Blog de discussão e aplicação de conhecimentos científicos no dia-a-dia, destinado para alunos e interessados na Ética Prática, Dialogante e Multidisciplinar própria da Bioética!
Por Amanda Rodrigues da Silva, Lisyê
Alice Baena, Marília Tararthuch
Graduandas do Curso de Biologia
Filhote de elefante chora
após ser pisoteado pela mãe na China
No zoológico de Rongcheng, província chinesa de
Shandong, foi relatado o caso de um filhote
de elefante asiático que chorou após ser pisoteado pela sua mãe. O
incidente ocorreu após o nascimento do filhote, deixando-o gravemente ferido. O
animal passou a ser cuidado pelos tratadores do zoológico. Segundo Vizachri,
2001, o choro induz a lágrima, sendo elas as únicas secreções consideradas dignamente
humanas. Já as outras secreções, como o suor podem ser considerados
excrementos, naturais dos seres vivos. Como os elefantes que quando choram, se
aproximam de nós e ficando cada vez mais difícil de não aceitar que os animais
possuem emoções e sentimentos.
As emoções estão presente com os seres vivos desde o nascimento, e não dependem
de fatores sociais ou socioculturais. Podem ser um conjunto de respostas
químicas e neurais produzidas quando o cérebro “normal”, recebe um estímulo
que faz o “equilíbrio” ser interrompido, desencadeando a emoção e muitas vezes
resultam em sensações físicas, como um soco na mesa de raiva, ou a vontade de
gritar por ficar surpreso. Nas emoções se encaixam: a alegria,
tristeza,
medo, nojo, raiva e surpresa.Já os sentimentos são mais complexos e dependem de fatores e
variáveis socioculturais, podendo ser uma ideia sobre o corpo e/ou organismo,
quando este é perturbado de alguma forma pelos processos emocionais. Quando um indivíduo está no ‘sentimento’, ele
decide as coisas com racionalidade, sendo uma espécie de juízo sobre as
emoções. Alguns exemplos de sentimentos são: a culpa, a vergonha, a gratidão, a simpatia,
a compaixão, o orgulho, a inveja,
o desprezo, o espanto.
Para
muitos quando se trata de emoções e sentimentos em animais, vem a ideia de que
são exclusivos da espécie humana, pois conseguimos compreender através de nossa
comunicação
linguística, e se os animais não podem dizer o que sentem, e se não podemos os
compreender, logo deduzimos que não existem, já que é mais fácil chegar a essa conclusão do que
observarmos e reconhecermos de que muitos sentimentos são semelhantes entre
animais e humanos como o medo, o amor, a coragem, a raiva, a
solidariedade, entre outros.
Podemos chegar a essa
conclusão através de situações e fatos registrados no mundo animal, como o
exemplo dos chimpanzés
que sofrem o luto da perda de um membro da família, ou dos elefantes
que choram, se aproximando de nós e ficando cada vez mais difícil delimitar a
barreira que nos diferencia dos outros animais.
Foi realizado uma
atividade virtual e em sala no qual estudantes de biologia discutiram sobre
vários temas, dentre eles se os animais possuem ou não sentimentos e emoções. Uma
barreira a ser quebrada é a superioridade entre homens e animais, já que os
homens utilizam a suposta falta de emoções em animais a fim de explorá-los.
Estudos já realizados nos mostram que animais são sencientes e que
podem expressar emoções através de respostas motoras e sentimentos quando
compreendem essas respostas. No decorrer da atividade foi abordado exemplo de
animais que choram, como os elefantes já citados, em ratos
mantidos em laboratório que riem, o comportamento
emotivo de insetos como as abelhas, e a saudade que os pets sentem dos donos.
Nós futuras
biólogas acreditamos que os animas possuem sem dúvidas sentimentos e emoções, e
que a sociedade busca explorar os animais, dando a desculpa que eles não
possuem sentimentos e emoções.
O
Presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, tendo como base as
seguintes obras:
Por Bruna Linhares, Patrícia Ferreira, Paulo Vaccari Neto, Publio Bonin,
Rafael Xavier.
