Série Ensaios: Ética no Uso de Animais
Por Amanda Silveira
Sampaio, André Hartmann, Camila Brito, Gabriele Vidolin dos Santos
Acadêmicos do Curso
de Ciências Biológicas-Bacharelado da PUC-PR.
Uma elefante
fêmea chamada Sambo morreu no Camboja depois de trabalhar 40 minutos sob
uma temperatura de 40ºC. Sua função era transportar turistas para o
tradicional templo de Angkor Wat, na cidade de Siem
Reap. Segundo o veterinário que a examinou, Sambo sofreu um ataque
cardíaco depois de enfrentar "altas temperaturas, alto nível de exaustão e
falta de vento e ar fresco que teriam auxiliado sua respiração”.
Tal
relato aborda o fato de ainda nos depararmos com o quadro de animais
trabalhando para o homem, seja no policiamento, turismo, companhia e tração, muitas vezes em
condições inadequadas. A maioria dos relatos de maus tratos não é denunciada,
especialmente quando tratamos de animais de serviço. Tal situação tem se
tornando propícia para ações de abuso e abandono.
Segundo Peter Singer “é imoral a utilização
de animais para servir o homem em qualquer instância”. Devemos entender que os
animais não são máquinas de trabalho e possuem o direito de ter suas
necessidades satisfeitas. A Bioética é uma ferramenta
indispensável para sociedade, uma vez que ela nos aponta a necessidade de
respeitarmos os animais, como seres vivos e senciente e estabelecemos uma
comunicação entre diferentes atores envolvidos em uma questão ética,
considerando os seus argumentos e a busca de uma solução consensual que seja
boa e justa para todos.
A relação
do homem com os animais é muito antiga, sendo eles utilizados como meio de
transporte e também como ferramenta de trabalho do dia-a-dia. Tais relações
geram questões éticas de âmbito social e ambiental. A questão social envolve a necessidade do
homem em utilizar os animais como forma de sua sobrevivência, lazer e
segurança. Por outro lado, a questão ambiental, e a mais questionada é o direito dos animais, onde avaliamos as
condições de bem-estar proporcionadas aos
mesmos.
Os cães
são muito utilizados em comparações da polícia e de bombeiros, tomando como
exemplo o cão policial. O processo
de treinamento começa quando o filhote possui quatro meses de vida. Esses cães
trabalham nas seguintes ações policiais: imobilizar um suspeito até que seja
revistado; atacar criminosos; reconhecer, pelo faro, drogas e explosivos; e
localizar pessoas desaparecidas na mata ou em um cativeiro. Auxiliam os policiais
a achar drogas, pois tem um olfato muito mais desenvolvido que dos seres
humanos, porém muitas pessoas acham que esses cães são viciados em drogas.
Outra questão é que os cães ajudam na segurança dos policiais, mas estão sempre
sujeitos a perigo: podem se machucar, ser baleados e até morrer.
Uma outra
perspectiva de serviço consideravelmente menos desgastante para o cachorro, é a
função de cão-guia. O animal recebe
um rigoroso treinamento desde filhote para saber o que deve fazer e quando deve
fazer, carregando inconsciente uma grande responsabilidade de guiar um
deficiente visual por lugares perigosos e muitas vezes movimentados. As raças
mais comuns de cães-guia são Labrador, Golden Retriver e Pastor Alemão, por
possuírem força, inteligência, afabilidade e adaptabilidade, o que as torna
ideais para esse tipo de trabalho. A aposentadoria desses cães é entre 8 a 10
anos de idade, onde são colocados para a adoção. A questão ética envolvida
neste caso, é de que o animal perde completamente sua liberdade tendo que
sempre a atender comando de onde deve ir, além de se manter em constante
pressão tendo que deixar seus instintos de lado quando se encontra em serviço.
