Série
Ensaios: Aplicação da Etologia
Por
Brunna Victorino, Dayane Miyasaki e Luiza Strle
Acadêmicas
do curso de Biologia
Ecologia
comportamental, ecoetologia ou etoecologia, é uma ciência que estuda o comportamento animal, considerando suas bases evolutivas e
ecológicas, no qual através de experimentações busca meios de mostrar as causas
evolutivas/adaptativas dos comportamentos (DEL-CLARO, 2004). Ecoetologia lida com questões funcionais
sobre o comportamento, como um padrão comportamental contribui para as chances
de sobrevivência de um animal, ou de um grupo de animais e para o seu sucesso
reprodutivo (KREBS & DAVIES 1996). Além disto, segundo KREBS &
DAVIES a ecologia comportamental é um ponto de encontro com o estudo do
comportamento, ecologia e evolução, no qual é a ecologia o palco onde o
animal deve executar seu comportamento, e a na evolução onde os organismos
serão selecionados por possuírem comportamentos de maior sucesso. O processo básico da ecologia
comportamental para estudar o comportamento dos seres vivos em seu meio natural
requer de um processo metodológico, de observações, além de estudos
teóricos e práticos, só então poderemos compreender alguns processos básicos de
sobrevivência como a procura de alimento, território, até mesmo ara entendermos
como funciona a organização de um determinado grupo/comunidade de organismos.
A
etoecologia é um tema que vêm ganhando cada vez mais espaço ao longo dos anos.
Krebs & Davies ao publicarem a primeira edição do livro: “Ecologia comportamental: uma perspectiva evolutiva” iniciaram
uma nova maneira de estudar o comportamento animal, sendo a chave principal
para o estudo a adaptação, o que permitia aos ecólogos ambientais avaliar como
um comportamento poderia maximizar a aptidão dos indivíduos que o apresentassem
em seu genoma. Entretanto a partir de 1990,
ecologistas comportamentais vêm abandonando suas áreas de interesses e buscando
novos desafios como o desenvolvimento de modelos adaptativos simples para
investigar fenômenos biológicos complexos aplicados em muitas áreas fora do
comportamento, como por exemplo, análises sofisticadas com técnicas modernas
que permitem testar o comportamento na determinação de padrões de especiação e
extinção em larga escala (DEL-CLARO et al.,
2009). Já
no século XXI a ecologia comportamental se torna uma ferramenta extremamente
útil para a conservação, pois nos proporciona e possibilita
testarmos o valor adaptativo de comportamentos exibidos por diferentes membros
de uma mesma rede trófica, sendo isto essencial para a
manutenção de comunidades naturais ainda bem preservadas. Para os etólogos modernos, especialmente para os ecólogos comportamentais, estudos
de ecologia de interações, voltados para a compreensão do impacto das relações
entre organismos sobre a biodiversidade das comunidades e ecossistemas que
integram, representam um novo e estimulante desafio. A solução dos novos
problemas que se apresentam, passa pelo redescobrimento do estudo do comportamento
animal e história natural, utilizados agora como ferramentas básicas para a
compreensão de interações e biodiversidade, com aplicação direta em programas de
conservação (DEL-CLARO, 2007)
Exemplos
de aplicações da etoecologia em pesquisas científicas:
·
Ecologia comportamental na interface formiga-planta
-herbívorointerações entre formigas e lepidópteros: revisão e discussão dos
cenários ecológicos onde ocorrem herbívoro-interações, em especial o efeito
potencial de formigas sobre
a biologia e o comportamento de larvas de Lepidoptera.
·
Ecologia
reprodutiva e comportamento de forrageio e escavação de Dermatonotus muelleri (Boettger, 1885) (Anura, Microhylidae): determinação do
padrão reprodutivo de D. muelleri, com ênfase nos mecanismos de sincronismo
reprodutivo entre machos e fêmeas e nos mecanismos de regulação da razão sexual
operacional, e determinação da adaptabilidade de D. muelleri à ambientes semi-áridos.
·
Uma perspectiva
psicoetológica para o estudo do comportamento animal: abordagem integrada, psicoetológica,
aos processos comportamentais básicos, como a escolha de comportamentos
ecologicamente relevantes como foco inicial de análise; uso explícito da
situação de laboratório como modelo de contextos naturais e estudo das
diferenças inter-específicas dentro de um quadro ecológico de referência.
·
Biologia reprodutiva
e ecologia comportamental de Skuas Antárticas Catharacta maccormicki e C. lonnbergi:
informações aspectos básicos da reprodução, características das áreas
de reprodução, sucesso reprodutivo, hibridização, reprodução cooperativa e
comportamento durante atividade de forrageamento, através de uma análise
comparativa à diferentes regiões geográficas onde ocorrem estas espécies.
O
estudo da ecologia comportamental e o Comportamento Animal têm feito
importantes contribuições para outras disciplinas com aplicações para o estudo
do comportamento humano, para as neurociências, para o manejo e recuperação do
meio ambiente e de recursos naturais, para o estudo do bem-estar animal e para
a educação de futuras gerações de cientistas (Snowdon, 1999). Nos acadêmicas de biologia percebemos que
a etoecologia, por estudar a influência do meio no comportamento, nos permite
analisar o comportamento como fator evolutivo, ou seja, como uma característica
presente em qualquer ser vivo que sofreu modificações com o decorrer do tempo.
Ela nos permite visualizar as diferentes adaptações que os indivíduos sofrem em
função das pressões do meio, ou seja, ela alia o estudo do comportamento e da
ecologia para explicar a evolução e dizer como o animal está se sentido, tentando
também mostrar o porquê deste comportamento.
Esses comportamentos adquiridos em função das pressões externas são as
engrenagens da evolução, ao transformar uma pressão em uma adaptação, eles
promovem o favorecimento do animal quando se trata de seleção natural.
O
presente ensio foi elaborado para disciplina de Etologia tendo como base as
obras:
ALCOCK,
J. Comportamento animal: uma abordagem evolutiva. 9.ed. Porto. Alegre:
Artmed, 2011. 606p.
KREBS, J.R.; DAVIES,
N.B. Introdução à Ecologia Comportamental. São Paulo:
Atheneu, 1996. 420p.
Muito bom!
ResponderExcluirMuito bom!
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