Série
Ensaios: Sociobiologia
Por
Eliseu Gabriel Pacheco e Guilherme Sakuno Fujii
Acadêmicos
do curso de Biologia
A formação de um grupo social afeta
peculiarmente o modo de ser e de agir de cada um dos membros que o compõe. Grande
parte dos animais, ao longo de sua evolução, foi se moldando à natureza da
socialização. Esta necessidade comportamental facilitou a sobrevivência das
populações, estreitou a ligação entre indivíduos de mesma espécie, e ainda,
promoveu que os indivíduos se conhecessem e se interdependessem. A formação de um casal ou a busca
por um parceiro sexual na natureza também é algo essencial, para socializar-se
e para a reprodução, tanto que na natureza ocorrem estratégias reprodutivas que
denominamos de monogamia. A opção por se ter
apenas um único parceiro sexual é uma socialização para fins biológicos e uma
estratégia para que as espécies tenham sucesso. Apesar disso, na natureza o acasalamento
monogâmico entre mamíferos é raro. Motivados
pela sobrevivência, a construção de “famílias” a monogamia permite
a estes animais educarem seus filhotes para que saibam sobreviver sozinhos.
Apesar disto, já se sabe que alguns animais, como os papagaios, são capazes de
viver em monogamia, seguindo até mesmo o preceito do “até que a morte os
separe”. Observou-se também que outros, como alguns mamíferos, os chimpanzés, desenvolvem amizades
duradouras que, algumas vezes, ultrapassam até mesmo as fronteiras do além, se
transformando em luto. Não podemos dizer concretamente que não exista na
natureza a possibilidade de ocorrer o oposto, pois, onde eles existirem
existirá, também, a possibilidade de traição.
Este tema motivou o trabalho de um
ecólogo evolucionista chamado Carlos Botero, da Universidade de Columbia, nos Estados
Unidos. Ele e sua equipe revisaram mais de 200 anos de estudos sobre o
comportamento sexual dos pássaros. “Observações mostraram que a monogamia é
prática comum de 80% a 90% dessas espécies. Por essa razão, no início, os
biólogos apostavam na fidelidade das aves. Tudo isso mudou quando as pesquisas
genéticas se tornaram possíveis. Depois disso, revelou-se que, em alguns casos,
até 100% dos filhos criados pelo pai social não eram seus”, conta Botero. O
ecologista se perguntou, então, se o aquecimento
global
não estaria influenciando a lealdade conjugal das aves. É verdade. Em tempos de
incerteza, os pássaros são menos fiéis. “Quanto mais imprevisível o clima,
maiores serão as taxas de divórcio e traição. Isso acontece porque, em tempos
de mudanças, quanto maior for a variedade genética da prole, mais chances
haverá de ao menos um entre eles sobreviver”. Parece então que esta é a lógica:
quando o sol está raiando e as frutas são macias, pode parecer uma grande
vantagem escolher como pai de seus filhos um pássaro de bico macio e plumagem
verde gritante. Contudo, quando o clima começa a esfriar, as folhas despencam
das árvores e as sementes se tornam duras, o parceiro ideal pode ser uma ave
marrom de bico longo e duro. Quando então o pássaro não sabe que condições
climáticas estão por vir na próxima temporada, a vantagem é cruzar com os dois,
para se garantir o sucesso reprodutivo.
E na espécie humana? O comportamento
da infidelidade seria biológico? Nossa experiência
até poderia nos dizer.
Conhecemos traição entre sócios de negócios, traição por palavra quebrada, mas
a que pode ser a mais relevante, a traição nas relações afetivas. Estudos
revelam que a afetividade é importante no
funcionamento psicológico humano. No que se refere a reprodução humana, na
antiguidade a busca pelo maior número de parceiras sexuais seria inerente à
biologia masculina; afinal quanto mais parceiras maiores as chances de
transmitir os próprios genes. Isso parece aceitável quando pensamos num homem
dominado pelos instintos básicos de sobrevivência, um homem atrelado aos
impulsos biológicos cujo único propósito é perpetuar a própria carga genética.
