Essa
semana teve início da disciplina de Temas de Bioética e
Biologia no novo mestrado da
PUCPR em Bioética.
A disciplina pretende trabalhar as questões de microbioética e macrobioética
voltadas para Bioética
ambiental. A Bioética é a ética pela vida e não há nada mais
encantador, desafiador e assustador do que a Vida. A Bioética pode ser aborda de uma
visão Micro quando vamos ao
interior da célula compreender os processos bioquímicos que nos faz vivos e
norteia nossa existência dando o sentido reducionista para a mesma
que é a manutenção da vida da célula até que a mesma possa repassar sua
existência para outra célula antes de morrer; até uma visão Macro, a qual busca
compreender as intrigadas, estreitas e indispensáveis inter-relações entre os
seres vivos – a teia da vida - que permite a
existência do planeta, visto por muitos analogicamente como um organismo vivo: a gaia.
O
avanço tecnológico, econômico e cultural do ser humano promoveu o seu
distanciamento da natureza, a partir do momento em que passou a adaptar o meio
as suas necessidades e não o contrário, como faz a maioria das demais espécies.
Embora essa estratégia de sobrevivência tenha propiciado a uma espécie animal
possibilidades infinitamente mais aprimoradas - e que muitas vezes nada têm a
ver com a sua sobrevivência biológica - o resultado não tem sido benéfico em todos
os segmentos, resultando em dilemas morais. Assim, a retomada de valores éticos
que norteiam a conduta comportamental do ser humano, na busca de restabelecer
um convívio harmonioso com a natureza, é fundamental para que todas as espécies
- e para que as atuais e futuras gerações - tenham o direito de disfrutar de um
meio ambiente equilibrado e saudável. Ao instituir a ética ambiental,
procura-se despertar em cada cidadão a compreensão do certo e errado quanto as suas condutas ambientais, diante de
práticas culturalmente enraizadas, em que apenas informação e sensibilização
não é o suficiente, sendo necessário reeducar - papel importantíssimo atribuído à educação ambiental.
Deve-se considerar, porém, que ao estabelecer o papel do cidadão como ator ativo
e importante dessas ações, não exime as corresponsabilidades de outros
segmentos sociais, como o próprio poder público que
deve promover o bem-estar biopsicossocial de seus cidadãos. Quando consideramos
as questões ambientais, deve-se estimular uma comunicação entre a academia, os
órgãos gestores e a população, de forma que atitudes preventivas sejam mais estimuladas
do que as ações de contenção ou reversão de
problemas já consolidados, tais como invasão biológica, perda de biodiversidade
e poluição. É óbvio que não é necessário ser um ambientalista fanático para
perceber que a reversão
do avanço tecnológico seria o melhor para o ambiente, porém também não se pode
ser hipócrita e acreditar que a sociedade vai abrir mão do conforto que o
desenvolvimento industrial trouxe. A questão agora é como associar o mundo
moderno com o menor impacto possível. Durante muito tempo o antropocentrismo
ditou o rumo da humanidade, porém chegamos a um momento que vislumbramos a
necessidade de uma sociedade mais justa, com olhar mais sensível e amplo e que
aplique os princípios da bioética que norteiem de fato a conduta humana como o
vislumbrado por van Poter (1971): todos
seres vivos, incluindo o ser humano, são interdependentes; b) natureza é finita;
c) desenvolver uma convivência pacifica com o natural e d) respeito a natureza
como missão politica, ética e jurídica.
A bioética e a
ecologia passam a ter um diálogo mais estreito no século XX em decorrência um colapso ambiental próximo evidenciado pelas mudanças climáticas e um
futuro incerto diante das crises sociais e econômicas, dos graves problemas
psicológicos, caotização do espaço urbano, degradação dos recursos hídricos,
poluição ambiental e carência de saneamento básico. O homem está vulnerável
diante dos resultados da destruição do ambiente tais como doenças, pandemias,
perdas de seus bens diante de fenômenos climáticos, extinção das espécies e
descaracterização dos habitats (Siqueira-Batista et al., 2009, Faleiros Jr
& Borges, 2012). A resolução das questões ambientais não é optativa, nem tão pouco são
essas preocupações seletivas para determinados segmentos sociais. É uma obrigação
de todos! Algumas pessoas que possuem uma sensibilidade maior, e talvez até uma
empatia ou uma “inteligência
naturalística” conseguem perfeitamente compreender essa problemática, e
mudam radicalmente a sua conduta. Muitas vezes denominados de “eco chatos”,
são ridicularizados por uma sociedade que prima pelo consumo desnecessário gerando
gastos excessivos que comprometem o bem-estar da família. Ir contra a maré do
mundo moderno que prima mais o ter do que o ser exige um esforço e um idealismo típico dos
grandes nomes que mudaram o rumo da história. E essas pessoas conhecidas ou anônimas
estão conseguindo, indo contra todas as expectativas. Não é questão de
instaurar pânico,
mas de seguir o conselho do lindo documentário que recomento a todos “Home”: “É muito tarde para sermos pessimistas”! (clique aqui para assistir). É
momento de mudarmos os paradigmas éticos norteadores da relação entre os seres
vivos (inclusive entre os homens!), já avançamos tecnologicamente mais do que
qualquer expectativa evolucionista poderia prever para uma espécie de apenas 200
mil anos. Criamos garras e presas que a natureza não nos deu ao dominarmos a
manufatura de ferramentas, o fogo e os metais; distanciamo-nos da natureza ao
assumirmos o controle da vida de plantas e animais; já conseguimos viver no
espaço, nos comunicar instantaneamente de qualquer ponto do planeta, inventamos
medicamentos, nanotecnologia e agora estamos desvendando os mistérios do
cérebro. Será que chegamos ao nosso limite? Já provamos para nós mesmos que
conseguimos o que queremos? Vamos voltar o nosso olhar para nosso interior,
nossa essência, para o natural? Vislumbro um novo momento da sociedade, e fico
muito feliz por estar fazendo parte dessa luta, aqui na academia formando
profissionais diferentes que multiplicarão esse novo olhar, rumo a uma nova
sociedade. E... a história continua.... Venha fazer parte dela também?
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