quinta-feira, 31 de março de 2016

O Olhar Do Serviço Social Acerca Dos Maus Tratos Aos Animais E A Violência Doméstica


Série Ensaios: Ética no Uso de Animais

Por Karla Chugam

Assistente Social

DPMA investiga morte de seis cães agredidos encontrados em sacos em Piraquara” a noticia foi veiculada no dia 19 de janeiro deste ano, não obstante, por mais avanços que se teve em relação à proteção aos animais, é muito revoltante saber que atrocidades contra animais ocorrem a todo o momento. O mais intrigante quando no noticiário, como no vídeo abaixo, vemos crianças que cometendo tais barbáries.






Para alguns pesquisadores existe a associação de sentimentos e emoções em relação a recursos terapêuticos no que concerne homem-animal, por exemplo: tratamento de saúde. A psicoterapia, traz que o contato com bichos facilita a comunicação de conteúdos internos do paciente para psicólogo. Se adentrarmos na subjetividade do ser para poder entender o motivo pelo qual pessoas descontam em animais suas frustrações agressividades, entramos num universo mais vasto e tênue em relação à violência, que segundo o Aurélio (2003) a origem latina da palavra violentia: verbo violare significa tratar com violência, profanar, transgredir, sendo ela qualquer forma de constrangimento físico ou moral. Várias são as tipologias empregadas à violência –, sociopolítica, institucional ou não, coletiva ou individual, subjetiva, física, moral, de violação dos direitos,–, segundo o adágio: “a humanidade desde os primórdios foi naturalmente propensa à maldade e à violência, e sempre será”, porém, isso não quer dizer que não se devem evitar e cair num fatalismo messiânico?



Trazendo para o cotidiano, nas relações interpessoais, será que poderíamos atrelar a evolução dos maus tratos aos animais a violência contra pessoas? Sendo mais objetivo, a violência doméstica? Para Schopenhauer (apud MORA, 2001), a integridade e moral do indivíduo pode ser resumido de forma que “A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter, e quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem". Para alguns pesquisadores é possível afirmar que a criança e/ou o adolescente que foram vitimas ou testemunharam atos de violências, inclusive contra animais, poderão reproduzir traços de violência, reiniciando o ciclo, e ainda, defendem que os maus tratos, sejam de abuso sexual infantil, violência doméstica e maus tratos aos animais estão intimamente ligados uns aos outros.



Base do que foi citado acima pode ser retratado por meio da Teoria do Link, pouco conhecida no Brasil, nasceu nos Estados Unidos nas décadas de 80 e 90, por meio de pesquisas científicas, realizadas por Phil Arkow e Frank R. Ascione que tinham como objeto de estudo a violência doméstica, qual atrelavam na maioria das vezes, aos maus tratos aos animais.  A Teoria do Link é estudada dentro de um contexto familiar, ou seja, observando as relações de dominação de um indivíduo em face de outros, onde os animais de estimação são utilizados como ferramentas de coerção e por isso objeto de maus tratos e violência. Quando adentramos no campo investigativo da Teoria do Link e/ou qualquer outro campo, sob o olhar da prática profissional, devemos lembrar acerca da dimensão social da vida, e não somente da singularidade, caminhar entre a singularidade e a universalidade, para sobrepor a visão periférica do senso comum. O trabalho com a referida temática envolve o olhar de uma equipe multidisciplinar, pois remete a indagação acerca da subjetividade. Na prática do Serviço Social, pode-se averiguar que a atuação do profissional, por se tratar de um amplo contexto, se dá na abordagem da população-alvo (sujeito / família), na conscientização, na prevenção e na capacitação acerca da violência, e as referidas especificidades que se remetem ao subjetivo, devem ser devidamente encaminhadas aos respectivos profissionais competentes: psicólogos, psiquiatras, terapeutas, entre outros.



Sabe-se que na medida em que o Assistente Social realiza intervenções, ele participa diretamente do processo de conhecimento acerca da realidade que está sendo investigada, sua observação é ativa, pois interage e observa o outro. A pergunta que nos cabe tentar responder, enquanto categoria é: quais os desafios e possibilidades da prática profissional na garantia de direitos da vitima e do bem estar animal?

Enquanto assistente social e aspirante a bioeticista acredito que os maus tratos aos animais cometidos por crianças, segundo a Teoria do Link, podem ser um comportamento problemático, desajustado e/ou doentio, que futuramente pode ser associado com violência às pessoas. Por isso acredito que se detectado o perfil patológico da criança, por meio da intervenção terapêutica da equipe multidisciplinar, pode-se contribuir positivamente, para identificar o núcleo da violência, permitindo assim uma visão de realidade mais clara e a possibilidade de se quebrar o circulo vicioso reproduzido pela violência.





