domingo, 31 de março de 2013

Fazer o bem sem olhar a quem...



Série Ensaios: Sociobiologia

Por Cintia de Oliveira Soares e Deise Maira de Almeida Mendes
Acadêmicas do Curso de Bacharelado em Biologia




Altruísmo é um comportamento encontrado nos seres humanos e nos demais seres vivos, em que as ações de um indivíduo beneficiam o outro. O conceito de altruísmo foi adotado pelo filósofo Frances Augusto Comte em 1831, para caracterizar o conjunto das disposições humanas, tanto individuais quanto coletivas, que impulsionam os indivíduos a dedicarem-se aos outros. Além disso, o conceito de altruísmo tem importância filosófica ao se referir ás disposições natural do ser humano, mencionando que o homem pode ser (e é) bom e generoso naturalmente, sem sofrer influências culturais, como por exemplo, religião e crença. O altruísmo é classificado por Korsgaard, Meglino e Lester (1996) como um comportamento designado a atender às necessidades de outros, envolvendo escolhas em que os indivíduos colocam menos valor em resultados pessoais e demonstram pouca disposição em se ocupar de cálculos racionais que abrangem custos e benefícios.
A fim de explicar como o altruísmo poderia evoluir W. D. Hamilton desenvolveu uma explicação espacial que não se apoiava nos argumentos “para o bem do grupo”, em vez disso a teoria baseou-se na premissa de que os indivíduos se reproduzem com o objetivo inconsciente de propagar seus alelos com mais sucesso do que outros indivíduos. A reprodução pessoal contribui para esse objetivo final em uma maneira direta, porém ajudar indivíduos geneticamente similares pode prover uma rota indireta para o mesmo fim. Conhecendo o coeficiente de parentesco entre altruístas e os indivíduos que eles ajudam, pode-se determinar o destino de um alelo “altruísta” raro em competição com um alelo “egoísta” comum. A questão chave é se o alelo altruísta se torna mais abundante se seus portadores renunciam a reprodução e, em vez disso ajudam seus “parentes” a se reproduzirem. Apesar da competição predominante na natureza também são observados atos de altruísmo, de auto sacrifício de indivíduos ou grupos em relação a outros. Muitos exemplos de altruísmo podem ser observados na natureza: alguns pássaros aceitam chocar ovos que não os seus próprios e indivíduos estéreis ajudam na criação dos filhotes (como ocorre entre abelhas e formigas), abelhas se matam ao ferroar um inimigo para proteger a colônia e pássaros ariscam a própria vida para avisar o bando da aproximação de um falcão. Um caso extremo ocorre com a aranha Stegodyphus cujos filhotes recém-nascidos devoram a mãe como estratégia de sobrevivência.
Os atos mais comuns e extremos de altruísmo animal são realizados pelos pais, especialmente mães, para com os filhos. Pais e mães criam os filhos em seus ninhos, às vezes em seu próprio corpo, os alimentam com grandes custos para si mesmos e se arriscam ao protegê-los dos predadores. Um exemplo disto são as aves que simulam fraqueza para atrair para longe do ninho um predador. Uma ave manca na frente de uma raposa, estendendo uma asa como se estivesse quebrada para atraí-la para longe de seus filhotes, colocando sua própria vida em risco.
Nos dias atuais temos como exemplo de altruísmo a adoção e o amor pelos animais. Podemos notar que em muitos casos, a adoção é feita por que as pessoas se sensibilizam com a situação de abandono das crianças.  Nos animais também é possível notar sinais de altruísmo, há vários casos de animais que adotam filhotes de outras espécies, ou mesmo de sua própria espécie, como por exemplo, os chimpanzés.  A adoção de chimpanzés órfãos é uma prática comum. A criança é adotada por uma fêmea dominante no caso da mãe verdadeira estar morta. É possível vivenciar e detectar e vivenciar o altruísmo também na relação com os animais, eles passam muitas vezes a fazer parte da família e ser tratado como pessoa suprindo assim a carência que se tem nos dias de hoje, além de motivar a sua proteção muitas pessoas lutam por essa causa que a cada dia ganha mais adeptos. O instituto Nina Rosa, é referência nacional hoje em dia nos trabalhos de defesa dos animais, e nesse caso é possível notar como o amor pelos animais levam as pessoas a modificarem suas vidas, esse é o caso da Nina ela abandonou a carreira de produtora de moda e modelo para se dedicar e defender os animais e deixa claro seu enorme amor aos bichos e a importância de respeitá-los. A cada dia a sociedade fica mais revoltada com noticias e imagens de maus tratos aos animais e fazem manifestos para a criação de leis eficientes na proteção dos mesmos, pois é possível notar como esse afeto entre o ser humano e os animais afetam nossas reações e ações. E os acumuladores de animais? Isso pode ser considerado altruísmo ou um tipo de doença? Os acumuladores de animais, “animals hoarder”, são pessoas que necessitam de cuidados psiquiátricos, porém ainda não há literatura médica a respeito. Essas pessoas têm dificuldades em tomar decisões racionais e de tomarem conta de si próprios, mesmo em relação ao básico. Também não conseguem lidar com situações que não possam controlar geralmente a morte de qualquer animal leva a uma forte sensação de angústia. Sabe-se que os acumuladores de animais são cheios de boas intenções, o amor pelo seu pet, à vontade de protegê-los é tanta que acabam passando dos limites, esquecendo-se do bem estar dos seus animais, muitas vezes essas pessoas não tem nem condições financeiras de “cuidar” de tantos pets.
Nós, formandas de Biologia, acreditamos ou percebemos que o altruísmo tem seu lado bom e importante, pois nos fazem criar laços de afeto, pois nosso biológico tem a necessidade da criação de grupos que nos permite adaptar-se melhor e assim nos beneficiar, isso tanto com as pessoas como com os animais, porém é preciso se tomar cuidado para não mudar esses aspectos, já que hoje em dia muitas pessoas criam laços principalmente com os animais tentando assim suprir a carência e muitas vezes trata o animal de uma forma muito artificial, tentando humanizar cada vez mais o mesmo e assim o prejudicando.
 
O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia II e baseado nas obras:
Livro:Comportamento animal - Uma abordagem evolutiva- 2011- 9º edição -Autor: Alcock, John

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