Poderíamos nós biólogos evolucionistas dizer que num este comportamento faria
todo o sentido. O homem estando situado em um ambiente hostil e de luta contra
a nossa fragilidade humana, deixar o maior número de descendentes num curto
espaço de tempo era vantajoso. Apesar disto, o tempo passou e o homem entrou
num processo de desenvolvimento
de relações afetivas. As
relações afetivas se desenvolveram tanto que existem diversas formas pela qual
ela se expressa, uma delas, o ciúme. Sabemos nós que o ciúme
excessivo as
vezes se torna o responsável pelo final de um relacionamento. O mais curioso é
saber que este sentimento é uma ferramenta evolutiva. Ele serve justamente como
um sensor de perigo, sua função é preservar o relacionamento. Conclusão: se o
ciúme, em doses homeopáticas, serve pra mostrar o seu amor e defendê-lo, em
exagero ele pode ter – e quase sempre tem – a função inversa: afasta a pessoa
amada. Todos devem conhecer o caso conhecido como "Yoki" onde o
empresário Marcos Matsunaga, executivo da Yoki, uma gigante no setor de alimentos foi
assassinado por Elise Matsunaga, sua esposa, com quem era casado há algum
tempo. Elize, que conheceu o marido quando trabalhava como garota de programa,
alegou ciúme como motivo do crime, pois tinha descoberto que o marido a estava
traindo com outra prostituta. O ato de Elise Matsunaga só pode nos dizer que a
relação era baseada na posse. Estudos sobre o psicológicos propõem que existem
dois tipos de ciúme: o normal e o
patológico. O
ciúme patológico é definido em uma perturbação emocional e instabilidade
afetiva, amando e odiando ao mesmo tempo.
Nesse caso, Elise pode ter se frustrado o bastante, a termos de estar o
amando e o odiando ao mesmo tempo, tanto que não aceitou isso e acabou
assassinando o marido. Junto a isso é importante destacarmos as diferenças
entre o ciúme masculino e o ciúme feminino. Segundo BUSS (2000), estudos mostram que homens e mulheres são igualmente ciumentos, ou
seja, ambos são atormentados pelas situações cotidianas, quanto em expressões
clínicas mais ostensivas. Há diferenças entre homens e mulheres nas suas
atitudes quanto ao envolvimento emocional no sexo. A maioria das mulheres deseja algum
tipo de envolvimento emocional, compromisso, amor, homens maduros, com status
financeiro. Os homens têm desejos de variedade sexual, priorizando beleza
física (corpo atraente) e juventude. Então, para as mulheres, seria mais
perturbadora a infidelidade emocional, enquanto os homens ficam mais aflitos
pela infidelidade sexual de suas parceiras.
Nós, formandos de biologia cremos que, infidelidade seja
algo muito desconcertante para nossa natureza humana. Somos fiéis a algo quando
cremos que nossos desejos particulares não têm a mesma grandiosidade dos
valores morais, por exemplo, o casamento. Quando depositamos nossa confiança a
alguém ou a algo valioso e grandioso, estamos colocando tudo o que aprendemos
na vida ou tudo o que conhecemos sobre aquela pessoa à prova. Mas isso é
humano. Na natureza, os animais também traem ou são infiéis, mas é algo
biológico. Como já citamos o caso das aves. A traição tem a finalidade de
promover a continuidade da espécie, para ter a certeza de que a parte da
ninhada de filhotes irá sobreviver às condições ambientais climáticas e para
obter alimento. O homem primitivo fertilizava várias mulheres, pois sabia que,
quanto mais descendentes deixasse, maiores as chances de dar continuidade aos
seus genes e a espécie, já que naquele tempo, a espécie humana era “frágil”
quando comparada as condições climáticas extremas a presença de predadores.
O presente ensaio foi
elaborado para a disciplina de Etologia e baseado nas seguintes fontes:
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