O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Ética no uso de Animais do Programa de Pós-Graduação em Bioética da PUCPR, baseando-se nas seguintes obras:

MORA, F. J. Dicionário de Filosofia Tomo I. São Paulo: Loyola, 2004. Carta VII. Trad. José Trindade Santos e Juvino Maia Jr. São Paulo: Loyola, 2008. SCHOPENHAUER, A. Sobre o Fundamento da Moral. Trad. Maria Lúcia Oliveira Cacciola. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

 in Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2016. [consult. 2016-03-20 14:10:43]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/$aurelio-buarque-de-holanda-ferreira

GUERRA, Yolanda. Instrumentalidade do processo de trabalho e serviço social. In Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez, n. 62, 2000




http://tudosaber.com/como-denunciar-maus-tratos-contra-animais.html

terça-feira, 29 de março de 2016

Bem-estar animal: De teoria a ludicidade, como sensibilizar e cativar os educandos a práticas conscientes


Série Ensaios: Ética no Uso de Animais

Por Ana Laura Diniz Furlan

Educadora Ambiental e Mestranda em Bioética



Nas escolas, o termo Bem-estar animal, timidamente começa a ganhar notoriedade entre estudantes e educadores, porém quando referencias são divulgadas na mídia televisiva, torna-se algo mais próximo da realidade e mais acessível à abordagem.






A escola é um dos locais ideias para fomento de novas ideias e mudança de alguns conhecimentos empíricos, quando associada ao incentivo de práticas de Bem-Estar Animal os resultados são de crescimento do individuo e da sociedade.

Os avanços da sociedade moderna sejam eles cultural ou tecnológico estão de maneira crescente afastando homem da natureza de forma gradativa e vez por outra destrutiva. As belezas naturais que antes encantavam nossos ancestrais são facilmente trocadas por telas de celulares ou tabletes. Finais de semana ao ar livre são dispensados por conforto e comodidade de quartos super equipados de hotéis. Deixamos passar pelo vão dos dedos nossa Biofilia, tornando-nos monumentos vivos nas selvas de pedras. 

A história evolutiva da humanidade está interligada com a natureza desde os primeiros coacervados que surgiram na Terra primitiva, até organismos complexos e tomadores de decisões. Utilizamos dos fatores bióticos e abióticos disponíveis para nossa sobrevivência, hora de forma pacifica, hora nem tanto. Assim como estreitamos os laços com os animais que juntamente de nós evoluíram e mantiveram uma relação próxima como cães e gatos. Hoje, porém, seja uma infantilização do pensamento ou formas de desapego a qualquer forma de vida, enfrentamos sérios problemas em proteger e conservar aqueles que nos acompanham desde o primórdio de nossa existência.

Em uma recente pesquisa aponta que, cerca de 80% das famílias brasileiras possui algum tipo de animal de companhia, sendo 63% cães, os quais têm sido incorporados uma opção para substituição de filhotes, igualando o Brasil à países como Japão e Estados Unidos (IBGE, 2015).  Porém apesar de desse expressivo numero de animais mantidos sob nossa tutela, infelizmente ainda é comum ouvirmos relatos de animais sendo maltratados e humilhados por indivíduos de uma sociedade cruel, cuja essência se perdeu no processo de racionalização.

Agora questiono-me como  abordar a terminologia do Bem-estar animal  (BEA) nas escolas?  Não questionando a forma da qual humanizamos os animais dos quais mantemos sob nossa tutela, mais sim, suprindo as necessidades biológicas do animal, sejam eles domésticos, experimentação, de zoológicos, silvestres, produção e até mesmo o homem (Broom, et al, 1986).

Em recente estudo, questionou-se como a terminologia bem-estar-animal tem sido disseminada nas mídias digitais, bem a como sua concepção por estudantes do ensino básico. Para tal, além da categorização do conteúdo divulgado em diferentes veículos da internet, foi realizada uma ação com estudantes do ensino fundamental e médio de escolas da rede pública e privada. Os resultados revelaram que a disseminação de aspectos sobre o bem-estar-animal ainda está associada a uma visão antropocêntrica e utilitarista cuja maior ou menor valoração vincula-se à representatividade e funcionalidade de determinados animais.

Eu como Bióloga e Educadora ambiental acredito que a concepção dos estudantes reflete o senso comum e revela a necessidade de apropriação das fontes de informação pela educação a fim de habilitar o estudante para apreensão e processamento do conteúdo. Assim, discute-se a importância de associar a educação ambiental à bioética ambiental, uma ferramenta inovadora que visa a promoção da educação moral através condução do estudante à compreensão da importância de saber ouvir, sem julgamentos, os argumentos dos todos os atores envolvidos em questões complexas. Visando, desta forma, munir o estudante de ferramentas para que as escolhas desse futuro cidadão sejam pautadas em valores éticos globais e através de um pensamento reflexivo, crítico e responsável tenham autonomia e espírito cooperativo para encontrar soluções consensuais e justas para as sociedades, para os animais, para a natureza, desta e de futuras gerações. 