Graduandos
do Curso de Ciências Biológicas Bacharelado PUCPR
O caso
Instituto Royal ocorreu em São Roque - SP, em 18/10/2012, é um exemplo da
realidade que muitos animais passam quando são submetidos a experimentos. Os
cães eram maltratados, deixados em condições precárias, submetidos a testes
violentos. Um grupo de ativistas, após saber desses acontecimentos, invadiram o
Instituto e retiraram 178 cães do local que foram levados para doação
posteriormente. Os testes que foram feitos eram para ver os efeitos colaterais
os cães apresentavam após ter tomado doses de medicamento que estariam para ser
lançados. Ao inserir os testes nos cães, era possível verificar as possíveis
reações adversas, como vômito, diarreia, perda de coordenação e até convulsões.
Muitos cães são sacrificados antes de completarem um ano de vida, o que
demonstra a força dos medicamentos nos animais. O Instituto Royal também havia
publicado em seu site texto que defendia o uso de animais em pesquisas,
intitulado “Métodos alternativos ao uso de animais”!
Até pouco
tempo atrás não existia nenhuma lei que proibisse ou regulamentasse o uso de
animais em experimentos. Ratos, coelhos, cachorros, rãs eram - e ainda são -
utilizados em indústrias de cosméticos, na indústria farmacêutica sendo
submetidos a testes de novas drogas, ambientes estressantes, jaulas pequenas
demais, testes e mais testes, sofrimento, dor, todos essas situações são
vividas por vários animais. É fato que em muitos casos foram desnecessários.
Somente nas últimas décadas os animais passaram a ser vistos como uma forma de
vida que merece respeito pois sentem dor, possuem sentimentos como nós e não são
como um objeto, cada um tem o seu valor.Diferentemente do que muitos pensam, os animais
não estão aqui para nos servir. É nosso dever respeitá-los e protegê-los como
seres vivos. Em 8 de outubro de 2008 entrou em vigor a lei Arouca (LEI Nº 11.794), que regulamentou o
uso de animais em experimentos científicos. Proposto inicialmente pelo deputado
e sanitarista Sérgio Arouca, em 1995. A lei prevê que os laboratórios tenham
dois anos – a partir da publicação - para se adequar às normas internacionais que
restringem o uso de cobaias apenas para pesquisas que tenham como finalidade
melhorar e prolongar a vida do ser humano. Também é permitido o uso de animais
em experimentos que testem a segurança e eficácia de fármacos desenvolvidos
para o tratamento de doenças. Em ambos os casos, as pesquisas devem
obrigatoriamente prezar pelo bem estar do animal utilizado.
No fim da
década de 1950, o livro (“Princípios das Técnicas Experimental Humanas”- Russel
e Burch, 1959) lançou a ideia dos 3Rs: Reduction (que consiste
em usar o menor número possível de cobaias), Replacement (se remete ao uso de
modelos alternativos de investigação, por exemplo, utilizar gatos ou ratos em
vez de macacos, cultura de células em vez de modelos animais) e Refinement (o
aperfeiçoamento de todos os processos envolvidos na experimentação visando, no
fim, a redução do uso de animais ou redução do seu sofrimento.); para guiar uma
utilização mais parcimoniosa de animais na experimentação.
Vários avanços foram descobertos através dessas experiências,
então temos que tirar proveito dessas informações já obtidas e parar com o uso
de animais pois além de não serem eficientes fazem os bichos passarem por
situações terríveis. Hoje existem vários métodos alternativos que podem ser
utilizados e que estão sendo adotados cada vez mais em várias partes do mundo.
Deve-se utilizar os experimentos em último caso, e mesmo assim não se tem a
garantia de que o produto testado irá causar o efeito desejado em humanos.
Nossos organismos apesar de apresentarem respostas parecidas com de alguns animais,
são diferentes, podendo causas reações adversas, mesmo após os testes em
animais, como já aconteceu inúmeras vezes! Remédios tiveram que ter sido
retirados do mercado pois causavam morte fetal, morte do indivíduo, entre
outros.