Um outro
animal extremamente explorado são os cavalos, que segundo estudos
existem a cerca de 55 milhões de anos, assim há alguns milhares de anos, homem
e cavalo se encontram para a realização de muitas tarefas que envolvem até hoje
a agricultura, o transporte e o esporte. A utilização de cavalos para o
trabalho teve início no meio rural onde habitualmente era
utilizado como meio de transporte e no dia-a-dia da rotina de trabalho. A
situação de pobreza vivida por muitas famílias faz com que o cavalo seja usado
para trabalho nos grandes centros e muitas vezes trabalham o dia todo ao sol, sem
água, sem comida e sem descanso. Considerando a questão social, ambiental e
urbana, a situação das carroças puxadas por cavalos
contraria os diversos aspectos. Por um lado, os carrinheiros argumentam ser
esta a forma única de subsistência. Já pela questão urbana, o grande número de
veículos em circulação nas cidades, a circulação de carroças contraria até
mesmo as leis de trânsito podendo até contribuir para o engarrafamento e a
possibilidade de acidentes. Esses cavalos sofrem desde a medicação e troca de
ferraduras com materiais improvisados feitos pelos próprios carrinheiros até a
sobrecarga de trabalho e peso infringida ao animal.
Há o uso
de cavalos também no auxílio da
polícia Militar, estes animais chegam ao regimento ainda potros para serem
adestrados em torno de quatro meses, após isso o cavalo está apto para ir às
ruas para auxiliar o policial em patrulhas e na contenção de manifestantes. São
aposentado após 20 anos de trabalho, onde o cavalo torna-se propriedade do
policial (cavaleiro), que muitas vezes acaba leiloando ou doando o animal. Esses
cavalos quando estão nos batalhões da PM, sempre são examinados por
veterinários que tendem a garantir o bem-estar do animal, são muito bem
alimentados, são escovados e limpos, sendo possível observar quando se encontram
nas ruas patrulhando. Porém sabe-se que esses cavalos quando enfrentam manifestações acabam sendo machucados, pois muitos
manifestantes atiram pedras, pedaços de madeira e outros objetos nos policiais,
que acabam acertando o animal e causando ferimentos.
Em
debate realizado com estudantes do curso de Biologia da PUCPR, foi possível observar
a quantidade de dúvidas sobre como é o treinamento desses animais, o que
acontece quando são aposentados, e o que esses serviços implicavam na vida
desses animais. Com as dúvidas sanadas, o que intrigou a todos é o porquê que essas
atividades vistas às consequências que trazem para os animais ainda são
executadas, pois atualmente há equipamentos que podem suprir a utilização
desses animais, como por exemplo, em aeroportos são utilizadas máquinas de Scanner Corporal para atestar se o
passageiro não está levando drogas no corpo, para o controle de manifestações
são usados canhões de água, para auxiliar pessoas
com problemas visuais tem sido estudado e criados equipamentos, como o “Kinect”, que deixará os
cães-guia de serem utilizados, e para fazer a mudança em retirar os cavalos e
carroças das ruas, está sendo investido em carrinhos elétricos para coleta de
material reciclável.
Nós como
futuros biólogos temos a obrigação de mostrar a sociedade de maneira geral, os
riscos que esses animais sofrem, e principalmente ressaltar que eles devem e
possuem o mesmo direito que todos, direito à liberdade e ao bem-estar. Em pleno
século XI animais são explorados de formas cruéis, deixando uma incógnita no
ar, até quando teremos esses animais como objetos e/ou animais de serviços?
Cabe a nós biólogos, mostrarmos a saída.
O
presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia, baseando-se nas
seguintes obras:
Disponível em: http://www.fronteiras.com/artigos/peter-singer-filosofo-e-ativista>.
Acessado em: 30/04/2016
Disponível em: < http://www.tecmundo.com.br/tecnologia-militar/94429-5-armas-nao-letais-poderosas-usadas-controlar-multidoes.htm>. Acessado em: 06/05/2016
Disponível em: < http://pr.ricmais.com.br/bg-curitiba/videos/carrinheiros-de-curitiba-recebem-treinamento/>. Acessado em: 06/05/2016
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