Crueldade Atrás Do Riso: O Uso De Animais Para Entretenimento


Série Ensaios: Ética no uso de Animais

por: Bruna Falavinha, Catia Sant’anna, Jonathan de Jesus e Paola Gyuliane.

Graduandos do curso de Biologia da PUCPR



Recentemente um elefante morreu no Camboja durante um passeio sob um sol de 40 graus carregado de turistas nas suas costas. O elefante asiático, espécie ameaçada de extinção, foi vítima de um ataque cardíaco fulminante devido ao cansaço e a temperatura extrema. A agência que gerencia os passeios no local prometeu reduzir as horas de trabalho de seus outros 13 animais até que as temperaturas amenizem, entretanto, milhares de internautas assinaram uma petição para que o uso destes elefantes para o entretenimento dos turistas seja proibido e a conservação da espécie seja levada a sério.






Animais são utilizados na indústria do entretenimento para uma grande variedade de usos. Os humanos partem do pressuposto de que são uma raça superior e que os animais e a natureza estão aqui para servi-los. A exploração animal causa problemas físicos, fisiológicos e psicológicos nos animais, levando a grande maioria a morte. A Lei 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) prevê punições àqueles que, de alguma forma, causem mal aos animais não-humanos, entretanto, as punições são leves e levam em consideração a exploração animal em benefício dos humanos.

Um exemplo de animal bastante explorado é o cavalo. Os cavalos são utilizados para a prática da equitação, espetáculos em eventos e na televisão, provas de rodeios e competições de corridas e apostas. Os animais são submetidos a treinamentos intensos, são forçados a competir ou ser montados e ficam expostos ao risco de fraturas e, não em poucos casos, até a morte. A entidade Animal Aid produziu relatórios revelando ao longo dos últimos anos os problemas na criação de cavalos para entretenimento, corridas, treinamento e a eliminação dos cavalos comercialmente improdutivos” (cavalos já velhos que não podem ser utilizados para corrida ou equitação e são sacrificados). Em um período de 1.864 dias, entre 2007 e 2012, a entidade contabilizou 816 mortes de animais, APENAS, nos torneios britânicos. Além de problemas nos joelhos, cascos, colunas e articulações devido as provas e ao peso extra que carregam nas costas, os cavalos ainda passam pelo estress psicológico, em sua maioria, pela perda de sua liberdade, o confinamento em baias pequenas, serem submetidos a montarias de desconhecidos e não ter convívio social pois os cavalos são animais que vivem em sociedade.






            Dentro de muitos circos, safaris e parques zoológicos também ainda é possível observar a exploração excessiva dos animais para o entretenimento. Muitos animais nesses locais não recebem a alimentação e o tratamento adequados para suas espécies. Além disso, a exploração em alguns casos chega a ser cruel. O uso de animais em circos, por exemplo, onde força brutal e choques elétricos são utilizados para obrigá-los a realizar atividades desgastantes e perigosas que podem causar queimaduras, fraturas e extirpação de membros e lesões, fazendo com que os animais muitas vezes cheguem a óbito. Apesar do uso de animais em circos já ter sido proibido em vários lugares, inclusive em Curitiba sob a lei Nº 12.467 de 25 de outubro de 2007, algumas cidades brasileiras e outros países ainda o permitem. Em muitos zoológicos e safaris alguns animais são dopados para que turistas possam se aproximar e tirar fotografias, como no caso dos leões do Zoológico de Lujan, na Argentina. Além disso, há diversos relatos de maus-tratos e mortes por descaso e negligência. Segundo a ANDA (Agência Nacional de Direitos Animais), no mundo inteiro, há mais de cinco milhões de animais selvagens vivendo em zoológicos, sendo que mais de um milhão morrem por ano devido ao aprisionamento. Será que isso é realmente um lazer necessário para a espécie humana?








Para a exploração de animas de grande porte temos o rodeio, tourada, farra do boi, vaquejada, dentre outros que mexe com grande público e tem grande visibilidade. Além de ser normal para uma parte da população, que vê nessas atrações uma forma de renda, existe também o estilo cowboy.

             No rodeio temos grandes tradições de vestimentas, como a camisa xadrez, calça jeans, bota, chapéu e cinturão. Os eventos trazem animais como bois, vacas, bezerros, touros e cavalos e algumas vezes até bodes, cabras. Possuem aclamações em muitos locais, como Expo Guaçu em Mogi Guaçu/SP RODEIO, em Ribeirão Preto SP AGRISHOW, Mandaguari PR Expo Mandaguari, São Sebastião do Paraíso MG Festa do Peão de Boiadeiro Paraíso e muitos outros.

             O rodeio possui grande investimento, algumas empresas que apoiam e/ou patrocinam são a AMBEV, Antarctica, Brahma, Skol, Miller, Carlsberg, Bohemia, Caracu, Marathon, Lipton, Pepsi, Vivo, Mastercard, Redecard, Bayer, Carrefour, Souza Cruz, Friboi, Minuano, Arroz Rosalito, Supermercado Savegnago, e muitos outros. Eles estão a frente de um espetáculo de dor e sofrimento, que de certa forma máscara com propaganda cheia de alegrias e entusiasmo.

A Circus Animal Rights Coalition de Malta, que inclui mais de uma dezena de ONGs ligadas à proteção animal, elogiou a iniciativa da secretaria de educação, que instruiu que as escolas não promovam visitas a circos durante o período escolar.

Durante o debate com uma turma de formandos de Biologia foram dados exemplos de animais que sofrem maus tratos em Haras, zoológicos, parques de diversões com shows aquáticos, entre outros. Questões foram abordadas acerca de movimentos culturais que utilizam os animais e que ganham ainda mais força por toda a economia que é gerada com tais atividades. Unanimemente, os estudantes concluíram que o uso de animais para entretenimento é um ato cruel e egoísta do homem, que só traz dor e mal-estar aos animais e nada acrescenta para a vida das pessoas.

Nossa opinião como futuros biólogos é de que o sofrimento imposto a estes animais não agrega conhecimentos ou ensinamentos para os humanos, portanto é fútil e sem sentido. Os animais possuem consciência, sentimentos e emoções e a exploração desnecessária dos mesmo deve ser proibida para assegurar aos animais seu bem-estar.





O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, baseando-se nas obras:





MARTINS, R. F. A cruel utilização de animais em circos. Pensata Animal, Número 41 Ano VIII, Primavera de 2015. Disponível em: http://www.pensataanimal.net/arquivos-da-pensata/76-renatafmartins/115-a-cruel-utilizacao-de-animais-em-circos




Souza, Coryntho de - Rodeio, ontem e hoje - Ed. Valença, 1973

Martins, Cyro - Rodeio, estampas e perfis - Editora Movimento, 1976