Este ensaio foi elaborado para a disciplina de Temas de Bioética e Bem estar Animal tendo como base as obras:

BROOM, D. M.; MOLENTO, C. F. M. Bem-estar animal: conceito e questões relacionadas–revisão (animal welfare: concept and related issues–review).Archives of Veterinary Science, v. 9, n. 2, p. 1-11, 2004.

LEVAI, L. F. Crueldade consentida–crítica à razão antropocêntrica. Revista Brasileira de Direito Animal, v. 1, n. 1, 2014.

SIQUEIRA-BATISTA, R., GISELLE, R., G, A. P., COTTA, R. M. M., & MESSEDER, J. C.  A bioética ambiental e ecologia profunda são paradigmas para se pensar o século XXI?.Ensino, Saúde e Ambiente, v. 2, n. 1, 2009.

WILSON, E. O. Biophilia. Harvard University Press, 1984.

IMAGENS:






terça-feira, 15 de março de 2016

A percepção de crianças e adolescentes sobre os Zoológicos


Série Ensaios: Ética no Uso de Animais

Por Natalia Aline Soares Artigas

Bióloga e Pós Graduada em Educação Ambiental



Menino atacado por tigre em zoológico tem o braço amputado” o acidente aconteceu no zoológico de Cascavel, no Paraná, no dia 30 de julho de 2014. Veja o vídeo da reportagem sobre o menino com as imagens dele “brincando com o tigre”.






Esse é um dos casos mais recentes de acidente com crianças em zoológicos, mais por que será que isso acontece? Imprudência dos pais? Imprudência dos zoológicos? Falta de informação? Falta de proteção entre as jaulas dos animais e dos frequentadores desses locais? A exposição de animais já existe há muito tempo atrás, em meados do século XVIII os animais eram mantidos apenas pelos nobres, como forma de exibição, apenas para visitação, sendo que ainda não existia uma conscientização ecológica, educativa ou científica. Tempos depois, no século XIX houve algumas mudanças com o surgimento de uma conscientização mais ecológica e a função dos zoológicos passa a se modificar, desde então a visitação do público começou  e a tentativa de atividades educativas se fez necessária.

Hoje a principal atividade dos zoológicos é a preservação dos animais (na Argentina o Zoológico Temaiken é referência na preservação e no bem estar de animais), com a reprodução adequada de cada espécie dentro do cativeiro, além da pesquisa, lazer, turismo e da educação ambiental como uma forma de educação não-formal, visando uma educação não apenas dentro dos zoológicos, mais também em parques, aquários, criadouros, locais de preservação privada.

O contato das pessoas com os animais vem de muito tempo, alguns até se tornaram mais dóceis e passaram a ser criados dentro de nossas casas como animais domésticos, por exemplo, os cães e os gatos. Isso pode fazer com que a visitação em locais de observações de espécies diferentes (que são os únicos locais em que as pessoas podem ter contato com animais selvagens) seja uma novidade e as deixe impressionadas, por isso, muitas vezes a visitação em zoológicos é mais por diversão do que para um aprendizado daqueles animais enjaulados, o que acaba tornando a educação ambiental uma tarefa difícil.

As atividades propostas por zoológicos ou outros, como visitas monitoradas, palestras, cursos, treinamentos, entre outros, visam a educação para com a preservação dos animais que ali moram ou mesmo os animais que são livres, valorizando a biodiversidade das espécies. Mais será que essas informações fazem sentido para as crianças? E para os adolescentes que já possuem uma ideia formada do que é um zoológico que provavelmente vem do ensinamento dos familiares?

Analisando alguns estudos foi possível perceber que a grande maioria das crianças ainda não conhece a função do que é o zoológico, vendo-os como um local de lazer, diversão, fazer um piquenique ou como um local para se prender os animais, fazendo-os sofrer, não entendendo que os animais podem mudar seus comportamentos em cativeiro e que nós podemos ser os responsáveis pela causa de estresse e depressão nesses animais. Outros até mesmo não conhecem a diferença entre um animal doméstico e um animal silvestre, achando até que todos são possíveis de serem mantidos como animais de estimação.


Poucas crianças conhecem a importância da pesquisa, proteção e conservação, em contrapartida as crianças adoram ficar observando os animais e o mais importante, quando elas estão interessadas no assunto, o educar fica muito mais fácil e a conscientização ocorre normalmente, assim é mais fácil compreender que muitas mudanças no comportamento são necessárias, pois o zoológico é um local à ser preservado.