A abolição total dos
testes em animais depende de nós consumidores. Hoje, com as informações
disponíveis, podemos escolher entre produtos testados e não testados em
animais. Nosso grupo concluiu que o debate realizado em sala passou por vários
temas, que foram desde a utilização de animais em apresentações culturais e
midialísticas até a utilização de animais em nossa dieta. Nos levando à um
questionamento acerca da nossa relação e convivência com animais no decorrer da
história e como os utilizamos como ferramentas para facilitar nossa evolução tecnológica
e, posteriormente, ferramentas de adorno e
diversão
relacionado com nosso estado individual de felicidade predestinado pelo nosso
cultural. O debate mostrou de forma clara como perdemos nosso contato com a
natureza, nosso estado de natureza, e criamos um cenário a parte em que
tratamos os animais e indivíduos a nossa volta de acordo com nossas
necessidades, por suas utilidades ou beleza. Este cenário demonstra a valoração
do ser humano como um ser a parte dos outros; Superior por ser dotado de razão,
diferencia-o dos outros seres lhe dando condição de dominância sobre os mesmos,
que por fim são tratados como objetos de utilização para os mais distintos
fins. Este quadro de dominância ultrapassa o ético e moral, levando a extremos
por caprichos criados pelo cenário cultural, não importando o custo monetário
ou de vida. A vida dos animais não é valorada como a dos seres humanos, o que
leva as pessoas a pensar que eles estão aqui para servir-nos, seja em diversão,
alimentação, experimentos. O processo a qual o animal é submetido para os
diversos tipos de atividade, como para nossa alimentação ou em shows de
apresentação, é desconhecido ou omitido pela maioria das pessoas, o que leva as
pessoas a concordarem com a utilização dos mesmos em qualquer tipo de fim.
Por fim,
o debate acrescentou uma gama de informações que proporcionaram observar a
questão de outra perspectiva, mais organizada e enriquecida, de uma perspectiva
evolutiva do comportamento muito mais detalhada, sabendo diferenciar que
características podem ser exclusivas de seres humanos e de animais e em que
momentos a integridade moral destes esta sendo ferida, criando um senso crítico
maior e mais rico para futuros debates.
O presente ensaio foi
elaborado para disciplina de Etologia, baseando-se nas obras:
A VERDADEIRA FACE DA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL. Sua
Saúde em perigo. Sérgio Greif & Thales Tréz. Sociedade Educacional Fala
Bicho (2000).
porBruna Schaidt, Izadora Rafaela S. de
Oliveira e Sayori Nakayama de Castro.
Graduandas do curso de Ciências Biológicas
Em junho de 2015,
um grupo formado por professores,
estudantes e profissionais atuantes na área de direitos animais se reuniu com o
objetivo de eliminar práticas que geram sofrimento nos animais no campus da USP
de Piracicaba (ESALQ – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).
Essa iniciativa surgiu devido
as sucessivas preocupações com a condição dos animais utilizados em ensino ou
até mesmo em pesquisa na ESALQ. Em 2015, um documento foi escrito e assinado
pelo Professor
Dr. Marcos Sorrentino e pela Professora Dra. Maria Castellano, requisitando
atenção da diretoria da universidade sobre o tema, e exige: “a libertação total
dos animais de qualquer situação de exploração”. O documento ressalta o direito
ético dos animais em serem livres:
“[…] podemos constatar
que, pelo simples fato de estarem confinados e submetidos a condições não
naturais, de exposição a momentos de estresse e dor, seu direito à vida, à
liberdade e o direito de não sofrer […] estão sendo violados.”
A primeira resposta da
universidade foi dizer que cumpre todas as normas federais para a pesquisa com
animais, e que o Comitê de ética (CEUA) da ESALQ garantia os cuidados
adequados. O grupo, então, propôs a realização de discussões e palestras a
serem feitas no campus, para que os estudantes ficassem sabendo e participasse
dos debates. A proposta é que os animais parem de ser
usados para fins de ensino ou científicos.
Essa questão de uso de animais aulas práticas, envolve o descaso com o bem-estar
animal. No Brasil o uso de animais como
modelo de experimentação em aulas é permitido apenas no ensino superior, porém
já é uma questão bastante problemática. A realização dessa prática é intensa e
muitos pesquisadores ainda defendem a ideia de que é algo indispensável para a
aprendizagem dos alunos. Além disso, segundo a União Britânica para a Abolição da
Vivissecção, estima-se
que 115 milhões de animais são usados para estes fins ao redor do mundo, porém
este é um dado subestimado, uma vez que apenas 37 de 179 países coletam tais
informações.
Uma questão importante levantada quanto
ao uso desse modelo de aprendizado são os motivos que são usados para
justificar a prática, pois normalmente os professores apenas expõem para os
alunos algo que é confirmado há muito tempo, ou seja, não teria necessidade de
usar modelos animais para reafirmar algo que já está comprovado na literatura.
