quarta-feira, 13 de março de 2013

BEM ESTAR ANIMAL PARA TODOS?



Série Ensaios: Aplicação da Etologia

Por Naila C. R. Caetano e Vanessa de Oliveira Amaral.

Acadêmicas do curso de Biologia.

Desde há muito tempo, tem se relatado preocupação com o bem-estar animal com ênfase na prevenção à crueldade. Em 1964, a britânica Ruth Harrison expôs em seu livro Animal Machines, a realidade a qual estavam expostos os animais de produção em seu país. Inspirando a criação a Convenção Européia para a Produção Animal (QUALFOOD, 2009). A partir de então, comissões foram criadas a fim de se discutir a respeito do bem-estar de animais de criação extensiva, como a FAWAC (Farm Animal Welfare Advisory Commitee). No entanto, foi apenas a partir de 1975 que tomou forma de movimento organizado, com a publicação do livro “Animal Liberation” (Peter Singer) que abrange diversos aspectos sobre o bem estar animal utilizando diversas vezes o termo “factory farms”. Culminando com a criação do Conselho de Bem Estar dos Animais de Produção (FAWC) em 1979, que gerou um documento chamado “Cinco Liberdades”, que nada mais é do que os cinco itens básicos a que esses animais deveriam ter por direito (ABCS, 2011). Independente da espécie animal ele tem o direito a um bom bem estar, que são protegidos por leis
No Brasil, a legislação de bem-estar animal teve inicio com o Decreto nº 24.645  de julho de 1934, que estabelece medidas de proteção animal. Em março de 2008 a Portaria nº 185, instituiu a Comissão Técnica Permanente de Bem-estar Animal do Mapa, cujo objetivo é coordenar as diversas ações de bem-estar animal do Ministério e promover a adoção das boas práticas para o Bem-Estar Animal por parte dos produtores rurais. A Instrução Normativa Nº 56, define e recomenda a adoção das boas práticas de bem-estar para animais de produção e de interesse econômico, desde a produção até o transporte. A cada ano, 65 bilhões de animais são criados em todo o mundo para nos fornecerem carnes, ovos e leites.  Atualmente grandes criadores de animais, para o consumo, estão investindo no bem-estar animal, principalmente na hora do abate, conhecido como abate humanitário, visando, garantir uma melhora na qualidade da carne disponível no mercado. O termo bem estar animal, para Broom (1986) define bem-estar como sendo o estado do animal em suas tentativas de se adaptar ao ambiente, já Hurnik (1992) define como o estado de harmonia caracterizado por condições físicas e fisiológicas ótimas e alta qualidade de vida do animal.   
O bem estar animal está muito associado estudos de comportamento animal, pois é a partir da observação da rotina do animal que se torna possível melhorar ou adaptar o ambiente de acordo com suas necessidades. Um dos auxiliadores do bem estar animal é o enriquecimento ambiental que é a criação de um ambiente mais complexo e interativo, promovendo desafios e novidades que simulam situações que ocorreriam em ambiente natural, oferecendo oportunidade de escolha ao animal mantido em cativeiro. Vários ambientes que mantem animais para outros fins que não alimentação, já tem feito uso de novas técnicas para proporcionar um ambiente menos artificial ou menos estressante aos animais.  Alguns zoológicos ou locais de criadouro científico, já utilizam o enriquecimento ambiental, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida, utilizando-se da estrutura física das instalações mais próximas ao seu habitat natural, avaliação de comportamento, parâmetros fisiológicos e medidas de saúde e condição física, educação do público para diminuição do estresse causado pelas movimentações e visitas, entre outras
Para animais de laboratório, um dos principais aspectos que garantem a qualidade de vida, são os comitês de ética, já que todas as pesquisas que farão uso de animais necessitam de uma licença prévia pra a realização dos estudos, além disso, possíveis alterações nos procedimentos ou protocolos experimentais para minimizar a dor e estresse devem ser consideradas para aumentar o bem-estar animal.  No âmbito da produção animal, destaca-se o Regulamento para a produção de ovos da “United Egg Producers” e a série de medidas adotadas pela União Européia para postura comercial, suínos, frangos de corte (CRUZ, 2003). Apesar de todas as leis, regulamentos e avanços existentes, nós formandas de biologia, podemos observar que todas as melhorias na área do bem-estar animal ainda são em benefício do homem, tendo em vista que todas as medidas adotadas são pra melhorar a qualidade do produto final e acrescer valor ao mesmo. Acreditamos que muito caminho ainda deva ser percorrido até que os animais sejam visto como seres que possuem sentimentos, que possuem direitos que devem ser respeitados e não tratados como meros objetos a serviço do homem. 




O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia e baseado nas seguintes obras:
ABCS. Associação Brasileira dos Criadores de Suínos. 2011. Disponível em:
http://www.abcs.org.br/producao/bem-estar-animal/171-bem-estar-animal Acesso em: 21 agosto 2011.
BROOM, D. M. Indicators of poor welfare. British Veterinary Journal, London, v.142, p.524-526, 1986.
CRUZ, C. R. Bem Estar Animal no Cenário Internacional. IV Simpósio Brasil Sul de Avicultura, 2003.
QUALFOOD. Base de Dados de Qualidade e Segurança Alimentar. 2009. Disponível em: Acesso em: 21 agosto 2011.
HURNIK, J. F. Behaviour. In: PHILLIPS, C., PIGGINS, D. (Ed.). Farm animals and the environment. Wallingforg: CAB International, 1992, cap.13, p. 235-244.
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