As perguntas são muitas, mais as respostas são poucas, eu como bióloga e educadora ambiental acredito que muitas transformações são necessárias, não somente por parte dos pais, mais também dos zoológicos e escolas. Algumas crianças não compreendem a diferença de um cachorro para um tigre, por exemplo, para elas, eles são muito parecidos e não trazem problemas, se ela pode passar a mão no cachorro que tem em casa por que não poderia passar no tigre que tem um tamanho aproximado e parece tão dócil dentro da “casa” dele? Geralmente em zoológicos existem placas informando sobre o perigo e telas de proteção para nós não chegarmos perto, porém, vem dos pais a ideia de aproximação ou não dos filhos à essas telas. Outro conhecimento deve ser adquirido nas escolas, as informações referentes aos animais, é fundamental, o perigo que eles podem nos trazer deve ser aprendido, tanto como o seu modo de vida, alimentação, etc. Por isso é necessária uma mudança que faça com que o homem entenda que faz parte desse ambiente e que também cabe a ele os atos de preservação.



O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Ética no uso de animais do Programa de Pós-Graduação em Bioética da PUCPR, baseando-se nas seguintes obras:



















Bioética na Terapia Assistida por Animais


Série Ensaios: Ética no Uso de Animais

Por Ana Lucia Lacerda Michelotto

Mestranda no Programa de Pós Graduação em Ciência Animal da PUCPR


Muito tem se falado sobre a utilização de animais para auxiliar na reabilitação de pessoas, foi realizada uma reportagem pela SIC Noticias onde mostra o relacionamento de um garoto com Dislexia e seu cão labrador, o menino relata que se sente mais estimulado e mais seguro para ler na presença do animal, sendo essa relação melhor que a com seres humanos, pois a troca de afetividade é vista com maior intensidade. Essa reportagem mostra ainda que existem estudos científicos onde a pressão arterial diminui no contato com o animal mesmo comparado a interação com a própria família e que o nível de estresse também é reduzido e também aumenta os níveis de oxitocina e endorfinas que são hormônios do prazer e bem estar. Dados relatam a grande evolução do garoto após a terapia assistida por animais (TAA) (Veja aqui a grande reportagem interativa).


Em uma entrevista realizada pela TV Brasil relata o uso de animais para o desenvolvimento das pessoas com deficiência, a entrevista mostra a colaboração do Aquário Nacional de Cuba com terapias para crianças com diferentes dificuldades, possibilitando a interação deles com lobos marinhos e golfinhos (Veja aqui).

Os primeiros registros sobre os benefícios do relacionamento terapêutico entre homens e animais datam de 1792 na Inglaterra, no Hospital Psiquiátrico Retiro de York, em que alguns animais domésticos foram introduzidos para encorajar pacientes com problemas mentais a desenvolver tarefas como escrever, ler e se vestir. Já em meados da década de 1950, a psiquiatra Nise da Silveira que atendia pacientes com esquizofrenia no hospital psiquiátrico Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, passou a utilizar animais como co-terapeutas em seus atendimentos, as contribuições dessa médica foram de tamanha importância que em 2015 foi lançado um filme contando sua história chamado Nise- O Coração da Loucura.

Atualmente existem muitas instituições e ONGs que utilizam esse tipo de serviço voluntariamente auxiliando no tratamento de diversas enfermidades.

Analisando estas questões sob a visão da ética e bioética vemos que temos uma preocupação com a saúde e bem estar do animal e das pessoas envolvidas. Estas terapias devem ser realizadas com limitações de carga horaria de trabalho para os animais, avaliação especifica do comportamento e saúde do animal e também os profissionais envolvidos nessa área devem ser devidamente treinados. Não podemos descartar a de estresse e não adaptação do animal e do paciente para esse tipo de atividade e também riscos de lesões físicas.

Neste caso existe a vulnerabilidade em ambas as partes, pois a pessoa que está se submetendo a essa atividade, assim como o cão ou animais de outra espécie são considerados suscetíveis.

O código de ética para a TAA inclui o bem estar animal como prioridade, os animais não devem ser forçados a trabalhar, devem ter tempo de recuperação, água, alimento e também tempo para se exercitar. Os animais podem ser utilizados na TAA apoiado na base moral de que é possível promover seu bem estar e qualidade de vida (Tzachi Zamir, 2006).

Alguns estudos têm sido realizados para avaliar se esses animais envolvidos em TAA se estressam ou não, a forma mais comum e fidedigna para se fazer tal avaliação é medindo os níveis de cortisol desses animais. Pesquisas como a de Glenk (2014), avaliaram os níveis de cortisol salivar e também padrões comportamentais de cães de terapia, as avaliações foram feitas ao longo de cinco sessões de terapia com cinco animais, a coleta era realizada antes e depois das sessões e os níveis de cortisol sempre foram diminuindo, sendo que nas sessões quatro e cinco esses níveis foram significativamente menores pos-sessão e nenhum parâmetro comportamental variou significativamente ao longo das sessões (Glenk et al., 2014).

