Nesse caso é possível perceber a exclusão de um indivíduo de um grupo, causando transtornos psicológicos graves e gerando uma revolta por parte da vítima. Historicamente as sociedades são formadas por grupos sociais, formados e mantidos por estímulos agregadores e segregadores, e que tem como objetivo principal a sobrevivência. Os estímulos agregadores são fatores que alguns indivíduos de tal sociedade (seja animal ou humana) tem em comum e são responsáveis por incorporar um certo grupo. Esses fatores não envolvem apenas atributos físicos, mas também comportamentais. Em contrapartida existem os fatores segregadores que levam a exclusão de indivíduos diferentes e não “aptos”, e por consequência acarretando o bullying.
O bullying é caracterizado por atos de agressão física ou verbal que ocorrem intencionalmente e de forma constante, geralmente realizado não apenas por uma, mas por várias pessoas (Neto, 2005). Existem também casos em que o bullying pode ser praticado por apenas um indivíduo sobre o outro. O bullying está muito presente na sociedade humana, mas também nos animais.
            Direcionado ao mundo animal, podemos citar diversos casos de relações interespecíficas e principalmente intraespecíficas associadas ao bullying. Como por exemplo os macacos reso (Macaca mulatta), onde no grupo há vários conflitos, como o de irmãos mais velhos que atacam os irmãos mais novos com agressividade (Sade, 1963), e um outro caso no grupo de primatas onde se pode observar  ocorrência de bullying é no gênero Sapajus (macacos prego). Em indivíduos desse gênero observados no Zoológico Municipal de Curitiba, foi relatado um caso onde o líder do grupo realizava um tipo de bullying, onde ele privava um único macaco específico de atividades como tomar sol, comer e apenas permanecer em certos lugares do recinto. Os relatos eram diários e ocorriam agressões de um animal sobre o outro, evidenciando comportamentos de dominância e submissão.  É possível observar eventos também em  cachorros domésticos (Canis familiaris), um grupo de cachorros pode haver aqueles que puxam o outro para baixo, perseguição à um determinado indivíduo, bem como cachorros novos que querem se familiarizar em um grupo já determinado, porém o (s) membro (s) do grupo não o aceitam (Equipe Petiko, 2017).  Em um grupo de leões que pode sofrer em confronto com búfalos, se um indivíduo tenha sido machucado e traga algum impedimento ou atraso para o grupo, este mesmo é deixado para trás, na busca por recursos no grande deserto da Tanzânia.
            Os principais motivos que levam à pratica do bullying é a tendência natural à exclusão do diferente e a violência/intolerância. A violência é um problema de saúde pública importante e crescente no mundo, com sérias consequências individuais e sociais, particularmente para os jovens, que aparecem nas estatísticas como os que mais morrem e os que mais matam (Neto, 2005). Nas distintas idades da humanidade, a violência pode ser caracterizada como um problema crônico e recorrente. Ao se eleger um assunto que ocupe, atualmente, um lugar especial nas conversas cotidianas, é notável a agressão e a violência humana. Estas, sem dúvida, são os assuntos mais veiculados em manchetes de jornais e revistas, em programas de televisão e de rádios, em filmes e em livros de sucesso (Botelho & Souza, 2007).
Há diversas formas de violência no meio em que estamos inseridos, a violência física se caracteriza pelo uso da força ou ainda por atos de omissão. A violência psicológica consiste em um comportamento específico de um indivíduo ou um grupo de agressores, gerando tratamento desumano como a rejeição, indiferença, desrespeito e discriminação. A violência política, manifestada através de terrorismo que agregam em suas consequências a violência física ou por imposições ideológicas, que tem em suas metas a opressão social e a inadequação de determinados sujeitos ou ideias a sistemas politicamente incorretos. A violência cultural, através da substituição de uma cultura por um conjunto de valores forçados, não respeitando a identidade cultural existente. A violência verbal, que não raramente são acompanhadas da violência física e ainda a violência sexual, que é um abuso de poder onde uma criança ou adolescente torna-se uma gratificação sexual de uma outra pessoa, forçados a práticas sexuais com ou sem violência física (Barros, et. al., 2009).
Assim, a violência é um mal a ser entendido sob uma óptica multifatorial e, nesta perspectiva, deve ser analisada por diferentes profissionais, como filósofos, sociólogos, biólogos, psicólogos, cientistas políticos, juristas, psiquiatras e professores (Botelho & Souza, 2007). Em âmbito escolar, são diversas as manifestações de violência: algumas são direcionadas a professores e a funcionários; outras, a alunos. No entanto, há uma forma de violência, normalmente velada, que ocorre geralmente entre os próprios alunos (Botelho & Souza, 2007). Estudos sobre as influências do ambiente escolar e dos sistemas educacionais sobre o desenvolvimento acadêmico do jovem já vêm sendo realizados, mas é necessário também que tais influências sejam observadas pela ótica da saúde (Neto, 2005).
Comecemos por situar o problema chamado bullying. Do inglês bull vem o sentido de intimidação para a língua portuguesa. Do touro, a força que assola, menospreza, que diminui o outro (Tognetta & Vinha, 2010). O bullying diz respeito a uma forma de afirmação de poder interpessoal através da agressão. A vitimização ocorre quando uma pessoa é feita de receptor do comportamento agressivo de uma outra mais poderosa. Tanto o bullying como a vitimização têm consequências negativas imediatas e tardias sobre todos os envolvidos: agressores, vítimas e observadores.
Nós como futuros biólogos acreditamos que a ocorrência de casos de bullying sempre existiu, desde os primórdios, e participa de um fator relevante para evolução. A formação de grupos com base em fatores agregadores e segregadores e essa tendência natural á exclusão do diferente sempre existiu em diversas espécies que habitam e habitaram o planeta, como uma estratégia que visa principalmente a sobrevivência.
Atualmente na sociedade humana essa visão de “sobrevivência” já não é o principal motivo de exclusões de indivíduos como ainda ocorre no mundo selvagem. A dificuldade de aceitar o que é diferente de si é uma dificuldade atual, todos querem a sua volta pessoas com pensamentos e atitudes parecidas e assim o que é contrário é ignorado e excluído. Alguns elementos podem ser trabalhados para promover uma maior aceitação de pessoas consideradas “diferentes” que seria principalmente a educação, lidando com fatores relacionados à tolerância, aceitação e acolhimento ao próximo para melhorar a capacidade de adaptação dos grupos.

O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, tendo como base as obras:

Barros, P. C.; Carvalho, J. E.; Pereira, M. B. F. L. O.; UM ESTUDO SOBRE BULLYING NO CONTEXTO ESCOLAR, (2009).
Botelho, R. G. & Souza, J. M. C.;  BULLYING E EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA: CARACTERÍSTICAS, CASOS, CONSEQUÊNCIAS E ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO, (2007).
Neto, A. A. L.; BULLYING – COMPORTAMENTO AGRESSIVO ENTRE ESTUDANTES, (2005).
Sade, D. S.; SOME ASPECTS OF PARENT OFFSPRING AND SIBLING RELATIONS IN A GROUP OF RHESUS MONKEYS, WITH A DISCUSSION OF GROOMING, (1963).
Tognetta, L. R. P. & Vinha, T. P.; BULLYING E INTERVENÇÃO NO BRASIL: UM PROBLEMA AINDA SEM SOLUÇÃO, (2010).

Equipe Petiko, SEU CACHORRO SOFRE BULLYING? (2017), disponível em: http://petiko.com.br/article/seu-cachorro-sofre-bullying