Série Ensaios: Aplicação da Etologia
Por Anyelly Bernardi, Isadora Vaz, Juliana Meyer e Laire
Schidlowski
Graduandas do curso de Biologia
A genética comportamental abrange
diversos campos, como a etologia,
a psicologia,
a farmacologia e as neurociências,
combinando os estudos comportamentais com a genética para compreender os
mecanismos genéticos e neurobiológicos envolvidos em diversos comportamentos
animais, incluindo o homem. Os estudos sobre comportamento animal
datam desde o séc. XVIII, quando havia duas “escolas” com teses e ideias
divergentes, a dos fisiologistas
(que defendiam o empiricismo e a
realização de experimentos) e a dos observadores (que
defendiam que os animais deveriam ser estudados em seu habitat, fazendo-se
anotações sobre os comportamentos apresentados). A partir destas escolas foram
desenvolvidos métodos para os estudos de comportamento, porém, os resultados
gerados pelos estudos etológicos apenas começaram a ser comparados às análises
genéticas recentemente, já que por várias
décadas as características comportamentais e psicológicas, eram relacionadas
exclusivamente com fatores ambientais. Nas décadas de 1960 e 1970 os
comportamentalistas começaram a aceitar e compreender a importância do papel da
influência da genética sobre o comportamento, porém estes estudos passaram a se
desenvolver principalmente nos últimos 20 anos (Madella-Oliveira,
2011), isso ocorreu devido às
tecnologias existentes permitirem o estudo da neurogenética, possibilitando,
assim, analisar toda a complexidade dos genes e as interações com o ambiente de
modo paralelo ao estudo da genética.
A importância destes estudos não se limita apenas ao conhecimento científico,
mas possibilita entender os animais para proporcioná-los uma melhor qualidade
de vida, além de seu grande valor “por ter feito
importantes contribuições para outras disciplinas com
aplicações para o estudo do comportamento humano, para as neurociências, para o
manejo do meio ambiente e de recursos naturais, para o estudo do bem-estar
animal e para a educação de futuras gerações de cientistas” (Snowdon,
1999).
Apesar de existirem inúmeros estudos sobre genética e
comportamento animal, eles são escassos quando comparados a quantidade de
trabalhos sobre o tema em humanos. Como exemplo os estudos envolvendo o
comportamento homossexual,
de alcoolismo,
de infidelidade
conjugal e suicida
(Feitosa
et al, 2011); mesmo que alguns
sejam duvidosos. A análise comparativa entre gêmeos, por exemplo, é citada pelo
Dr. Drauzio Varella, em seu site, como métodos que “demonstraram que cerca de
metade de nossas características comportamentais, encontram-se sob influência
direta da genética. No entanto, procurar um gene responsável pela personalidade
extrovertida, pela fluência verbal ou pela facilidade para aprender música é
tarefa inglória”. É sabido que gêmeos idênticos
têm uma chance muito maior de desenvolver um transtorno psicológico do que
gêmeos bivitelinos, e até mesmo a diferença de peso pode ser herdada assim como
a estatura, por mais que possamos controlar o que comemos e fazer dietas
radicais, as diferenças entre nós são mais uma questão genética do que
ambiental. Na linguagem popular: filho de peixe, peixinho é.
Futuramente, as pesquisas sobre a base genética do comportamento poderão nos
fornecer informações que possibilitem entender melhor distúrbios
comportamentais como depressão,
distúrbio
bipolar e autismo.
Nós como formandas em Biologia concluímos
que as análises genéticas são apenas um dos estudos possíveis para aprofundar o
conhecimentos de comportamentos já analisados, muitas vezes com o objetivo de
se entender o por quê desses. Sendo
assim as pesquisas nessa área parecem promissoras, até no sentido de um novo
ponto de vista para comportamentos até então compreendidos.
O presente ensaio foi elaborado para disciplina de
Etologia, tendo como base as obras:
FEITOSA, I.B.; SANTANA, P.M. e TELES, C.B.G.
Genética do comportamento e o contraste ao paradigma da sociobiologia. Saber Cientifíco. Porto Velho, v. 3, n.
1, p.112-131. 2011. Disponível em <http://revista.saolucas.edu.br/index.php/resc/article/view/171/pdf_14
> (Acessado em 06/03/13).
MADELLA-OLIVEIRA, A.F.,
QUIRINO, C.R. e FONSECA, F. A Análise da genética do comportamento em animais
de produção. PUBVET, Londrina, V.
5, N. 12. 2011. Disponível em <http://www.pubvet.com.br/artigos_det.asp?artigo=959 > (Acesso em 06/03/13)
SNOWDON, C.T. O significado da pesquisa em Comportamento Animal. Estudos
de psicologia. Natal, V.4, N.2. 1999. Disponível
em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X1999000200011> (Acesso em 04/03/13)
PLOMIN, Robert; DEFRIES, John C; MCCLEARN, Gerald E;
MCGUFFIN, Peter. Genética
do Comportamento. 5ª Edição. Art med, 2011.
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