Eu como pedagoga e mestranda em Ciência Animal acredito na inserção de animais como facilitadores no tratamento de diversas doenças. Muitos estudos ainda são necessários para uma melhor compreensão de seus efeitos, bem como de suas implicações para ambas as espécies.


Este ensaio foi elaborado para a disciplina de Temas de Bioética e Bem estar Animal tendo como base as obras:


Glenk  LM,  Kothgassner OD, Stetina  BU, Palme R, Kepplinger B, Baran H. Salivary cortisol and behavior in therapy dogs during animal-assisted interventions: A pilot study. Journal of Veterinary Behavior 9. 2014; 98-106

Zamir, T. Society & Animals. 2006: 14-2

Lass- Hennemann J, Peyk P, Streb M,  Holz E, Michael  T. Presence of a dog reduces subjective but not physiological stress responses to an analog trauma. Frontiers in Psychology. 2014; 5: 1010.

Faraco CB, Pizzinato A, Csordas MC, Moreira MC, Zavaschi MLS, Santos T, Oliveira VLS, Boschetti FL, Menti LM. Terapia mediada por animais e Saúde Mental: um programa no Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência em Porto Alegre. Saúde Coletiva. 2009; 6: 231 -236.

terça-feira, 8 de março de 2016

AUTOMEDICAÇÃO PODE SER INTERPRETADA COMO UM COMPORTAMENTO NATURAL?


Série Ensaios: Ética no Uso de Animais

Por Mônica Cristina Sampaio Majewski
Mestranda do Programa de Pós Graduação em Bioética da PUCPR

 

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha e ICTQ em mais de 130 cidades no Brasil constatou que 40% dos brasileiros não tomam medicamentos de forma correta. A automedicação intoxica três pessoas por hora no Brasil. Segundo os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),o Brasil registrou 138.376 intoxicações e 365 mortes causadas por medicamentos entre 2008 e 2012. Os medicamentos mais consumidos por automedicação são os analgésicos e anti-inflamatórios (Brasil, 2014) (Konig, 2015).

A automedicação pode ser definida pela iniciativa de um doente, ou de seu responsável, em utilizar algum medicamento sem a prescrição ou aconselhamento de um profissional habilitado, para previnir ou tratar alguma doença, aliviando quaisquer sintomas, ou seja, é a ingestão de medicamentos por conta e risco próprios (Paulo, Zanini, 1988). Mesmo sendo considerada uma prática de autocuidado, a automedicação pode ter um grande potencial danoso à saúde, uma vez que nenhum medicamento é inofencivo ao organismo (Schuelter-Trevisol et al, 2011). O uso incorreto de substâncias consideradas “inócuoas” pela população pode ocasionar diversas consequências, tais como hipersensibilidade, sangramento do trato digestivo, dependência e até mascarar um transtorno de saúde maior, com o alívio momentâneo dos sintomas podendo agravar o quadro clínico de alguma doença (Forner, Silva e Brzozoeski, 2008).  

            A automedicação pode ser influenciada por diversos fatores, incluindo indicação por pessoas não adequadas como amigos, familiares e balconistas de farmácia. Porém, há também outros fatores influenciadores como economia, política e cultura. O amplo número de medicamentos atualmente disponíveis no mercado, a cultura da população em geral que torna o medicamento como um bem de consumo e a grande publicidade da indústria farmacêutica, colaboram para a que ocorra a automedicação (Faria e Cunha, 2014) (Schuelter-Trevisol et al, 2011). As propagandas sendo chamativas, coloridas e atrativas induz o consumo, aumentando os riscos às intoxicações, principalmente as acidentais por crianças (Santos, Freitas e Eduardo, 2015). Se olharmos para trás podemos perceber que a automedicação em nossa sociedade provém da cultura indígena com o uso de ervas medicinais para tratamento de doenças e da cultura popular de curandeirismo utilizada pelos escravos na época do Brasil Colonial. As práticas de cura em nosso país foram resultados de troca de experiências terapêuticas entre europeus, índios e africanos (Silva, Goulart e Lazarini, 2014).

