A “chuva de aranhas” foi um dos
assuntos mais comentados nas redes sociais essa semana chegando a chamar até a
atenção da mídia impressa e televisiva. Na quinta-feira percebi que minha linha
do tempo no facebook estava lotada de compartilhamentos de um vídeo que
mostrava uma teia de aranhas sociais presentes na família Araneidae e no gênero Anelosimus - as aranhas da referida imagem provavelmente seja da família Araneidade, tendo em vista o seu tamanho e formato de teia.
Eu nem me preocupei em ver o vídeo naquele momento, pois embora seja algo
fantástico, pra mim era algo normal e que eu compartilho com meus alunos nas
aulas de zoologia. Comecei a ficar ligada quando a imprensa do portal
G1 me contatou, preocupados com o vídeo, aí sim fui assistir e algumas
reflexões surgiram.
Primeiro, uma coisa bacana que é a
divulgação de algo tão fantástico da natureza que são as aranhas sociais. Aranhas sociais? Sim... é
algo de se admirar pois, a principal característica das aranhas é o hábito predatório
de tudo e qualquer coisa que se mova diante delas – de cerca de 40.000 espécies
de aranhas, apenas 23 apresentam algum tipo de organização social. Mas principalmente
nas regiões tropicais as aranhas resolveram unir uma teia na outra e construir
uma imensa estrutura tridimensional para aumentar as chances de interceptar
mais presas voadoras, aumentar a proteção e o cuidado cooperativo da prole. Para
tal, diferentes níveis de sociedade foram desenvolvidos – podendo compartilhar
alimento, desenvolverem uma liderança e cuidarem cooperativamente dos filhotes. Este
é um tema amplamente estudado por Aracnólogos como a equipe da Dra.
Leticia Avilés. Existem relatos que as aranhas sociais foram uma das maravilhas
da natureza tropical que mais encantou à Darwin quando esteve por
aqui. Algumas agregações podem ter mais do que 50.000 indivíduos, e algumas colônias
são grandes o bastante para capturar pássaros e morcegos.
Segundo, não tem como se impressionar
com o poder da internet, em que uma pessoa posta um vídeo caseiro para
registrar algo inusitado para ele e em dois dias tem mais de 15.000 acessos e
alcança pessoas em distâncias inimagináveis. Há pouco tempo ele iria comentar
com meia dúzia de amigos, mostrar o vídeo, fazerem dois ou três comentários e
tudo bem. Atualmente em poucos dias, milhares de pessoas não só viram o vídeo,
como tiraram as mais diversas conclusões. Desde medos primitivos de aranhas
assassinas que voam pelo céu alcançando todas as residências e dizimando a
população humana – ou quem sabe transformando em zumbis – aproveitando a fase walking dead da nossa
juventude. Outros, mais fatalistas,
relacionavam o fato a algum distúrbio ambiental e um desequilíbrio desastrosamente
fatal, que daria facilmente para associar aos discursos políticos, antissexistas
e religiosos (até comentaram a religião do cinegrafista). Também tivemos aqueles que arriscaram dar
opiniões baseadas em fragmentos de informações, que poderiam gerar outras
opiniões, também infundadas, tais como são filhotes em dispersão, são aranhas
se reproduzindo. Enfim... É a era da internet! É óbvio que inúmeros fatores como época reprodutiva, aumento de temperatura e de recursos alimentares, também podem contribuir para um aumento populacional.
E o último ponto que me chama a
atenção - e que vi em alguns comentários - é a atitude de pessoas que estavam
com o cinegrafista. Essa estrutura de teia é linda demais! Vendo pessoalmente é
de levar o ser humano a admirar a natureza e refletir sobre a sua própria
existência - nessa natureza que busca formas criativas de sobreviver. Esses
encontros com seres tão distantes e tão próximos de nós, é que nos leva à plenitude
da vida, que nos conecta com essa teia da vida. É lindo demais! Milhares de
teias se conectando no final da tarde; a luz não reflete na teia e de fato dá a
impressão que elas dançam no ar. Uma cena difícil de ver a noite e no interior
da floresta, mas que pelo fato desses animais - nessa cidade - terem
aproveitado os postes de energia elétrica, as trouxeram mais próximo do homem. E
ao invés de se colocarem no papel de admirador, foi sugerido atirar coisas na
teia. Incompreensível!
Talvez a maior preocupação da mídia nesse
momento era com a possibilidade desses animais causarem algum dano para saúde
do homem. Em 20 anos de profissão eu nunca ouvi falar de relatos de acidentes
com essas aranhas. Elas têm veneno, claro! Com exceção de uma família de
aranha, todas têm. Mas apenas pouquíssimas espécies (como a armadeira,
aranha-marrom, viúva-negra, Tegenária e Atrax) por um acaso da natureza possuem no seu veneno
toxinas que reagem ao corpo do ser humano. Lógico, que conhecemos a ação do
veneno daquelas aranhas que vivem mais próximas do homem; é possível que outras
aranhas que vivam no interior das florestas também tenham essas propriedades -
desconhecidas, justamente pelo baixo encontro entre as espécies. Mas a
principio, não considero uma questão de pânico, mas talvez de respeito. Que
elas fiquem no seu espaço e o homem no dele. Não precisa destruir, não precisa
se proteger, apenas admire e faça parte da natureza!
