sábado, 16 de março de 2013

Ecologia comportamental: Entendendo a evolução.



Série Ensaios: Aplicação da Etologia

Por Brunna Victorino, Dayane Miyasaki e Luiza Strle

Acadêmicas do curso de Biologia

Ecologia comportamental, ecoetologia ou etoecologia, é uma ciência que estuda o comportamento animal, considerando suas bases evolutivas e ecológicas, no qual através de experimentações busca meios de mostrar as causas evolutivas/adaptativas dos comportamentos (DEL-CLARO, 2004). Ecoetologia lida com questões funcionais sobre o comportamento, como um padrão comportamental contribui para as chances de sobrevivência de um animal, ou de um grupo de animais e para o seu sucesso reprodutivo (KREBS & DAVIES 1996). Além disto, segundo KREBS & DAVIES a ecologia comportamental é um ponto de encontro com o estudo do comportamento, ecologia e evolução, no qual é a ecologia o palco onde o animal deve executar seu comportamento, e a na evolução onde os organismos serão selecionados por possuírem comportamentos de maior sucesso.  O processo básico da ecologia comportamental para estudar o comportamento dos seres vivos em seu meio natural requer de um processo metodológico, de observações, além de estudos teóricos e práticos, só então poderemos compreender alguns processos básicos de sobrevivência como a procura de alimento, território, até mesmo ara entendermos como funciona a organização de um determinado grupo/comunidade de organismos.
A etoecologia é um tema que vêm ganhando cada vez mais espaço ao longo dos anos. Krebs & Davies ao publicarem a primeira edição do livro: “Ecologia comportamental: uma perspectiva evolutiva” iniciaram uma nova maneira de estudar o comportamento animal, sendo a chave principal para o estudo a adaptação, o que permitia aos ecólogos ambientais avaliar como um comportamento poderia maximizar a aptidão dos indivíduos que o apresentassem em seu genoma. Entretanto a partir de 1990, ecologistas comportamentais vêm abandonando suas áreas de interesses e buscando novos desafios como o desenvolvimento de modelos adaptativos simples para investigar fenômenos biológicos complexos aplicados em muitas áreas fora do comportamento, como por exemplo, análises sofisticadas com técnicas modernas que permitem testar o comportamento na determinação de padrões de especiação e extinção em larga escala (DEL-CLARO et al., 2009). Já no século XXI a ecologia comportamental se torna uma ferramenta extremamente útil para a conservação, pois nos proporciona e possibilita testarmos o valor adaptativo de comportamentos exibidos por diferentes membros de uma mesma rede trófica, sendo isto essencial para a manutenção de comunidades naturais ainda bem preservadas.  Para os etólogos modernos, especialmente para os ecólogos comportamentais, estudos de ecologia de interações, voltados para a compreensão do impacto das relações entre organismos sobre a biodiversidade das comunidades e ecossistemas que integram, representam um novo e estimulante desafio. A solução dos novos problemas que se apresentam, passa pelo redescobrimento do estudo do comportamento animal e história natural, utilizados agora como ferramentas básicas para a compreensão de interações e biodiversidade, com aplicação direta em programas de conservação (DEL-CLARO, 2007)
Exemplos de aplicações da etoecologia em pesquisas científicas:
·         Ecologia comportamental na interface formiga-planta -herbívorointerações entre formigas e lepidópteros: revisão e discussão dos cenários ecológicos onde ocorrem herbívoro-interações, em especial o efeito potencial de formigas sobre a biologia e o comportamento de larvas de Lepidoptera.
·         Ecologia reprodutiva e comportamento de forrageio e escavação de Dermatonotus muelleri (Boettger, 1885) (Anura, Microhylidae): determinação do padrão reprodutivo de D. muelleri, com ênfase nos mecanismos de sincronismo reprodutivo entre machos e fêmeas e nos mecanismos de regulação da razão sexual operacional, e determinação da adaptabilidade de D. muelleri à  ambientes semi-áridos.
·         Uma perspectiva psicoetológica para o estudo do comportamento animal: abordagem integrada, psicoetológica, aos processos comportamentais básicos, como a escolha de comportamentos ecologicamente relevantes como foco inicial de análise; uso explícito da situação de laboratório como modelo de contextos naturais e estudo das diferenças inter-específicas dentro de um quadro ecológico de referência.

·         Biologia reprodutiva e ecologia comportamental de Skuas Antárticas Catharacta maccormicki e C. lonnbergi: informações aspectos básicos da reprodução, características das áreas de reprodução, sucesso reprodutivo, hibridização, reprodução cooperativa e comportamento durante atividade de forrageamento, através de uma análise comparativa à diferentes regiões geográficas onde ocorrem estas espécies.
O estudo da ecologia comportamental e o Comportamento Animal têm feito importantes contribuições para outras disciplinas com aplicações para o estudo do comportamento humano, para as neurociências, para o manejo e recuperação do meio ambiente e de recursos naturais, para o estudo do bem-estar animal e para a educação de futuras gerações de cientistas (Snowdon, 1999).   Nos acadêmicas de biologia percebemos que a etoecologia, por estudar a influência do meio no comportamento, nos permite analisar o comportamento como fator evolutivo, ou seja, como uma característica presente em qualquer ser vivo que sofreu modificações com o decorrer do tempo. Ela nos permite visualizar as diferentes adaptações que os indivíduos sofrem em função das pressões do meio, ou seja, ela alia o estudo do comportamento e da ecologia para explicar a evolução e dizer como o animal está se sentido, tentando também mostrar o porquê deste comportamento.     Esses comportamentos adquiridos em função das pressões externas são as engrenagens da evolução, ao transformar uma pressão em uma adaptação, eles promovem o favorecimento do animal quando se trata de seleção natural.

O presente ensio foi elaborado para disciplina de Etologia tendo como base as obras:

ALCOCK, J. Comportamento animal: uma abordagem evolutiva. 9.ed. Porto. Alegre: Artmed, 2011. 606p.





KREBS, J.R.; DAVIES, N.B. Introdução à Ecologia Comportamental. São Paulo: Atheneu, 1996. 420p. 

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