Até que ponto é necessário o uso de animais em experimentos?? Caso Instituto Royal


Série Ensaios: Ética no Uso de Animais



Por Bruna Linhares, Patrícia Ferreira, Paulo Vaccari Neto, Publio Bonin, Rafael Xavier.

Graduandos do Curso de Ciências Biológicas Bacharelado PUCPR






O caso Instituto Royal ocorreu em São Roque - SP, em 18/10/2012, é um exemplo da realidade que muitos animais passam quando são submetidos a experimentos. Os cães eram maltratados, deixados em condições precárias, submetidos a testes violentos. Um grupo de ativistas, após saber desses acontecimentos, invadiram o Instituto e retiraram 178 cães do local que foram levados para doação posteriormente. Os testes que foram feitos eram para ver os efeitos colaterais os cães apresentavam após ter tomado doses de medicamento que estariam para ser lançados. Ao inserir os testes nos cães, era possível verificar as possíveis reações adversas, como vômito, diarreia, perda de coordenação e até convulsões. Muitos cães são sacrificados antes de completarem um ano de vida, o que demonstra a força dos medicamentos nos animais. O Instituto Royal também havia publicado em seu site texto que defendia o uso de animais em pesquisas, intitulado “Métodos alternativos ao uso de animais”!

Até pouco tempo atrás não existia nenhuma lei que proibisse ou regulamentasse o uso de animais em experimentos. Ratos, coelhos, cachorros, rãs eram - e ainda são - utilizados em indústrias de cosméticos, na indústria farmacêutica sendo submetidos a testes de novas drogas, ambientes estressantes, jaulas pequenas demais, testes e mais testes, sofrimento, dor, todos essas situações são vividas por vários animais. É fato que em muitos casos foram desnecessários. Somente nas últimas décadas os animais passaram a ser vistos como uma forma de vida que merece respeito pois sentem dor, possuem sentimentos como nós e não são como um objeto, cada um tem o seu valor. Diferentemente do que muitos pensam, os animais não estão aqui para nos servir. É nosso dever respeitá-los e protegê-los como seres vivos. Em 8 de outubro de 2008 entrou em vigor a lei Arouca (LEI Nº 11.794), que regulamentou o uso de animais em experimentos científicos. Proposto inicialmente pelo deputado e sanitarista Sérgio Arouca, em 1995. A lei prevê que os laboratórios tenham dois anos – a partir da publicação - para se adequar às normas internacionais que restringem o uso de cobaias apenas para pesquisas que tenham como finalidade melhorar e prolongar a vida do ser humano. Também é permitido o uso de animais em experimentos que testem a segurança e eficácia de fármacos desenvolvidos para o tratamento de doenças. Em ambos os casos, as pesquisas devem obrigatoriamente prezar pelo bem estar do animal utilizado.

No fim da década de 1950, o livro (“Princípios das Técnicas Experimental Humanas”- Russel e Burch, 1959) lançou a ideia dos 3Rs: Reduction (que consiste em usar o menor número possível de cobaias), Replacement (se remete ao uso de modelos alternativos de investigação, por exemplo, utilizar gatos ou ratos em vez de macacos, cultura de células em vez de modelos animais) e Refinement (o aperfeiçoamento de todos os processos envolvidos na experimentação visando, no fim, a redução do uso de animais ou redução do seu sofrimento.); para guiar uma utilização mais parcimoniosa de animais na experimentação.

            Vários avanços foram descobertos através dessas experiências, então temos que tirar proveito dessas informações já obtidas e parar com o uso de animais pois além de não serem eficientes fazem os bichos passarem por situações terríveis. Hoje existem vários métodos alternativos que podem ser utilizados e que estão sendo adotados cada vez mais em várias partes do mundo. Deve-se utilizar os experimentos em último caso, e mesmo assim não se tem a garantia de que o produto testado irá causar o efeito desejado em humanos. Nossos organismos apesar de apresentarem respostas parecidas com de alguns animais, são diferentes, podendo causas reações adversas, mesmo após os testes em animais, como já aconteceu inúmeras vezes! Remédios tiveram que ter sido retirados do mercado pois causavam morte fetal, morte do indivíduo, entre outros.

A abolição total dos testes em animais depende de nós consumidores. Hoje, com as informações disponíveis, podemos escolher entre produtos testados e não testados em animais. Nosso grupo concluiu que o debate realizado em sala passou por vários temas, que foram desde a utilização de animais em apresentações culturais e midialísticas até a utilização de animais em nossa dieta. Nos levando à um questionamento acerca da nossa relação e convivência com animais no decorrer da história e como os utilizamos como ferramentas para facilitar nossa evolução tecnológica e, posteriormente, ferramentas de adorno e diversão relacionado com nosso estado individual de felicidade predestinado pelo nosso cultural. O debate mostrou de forma clara como perdemos nosso contato com a natureza, nosso estado de natureza, e criamos um cenário a parte em que tratamos os animais e indivíduos a nossa volta de acordo com nossas necessidades, por suas utilidades ou beleza. Este cenário demonstra a valoração do ser humano como um ser a parte dos outros; Superior por ser dotado de razão, diferencia-o dos outros seres lhe dando condição de dominância sobre os mesmos, que por fim são tratados como objetos de utilização para os mais distintos fins. Este quadro de dominância ultrapassa o ético e moral, levando a extremos por caprichos criados pelo cenário cultural, não importando o custo monetário ou de vida. A vida dos animais não é valorada como a dos seres humanos, o que leva as pessoas a pensar que eles estão aqui para servir-nos, seja em diversão, alimentação, experimentos. O processo a qual o animal é submetido para os diversos tipos de atividade, como para nossa alimentação ou em shows de apresentação, é desconhecido ou omitido pela maioria das pessoas, o que leva as pessoas a concordarem com a utilização dos mesmos em qualquer tipo de fim.

Por fim, o debate acrescentou uma gama de informações que proporcionaram observar a questão de outra perspectiva, mais organizada e enriquecida, de uma perspectiva evolutiva do comportamento muito mais detalhada, sabendo diferenciar que características podem ser exclusivas de seres humanos e de animais e em que momentos a integridade moral destes esta sendo ferida, criando um senso crítico maior e mais rico para futuros debates.

O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, baseando-se nas obras:



A VERDADEIRA FACE DA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL. Sua Saúde em perigo. Sérgio Greif & Thales Tréz. Sociedade Educacional Fala Bicho (2000).

http://www.pea.org.br/crueldade/testes/

http://www.icb.ufrj.br/Revista-Bio-ICB/Materias-Anteriores/Lei-Arouca-e-a-etica-no-uso-de-animais-233.html

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11794.htm

https://prismacientifico.wordpress.com/2012/06/16/etica-em-experimentacao-animal-parte-2-os-3-rs/