Outro ponto importante a ser discutido, são as condições que estes animais são
mantidos, mesmo havendo algumas regras a serem seguidas para a realização das
aulas. Não é apenas o uso para as práticas em si que tornam os casos
preocupantes, mas como eles passam a vida em ambientes e condições totalmente
fora da realidade da natureza deles. Gaiolas, jaulas, espaços reduzidos, falta
de contato com outros da espécie, além de outros agravantes, torna a vida deles
longe de ser uma vida de qualidade e com bem-estar.
Há alternativas para a substituição de animais em aulas práticas, como
modelos mecânicos, que são praticamente idênticos às estruturas que devem ser
observadas ou até mesmo usadas da mesma forma que estruturas vivas.
O
assunto se torna cada vez mais discutido, pois as opiniões se dividem quanto ao
uso dessa prática. Muito pesquisadores não abrem mão do uso de animais em
aulas, porém, muitos já defendem e entendem que os animais são seres vivos, ou
seja, organismos capazes de sentir dor e sofrimento, então não é aceitável que
se faça uso deles.
Durante o debate realizado em sala sobre
este tema em específico, foi possível notar que houve um consenso sobre a
utilização de animais em aulas práticas. Notou-se que grande parte dos alunos
que se manifestaram se mostraram de acordo com a opinião de que há outras
opções para a visualização de demonstração em aulas práticas, e que concordaram
que os pesquisadores e professores que não aceitam estes métodos alternativos
deveriam abrir espaço para as novas tecnologias que permitem estas
substituições.
A interação entre homens e animais
sempre esteve presente na trajetória da humanidade, desde uma época onde os
homens viviam em cavernas e encontravam na caça uma forma importante de
sobrevivência. No debate da sala do 7º período de Biologia, a primeira questão foi
"os animais têm emoções e sentimentos?". Segundo Masson e Mccarthy, 1998, a emoção é um conjunto de todas
as respostas motoras que o cérebro faz aparecer no corpo em resposta a algum
evento. É um programa de movimentos como a aceleração ou desaceleração do
batimento do coração, tensão ou relaxamento dos músculos e assim por diante. Já
o sentimento é a forma como a mente vai interpretar todo esse conjunto de
movimentos. Ele é a experiência mental, e alguns desses sentimentos não se
relaciona com a emoção, mas com os movimentos do corpo. Por exemplo, quando
sentimos fome, é uma interpretação da mente de que o nível de glicose está
baixo e é preciso se alimentar. As emoções raramente aparecem em forma pura,
isoladas das outras emoções, como raiva e medo, medo e amor, amor e vergonha
sempre convergem em situações particulares.
Diversos estudos científicos apresentam
resultados consideráveis de que os animais possuem essa capacidade. Atualmente,
muitos cientistas defendem que todos os animais vertebrados, são sencientes em
diferentes graus. A neurociência esta trabalhando com os estímulos nos
diferentes sistemas emocionais, e as respostas dos humanos e dos animais são
semelhantes. Esse fato é de fundamental importância, de maneira que a relação
entre o homem e o animal deve ser respeitada, e com responsabilidade de
preservar o bem-estar animal com a consciência de que os animais
também possuem emoção e sentimentos.
Hoje existe um consenso de que a consciência é a propriedade de estar consciente de
si mesmo e de seu lugar no ambiente (Damásio, 2011; Kandel,2003; Kolb &
Whishaw, 2002). Cientistas concordam que a consciência não é um processo único,
mas sim, uma coleção de vários processos, como os envolvidos à visão, à fala,
ao pensamento, à emoção, entre outros (Kolb & Whishaw, 2002). Com diferentes aspectos como nível
generalizado de alerta, atenção, seleção do objeto da atenção baseada em objetivos,
motivação e início da atividade motora e cognitiva, a consciência, está
associada à atividade de neurotransmissores específicos produzidos pelos neurônios do
tronco encefálico e transportados para o cérebro pelo sistema de ativação
reticular. Os neurotransmissores são a serotonina, norepinefrina, acetilcolina, e dopamina (Lundy, 2008; Kolb & Whishaw,
2002).
Segundo um grupo de cientistas reunidos
na Universidade
de Cambridge proclamou
que humanos não são os únicos seres conscientes. "Animais não-humanos como
mamíferos e aves, e vários outros, incluindo o polvo, também possuem as
faculdades neurológicas que geram consciência", declarou o grupo, na
chamada Declaração de Cambridge. Um artigo escrito pela Helen
Proctor, atual doutoranda em uma tese sobre senciência animal, e seus colegas
da WSPA fornece uma revisão sistemática da literatura científica sobre
senciência. O esforço utilizou uma lista de 147 palavras chave, e a equipe
revisou mais de 2.500 trabalhos sobre senciência animal. Eles concluíram: “Evidências
da senciência animal estão por toda parte”. Em particular interesse
da Helen e de seus colegas, está a descoberta de “uma grande tendência dos
estudos assumirem a existência de emoções negativas nos animais, tais como dor
e sofrimento, em detrimento de emoções positivas, como alegria e prazer”.