O homem sempre buscou, por instinto, intuição ou cultura, o alívio para suas dores e o cuidado com seu corpo. Constata-se também, baseado nas observações aos animais, que os mesmos também procuraram tal alívio e cura, buscando ervas ou repouso. Ou seja, a medicina sempre se apresentou intuitiva em relação ao cuidado (Cavalcanti e Ribeiro, 2014). Fundamentado nas observações aos animais, vários estudos sobre o consumo de plantas medicinais estão sendo realizados. Animais afetados por parasitas, por exemplo, podem ter seus padrões comportamentais afetados. (Jesus, 2014). Segundo Lozano, (1991), há três mecanismos comportamentais que os animais apresentam para diminuir as ações dos parasitas: (1) evitar alguns alimentos que normalmente são fontes de parasitas, (2) selecionar dietas com determinados itens alimentares que aumentem a resistência e (3) selecionar determinados alimentos por causa dos compostos antiparasitários específicos que podem matar e / ou fazer com que a expulsão dos parasitas ocorra. A automedicação acontece nesses casos quando há a utilização de compostos secundários e não-nutricionais no combate a parasitoses. Os estudos que evidenciam isso é baseado no consumo de plantas medicinais feitos por primatas não-humanos (Huffman,2003). O fato de primatas não-humanos “engolir folhas inteiras” e de “mastigar a medula amarga” de folhas, é o que justifica o comportamento considerado terapêutico, auxiliando no controle da infecção e no alívio de dores (Jesus,2014). Com a evolução, os hospedeiros desenvolveram diversos mecanismos de proteção contra parasitas desde utilização de plantas que repelem parasitas, eliminando pelas fezes, até mudanças na alimentação (Huffman,2003).

  
          A automedicação, como relatado anteriormente, pode ser observada não somente em humanos, como em outras espécies, com o uso de plantas medicinais ou outras medidas não farmacológicas a fim de aliviar sintomas e enfermidades. Acredita-se que pode ser considerada uma prática natural e biológica, uma vez que foi observado antes na natureza e posteriormente reproduzido por humanos no tratamento e/ou cura de doenças, alívio para dores e o cuidado com o corpo. Diante disso, há um interesse maior da indústria farmacêutica em investir em publicidade de medicamentos estimulando esse sentido de “autocuidado”, principalmente para um público mais vulnerável, com baixa renda, baixa escolaridade. Porém, a automedicação mesmo sendo vista como um comportamento natural não deve ser praticada de forma indiscriminada e irracional, devendo ser sempre orientada por profissionais qualificados.

À vista do exposto, eu como farmacêutica, atuando diariamente com pacientes usuários de medicamentos, orientando-os e auxiliando-os na otimização de suas farmacoterapias, acredito que com o crescimento e desenvolvimento da sociedade, é evidente o aumento do consumo de medicamentos, uma vez que a população está cada vez mais preocupada com a saúde e está buscando mais qualidade de vida. A finalidade dos medicamentos deveria ser a recuperação e manutenção da saúde, porém com seu uso irracional pode causar danos. Diante deste risco, a sociedade precisa de farmacêuticos capazes e ativos, que assumam a responsabilidade pela terapêutica farmacológica concedida à população.

 

Este ensaio foi elaborado para a disciplina de Temas de Bioética e Bem estar Animal tendo como base as obras:

 

AQUINO, D.S.; BARROS, J.A.C.; SILVA, M.D.P. A automedicação e os acadêmicos da área de saúde. Revista Ciências e Saúde Coletiva, v.15(5) p.2533-2538, 2010.
ARRAIS, P.S.D.; COELHO, H.L.L.; BATISTA, M.C.D.S.; CARVALHO, M.L.; RIGHI, R.E.; ARNAU, J.M. Perfil da Automedicação no Brasil. Rev Saúde Pública, v.31(1),p.71-77,1997.
BERTOLDI, A.D.; BARROS, A.J.D.; HALLAL, P.C.; LIMA, R.C. Utilização de medicamentos em adultos: prevalência e determinantes individuais. Rev Saúde Pública,v.38,p.228-238, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Cuidado farmacêutico na atenção básica; caderno 1. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
CAVALCANTI, M.M.S.G.; RIBEIRO, M.S.S. Cultura do cuidado integral: autonomia e altruísmo na promoção de saúde e educação. REVASF, v.4, n.6,p.11-127, Petrolina, PE, dez. 2014
FARIA, L.M.O.; CUNHA, M.M.S.S. Perfil de Automedicação entre Estudantes de Medicina. Revista Ciência Atual, v.4, n.2, p.02-10. Riode Janeiro, 2014.
FORNER, S.; SILVA, M.S.; BRZOZOWSKI, F.S. Propaganda de medicamentos, automedicação e a ética farmacêutica: uma tríade farmacêutica. Artigo  de revisão. Instituto Sallus, 2008.
FOWLER A.; KOUTSIONI Y., SOMMER, V. Leaf-swallowing in Nigerian chimpanzees: evidence for assumed self-medication. Primates,v.48, p.73-76, 2007
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ/CENTRO DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA/SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES TÓXICO-FARMACOLÓGICAS. Casos de Intoxicação por Medicamentos por Unidade Federada, Segundo Circunstância Registrado em 2012. Brasil, 2012. [acessado Nov 2015]. Disponível em: http://www.fiocruz.br/sinitox 
HUFFMAN, M.A. Current Evidence for Self-Medication in Primates: A Multidisciplinary Perspective. Yearbook of Physical Anthropology, v.40, p.30, 1997.
HUFFMAN, M.A. Animal self-medication and ethno-medicine: exploration and exploitation of the medicinal properties of plants. Proceedings of the Nutrition Society, v.62, p.11, 2003.
JESUS, A. S. Composição da dieta e intensidade de infecção parasitária em bugios-pretos (Alouatta caraya): buscando evidências de automedicação. Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Programa de Pós Graduação em Zoologia, p.72, 2013.
KÖNIG, M. Medicamentos intoxicam 27 mil pessoas por ano no Brasil. Gazeta do Povo, Curitiba, 06 abr. 2015.
PAULO, L. G. ; ZANINI, A. C. Automedicação no Brasil. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 34, n. 2, p. 69-75, São Paulo, março/abril, 1988.
SANTOS,P.N.M; FREITAS, R.F; EDUARDO, A.M.L.N. Automedicação infantil: conhecimento e motivação dos pais. Revista Multitexto, v.3,n.01,2015.
SCHUELTER-TREVISOL, F.; TREVISOL, D.J.; JUNG, G.S.; JACOBOWSKI, B. Automedicação em universitários. Rev Bras Clin Med, v. 9(6),p. 414-7, São Paulo, nov/dez, 2011.
SILA, F.M.S.; GOULART, F.C.; LAZARINI, C.A. Caracterização da prática de automedicação e fatores associados entre universitários do curso de Enfermagem. Rev. Eletr. Enf, V.16(3), p.644-51, jul/set 2014.
SILVA, L.S.F.; COSTA, A.M.D.D.; TERRA, F.S.; ZANETTI, H.H.V.; COSTA, R.D.; COSTA, M.D. Automedicação em acadêmicos de cursos de graduação da área da saúde de uma universidade privada do Sul do Estado de Minas Gerais. Revista Odontologia Clínica-Científica, v.10(1) p.57-63, Recife, jan/mar, 2011.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). The role of the pharmacist in self-medication and self-care. Genebra: WHO; 1998. (WHO/DAP/09.13). 

