Série Ensaios:
Aplicação da Etologia
Por MAÍSA SOUZA E RENATA HALILA
Acadêmicas do curso de Ciências Biológicas
As diferentes espécies de animais comunicam-se através da
linguagem corporal, verbal entre
outras. O ser humano, no entanto, à medida que aprimorou sua capacidade de
se comunicar parece ter adquirido consciência não apenas de si, mas também do
grupo. A sociedade humana se estabeleceu a partir do uso e aprimoramento dos meios
de comunicação (Araújo, 2002).
Palavra derivada do latim communicare
que significa ‘pôr em comum’ (Andrade, 2006), ou seja, expor ideias, o que
determina o comportamento
de um animal é o meio onde esse está inserido. Tais padrões de comportamento
tem relação com as características físicas de cada espécie, assim cada espécie
se expressa de acordo com suas capacidades, determinadas durante um processo de
seleção
natural, esta deletou ou manteve formas de comportamento, geneticamente fixadas,
que dessem ao animal capacidade de adaptar-se ao meio. A ciência responsável
pelo estudo do comportamento animal e seus padrões, é a Etologia,
a qual é pode ser um sinônimo de Evolução (Araújo, 2002). Quando comparamos o
homem a outros animais, tendemos a acreditar que as formas de comunicação
humana tem uma origem exclusivamente cultural,
mas os diferentes tipos de comportamento podem ser também hereditários- genéticos.
A comunicação entre dois animais ou mais indivíduos
pode ser definida como um comportamento de um indivíduo que tem efeito sobre
outro(s), que pode ser da mesma espécie (intraespecífica) ou não
(interespecífica). A comunicação entre os animais é fundamental para a
sobrevivência, sendo impossível qualquer animal viver isoladamente. Por isso,
quase sempre existe uma interação social entre pelo menos dois indivíduos. Um
exemplo da importância da comunicação entre os animais está no fato de que,
graças a esta, é possível que se haja o processo de aprendizado, outra
característica humana indiscutivelmente aprimorada (Araújo, 2002). Em alguns
animais determinados comportamentos são ensinados utilizando-se signos,
de qualquer natureza que sejam capazes de servir como canal de comunicação (Andrade,
2006), em que cada geração com o objetivo de mantê-lo permanente e em constante
melhoramento os utiliza, mesmo que este esteja ligado apenas à observação ou á
maturação orgânica do individuo e seu próprio organismo. Ou seja, muitas formas
de comportamento ocorrem apenas no citoplasma
celular, sem que possam sequer ser detectados com uma simples observação
(Araújo, 2002). Sendo assim, conclui-se que diversos fatores
interferem nos comportamentos ligados a comunicação, entre outros, que nem sempre são observáveis, a olho nu, ou
sequer audíveis, mas encontram justificativa em sua genética/metabolismo
celular.
Outro importante exemplo de comportamento humano é o afeto
(do latim affectu), este se caracteriza, como um sentimento de inclinação para alguém, uma
amizade, uma simpatia, uma paixão. Do
ponto de vista evolutivo e biológico acredita-se que o estabelecimento da postura bípede tenha sido um dos fatores
fundamentais para o desenvolvimento desse comportamento, pois ao se tornar
bípede, as alterações pélvicas e anatômicas, principalmente nas fêmeas, fizeram
com que apenas filhotes prematuros, consequentemente menores e mais frágeis,
pudessem ultrapassar a barreira recente- fato que os faziam mais sensíveis aos
perigos/condições do meio ambiente. Essa fragilidade provocou mudanças no
comportamento dos pais com relação à forma e a maneira como precisariam despender maior cuidado parental bem como o aumento
de sua duração. Ao mesmo tempo a neotenia apresentada pelos filhotes incitava
ainda mais o apego
por parte de seus progenitores. A importância da figura paternal, também sofre
modificação, por exemplo: quando comparado com os demais mamíferos que tinham
gestações mais longas e neonatos mais resistentes é visível, pois estes passam
a ter maior envolvimento na criação dos filhotes, cujo aumento é significativo
em comparação a outras espécies de mamíferos (De Toni, 2004).
Pode-se notar também que o nascimento de um filhote não implica não apenas em um investimento entre mãe e pai, mas também do grupo todo. Nesse momento o apego ao filhote ocorre com mais força a medida que o mesmo apresenta características cada vez mais semelhantes a seus progenitores, esta é uma estratégia da seleção natural para garantir o apego aos pequenos. É curioso notar que comportamentos atuais como a necessidade do macho em garantir sua paternidade, foram estabelecidos nos primórdios da espécie onde o mesmo se mantinha próximo a fêmea antes, durante e depois da gestação, para garantir que seus genes seriam passados aos descendentes e que estes estariam hábeis pra se reproduzir. Tal proximidade fez com que cuidar do filhote lhe fosse vantajoso. Para que essa proximidade fosse garantida as fêmeas foram aos poucos perdendo as características que indicassem seu período fértil (De Toni, 2004). Por fim, o apego proporciona ao filhote àquilo que talvez, seja o item mais fundamental as espécies que dividem espaço com outros indivíduos da mesma: a sociabilidade. Isso graças ao fato de que ao dispender tal cuidado a prole, esta pode manter-se em contato com os demais indivíduos deste grupo a ao meio ambiente onde está inserido, o que leva, futuramente, a capacidade de sentir carinho e apego á outros além de seus progenitores, mantendo assim a estrutura social do grupo, importante para sua sobrevivência.