Outro ponto é a utilização dos animais na alimentação, que para maioria das pessoas é algo necessário e
insubstituível, porém muitos vegetarianos estão
comprovando a possibilidade da obtenção da proteína dos animais por várias
alternativas. Vários estudos já demonstraram que a pecuária é a principal causa das mudanças climáticas que presenciamos
nos dias atuais. Isso porque, desde que houve o aumento exponencial da
população, passou-se a destruir grandes áreas naturais, para a criação de pasto
para gado. E, além disso, boa parte das monoculturas existe para suprir a
demanda da alimentação dos animais da indústria pecuária. O principal problema talvez não seja o uso do
animal na alimentação, mas a maneira como eles são produzidos, bem como o seu
desperdício.
Outra maneira cruel da utilização dos animais
é para o vestuário, onde o sofrimento no
animal inicia do momento da captura, até a retirada da pele de maneiras cruéis
e inaceitáveis para que a pele fique com uma determina textura desejada. Muitas pessoas não acham errado usar
produtos de couro ou lã, por serem resultado da exploração de animais
originalmente usados na alimentação, sendo uma destinação útil para um produto
que, inevitavelmente seria descartado. Por outro lado, as peles se tornaram
acessórios ultrapassados, provavelmente, reflexo dos movimentos pró-animal de
repercussão internacional, bem como devido à eficácia e ao preço dos materiais sintéticos
(Regan, 2006).
O uso e abuso de animais não parou por
aí, eles também são usados para entretenimento, e esse é um dos casos que causa maior
indignação. Muitas vezes, a utilização de animais para shows, circos, parques
temáticos, touradas, rodeios, caça, práticas esportivas e zoológicos tem uma
argumentação cultural, porém envolve diversas questões éticas discutíveis em
relação ao bem-estar desses animais. É possível que a exploração de animais a
partir de outras mídias, tais como cinema, TV, internet e jogos, tenha suprido
a necessidade de presenciar os espetáculos. Legalmente, o uso de animais em
circos foi proibido em diversos estados brasileiros, contudo, apesar dos
inerentes maus-tratos, práticas como o rodeio são mantidas sob uma motivação
econômica e cultural (Projeto Esperança Animal, 2015a). A limitação da
compreensão da exploração animal para entretenimento ficou evidente na
condenação aos circos, mas não na visão dos problemas envolvidos no confinamento
de animais para exposição nos zoológicos, criados com o propósito de expor
espécies exóticas (Sanders; Feijó, 2007). A disponibilização de informação
sobre a vida dos animais transmitidas pela mídia e documentários, provavelmente
tem tocado a sociedade, com a intenção de cobrar atitudes éticas, superando a
demanda pública pela estética natural (Morris, 1990).
Os animais são utilizados para
diversos fins, para serviço e benefício do homem. Há muito tempo eles são
utilizados como transporte mesmo diante de todo o avanço tecnológico, e a
criação de automóveis, e até hoje cavalos servem para puxar carroças, cães são
usados por deficientes visuais como guias, e diversos animais são usados em
terapias. A sociedade aceita e até estimula a utilização de animais para trabalho, principalmente como meios de
transporte, pois foram a base do desenvolvimento econômico e tecnológico da
humanidade (Petroianu, 1996). Mesmo diante de todo o avanço da urbanização, o
sustento de mais da metade da população mundial ainda depende dos animais de
carga (world Animal Protection Brasil, 2007).