Aspectos Éticos com Doadores Vivos não humanos


Série Ensaios: Ética no Uso de Animais
Por Anna Silvia Penteado Setti da Rocha
Pós-doutoranda do  Programa de Pós Graduação em Bioética

Recentemente a mídia tem noticiado algumas campanhas para doação de sangue entre animais. Uma entrevista veiculada pelo jornal da Band relata que pouca gente sabe que é possível doar sangue de cães e gatos, e que esta ação, assim como nos humanos, serve para salvar vidas de animais doentes ou que sofreram algum tipo de traumatismo. O cão Ítalo já esteve dos dois lados, precisou de sangue quando esteve doente, possibilitando a sua recuperação e agora completamente saudável, tornou-se um doador assíduo na clínica veterinária. Bolinha, outro cão comentado na entrevista da Tv Brasil, também foi salvo devido a uma transfusão de sangue, necessitando de doador. A reportagem mostra que o estoque de bolsas de sangue na medicina veterinária é baixa, e o conselho federal de medicina veterinária relata que pode ser devido a preconceitos, medos e outros fatores que podem atrapalhar esta conduta, necessitando melhor conscientização da população (veja a matéria)

 



 

Este ato de “amor” também pode ser questionado bioéticamente por ser o animal extremamente vulnerável. De um lado existe uma situação de estresse e sofrimento (mesmo que mínimo) do animal doador, e do outro lado o grande benefício gerado a vários animais em condições de sofrimento causado por diversas doenças.
        Outros tipos de doação também podem ser realizados entre os animais. Tratamentos por transplantes também são procedidos na medicina veterinária, sendo o mais comum o transplante de córnea e o transplante de rins em gatos. O transplante de maneira geral, pode ser definido como o processo de transferência de um órgão ou tecido, ou parte deles, de um indivíduo, chamado de doador, para outro indivíduo, chamado de receptor, ou ainda pode ser realizado em locais diferentes no mesmo individuo. Em relação ao doador, este pode estar plenamente saudável ou falecido.
     Os transplantes vêm sendo realizados com grande sucesso na medicina, possuindo cada vez mais novas tecnologias para este tipo de tratamento, prolongando a vida de muitos pacientes. Nada impede que também seja realizada a relação doador-receptor por indivíduos da mesma espécie (alogênicos) e por espécies diferentes (xenogênicos). Na medicina veterinária, os alotransplantes vem sendo um tratamento promissor para aqueles animais onde não há mais expectativa de vida. O primeiro transplante renal com sucesso realizado em gatos, ocorreu em 1987 na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Davis-Califórnia. O transplante renal tem tido mais sucesso em gatos do que em cães, onde a taxa de mortalidade e as complicações são ainda elevadas, o que impede que o transplante renal em cães se difunda (Bleedorn & Pressler, 2008).

