Série Ensaios: Aplicações da Etologia
Por
Andressa Luiza Cordeiro, Anne Dalcol, Catherine Amaral Zarpelão e Rafael Falvo
Librelato
Acadêmicos do curso de Biologia
O comportamento animal se
caracteriza pela reação aos estímulos ambientais que são percebidos pelo
organismo. Em animais multicelulares esses estímulos são captados e percebidos
através do sistema nervoso.
No entanto, essa não é a única função desse sistema, seu papel principal esta
na organização e no controle de organismos animais que necessitam manter o
bem-estar das várias células que compôem seu corpo. Sua movimentação, e
consequente mudança de estados corporais, são assim comandadas pelas células
nervosas, ou neurônios. Assim,
o objeto de estudo da neurociência é justamente o sistema nervoso dos animais. Engloba
as áreas de biologia, medicina, psicologia, física, engenharia e filosofia, mas é uma ciência
ainda pouco conhecida pelas pessoas. As bases biológicas do comportamento são
fundamentais para o desenvolvimento das ciências cognitivas e doenças mentais
sendo que o campo da neurociência é de interesse crescente e as descobertas
ganham cada vez mais impactos.O cérebro já era
considerado o causador de males espirituais há vários milênios, onde um
procedimento cirúrgico chamado trepanação
era comum em várias culturas. Na Grécia antiga, Aristóteles levantou a idéia de
que se sentia e pensava com o coração, a qual se mantém relativamente de forma
cultural até hoje. Em Roma Galeno refutou a idéia de Aristóteles com base em
dissecações feitas em bois. Durante
a Idade Média a idéia que a mente está no cérebro e não no coração se manteve
forte, e foi reforçada durante a Renascença quando André Versálius realizou
dissecações em humanos e em outros animais e percebeu que o coração dos humanos
possui mais semelhanças ao de outros animais em relação ao cérebro, o que
explicaria as diferenças etológicas e físicas entre tais. Luigi Galvani,
médico, foi quem no período do Iluminismo
descreveu o neurônio como unidade fundamental a mente. O
estudo da neurociência começou a produzir resultados mais consistentes com a descoberta
do raio-x, em 1895, por Wilhelm Röntgen e da tomografia computadorizada em
1972. A década de 1990 foi eleita pelo governo americano com a "década do cérebro"
pela sua grande expansão. Nesta mesma década foram descobertos, por exemplo, os
neurônios-espelho
e também que a formação de novos neurônios acontece até o fim da vida. O séc.
XXI compreende as conquistas na compreensão das funções neurais, onde o
brasileiro Miguel Nicolelis fez com
que um macaco movimenta-se um braço mecânico através do seu pensamento. As
principais tendências da neurociência são em relação a sua utilização na
criação do homem
biônico, no entendimento do comportamento humano e dos outros animais e na
medicina, buscando a verdadeira causa de muitos males do corpo e da alma e
principalmente a cura para o mal do século XX, o estresse. Além de promessas de
dispositivos capazes de “ler
a mente” com softwares que buscam decodificar
sinais cerebrais pelos sinais elétricos no cérebro de pacientes ou padrões
de fluxo sanguíneo relacionados a palavras ou imagens. Os
avanços da neurociência permitiram um maior conhecimento etológico dos
organismos, podendo então avaliá-los não somente nos padrões fisiológicos, mas
também neurais, como na compreensão da comunicação entre animais, da memória e
das emoções. Os estudos neurocientíficos podem ser aplicados, por exemplo, no
desenvolvimento do canto
dos pássaros, além de todo processamento neuronal envolvido na aprendizagem
e condicionamento dos animais. Da mesma forma, torna-se uma revolução para o
meio educacional,
possibilitando o estudo das redes neurais nos processos de aprendizagem de
crianças e adolescentes. Recentemente, estudos mostraram que uma área do
cérebro responsável pelo planejamento, raciocínio lógico e
representações do mundo exterior, amadurecem somente por volta dos 30 anos de
idade.
Avanços
nos ramos da neurociência permitiram aos cientistas a capacidade de uma melhor
compreensão do cérebro e da mente, assim como uma maior divulgação ao público
leigo e é um importante processo na batalha contra diversas doenças
neurológicas. Pode ser aplicado também no estudo da linguagem, um dos
comportamentos mais complexos dos seres humanos. Até mesmo nossa habilidade
para dançar
e os gostos musicais vêm sendo abordados pela neurociência.
Para nós
acadêmicos de biologia, a importância da neurociência se dá pelo fato de
possibilitar uma maior compreensão dos organismos, visto que os animais, como
estudo da etologia, têm seus movimentos e comportamentos promovidos pelo
sistema nervoso. Dessa forma, o estudo desse sistema pela neurociência torna-se
importante para o entendimento mais aprofundado dos mecanismos que causam esses
comportamentos.
O presente ensaio foi elaborado para a
disciplina de etologia se baseando nas obras:
ANUNCIAÇÃO L. Préfacio da
História da Neurociência. Disponível em: <https://sites.google.com/site/nucleodeneurociencia/blog/prefaciodahistoriadaneurociencia>
Acessado em 07/03/2013
BRANDÃO, M. L. As
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Acessado em 06/03/2013
Breve
história da neurociência cognitiva. Disponível em: <http://www.filoczar.com.br/Cem_bilhoes/comportamental/Cap_01.pdf>
Acessado em 06/03/2013
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Mente e Cérebro. Editora Duetto, nº 34, São Paulo, 2012.
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Acessado em 07/03/2013
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Por
que as crianças não obedecem ao não? Disponível em:
Acessado em 05/03/2013
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