Série
ensaios:Sociobiologia
Por Flávia Cardozo de
Jesus e Larissa Friebe Caxambu
Acadêmicas do Curso de Bacharelado
em Biologia
Desde
os primórdios, os ancestrais do homem já abriam
mão da liberdade para se beneficiar com uma vida em grupo – uma característica
também encontrada em primatas e inúmeras outras espécies – e com isso, conseguiam
mais proteção e facilidade para arranjar alimentos. Com essa vida em grupo, as
mulheres ficaram com a tarefa de cuidar de seus filhos, se entregando mais
intensamente ao instinto
maternal,
que nada mais é do que um compromisso em que um ser
mais capacitado ou evoluído presta auxílio a um outro em estágio de
aprendizagem - Esse instinto maternal é ainda reforçado pela aparência
inocente e meiga das crianças, que faz com que a mãe e até mesmo outros
parentes queiram protegê-las e acalentá-las (Burnhan & Phelan, 2002). Mas nem sempre esse compromisso é levado adiante: ocorrendo
muitas vezes o assassinato de um filhote indesejado, chamada de infanticidio. Essa prática, ainda
hoje executada por humanos, já ocorria há 30 mil anos atrás, na época que o homem vivia nas cavernas, provavelmente para não colocar todo o grupo em risco
em épocas de escassez de alimento. Entre os Romanos, tambem em ocasiões de escassez de
alimentos, era comum soldados matarem os recém-nascidos, principalmente do sexo
feminino. Já entre os gregos, era permitido o sacrificio de crianças
portadoras de deficiencia. Porém, com a influência do Cristianismo,
o infanticídio passou a constituir um pecado gravíssimo. Nos dias de
hoje, essa prática ocorre entre algumas tribos de índios, resuntando a cada
ano, em centenas de crianças indígenas enterradas vivas, sufocadas com
folhas, envenenadas ou abandonadas para morrer na floresta. Mas como isso faz
parte da cultura dessas tribos, não há uma lei
que os puna, diferente da nossa sociedade, em que tal prática é considerada
crime.
Episódios de infanticídio também envolvem
mulheres que não aceitam a gravidez, que enxergam a criança como uma ameaça ou
até mesmo que possa haver uma ameaça para a criança. Alguns exemplos de
episódios como esse é de uma mulher brasileira que tinha uma gravidez
indesejada e, ao ter o seu filho, o esquartejou e
jogou aos urubus,
acreditando que dessa maneira estaria se livrando do problema. Outro caso é de
uma mãe da indonésia que matou seu
filho de 9 anos por achar que ele tinha um órgão genital pequeno, e ao ser
questionada, justificou seu ato por temer que ele sofresse no futuro. A Biologia têm uma explicação física para isso. Hoje se
sabe que o parto desencadeia uma súbita queda em níveis
hormonais e alterações bioquímicas no sistema nervoso central.
Isso causa alteração emocional, e em alguns casos, até
mesmo o colapso do senso moral,
a diminuição da capacidade de entendimento seguido de
liberação de instintos, terminando
com a agressão ao próprio filho. No mundo animal esse
comportamento também ocorre, e de forma semelhante ao ser-humano, o que é mais
uma evidencia de que o homem não é um ser àcima da natureza, mas está integrado
a ela. Casos de infanticídio em primatas foram estudados e as principais
hipóteses para esse comportamento são pelos motivos adaptativos (seleção
sexual), competição por recurso e não adaptativa (patologia social). Leões são outro exemplo de espécies que
cometem infanticídio, pois o macho mata os filhotes de outro para garantir sua
linhagem.
Nós formandas em biologia, acreditamos que o infanticídio tinha
vantagem evolutiva no passado, quando o homem vivia apenas da sobrevivência
física. Mas atualmente, com alternativas como a adoção e as ações sociais, bem
como as nossas mudanças de estilo de vida, cremos que essa prática se tornou
desnecessária. Porém, mesmo com todo esse desenvolvimento social e melhora da
qualidade de vida, às vezes o lado primitivo e biológico acaba falando mais
alto, levando a mãe a cometer o infanticídio. Acreditamos que esse lado
biológico gera uma autoproteção que leva a mãe a ver o próprio filho como
ameaça, e até mesmo uma proteção de linhagem evolutiva, por julgar que as
características do filho não são ideais para perpetuar a espécie, o que acaba
se sobrepondo ao instinto maternal.
O presente
ensaio foi elaborado para disciplina de Etologia e baseado nas obras:
http://jus.com.br/revista/texto/4066/o-crime-de-infanticidio-e-a-pericia-medico-legal
http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=3894
Nenhum comentário:
Postar um comentário