I contact you about this : http://www.metafilter.com/124805/It-is-raining-spiders-in-Brazil
ResponderExcluirI contacted a Belgian arachnolog (Koen Van Keer – ARABEL) :
“I repeat that the spiders that are visible on the movie You tube are not Anelosimus. In fact, I found myself Anelosimus eximius nests in Ecuador. These animals are much smaller. Spiders you see in the film are clearly Araneidae. So I continue to have my doubts in the authenticity of the film ...”
Could you confirm me your analyse about the spiders of this film ?
Thanks and regards,
Richard Louvigny
Spiders blog : http://richardunord6.skynetblogs.be/
These spiders work together to take down much larger prey than they could otherwise alone, as David Attenborough beautifully demonstrates on film
ResponderExcluirBenefits of cooperation with genetic kin in a subsocial spider
Interaction within groups exploiting a common resource may be prone to cheating by selfish actions that result in disadvantages for all members of the group, including the selfish individuals. Kin selection is one mechanism by which such dilemmas can be resolved This is because selfish acts toward relatives include the cost of lowering indirect fitness benefits that could otherwise be achieved through the propagation of shared genes. Kin selection theory has been proved to be of general importance for the origin of cooperative behaviors, but other driving forces, such as direct fitness benefits, can also promote helping behavior in many cooperatively breeding taxa. Investigating transitional systems is therefore particularly suitable for understanding the influence of kin selection on the initial spread of cooperative behaviors. Here we investigated the role of kinship in cooperative feeding. We used a cross-fostering design to control for genetic relatedness and group membership. Our study animal was the periodic social spider Stegodyphus lineatus, a transitional species that belongs to a genus containing both permanent social and periodic social species. In S. lineatus, the young cooperate in prey capture and feed communally. We provide clear experimental evidence for net benefits of cooperating with kin. Genetic relatedness within groups and not association with familiar individuals directly improved feeding efficiency and growth rates, demonstrating a positive effect of kin cooperation. Hence, in communally feeding spiders, nepotism favors group retention and reduces the conflict between selfish interests and the interests of the group.
More information on the spider:
Social spiders catch larger prey: a study of Anelosimus eximius (Araneae: Theridiidae)
During a 1-year-study in tropical Panama, prey of the social theridiid Anelosimus eximius was analysed at two locations and compared with the potential prey spectrum according to sweepnet catches, pitfall traps and bowl traps. Compared with other web-building spiders, A. eximius catch an unusually high number of large insects: about 90% are flying ants, beetles,lepidopterans hemipterans, cockroaches and grasshoppers. This is the result of a communal strategy to overwhelm prey. Webs are maintained commonly, and several spiders attack an entangled insect simultaneously. More spiders participate on insects that are larger and struggle more. The ability to catch large prey insects is discussed as a major driving factor for sociality in spiders.
Population genetics of Anelosimus eximius (Araneae, Theridiidae)
ResponderExcluirAnelosimus eximius is a cooperative, group-living neotropical spider. Colonies consist of up to several thousand individuals, and colonies may be aggregated into local colony clusters. The colony clusters are patchily distributed, and are often separated from their neighbors by a km or more. In this study individuals were collected from colonies located in Panama and Suriname. These individuals were subjected to horizontal starch gel electrophoresis and screened for polymorphisms in 46 enzyme systems. A total of 51 scorable loci were found, of which seven were polymorphic. The results were analyzed with Wright's F statistics which were used to investigate the amount of genetic differentiation in the population attributable to subdivision of the population into colonies, colony clusters, local populations and the geographic regions of Panama and Suriname. Most of the genetic differentiation in the A. eximius sampled was due to subdivision of the population into colony clusters and into geographic regions. There was no evidence of differentiation among colonies in a colony cluster, and little differentiation among collection sites within Panama or Suriname. In contrast, within a local population, samples from adjacent colony clusters were sometimes fixed for different alleles at one or more loci, and the Panama and Suriname samples were fixed for different alleles at three loci.
(The spider previously)
Thank you very much for your quick answer...
ResponderExcluir"I not saw the spiders is it, so I wrote what was probably Anelosimus, but They can be Araneidae."
I take note of your "probably"...
regards
Richard
Sobre as aranhas do video, acho que são aquelas Parawixia bistriata, eu ja vi aquilo em Ourinhos (SP), nao eram tantas mas era uma colonia de Araneidae.
ResponderExcluirVeja o pdf do Levi na pagina 41, ele descreve o comportamento social, parece que é o unico araneidae social. O nome queo Melo Leitão tinha citado era Aranha-do-cerrado.
O veneno causa convilsão em rato, e tem componentes anticonvulsivos também, e com outras propriedades interessantes.
Gostaria de saber como é distribuída a sociedade hierárquica da aranha viúva negra (Latrodectus)não consigo encontrar isso em nenhum website, por favor me diga alguma coisa sobre isso
ResponderExcluirPhillipe L