Foi no século XIX que a experimentação animal emergiu como um importante método
científico (Orlans, 1993), com François Magendie como pioneiro nas experimentações. Os
experimentos realizados por Magendie refletem em grande parte o pensamento
cartesiano, isto é, não levavam em consideração o sofrimento do animal, já que
o animal é visto como uma máquina. Porém,
antes, O’Meara (1614 -1681) já dizia que a agonia a que os animais eram
submetidos daria origem a resultados distorcidos (Ryder, 1989). James Ferguson (1710-1776), o cientista considerado
pioneiro em buscar alternativas à utilização de animais em experimentos, que
criticava o sofrimento do animal utilizado em experimentos sobre a respiração
e, em suas demonstrações públicas, utilizou um modelo de balão para simular os
pulmões (Ryder, 1989). Embora a notável importância dos usos dos animais na
pesquisa e nos avanços da medicina, cosméticos, indústria farmacêutica entre outros, aparece a questão da experimentação como um
problema relacionado ao bem-estar animal, isto é, o estresse e a dor aos quais
os animais são submetidos podem produzir alterações fisiológicas, as quais
podem alterar os resultados obtidos (Wolfensohn & Lloyd, 1995: 174). Com o
avanço tecnológico e cientifico, é completamente acessível o estudo e a criação
de exemplares alternativos para testar produtos, como por exemplo,
pele sintética, cultura de células e até mesmo o teste em humanos, desde que
seus direitos sejam respeitados.
Nós como futuros biólogos
acreditamos que analisando todos os temas abordados, percebemos que o que falta
é o entendimento da inteligência
dos animais. Por mais que não os entendamos totalmente, e que o pouco que
conseguimos decifrar de suas mentes seja algo muito superficial, não podemos
negar de que sim, os animais possuem inteligência. Nós humanos gostamos de nos vangloriar de como nossa mente
funciona, subestimando assim outros assim outros seres, apenas porque não
compreendemos sua natureza. Porém, não podemos afirmar que eles não possuem
inteligência e que não pensam. Pesquisadores e estudiosos dos animais, já
comprovaram que eles são capazes de pensar e agir através de um raciocínio
previamente estabelecido. Alguns dizem que até mesmo planejar o futuro
pode ser feito por um animal, e não apenas humanos, como se pensava. Porém, é
claramente mais fácil para alguns apenas aceitar que animais não possuem
inteligência para que possam continuar à usa-los de forma abusiva, seja para
trabalho ou pesquisa. O que falta é o
ser humano entender que não compreendemos tudo que vemos e, que para entender a
mente de outro animal, é preciso que não os desvalorizemos.
O presente ensaio foi elaborado para
disciplina de Etologia, tendo como base as obras
Damásio,
A. R. (2011). E o cérebro criou o Homem. São Paulo: Companhia das Letras.
Depois de 2.500 estudos, já não é hora de declararmos
a senciência animal provada?. Recuperado em
https://oholocaustoanimal.wordpress.com/2014/12/05/depois-de-2-500-estudos-ja-nao-e-hora-de-declararmos-a-senciencia-animal-provada/
Helen S. Procto, Gemma Carder e Amelia R, Cornish, Seaching for Animal
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Por Ana Paula Miranda, Erick Barbosa
Ribeiro, Kathylin Fiorotti da Silva Brittes e Mairan Eliszabet Rezena da Silva
Graduandos do curso de Biologia
Como os animais selvagens reagem diantes de espelhos? Onças, Gorilas,
Chimpanzés, Elefantes e Aves são capazes de se reconhecer em um espelho?
O teste do espelho é experimento que visa medir a auto-consciência ao
determinar se um animal é capaz de reconhecer o seu próprio reflexo no espelho por
meio da compreensao da imagem de si mesmo. Há nove espécies que passaram no
teste do espelho, incluindo pegas e elefantes, principalmente
primatas, mas a
maioria dos bebês humanos não passam no teste do espelho até vários meses
de idade. Então questiona-se por que utilizar um teste que não funciona eficientemente
nem com humanos?
Por séculos a conciência foi compreendida
como um privilégio da humanidade e usada para justificar o uso de animais como
objetos pela sociedade. A consciência
é uma qualidade da mente, subdividida em
subjetividade, autoconsciência, senciência, sapiência, e a
capacidade de perceber a relação entre si e um ambiente. A declaração de Cambrigde, afirma que os humanos não são os únicos animais com as estruturas
neurológicas que geram consciência, concedendo aos outros animais uma chance de
serem aceitos pela sociedade como seres capazes de pensar e sentir.
No entanto,
sabe-se que existe diferença no grau e tipos de consciência dentro dos grupos
animais e o grande desafio dessa situação é aceitar que a consciência humana
não cabe mais como parâmetro de comparação para definir que tem ou não
consciência. O teste do espelho funciona para alguns animais como chimpanzés e golfinhos, mas para os cães por exemplo, não é eficiente, pois estes não se reconhecem
ao ver seu reflexo. Isso ocorre devido as características particulares de como
cada espécie se comunica e se relaciona com outros indivíduos do grupo. Os cães
se comunicam muito pelo olfato, reconhecendo os outros e a si mesmo por cheiros
deixados no ambiente, então como um teste de espelho poderia julgar sua
capacidade de autoconhecimento se utiliza os referencias humanos?
