Corrupção : um fenômeno humano ou natural ?


Série Ensaios: Sociobiologia

Por Camila Bisson, Daniel Wolff Stanczyk, Emanuella Dalla Costa, Isabela Tanobe, Karine Griner, Sophia Cândido e Thays Chagas.
 Acadêmicos do Curso de Psicologia

Caso de corrupção no Brasil: No ano de 2015, uma das maiores empresas frigoríficas do mundo, a JBS, pagou uma quantia de R$ 20 milhões ao então presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha para conseguir aprovar o projeto de desoneração tributária da folha de pagamentos para os produtores de aves.

A corrupção pode ser interpretada como um comportamento natural e fixado pela evolução, uma vez que os exemplos são comuns, com destaque para o Pássaro Cuco  e o Pássaro Drongo Rabo de Forquilha.
Os pássaros Cucos não fazem ninho, e quando precisam botar ovos, colocam em ninhos já feitos por outras aves. Quando os filhotes do cuco eclodem (normalmente antes dos filhotes originais), esses empurram os outros ovos ou filhotes, derrubando eles do ninho. Desse modo, apenas o filhote do cuco é cuidado, e aparentemente passa despercebido pela mãe da outra espécie.


Os Drongos costumam viver junto de pequenas espécies mais rasteiras africanas, como os suricatos. E fazem um canto estridente para avisar que tem um predador nas redondezas (como muitas outras espécies fazem). No entanto, normalmente esse aviso é falso; o drongo avisa na hora que os animais estão comendo, e quando estes deixam os alimentos no chão, para poder fugir, o pássaro rouba a comida desses animais.
O comportamento de trapaça parece ser uma variação nas seguintes situações:
 ­a) Camuflagem para caçar ou se esconder de predadores (como uma onça, no caso de um predador, e como um bicho-pau no caso de presa).
b) Parasitismo que algumas espécies fazem (como piolhos e carrapatos). Parece uma junção das duas situações, porque na corrupção os animais enganam (como na camuflagem) e se aproveitam (como no parasitismo).

Aparentemente, o comportamento de trapaça/corrupção apareceu no reino animal, como um método de uma espécie tirar vantagem da outra, para não gastar muita energia (melhor para o organismo). Como esse comportamento normalmente funciona e não existem consequências, a evolução se encarregou de mantê-lo. Parece que a trapaça está presente apenas em animais de cognição maior e desse modo existe consciência do ato (diferente da camuflagem em que o animal já nasce com essa característica física). Então esses usam isso em seu favor. Também ocorre com animais mais solitários, que talvez não tenham a facilidade de um grupo para capturar um alimento, então usam desse artifício para garantir comida.  Então há de se pensar se pensar se a trapaça no reino animal, é errada mesmo, ou se é errada apenas pela nossa convenção moral humana, porque é uma estratégia de sobrevivência implantação pela evolução. Tendo sempre como objetivo principal, a propagação da espécie.
A corrupção pode ser explicada, dentre outras formas, pelo viés da biologia. Na teoria do cérebro trino, elaborada por Paul MacLean, o cérebro é constituído por três partes: o cérebro reptiliano (responsável por garantir a sobrevivência, reflexos simples e pelos instintos), sistema límbico (responsável pelas emoções e comportamentos sociais) e neocórtex (parte racional, que funciona como um filtro crítico e moral, seguindo regras sociais).
Na matéria “O cérebro dos corruptos", da revista Istoé, é abordada qual a influência do cérebro trino no comportamento corrupto. Segunda tal matéria, há indícios de que nos indivíduos nos quais o comportamento corrupto é recorrente, o neocórtex é falho, não filtrando devidamente os instintos e impulsos, fazendo com que esses sobressaiam-se aos comportamentos moralmente aceitos.
Observando tal comportamento através do ponto de vista neuroquímico, constata-se que o ato corrupto pode levar à liberação de neurotransmissores relacionados ao prazer (como no estupro) e recompensa (como no furto); todos esses obtidos a partir de um "atalho", sem grande esforço. Se o comportamento corrupto for reforçado por respostas positivas, ele tende a se tornar um hábito e as sinapses relativas à essa conduta serão intensificadas.

O indivíduo por natureza depende do grupo para sua sobrevivência, mas acima de tudo preza por sua liberdade. Desobedecer a regra do seu determinado grupo pode ser uma fuga mesmo que inconsciente para a sua liberdade. Quando o ser quebra uma regra logo é visto como “poderoso” perante o grupo pois não está sendo submisso a hierarquia imposta e tem poder sob si mesmo, saindo do padrão. “O poder corrompe e expor sinais de corrupção faz com que pensem que você e poderoso”, entretanto, tanto no mundo animal quanto o humano as consequências podem ser graves. Outro exemplo, e a busca por prazer que também pode motivar tal ato, praticar o corrupto beneficiando o próprio prazer, atrai o ser. Em casos de seres que resistem a esta vontade, significa que a busca por prazer pode ser associada ao temor, que faz com que a ação deste gire em torno do medo. Outro exemplo de resistência está relacionado a moral, em que o indivíduo decide respeitar os princípios pela convivência em sociedade. Percebemos então, que por uma falha, alguns dos estímulos cerebrais mais primitivos nem sempre se adaptam ao meio e, em casos como o do furto, acabam satisfazendo o indivíduo através de um ato que consideramos imoral.
Isso acontece pois eles não têm o "filtro" para seus impulsos e acaba fazendo coisas inaceitáveis pela sociedade. Se por um acaso esse comportamento corrupto tiver respostas positivas, isso serve como estímulo e pode agravar o mesmo. Além disso, não só por essa falha, mas por, instintivamente prezar por sua liberdade, com isso, quebrando essas regras, ele se sente com mais poder por não ser submisso a esse padrão imposto.
Acreditamos então que o comportamento corrupto, influenciado por fatores transgeracionais e biológicos, é muito comum no reino animal, de modo mais elaborado nos animais que possuem o processamento cognitivo mais desenvolvido, principalmente no ser humano. Porém, a trapaça não deve ser um comportamento recorrente na organização social humana, pois a corrupção só traz benefícios a uma das partes envolvidas, e uma comunidade deve visar o benefício e bem-estar de todos.

O presente ensaio foi realizado para disciplina de Etologia, baseando-se nas obras:
O cérebro trino: reptiliano, límbico e neocórtex. Disponível em: . Acesso em: 04 de maio de 2018.
O cérebro dos corruptos. Disponível em: . Acesso em: 04 de maio de 2018.
O “jeitinho brasileiro” nas demais espécies?. Disponível em: . Acesso em: 04 de maio de 2018.
Quebrar regras faz pessoas parecerem poderosas. Disponível em: . Acesso em: 04 de maio de 2018.