domingo, 7 de abril de 2013

Chegou a vez da Bioética Ambiental, você vai ficar de fora?



Essa semana teve início da disciplina de Temas de Bioética e Biologia no novo mestrado da PUCPR em Bioética. A disciplina pretende trabalhar as questões de microbioética e macrobioética voltadas para Bioética ambiental. A Bioética é a ética pela vida e não há nada mais encantador, desafiador e assustador do que a Vida. A Bioética pode ser aborda de uma visão Micro quando vamos ao interior da célula compreender os processos bioquímicos que nos faz vivos e norteia nossa existência dando o sentido reducionista para a mesma que é a manutenção da vida da célula até que a mesma possa repassar sua existência para outra célula antes de morrer; até uma visão Macro, a qual busca compreender as intrigadas, estreitas e indispensáveis inter-relações entre os seres vivos – a teia da vida - que permite a existência do planeta, visto por muitos analogicamente como um organismo vivo: a gaia.
O avanço tecnológico, econômico e cultural do ser humano promoveu o seu distanciamento da natureza, a partir do momento em que passou a adaptar o meio as suas necessidades e não o contrário, como faz a maioria das demais espécies. Embora essa estratégia de sobrevivência tenha propiciado a uma espécie animal possibilidades infinitamente mais aprimoradas - e que muitas vezes nada têm a ver com a sua sobrevivência biológica - o resultado não tem sido benéfico em todos os segmentos, resultando em dilemas morais. Assim, a retomada de valores éticos que norteiam a conduta comportamental do ser humano, na busca de restabelecer um convívio harmonioso com a natureza, é fundamental para que todas as espécies - e para que as atuais e futuras gerações - tenham o direito de disfrutar de um meio ambiente equilibrado e saudável. Ao instituir a ética ambiental, procura-se despertar em cada cidadão a compreensão do certo e errado quanto as suas condutas ambientais, diante de práticas culturalmente enraizadas, em que apenas informação e sensibilização não é o suficiente, sendo necessário reeducar - papel importantíssimo atribuído à educação ambiental. Deve-se considerar, porém, que ao estabelecer o papel do cidadão como ator ativo e importante dessas ações, não exime as corresponsabilidades de outros segmentos sociais, como o próprio poder público que deve promover o bem-estar biopsicossocial de seus cidadãos. Quando consideramos as questões ambientais, deve-se estimular uma comunicação entre a academia, os órgãos gestores e a população, de forma que atitudes preventivas sejam mais estimuladas do que as ações de contenção ou reversão de problemas já consolidados, tais como invasão biológica, perda de biodiversidade e poluição. É óbvio que não é necessário ser um ambientalista fanático para perceber que a reversão do avanço tecnológico seria o melhor para o ambiente, porém também não se pode ser hipócrita e acreditar que a sociedade vai abrir mão do conforto que o desenvolvimento industrial trouxe. A questão agora é como associar o mundo moderno com o menor impacto possível. Durante muito tempo o antropocentrismo ditou o rumo da humanidade, porém chegamos a um momento que vislumbramos a necessidade de uma sociedade mais justa, com olhar mais sensível e amplo e que aplique os princípios da bioética que norteiem de fato a conduta humana como o vislumbrado por van Poter (1971):  todos seres vivos, incluindo o ser humano, são interdependentes; b) natureza é finita; c) desenvolver uma convivência pacifica com o natural e d) respeito a natureza como missão politica, ética e jurídica. 
A bioética e a ecologia passam a ter um diálogo mais estreito no século XX em decorrência um colapso ambiental próximo evidenciado pelas mudanças climáticas e um futuro incerto diante das crises sociais e econômicas, dos graves problemas psicológicos, caotização do espaço urbano, degradação dos recursos hídricos, poluição ambiental e carência de saneamento básico. O homem está vulnerável diante dos resultados da destruição do ambiente tais como doenças, pandemias, perdas de seus bens diante de fenômenos climáticos, extinção das espécies e descaracterização dos habitats (Siqueira-Batista et al., 2009, Faleiros Jr & Borges, 2012). A resolução das questões ambientais não é optativa, nem tão pouco são essas preocupações seletivas para determinados segmentos sociais. É uma obrigação de todos! Algumas pessoas que possuem uma sensibilidade maior, e talvez até uma empatia ou uma “inteligência naturalística” conseguem perfeitamente compreender essa problemática, e mudam radicalmente a sua conduta. Muitas vezes denominados de “eco chatos”, são ridicularizados por uma sociedade que prima pelo consumo desnecessário gerando gastos excessivos que comprometem o bem-estar da família. Ir contra a maré do mundo moderno que prima mais o ter do que o ser exige um esforço e um idealismo típico dos grandes nomes que mudaram o rumo da história. E essas pessoas conhecidas ou anônimas estão conseguindo, indo contra todas as expectativas. Não é questão de instaurar pânico, mas de seguir o conselho do lindo documentário que recomento a todos “Home”: “É muito tarde para sermos pessimistas”! (clique aqui para assistir). É momento de mudarmos os paradigmas éticos norteadores da relação entre os seres vivos (inclusive entre os homens!), já avançamos tecnologicamente mais do que qualquer expectativa evolucionista poderia prever para uma espécie de apenas 200 mil anos. Criamos garras e presas que a natureza não nos deu ao dominarmos a manufatura de ferramentas, o fogo e os metais; distanciamo-nos da natureza ao assumirmos o controle da vida de plantas e animais; já conseguimos viver no espaço, nos comunicar instantaneamente de qualquer ponto do planeta, inventamos medicamentos, nanotecnologia e agora estamos desvendando os mistérios do cérebro. Será que chegamos ao nosso limite? Já provamos para nós mesmos que conseguimos o que queremos? Vamos voltar o nosso olhar para nosso interior, nossa essência, para o natural? Vislumbro um novo momento da sociedade, e fico muito feliz por estar fazendo parte dessa luta, aqui na academia formando profissionais diferentes que multiplicarão esse novo olhar, rumo a uma nova sociedade. E... a história continua.... Venha fazer parte dela também?


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