Em um debate ocorrido em ambiente virtual e presencial com futuros
biólogos, foram levantadas questões como a consciência da morte nos animais. Muitos relatos de vídeos mostram indivíduos, que
presenciam seus companheiros morrendo, apresentando comportamentos pouco
conhecidos, muitas vezes interpretados como desespero, tentativa de salvar o
outro, extrema tristeza e despedida. Oinfanticídio, também foi abordado em sala, sendo recorrente em diversas
espécies, como uma medida de proteção das mães para com os filhotes, estando
fortemente relacionada ao instinto materno, através do hormônio do amor, a
ocitocina. Pouco se sabe sobre a consciência que os animais possuem de sua
própria morte, mas relatos de suicídio cometidos por golfinhos e cães nos faz acreditar que os animais
reconhecem o fim de sua vida “útil”, cometendo suicídio em casos de estresse e
tristeza, como por exemplo quando seus donos ou treinadores morrem. A relação
entre o instinto e a consciência variam dentro de cada comportamento e em cada
espécie, sendo necessário avaliar cada situação individualmente. A efetividade
e abrangência da declaração de Cambridge, foi discutida considerando que a
mesma não abrange todos os grupos animais, principalmente os invertebrados, que
são deixados de lado pela maior parte da comunidade científica, outro ponto
abordado é o fato de que a declaração foi produzida e assinada basicamente por
neurocientistas, não considerando a pesquisa em campo, realizada por biólogos e
etólogos. A declaração foi sim um marco importante para abrir os olhos da
comunidade científica quanto ao direito e ética com os animais, contudo, a
mesma poderia ser mais abrangente entre os grupos animais se contasse com mais
pesquisas de diferentes áreas.
Quanto mais estudamos o comportamento dos animais, mais nós nos
surpreendemos com a semelhança com os humanos. Mas afinal, eles agem como
humanos ou nós agimos como eles?Existe na sociedade e na
comunidade científica, um grande impasse quanto aos padrões de avaliação das
capacidades animais, principalmente dos grupos menos estudados como os
invertebrados. O grande problema está na insistência que temos em usar os
humanos como referencial avaliativo. Nós como formandos em biologia acreditamos que,para que se possa alcançar
a compreensão do que os animais são capazes, é necessária uma mudança nos
paradigmas da ciência e assumir uma postura de pesquisadores abertos a entender
a consciência, inteligência,
os sentimentos e emoções de cada animal, respeitando sua individualidade e
considerando seu ambiente de vida e suas necessidades.
O presente ensaio foi elaborado
para disciplina de Etologia, baseando-se nas seguintes obras:
por: Bruna Falavinha,
Catia Sant’anna, Jonathan de Jesus e
Paola Gyuliane.
Graduandos do curso de Biologia da PUCPR
Recentemente um elefante
morreu no Camboja durante um passeio sob um sol de 40 graus carregado de turistas
nas suas costas. O elefante asiático, espécie ameaçada
de extinção, foi vítima de um ataque cardíaco fulminante devido ao cansaço
e a temperatura extrema. A agência que gerencia os passeios no local prometeu
reduzir as horas de trabalho de seus outros 13 animais até que as temperaturas
amenizem, entretanto, milhares de internautas assinaram uma petição
para que o uso destes elefantes para o entretenimento dos turistas seja
proibido e a conservação da espécie seja levada a sério.
Animais são utilizados
na indústria do entretenimento
para uma grande variedade de usos. Os humanos partem do pressuposto de que são
uma raça superior e que os animais e a natureza estão aqui para servi-los. A
exploração animal causa problemas físicos,
fisiológicos
e psicológicos
nos animais, levando a grande maioria a morte. A Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) prevê
punições àqueles que, de alguma forma, causem mal aos animais não-humanos, entretanto,
as punições são leves e levam em consideração a exploração animal em benefício
dos humanos.
Um
exemplo de animal bastante explorado é o cavalo. Os cavalos são
utilizados para a prática da equitação,
espetáculos em
eventos e na televisão,
provas de rodeios e competições
de corridas e apostas. Os animais são submetidos a treinamentos intensos, são
forçados a competir ou ser montados e ficam expostos ao risco de fraturas e,
não em poucos casos, até a morte.