O animal portador de doença sempre é o foco na decisão do tipo de tratamento realizado, mas a opção de um tratamento onde envolve animais saudáveis sempre precisam ser repensadas no aspecto bioético. Sobre o doador, em países que realizam com mais frequência este tipo de tratamento, este é encontrado pelo tutor do animal receptor ou através do centro de transplantes, e sempre que este não tenha proprietários, o dono do receptor é obrigado a adotar o animal doador, independentemente do que acontecer ao receptor. Em qualquer ocasião, o doador deve ser saudável e sem qualquer doença infecciosa ou sistêmica, devem ser jovens, com 1 a 3 anos de idade e com um peso e tamanho corporal idênticos ou superiores aos do receptor, e submetidos a vários testes de compatibilidade (Adin, 2002; Kadar et al., 2005). As dúvidas sobre questões éticas surgem, pois, a partir de um animal doente e um animal saudável, você acaba tendo uma necessidade de terapia associada permanente de ambos. Um argumento para se opor ao transplante é o fato de que o animal receptor pode não beneficiar por muito tempo o tratamento e o doador pode sofrer patologias futuras pelo ato heroico. Mesmo assim, o transplante para a medicina veterinária ainda não é uma cura, mas é uma das poucas opções de tratamento onde a eutanásia é o único caminho.

A preocupação também surge com a possibilidade de que estabelecimentos motivados comercialmente comecem a fornecer animais, levando a eutanásia generalizada de saudáveis ​​para a remoção de órgãos. A Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA) comenta que, além das preocupações de ordem ética em torno da origem do doador e o tempo de vida do receptor, será que os tutores dos animais podem ser colocados sob estresse psicológico para realizar o tratamento no seu amado animal de estimação, com gastos financeiros elevados após o procedimento, para o cuidado adequado do animal?
  
  Sobre os xenotransplantes (tecidos e órgãos de animais não humanos para seres humanos), realizados em diversas pesquisas científicas, tem-se como exemplos o caso São Petersburgo (1992) e o caso Baby Fae (1984), ambos tendo como doador um babuíno saudável, necessitando o sacrifício do animal. O caso Baby Fae gerou muita polêmica em relação aos aspectos éticos, pois além do sacrifício do animal, um recém nascido foi utilizado como experimento de pesquisa. Outro animal bastante utilizado nas pesquisas com xenotransplantes são os suínos, pois apresentam órgãos compatíveis em tamanho e fisiologia e menor resistência por parte da sociedade por ser animal de produção e não estar tão próximo da escala genetica do ser humano. Esse distanciamento também gera um maior risco de rejeição, por esta razão, atualmente as pesquisas realizadas em suínos, fazem a introdução de genes humanos, modificando o animal geneticamente para minimizar os riscos e obter maior sucesso no tratamento.
     Os riscos presentes nas pesquisas de xenotransplantes são as chamadas xenozoonozes, sendo um potencial para o surgimento de novas doenças e mutações geneticas. A utilização de animais em xenotransplante faz surgir situações podendo lesar o bem jurídico dignidade animal, fazendo incidir o direito penal. O artigo 225, § 1o, VII, da Constituição da República, impõe ao Poder Público “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade’. Entretanto, a falta de “recursos alternativos” para suprir a demanda por órgãos para transplante em humanos e a necessidade de validação científica das pesquisas, parece justificável, o uso de animais.
               Eu como pós-doutoranda em Bioética acredito que  a doação de órgãos e tecidos no ser humano é visto como um benefício público, com leis e normas bem estabelecidas. Nos animais, as leis ainda são precárias, mas a evolução tecnológica possibilita cada vez mais a utilização deste tipo de tratamento para beneficiar a medicina humana e a medicina veterinária. Portanto, devemos pensar em normas e modelos para que possamos tratar com ética os aspectos legais em todas as espécies.

 

O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Ética no Uso de Animais do Programa de Pós-Graduação em Bioética da PUCPR, basenado-se nas obras:

Souza, Paulo Vinicius Sporleder. Direito Penal Médico. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 19-20.

Bleedorn J, Pressler BM. Screening and medical management of feline kidney transplant candidates. Vet Med 2008;103:92-103.

Adin, C.A. Screening criteria for fenile renal transplant recipients and donors. Clinical Techniques in Small Animal Practice, 2002; 17 (4), 184-189.

Kadar, E., Sykes, J.E., Kass, P.H., Bernsteen, L., Gregory, C.R. & Kyles, A.E. Evaluation of the prevalence of infections in cats after renal transplantation: 169 cases (1987-2003). Journal of the American Veterinary Medical Association, 2005; 227 (6), 948-953.

Presidência da República. Lei nº 9.434/1997. Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9434.htm . Acesso em 20 de outubro de 2015.

Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA), disponível em: http://www.rspca.org.uk/home . Acesso em 14 de outubro de 2015.