Série Ensaios: Sociobiologia
Por Bruno de Oliveira Maciel e Ivan Bruno Lange
Acadêmicos do curso de Ciências Biológicas
A genética
certamente pode ajudar ou atrapalhar desde o ponto de partida até o meio de
campo, mas habilidades excepcionais são desenvolvidas à medida que o cérebro
muda com a experiência. Aprenda a tocar um instrumento de corda e a
representação cerebral do seu dedo mindinho esquerdo, do qual você agora exige
destreza, aumentará. Outras diferenças menos comentadas são mais robustas, como
na estratégia de navegação espacial que eles e elas adotam, de fato
relacionadas a diferenças no uso do cérebro. Enquanto os homens tendem a usar coordenadas
mais absolutas para se localizarem, como distâncias e pontos cardeais, que
envolvem uma parte da formação hipocampal, mulheres tendem a pôr em ação outra
parte, responsável pelas relações entre marcos visuais do relevo, como: árvores, acidentes
naturais e lojas. Não se trata de um sexo ser melhor ou pior do que o outro em
matéria de navegação espacial: são apenas diferentes, com cérebros - e
estratégias - diferentes. O mais curioso, no entanto, é que a mais importante,
mais significativa e mais extrema diferença cerebral e comportamental entre
homens e mulheres se perde na discussão: aquela que faz com que cerca de 90%
dos homens prefiram as mulheres e 90% das mulheres prefiram os homens como
parceiros. Esta, sim, é de origem genética, totalmente biológica (não, a educação
não faz a menor diferença, por mais que políticos, religiosos e grupos
antiadoção esperneiem), e influenciável pelo ambiente hormonal somente durante
o início da gestação. Esta, sim, tem consequências fundamentais para o destino
de cada um, a começar porque determina para qual metade da população ele ou ela
voltará os seus interesses. E ainda bem que ela é recíproca, pois assim os 90%
de cada lado encontram 90% do sexo oposto que retribuem seu interesse. Com
relação ao mecanismo utilizado nesta conformação de atitudes, nos homens se
destaca o uso do lado esquerdo é predominante, responsável entre outras funções
pelo raciocínio lógico. As mulheres usam tanto a porção esquerda como a direita
do cérebro, que corresponde aos mecanismos da emoção. Por isso elas têm uma
relação mais emotiva com todas as formas da linguagem. Já as diferenças
emocionais entre homens e mulheres, podemos dizer que são bem mais claras, como
a polêmica frase popular: “O
homem pensa com o corpo e, a mulher com o coração”.
Na atualidade, é fato de que ainda há muitas
barreiras impostas pelos povos sobre homens e mulheres, as quais acentuam ainda
mais suas diferenças. Porém, a cada dia vemos mais manifestações de grupos que
tentam enfrentar e quebrar estas barreiras. Um exemplo que está sendo muito
discutido é o movimento “marcha
das vadias”, que se trata de uma manifestação feita por mulheres vestindo
roupas consideradas provocantes em protesto a crença de que as mulheres que
sofrem assédio ou até mesmo estupro são culpadas, devido à suas vestimentas
consideradas indecentes. Este movimento teve inicio em 2011 (sob o nome SlutWalk), quando houve
vários casos de abuso sexual em mulheres na Universidade de Toronto e um
policial chamado Michael Sanguinetti aconselhou de que as mulheres evitassem se
vestir como vadias. A partir desta visão que o policial expressou, milhares de
mulheres se sentiram ofendidas moralmente, como se elas realmente quisessem ser
abusadas, baseando-se pelo modo que se vestem. Desde então o movimento vem
ganhando adeptas e conseguindo varias conquistas em diversos países. Deste modo, devemos considerar que o homem tem
seus instintos sexuais provocados quando vê uma mulher vestida de maneira
ousada, ou o respeito às mulheres tem que prevalecer acima de tudo? Para
responder esta pergunta, ainda faltam estudos com o comportamento do ser
humano, para desvendar a mente e os instintos que levam indivíduos a praticar
atos de selvageria como o abuso sexual contra mulheres. A humanidade depende do
bom relacionamento entre homens e mulheres, pois um não evolui sem o outro,
então devemos deixar de lado quaisquer diferença, colocando a frente o afeto e
compreensão para o bem estar de todos.
Este
ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia II, sendo baseado nas
seguintes obras:
ANDRIOLA,
W. (2000). Funcionamento diferencial dos itens (DIF): Estudo com analogias para
medir o raciocínio verbal. Psicologia: Reflexão e Crítica, 13(3),
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BLACKWELL, A. (1976).
The sexes throughout nature.
CAPEL, B. (2000). The
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CHARTIER,
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C. (1996). Diferenças entre homens e mulheres: biologia ou cultura. Revista
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da literatura. Psicólogo Informação, 25–34.
HERCULANO-HOUZEL,
S. (2009). Pílulas de Neurociência para uma Vida Melhor. GMT, (1), 197.
Texto digno!
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