Série Ensaios: Ética no
Uso de Animais
Por Ana Laura Diniz
Furlan
Educadora Ambiental e Mestranda em Bioética
Nas escolas, o termo Bem-estar animal,
timidamente começa a ganhar notoriedade entre estudantes e educadores, porém
quando referencias são divulgadas na mídia televisiva, torna-se algo mais
próximo da realidade e mais acessível à abordagem.
A escola é um dos locais ideias
para fomento de novas ideias e mudança de alguns conhecimentos empíricos,
quando associada ao incentivo de práticas de Bem-Estar
Animal os resultados são de crescimento do individuo e da sociedade.
Os avanços da sociedade moderna
sejam eles cultural ou tecnológico estão de maneira crescente afastando homem
da natureza de forma gradativa e vez por outra destrutiva. As belezas naturais
que antes encantavam nossos ancestrais são facilmente trocadas por telas de
celulares ou tabletes. Finais de semana ao ar livre são dispensados por
conforto e comodidade de quartos super equipados de hotéis. Deixamos passar
pelo vão dos dedos nossa Biofilia,
tornando-nos monumentos vivos nas selvas de pedras.
A história evolutiva da humanidade está interligada com a natureza
desde os primeiros coacervados que surgiram na Terra primitiva, até organismos complexos e tomadores
de decisões. Utilizamos dos fatores bióticos e abióticos disponíveis para nossa sobrevivência, hora
de forma pacifica, hora nem tanto. Assim como estreitamos os laços com os
animais que juntamente de nós evoluíram e mantiveram uma relação próxima como
cães e gatos. Hoje, porém, seja uma infantilização do pensamento ou formas de desapego a
qualquer forma de vida, enfrentamos sérios problemas em proteger e conservar
aqueles que nos acompanham desde o primórdio de nossa existência.
Em
uma recente pesquisa aponta
que, cerca de 80% das famílias brasileiras possui algum tipo de animal de
companhia, sendo 63% cães, os quais têm sido incorporados uma opção para
substituição de filhotes, igualando o Brasil à países como Japão e Estados
Unidos (IBGE, 2015). Porém apesar de
desse expressivo numero de animais mantidos sob nossa tutela, infelizmente
ainda é comum ouvirmos relatos de animais sendo maltratados e humilhados por
indivíduos de uma sociedade cruel, cuja essência se perdeu no
processo de racionalização.
Agora questiono-me como abordar a terminologia do Bem-estar
animal (BEA) nas escolas? Não questionando a forma da qual humanizamos
os animais dos quais mantemos sob nossa tutela, mais sim, suprindo as
necessidades biológicas do animal, sejam eles domésticos, experimentação, de
zoológicos, silvestres, produção e até mesmo o homem (Broom, et al, 1986).
Em recente estudo,
questionou-se como a terminologia bem-estar-animal tem sido disseminada nas
mídias digitais, bem a como sua concepção por estudantes do ensino básico. Para
tal, além da categorização do conteúdo divulgado em diferentes veículos da
internet, foi realizada uma ação com estudantes do ensino fundamental e médio
de escolas da rede pública e privada. Os resultados revelaram que a
disseminação de aspectos sobre o bem-estar-animal ainda está associada a uma
visão antropocêntrica e
utilitarista cuja maior ou menor valoração vincula-se à representatividade e
funcionalidade de determinados animais.
Eu
como Bióloga e Educadora ambiental acredito que a concepção dos estudantes
reflete o senso comum e revela a necessidade de apropriação das fontes de informação pela
educação a fim de habilitar o estudante para apreensão e processamento do
conteúdo. Assim, discute-se a importância de associar a educação ambiental à bioética ambiental, uma
ferramenta inovadora que visa a promoção da educação moral através condução do
estudante à compreensão da importância de saber ouvir, sem julgamentos, os
argumentos dos todos os atores envolvidos em questões complexas. Visando, desta
forma, munir o estudante de ferramentas para que as escolhas desse futuro
cidadão sejam pautadas em valores éticos globais e através de um pensamento
reflexivo, crítico e responsável tenham autonomia e espírito cooperativo para
encontrar soluções consensuais e justas para as sociedades, para os animais,
para a natureza, desta e de futuras gerações.
Este
ensaio foi elaborado para a disciplina de Temas de Bioética e Bem estar Animal
tendo como base as obras:
BROOM, D. M.; MOLENTO, C. F. M. Bem-estar
animal: conceito e questões relacionadas–revisão (animal welfare: concept and
related issues–review).Archives of Veterinary Science, v. 9, n. 2, p.
1-11, 2004.
LEVAI, L. F. Crueldade consentida–crítica à
razão antropocêntrica. Revista
Brasileira de Direito Animal, v. 1, n. 1, 2014.
SIQUEIRA-BATISTA, R., GISELLE, R., G, A. P.,
COTTA, R. M. M., & MESSEDER, J. C. A
bioética ambiental e ecologia profunda são paradigmas para se pensar o século
XXI?.Ensino, Saúde e Ambiente, v. 2, n. 1, 2009.
WILSON,
E. O. Biophilia. Harvard University
Press, 1984.
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