Série Ensaios: Ética no
Uso de Animais
Por Ana Laura Diniz
Furlan
Educadora Ambiental e Mestranda em Bioética
Nas escolas, o termo Bem-estar animal,
timidamente começa a ganhar notoriedade entre estudantes e educadores, porém
quando referencias são divulgadas na mídia televisiva, torna-se algo mais
próximo da realidade e mais acessível à abordagem.
A escola é um dos locais ideias
para fomento de novas ideias e mudança de alguns conhecimentos empíricos,
quando associada ao incentivo de práticas de Bem-Estar
Animal os resultados são de crescimento do individuo e da sociedade.
Em
uma recente pesquisa aponta
que, cerca de 80% das famílias brasileiras possui algum tipo de animal de
companhia, sendo 63% cães, os quais têm sido incorporados uma opção para
substituição de filhotes, igualando o Brasil à países como Japão e Estados
Unidos (IBGE, 2015). Porém apesar de
desse expressivo numero de animais mantidos sob nossa tutela, infelizmente
ainda é comum ouvirmos relatos de animais sendo maltratados e humilhados por
indivíduos de uma sociedade cruel, cuja essência se perdeu no
processo de racionalização.
Agora questiono-me como abordar a terminologia do Bem-estar
animal (BEA) nas escolas? Não questionando a forma da qual humanizamos
os animais dos quais mantemos sob nossa tutela, mais sim, suprindo as
necessidades biológicas do animal, sejam eles domésticos, experimentação, de
zoológicos, silvestres, produção e até mesmo o homem (Broom, et al, 1986).
Em recente estudo,
questionou-se como a terminologia bem-estar-animal tem sido disseminada nas
mídias digitais, bem a como sua concepção por estudantes do ensino básico. Para
tal, além da categorização do conteúdo divulgado em diferentes veículos da
internet, foi realizada uma ação com estudantes do ensino fundamental e médio
de escolas da rede pública e privada. Os resultados revelaram que a
disseminação de aspectos sobre o bem-estar-animal ainda está associada a uma
visão antropocêntrica e
utilitarista cuja maior ou menor valoração vincula-se à representatividade e
funcionalidade de determinados animais.
Eu
como Bióloga e Educadora ambiental acredito que a concepção dos estudantes
reflete o senso comum e revela a necessidade de apropriação das fontes de informação pela
educação a fim de habilitar o estudante para apreensão e processamento do
conteúdo. Assim, discute-se a importância de associar a educação ambiental à bioética ambiental, uma
ferramenta inovadora que visa a promoção da educação moral através condução do
estudante à compreensão da importância de saber ouvir, sem julgamentos, os
argumentos dos todos os atores envolvidos em questões complexas. Visando, desta
forma, munir o estudante de ferramentas para que as escolhas desse futuro
cidadão sejam pautadas em valores éticos globais e através de um pensamento
reflexivo, crítico e responsável tenham autonomia e espírito cooperativo para
encontrar soluções consensuais e justas para as sociedades, para os animais,
para a natureza, desta e de futuras gerações.
Este
ensaio foi elaborado para a disciplina de Temas de Bioética e Bem estar Animal
tendo como base as obras:
BROOM, D. M.; MOLENTO, C. F. M. Bem-estar
animal: conceito e questões relacionadas–revisão (animal welfare: concept and
related issues–review).Archives of Veterinary Science, v. 9, n. 2, p.
1-11, 2004.
LEVAI, L. F. Crueldade consentida–crítica à
razão antropocêntrica. Revista
Brasileira de Direito Animal, v. 1, n. 1, 2014.
SIQUEIRA-BATISTA, R., GISELLE, R., G, A. P.,
COTTA, R. M. M., & MESSEDER, J. C. A
bioética ambiental e ecologia profunda são paradigmas para se pensar o século
XXI?.Ensino, Saúde e Ambiente, v. 2, n. 1, 2009.
WILSON,
E. O. Biophilia. Harvard University
Press, 1984.
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