Pode-se notar também que o nascimento de um filhote não implica não apenas em um investimento entre mãe e pai, mas também do grupo todo. Nesse momento o apego ao filhote ocorre com mais força a medida que o mesmo apresenta características cada vez mais semelhantes a seus progenitores, esta é uma estratégia da seleção natural para garantir o apego aos pequenos. É curioso notar que comportamentos atuais como a necessidade do macho em garantir sua paternidade, foram estabelecidos nos primórdios da espécie onde o mesmo se mantinha próximo a fêmea antes, durante e depois da gestação, para garantir que seus genes seriam passados aos descendentes e que estes estariam hábeis pra se reproduzir. Tal proximidade fez com que cuidar do filhote lhe fosse vantajoso. Para que essa proximidade fosse garantida as fêmeas foram aos poucos perdendo as características que indicassem seu período fértil (De Toni, 2004). Por fim, o apego proporciona ao filhote àquilo que talvez, seja o item mais fundamental as espécies que dividem espaço com outros indivíduos da mesma: a sociabilidade. Isso graças ao fato de que ao dispender tal cuidado a prole, esta pode manter-se em contato com os demais indivíduos deste grupo a ao meio ambiente onde está inserido, o que leva, futuramente, a capacidade de sentir carinho e apego á outros além de seus progenitores, mantendo assim a estrutura social do grupo, importante para sua sobrevivência.
Do ponto de vista histórico, acadêmico e etológico, a
compreensão das formas como os animais se comunicam, aprendem e desenvolvem
apego aos demais, tem sido avaliada a séculos, os primeiros “estudos” datam de
observações de Pitágoras
(500 a.C), estudos de Hipócrates
(450 a.C)por exemplo, traçavam comparações entre órgãos humanos e dos animais, já
século 17 Descartes,
atribuiu características como pensamento, sensibilidade e dor apenas a humanos
pois estes eram os únicos a terem almas, o que justificava o uso cruel dos
demais animais. A realização de estudos com animais de
diferentes grupos,
servia tanto para se compreender de forma comparativa o comportamento humano,
quanto para entender o dos próprios animais, como nos estudos de psicologia
experimental. Piaget
e Lev Semenovitch Vygotsky,
pesquisadores que contribuíram para a compreensão do aprendizado elaborando
estudos (década 1970) que avaliavam a capacidade cognitiva –utilizando principalmente
testes numéricos- de bebês, crianças e adultos, a partir destes estudos,
pode-se traçar algo como uma “linha do tempo”, para as etapas do
aprendizado de acordo com a idade do indivíduo e como este aprende de
acordo com esta. A. R.
Luria, na década de 1970 o pai da neuropsicologia, também
colaborador dos acima citados, deu continuidade a tais estudos, que sugeriram
que aprender é um processo que atribui significado ao que se é percebido,
podendo ser transmitido através da linguagem, que surge da necessidade da
criança em estabelecer comunicação com seu grupo. Com o avanço da neurociência e da
tecnologia, descobriu-se, na década de 1990, que aprender e comunicar-se
provoca alterações físicas e bioquímicas e até morfológicas no cérebro
(Buonomano & Merzenich, 1998). Considerando sempre que nossas
características biológicas, heranças de nossa história evolutiva, estabelecem
limites físicos para tais comportamentos (limite de percepção
do espectro luminoso, audição,
olfato etc). Atualmente o foco
das pesquisas relacionadas aos temas tanto de aprendizado quanto, comunicação
trabalham lado a lado, onde a tecnologia, etologia e biologia (zoologia,
evolutiva, comparativa) estabelecem ganchos a fim de esclarecer a fonte e a
expressão de tais comportamentos, em humanos, em diversos outros grupos animais
e em semelhanças entre estes. Estudos cuja principal aplicação se dá no ensino
regular, especial, na psicologia e nos estudos
das ciências sociais. Mas onde entra o afeto nessa história? O afeto
oferece a base necessária para que um indivíduo cresça de forma saudável e seja
capaz de se desenvolver individual e socialmente, propiciando a segurança que
este necessita para tal, durante sua passagem entre a vida imatura até sua
maturidade.
Por fim, nós formandas em Biologia podemos notar que assim
como as demais espécies, os seres humanos possuem características biológicas
únicas e/ou superdesenvolvidas que moldam nossos comportamentos e nossas
maneiras de administrar nossas necessidades dentro do meio ambiente e dentro de
uma sociedade. Para isso utilizamos de vários mecanismos dentre eles a
comunicação, o aprendizado o afeto entre outros, que nos auxiliam a desempenhar
tais tarefas.
O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia
baseando-se nas obras:
Contribuições da etologia comparada para uma nova percepção
da comunicação humana. ARAÚJO, R. &
PINHEIRO, R, L. 2002; Disponível em:
Etologia humana: o exemplo do apego. TONI, P,M. SALVO, C,G. et al. 2004
Comunicação e língua portuguesa, ANDRADE, M,M. 2006, 4ª
edição.
Cortical
plasticity: From synapses to maps. Buonomano, D. V. & Merzenich, M.
M. (1998). The American Physiological Society, VOL.80: 1765-1774
Teoria e prática na psicologia experimental a partir do estudo da
aprendizagem Silva,J.A & Barbosa, K.A, et. Al. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes/Departamento de Psicologia/MONITORIA.
Psicologia e Neurociência cognitivas: Alguns avanços
recentes e implicações para a educação. Andrade, P. E. Prado, T.S.P, Universidade
Estadual Paulista
VIDEOS RELACIONADOS
Sobre o desenvolvimento da postura bípede, características
sociais, comunicação e aprendizado:
https://www.youtube.com/watch?v=GsuGjSjSh34 à partir dos 1:1:16 min.
Sobre as etapas do desenvolvimento da fala nas crianças: https://www.youtube.com/watch?v=vutQyXg0duo
Sobre as diferentes formas de aprendizado em humanos e aves:
https://www.youtube.com/watch?v=QKSvu3mj-14
Nenhum comentário:
Postar um comentário