A entidade Animal Aid produziu
relatórios revelando ao longo dos últimos anos os problemas na criação de
cavalos para entretenimento, corridas, treinamento e a eliminação dos cavalos
comercialmente improdutivos” (cavalos já velhos que não podem ser utilizados
para corrida ou equitação e são sacrificados). Em um período de 1.864 dias,
entre 2007 e 2012, a entidade contabilizou 816 mortes de animais, APENAS, nos torneios britânicos. Além
de problemas nos joelhos, cascos, colunas e articulações devido as provas e ao
peso extra que carregam nas costas, os cavalos ainda passam pelo estress psicológico, em
sua maioria, pela perda de sua liberdade, o confinamento em baias pequenas,
serem submetidos a montarias de desconhecidos e não ter convívio social pois os
cavalos são animais que vivem em sociedade.
Dentro de muitos circos, safaris e parques zoológicos
também ainda é possível observar a exploração excessiva dos animais para o
entretenimento. Muitos animais nesses locais não recebem a alimentação e o
tratamento adequados para suas espécies. Além disso, a exploração em alguns
casos chega a ser cruel. O uso de animais em circos, por exemplo, onde força
brutal e choques
elétricos são utilizados para obrigá-los a realizar atividades desgastantes
e perigosas que podem causar queimaduras, fraturas e extirpação de membros e
lesões, fazendo com que os animais muitas vezes cheguem a óbito. Apesar do uso
de animais em circos já ter sido proibido
em vários lugares, inclusive em Curitiba sob a lei Nº 12.467 de
25 de outubro de 2007, algumas cidades brasileiras e outros países ainda o permitem. Em muitos zoológicos
e safaris alguns animais são dopados
para que turistas possam se aproximar e tirar fotografias, como no caso dos
leões do Zoológico de Lujan, na
Argentina. Além disso, há diversos relatos de maus-tratos e mortes por
descaso e negligência. Segundo a ANDA
(Agência Nacional de Direitos Animais), no mundo inteiro, há mais de cinco
milhões de animais selvagens vivendo em zoológicos, sendo que mais de um milhão
morrem por ano devido ao aprisionamento. Será que isso é realmente um lazer
necessário para a espécie humana?
Para a
exploração de animas de grande porte temos o rodeio, tourada, farra do boi, vaquejada, dentre outros que
mexe com grande público e tem grande visibilidade. Além de ser normal para uma
parte da população, que vê nessas atrações uma forma de renda, existe também o
estilo cowboy.
No rodeio temos grandes tradições de
vestimentas, como a camisa xadrez, calça jeans, bota, chapéu e cinturão. Os
eventos trazem animais como bois, vacas, bezerros, touros e cavalos e algumas
vezes até bodes, cabras. Possuem aclamações em muitos locais, como Expo Guaçu em Mogi Guaçu/SP RODEIO, em
Ribeirão Preto SP AGRISHOW,
Mandaguari PR Expo
Mandaguari, São Sebastião do Paraíso MG Festa
do Peão de Boiadeiro Paraíso e muitos outros.
A Circus
Animal Rights Coalition de Malta, que inclui mais de uma dezena de ONGs
ligadas à proteção animal, elogiou a iniciativa da secretaria de educação, que
instruiu que as escolas não promovam visitas a circos durante o período
escolar.
Durante o
debate com uma turma de formandos de Biologia foram dados exemplos de animais
que sofrem maus tratos em Haras, zoológicos, parques de diversões com shows
aquáticos, entre outros. Questões foram abordadas acerca de movimentos
culturais que utilizam os animais e que ganham ainda mais força por toda a
economia que é gerada com tais atividades. Unanimemente, os estudantes
concluíram que o uso de animais para entretenimento é um ato cruel e egoísta do
homem, que só traz dor e mal-estar aos animais e nada acrescenta para a vida
das pessoas.
Nossa
opinião como futuros biólogos é de que o sofrimento imposto a estes animais não
agrega conhecimentos ou ensinamentos para os humanos, portanto é fútil e sem
sentido. Os animais possuem consciência, sentimentos e emoções e a exploração desnecessária dos mesmo deve ser proibida
para assegurar aos animais seu bem-estar.
O presente ensaio foi elaborado
para disciplina de Etologia, baseando-se nas obras: