segunda-feira, 1 de abril de 2013

A Homossexualide Na Ótica Biológica



Série Ensaios: Sociobiologia

Por Mayara Regina Seer & Tatiane da Paixão Bornatto

Acadêmicas do curso de Bacharelado em Biologia

 
O ser humano é simultaneamente um ser sociável e um ser socializado, sendo assim, entendemos que ele é, ao mesmo tempo, um sujeito que aspira se comunicar com os seus pares e, também, membro de uma sociedade que o forma e o controla, quer ele queira ou não (ALEXANDRE, 2000). O homem, enquanto ser social encontra-se circundado e inserido nos mais diversos tipos de grupos (familiar, trabalho, lazer, educacional ou religioso) nos quais participa, contribui e procura reconhecimento enquanto pessoa (MAMEDE, 2006). Em formações de grupos os membros podem compartilhar dos mais diversos comportamentos, e podem expressar os seus sentimentos, viver a sua afetividade, aprender, influenciar e ser influenciado.  
A homossexualidade parece um comportamento da atualidade e é considerado um tema moderno, porém, o termo homossexual surgiu no ano de 1869, pelo escritor e jornalista austro húngaro Karl Maria Kertbeny, com o intuito de substituir o termo sodomita (SILVA, 2005). Durante a Idade Média, a relação entre pessoas do mesmo sexo, era caracterizada como sodomia em referência a cidade bíblica de Sodoma, que foi destruída por Deus, devido à prática de pederastia de seus habitantes. A medicina e a psicanálise durante muito tempo consideraram a homossexualidade como doença, tanto que era tratada por “homossexualismo” em que o sufixo “ismo” conferia a ideia de doença, sendo, dessa forma, tratado como tal. Em 1975, foi inserido na Classificação Internacional das Doenças – CID, como sendo um transtorno sexual. Em 1985, a Organização Mundial de Saúde – OMS publicou uma circular, informando que o “homossexualismo” deixava de ser uma doença, passando a ser considerado um desajustamento comportamental. Mas, foi em 1995, que o “homossexualismo” deixou de ser considerado um distúrbio psicossocial e consequentemente deixou de constar no CID, sendo substituído o sufixo “ismo” pelo sufixo “dade”, que passou a significar “modo de ser” (MADRID, 2009). 
A ciência procura há décadas as origens e possíveis fatores que determinem o comportamento homossexual, alguns cientistas apontam a epigenética como uma das respostas para tal processo. Porém, do ponto de vista evolutivo, a homossexualidade é uma característica que não seria esperada para se desenvolver e persistir diante da teoria de seleção natural de Darwin. A tendência atual prevalecente é pensar a homossexualidade como uma das manifestações possíveis da sexualidade, sem valorá-la para mais ou para menos. Até pouco tempo atrás se acreditava que a criança nascia como um livro em branco e as páginas eram preenchidos conforme crescia, modelando assim sua personalidade. Porém sabemos que os bebês recém-nascidos têm temperamentos diferentes e isso se deve a condições ambientais intra-uterinas diferenciais que cada criança passa. Mas, a maior preocupação de uns anos pra cá é com relação à transexualidade infantil, e alguns anos trás veiculou na internet um documentário chamado “Meu eu secreto”, que mostra crianças que com cerca de dois anos decidem se são meninos e meninas e pais orientados por profissionais permitem que seus meninos se vistam e se comportem como meninas e administram hormônios sexuais para que não exibam os caracteres sexuais secundários na puberdade ara que possa na adolescência fazer uma cirurgia para mudança de sexo. O diagnóstico é de “transtorno de identidade de gênero” e segundo os especialistas uma criança começa a ter consciência de ser menino ou menina logo após o primeiro ano de vida e por volta dos 4 anos já tem a identidade sexual estável, apenas são sabem expressar isso verbalmente (FISCHER, 2009).
Um caso real, brasileiro e muito polêmico abordando a questão da homossexualidade ser derivada da genética ou não, é o manifesto da Sociedade Brasileira de Genética (SBG) apoiando o Pr. Silas Malafaia, que por sua vez defende a premissa de que a ciência ainda não possui dados suficientes para comprovar que a homossexualidade é definida pela genética do indivíduo, o Pastor diz: “Fortes evidências na ciência não indicam a verdade científica. O instrumento da verdade científica é o experimento, a observação. Forte indício pode ser derrubado pela verdade comprovada. A verdade não comprovada pela ciência chama-se teoria”. Enquanto, que a SBG diz que: “o comportamento humano é resultado de uma interação complexa entre genes e ambiente, em que nenhum dos dois tem efeito determinante por si só”. Outra polêmica envolvida com o Pr. Silas aconteceu em um programa de televisão em que o pastor diz que ninguém nasce homossexual, e que 46% dos homossexuais foram violentados quando crianças ou adolescentes e 54% escolheram ser homossexuais, ou seja, homossexualidade é comportamento, antes de poder terminar seu pensamento a apresentadora do programa faz um pergunta para o pastor: “Já que a homossexualidade não vem da genética, porque então os animais têm relações com outros do mesmo sexo, afinal de contas eles não foram violentados fisicamente?”, mas a apresentadora não obteve resposta. Porém, ela também relata que “ama os homossexuais”, mas discorda 100% das práticas do homossexuais. As causas para tais comportamentos homossexuais tanto em humanos como em animais são variadas e não são totalmente compreendidas. 
Uma pesquisa de 1999, feita pelo pesquisador Bruce Bagemihl, mostra como e
sse comportamento sexual é comum, até mesmo no reino animal, o estudo mostra que o comportamento homossexual já foi observado em cerca de 1.500 espécies animais, variando de primatas a vermes intestinais, e é bem documentado em 500 delas. Uma revisão feita em 2009 das pesquisas já existentes mostrou que o comportamento homossexual é um fenômeno quase universal, comum em várias espécies, além da espécie humana, e foi relatado que esse tipo de comportamento sexual é mais registrado em espécies que possuem convívio social. A observação do comportamento homossexual em animais pode ser vista como um argumento a favor e contra a aceitação da homossexualidade em humanos. Uma matéria da revista Super Interessante intitulada “Atração entre iguais” relata muitos pontos de vista explicando as prováveis causas do comportamento homossexual entre animais, dentre elas aperfeiçoar a criação de filhotes, suprir a falta de fêmeas ou machos dentro da população, e até mesmo um afeto maior entre indivíduos do mesmo sexo quer na maioria das vezes não é erótico, mas para manter  a coesão social dentro do grupo. É relatado também que as uniões homossexuais dentre os animais pode ser até mais duradoura do que a dos pares heterossexuais.
Nós, como formandas do curso de biologia, temos que levar em consideração que pesquisas genéticas são mais difíceis de serem realizadas com seres humanos porque não há como analisar comportamentos de pessoas sem levar em conta o ambiente em que vivem ou foram criados. Além disso, o fato de que pessoas com comportamento homossexual não procriarem dificulta a definição de um padrão de transmissão genética entre gerações. Poderia ser considerado o fato de a homossexualidade obedecer a um padrão de herança multifatorial, onde vários genes interagem com o ambiente para determinar uma característica, o que nos remeteria a epigenética. Sendo assim, concluímos que pode haver sim uma influência genética para a homossexualidade, ainda que não exista uma comprovação científica publicada.

O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Etologia e baseado nas seguintes obras:

ALEXANDRE, Marcos. Breve descrição sobre processos grupais. Revista Comum, Rio de Janeiro - v.7 - nº 19 - p. 209 a 219 - ago./dez. 2000.
FISCHER, Marta. Crianças Transexuais... 2009. Disponível em: http://etologia-no-dia-a-dia.blogspot.com.br/2009/05/criancas-transessuais.html
MADRID, Daniela Martins e MOREIRA FILHO, Francisco Carlos. A Homossexualidade e a sua História. 2009. Disponível em: http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1645/1568
MAMEDE, Willer. Conhecendo e desvendando grupos. 2006. Disponível em: http://www.rh.com.br/Portal/Grupo_Equipe/Artigo/4129/conhecendo-e-desvendando-grupos.html
SILVA, Marcos Aurélio. Este corpo não te pertence! Algumas reflexões sobre saúde e doença na modernidade – O caso do “Homossexualismo”, 2005, pág. 1-28.


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