sexta-feira, 6 de maio de 2016

Por que amamos os fofos, comemos os “feios” e vestimos os peludos.


Série Ensaios: Ética No Uso de Animais



Por  Dayane Kichel, Gabriela Saldanha, Lilia Itsue e Nathalia Meyer

Acadêmicas do Curso de Bacharelado em Biologia



Há alguns dias atrás algumas famosas foram criticadas por usarem roupas e acessórios que continham pele de animais. “PETA provoca Lady Gaga e Rihanna por vestirem peles de animais: “Eles não podem ir à Oprah chorar sobre isso”




Hoje em dia ainda vemos diversas notícias sobre apreensões de animais e peles e o “estranho” comportamento de alguns animais que estão indo para abate, sim eles percebem que algo ruim irá acontecer e manifestam seus sentimentos de diversas formas.

O homem não nasce com ética, essa é uma característica que adquire ao viver em sociedade, por isso se pode mudar o modo de pensar com o passar do tempo. O homem e sua relação de domínio dos animais pelos homens ocorre há muito tempo, desde quando as caçadas esporádicas aconteciam e a família passava alguns dias comendo carne. Em períodos mais frios a utilização das peles para fazer roupas era comum e até mesmo os ossos para fazer “óculos” que protegessem os olhos da alta luminosidade no gelo.

Com a evolução da sociedade a caça de animais se tornou um modo de ganhar dinheiro, sendo então cada vez mais contínua causando grandes problemas ambientais, muitos animais capturados eram aprisionados e depois mortos com métodos cruéis como: asfixia, eletrochoque, envenenamento com estricnina, câmara de descompressão e quebra de pescoço, pistola pneumática, sendo que em muitos casos não faz com que o animal morra na hora. Para a pele é ainda mais cruel já que a retirada é feita com o bicho ainda vivo, para obter uma melhor qualidade assim um valor maior.

 A ciência avançou muito nos últimos anos trazendo diversos benefícios para saúde, produção de alimentos e produtos (tecidos) e novos métodos para abater animais, causando assim uma vasta oferta de alimentos e roupas, acabando com a sazonalidade de alimentos e a necessidade de utilizar animais para se aquecer. Porém para que a oferta de alimentos não diminuísse durante períodos mais frios e de seca, animais e plantas passaram a ser confinados em lugares menores e insalubres causando um acúmulo de dejetos resultantes de problemas para a saúde de muitos animais. Animais criados em cativeiro passam suas vidas em gaiolas pequenas e apertadas, sob estresse todos os dias e isso faz com que muitos se automutilem e cometam canibalismo.

 Atualmente existem muitas discussões a respeito do uso de carne na alimentação. O principal motivo para a retirada desse tipo de alimento das dietas, é a crueldade dos abatedouros, que criam os animais em questões extremas, e na hora do abate nem sempre utilizam formas que diminuam o sofrimento do animal. Só que, uma das dificuldades em remover essa comida das refeições, é por haver vitaminas e nutrientes presentes na carne, que não são encontrados em outros alimentos, ou são encontrados em outras formas. Como o ferro, que é encontrado em vegetais, mas em outra forma, que é mais difícil de ser absorvida pelo organismo humano, ou seja, vegetarianos devem que ingerir o dobro desse tipo de ferro para que o estoque não fique baixo. Isso sem contar a vitamina B12, que não é encontrada em nenhum outro tipo de alimento além da carne, e tem que ser ingerida em forma de cápsulas ou injeções. Infelizmente, existem muitas pessoas que não conhecem direito o que esses animais passam para chegar até a sua mesa, acham que eles vivem felizes em um grande espaço, cuidando de seus filhotes, pastando, bebendo água livremente, enquanto a realidade é bem diferente disso. Já estão sendo realizados estudos para desenvolver uma carne artificial sem a utilização de animais, porém, muitas pessoas ainda desacreditam do sabor e não pensam em abrir mão do cômodo.

Em entrevista ao IHU On-Line, Guilherme Carvalho - que é biólogo e gerente de campanhas da Humane Society International no Brasil, uma ONG internacional de proteção animal - respondeu quais os tipos de movimentos existentes hoje na luta pela diminuição do consumo de carne no mundo. Ele comenta sobre pessoas vegetarianas e pessoas que reduziram pelo menos 50% do consumo da carne e movimentos a favor da diminuição da mesma, como a “Segunda sem carne” que possui campanha internacional e está cada vez mais ganhando apoio, ajudando assim a reduzir o impacto no efeito estufa. Para Guilherme Carvalho o primeiro passo para a diminuição de consumo de carne é a conscientização do consumidor. Quanto menos a pessoa consumir, menos animais serão prejudicados. O consumidor também tem que ter consciência a respeito da qualidade ética e ambiental dos produtos animais que ela consome. Para ele, partindo dai é que podemos efetivar a pressão sobre o poder publico, ou seja, fazer com que eles enxerguem que o setor de agricultura animal tem que ser reconhecido como o causador de um dos maiores impactos ambientais.

Durante um debate virtual e presencial por futuros biólogos, a maioria dos alunos se mostraram a favor da diminuição do consumo de carne. Mesmo a maioria não sendo vegetariano, todos têm a consciência que os animais são extremamente prejudicados, que isto é um impacto ambiental muito grande. Foi consenso da turma que se todos se unirem e diminuírem o consumo de carne, o impacto irá diminuir.

Nós como futuras biólogas acreditamos que a opinião das pessoas quanto a vestimenta quanto a alimentação, podem ser mudadas. No mundo em que vivemos, vários recursos mais baratos e fáceis estão sendo fabricados, como por exemplo, pelos sintéticos e carnes artificiais. Sem contar que muitas pessoas estão mudando seus hábitos na alimentação e estão optando por serem vegetarianas e isso faz com que aos poucos cada cidadão se conscientize e acabe mudando o seu habito também, e nas vestimentas onde muitos usam roupas e couros sintéticos mostrando que é um material de qualidade, duradouro e que nenhum animal precisou ser sacrificado para a produção da mesma. Quanto mais o mundo se conscientizar, quanto mais acesso a esses tipos de informações as pessoas tiverem, menos crueldade com esses animais terá e menos animais serão sacrificados.



O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, baseando-se nas obras:

Livro "Por que amamos cachorros, comemos porcos e vestimos vacas" - Melanie Joy










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