domingo, 17 de março de 2013

Por que fazemos o que fazemos? Entendendo o processo do ponto de vista genético.



Série Ensaios: Aplicação da Etologia

Por Anyelly Bernardi, Isadora Vaz, Juliana Meyer e Laire Schidlowski

Graduandas do curso de Biologia

A genética comportamental abrange diversos campos, como a etologia, a psicologia, a farmacologia e as neurociências, combinando os estudos comportamentais com a genética para compreender os mecanismos genéticos e neurobiológicos envolvidos em diversos comportamentos animais, incluindo o homem. Os estudos sobre comportamento animal datam desde o séc. XVIII, quando havia duas “escolas” com teses e ideias divergentes, a dos fisiologistas (que defendiam o empiricismo e a realização de experimentos) e a dos observadores (que defendiam que os animais deveriam ser estudados em seu habitat, fazendo-se anotações sobre os comportamentos apresentados). A partir destas escolas foram desenvolvidos métodos para os estudos de comportamento, porém, os resultados gerados pelos estudos etológicos apenas começaram a ser comparados às análises genéticas recentemente, já que por várias décadas as características comportamentais e psicológicas, eram relacionadas exclusivamente com fatores ambientais. Nas décadas de 1960 e 1970 os comportamentalistas começaram a aceitar e compreender a importância do papel da influência da genética sobre o comportamento, porém estes estudos passaram a se desenvolver principalmente nos últimos 20 anos (Madella-Oliveira, 2011), isso ocorreu devido às tecnologias existentes permitirem o estudo da neurogenética, possibilitando, assim, analisar toda a complexidade dos genes e as interações com o ambiente de modo paralelo ao estudo da genética. A importância destes estudos não se limita apenas ao conhecimento científico, mas possibilita entender os animais para proporcioná-los uma melhor qualidade de vida, além de seu grande valor “por ter feito importantes contribuições para outras disciplinas com aplicações para o estudo do comportamento humano, para as neurociências, para o manejo do meio ambiente e de recursos naturais, para o estudo do bem-estar animal e para a educação de futuras gerações de cientistas” (Snowdon, 1999).
            Apesar de existirem inúmeros estudos sobre genética e comportamento animal, eles são escassos quando comparados a quantidade de trabalhos sobre o tema em humanos. Como exemplo os estudos envolvendo o comportamento homossexual, de alcoolismo, de infidelidade conjugal e suicida (Feitosa et al, 2011); mesmo que alguns sejam duvidosos. A análise comparativa entre gêmeos, por exemplo, é citada pelo Dr. Drauzio Varella, em seu  site, como métodos que “demonstraram que cerca de metade de nossas características comportamentais, encontram-se sob influência direta da genética. No entanto, procurar um gene responsável pela personalidade extrovertida, pela fluência verbal ou pela facilidade para aprender música é tarefa inglória”. É sabido que gêmeos idênticos têm uma chance muito maior de desenvolver um transtorno psicológico do que gêmeos bivitelinos, e até mesmo a diferença de peso pode ser herdada assim como a estatura, por mais que possamos controlar o que comemos e fazer dietas radicais, as diferenças entre nós são mais uma questão genética do que ambiental. Na linguagem popular: filho de peixe, peixinho é. Futuramente, as pesquisas sobre a base genética do comportamento poderão nos fornecer informações que possibilitem entender melhor distúrbios comportamentais como depressão, distúrbio bipolar e autismo.
            Nós como formandas em Biologia concluímos que as análises genéticas são apenas um dos estudos possíveis para aprofundar o conhecimentos de comportamentos já analisados, muitas vezes com o objetivo de se entender o por quê desses. Sendo assim as pesquisas nessa área parecem promissoras, até no sentido de um novo ponto de vista para comportamentos até então compreendidos.

O presente ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia, tendo como base as obras:
FEITOSA, I.B.; SANTANA, P.M. e TELES, C.B.G. Genética do comportamento e o contraste ao paradigma da sociobiologia. Saber Cientifíco. Porto Velho, v. 3, n. 1, p.112-131. 2011. Disponível em <http://revista.saolucas.edu.br/index.php/resc/article/view/171/pdf_14 > (Acessado em 06/03/13).
MADELLA-OLIVEIRA, A.F., QUIRINO, C.R. e FONSECA, F. A Análise da genética do comportamento em animais de produção. PUBVET, Londrina, V. 5, N. 12. 2011. Disponível em <http://www.pubvet.com.br/artigos_det.asp?artigo=959 > (Acesso em 06/03/13)
SNOWDON, C.T. O significado da pesquisa em Comportamento Animal. Estudos de psicologia. Natal, V.4, N.2. 1999. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X1999000200011> (Acesso em 04/03/13)
PLOMIN, Robert; DEFRIES, John C; MCCLEARN, Gerald E; MCGUFFIN, Peter. Genética do Comportamento. 5ª Edição. Art med, 2011.

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