terça-feira, 29 de março de 2016

Bem-estar animal: De teoria a ludicidade, como sensibilizar e cativar os educandos a práticas conscientes


Série Ensaios: Ética no Uso de Animais

Por Ana Laura Diniz Furlan

Educadora Ambiental e Mestranda em Bioética



Nas escolas, o termo Bem-estar animal, timidamente começa a ganhar notoriedade entre estudantes e educadores, porém quando referencias são divulgadas na mídia televisiva, torna-se algo mais próximo da realidade e mais acessível à abordagem.






A escola é um dos locais ideias para fomento de novas ideias e mudança de alguns conhecimentos empíricos, quando associada ao incentivo de práticas de Bem-Estar Animal os resultados são de crescimento do individuo e da sociedade.

Os avanços da sociedade moderna sejam eles cultural ou tecnológico estão de maneira crescente afastando homem da natureza de forma gradativa e vez por outra destrutiva. As belezas naturais que antes encantavam nossos ancestrais são facilmente trocadas por telas de celulares ou tabletes. Finais de semana ao ar livre são dispensados por conforto e comodidade de quartos super equipados de hotéis. Deixamos passar pelo vão dos dedos nossa Biofilia, tornando-nos monumentos vivos nas selvas de pedras. 

A história evolutiva da humanidade está interligada com a natureza desde os primeiros coacervados que surgiram na Terra primitiva, até organismos complexos e tomadores de decisões. Utilizamos dos fatores bióticos e abióticos disponíveis para nossa sobrevivência, hora de forma pacifica, hora nem tanto. Assim como estreitamos os laços com os animais que juntamente de nós evoluíram e mantiveram uma relação próxima como cães e gatos. Hoje, porém, seja uma infantilização do pensamento ou formas de desapego a qualquer forma de vida, enfrentamos sérios problemas em proteger e conservar aqueles que nos acompanham desde o primórdio de nossa existência.

Em uma recente pesquisa aponta que, cerca de 80% das famílias brasileiras possui algum tipo de animal de companhia, sendo 63% cães, os quais têm sido incorporados uma opção para substituição de filhotes, igualando o Brasil à países como Japão e Estados Unidos (IBGE, 2015).  Porém apesar de desse expressivo numero de animais mantidos sob nossa tutela, infelizmente ainda é comum ouvirmos relatos de animais sendo maltratados e humilhados por indivíduos de uma sociedade cruel, cuja essência se perdeu no processo de racionalização.

Agora questiono-me como  abordar a terminologia do Bem-estar animal  (BEA) nas escolas?  Não questionando a forma da qual humanizamos os animais dos quais mantemos sob nossa tutela, mais sim, suprindo as necessidades biológicas do animal, sejam eles domésticos, experimentação, de zoológicos, silvestres, produção e até mesmo o homem (Broom, et al, 1986).

Em recente estudo, questionou-se como a terminologia bem-estar-animal tem sido disseminada nas mídias digitais, bem a como sua concepção por estudantes do ensino básico. Para tal, além da categorização do conteúdo divulgado em diferentes veículos da internet, foi realizada uma ação com estudantes do ensino fundamental e médio de escolas da rede pública e privada. Os resultados revelaram que a disseminação de aspectos sobre o bem-estar-animal ainda está associada a uma visão antropocêntrica e utilitarista cuja maior ou menor valoração vincula-se à representatividade e funcionalidade de determinados animais.

Eu como Bióloga e Educadora ambiental acredito que a concepção dos estudantes reflete o senso comum e revela a necessidade de apropriação das fontes de informação pela educação a fim de habilitar o estudante para apreensão e processamento do conteúdo. Assim, discute-se a importância de associar a educação ambiental à bioética ambiental, uma ferramenta inovadora que visa a promoção da educação moral através condução do estudante à compreensão da importância de saber ouvir, sem julgamentos, os argumentos dos todos os atores envolvidos em questões complexas. Visando, desta forma, munir o estudante de ferramentas para que as escolhas desse futuro cidadão sejam pautadas em valores éticos globais e através de um pensamento reflexivo, crítico e responsável tenham autonomia e espírito cooperativo para encontrar soluções consensuais e justas para as sociedades, para os animais, para a natureza, desta e de futuras gerações. 





Este ensaio foi elaborado para a disciplina de Temas de Bioética e Bem estar Animal tendo como base as obras:

BROOM, D. M.; MOLENTO, C. F. M. Bem-estar animal: conceito e questões relacionadas–revisão (animal welfare: concept and related issues–review).Archives of Veterinary Science, v. 9, n. 2, p. 1-11, 2004.

LEVAI, L. F. Crueldade consentida–crítica à razão antropocêntrica. Revista Brasileira de Direito Animal, v. 1, n. 1, 2014.

SIQUEIRA-BATISTA, R., GISELLE, R., G, A. P., COTTA, R. M. M., & MESSEDER, J. C.  A bioética ambiental e ecologia profunda são paradigmas para se pensar o século XXI?.Ensino, Saúde e Ambiente, v. 2, n. 1, 2009.

WILSON, E. O. Biophilia. Harvard University Press, 1984.

IMAGENS:






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