Já estamos no finalzinho do mês,
mas fiquei me perguntando desde o início qual o motivo pelo qual Agosto é
considerado o mês do cachorro louco. Embora o nome do mês tenha surgido de uma
auto-homenagem do imperador
Cesar Augusto - ao longo história
vem sendo marcado por fatos
ruins: início da Primeira Guerra Mundial; liberação das bombas atômicas nas
cidades de Hiroshima e Nagasaki; Adolf Hitler se tornou o führer da Alemanha;
Getúlio Vargas se suicidou e Juscelino Kubitscheck morreu; o muro de Berlim foi
construído. Tá até aí entendi, mas o que tem os cães a ver com isso????
Segundo Antônio
de Oliveira Lobão essa má fama tem a ver com aumento de cães infectados com
o vírus
da raiva. Embora o vírus possa atingir os cães em qualquer época do ano,
durantes os meses de maio, junho e julho é verificada maior incidência de
promiscuidade entre os animais e, como consequência, um aumento de brigas
devido à disputa pelas fêmeas, logo de possibilidade de transmissão do vírus
entre os animais. O vírus geralmente permanece incubado de 14 a 60 dias, o que
culminaria na maior quantidade de cães contaminados em agosto. E por que
Cachorro Louco? Porque os animais infectados babam muito e ficam com aparência
de “loucos”. A
raiva é uma doença infecciosa causada por um vírus (Lyssavirus) que atinge o
sistema nervoso de mamíferos - inclusive o homem - e apresenta letalidade de
100%. Nos cães o vírus aumenta a temperatura corporal, dilata as pupilas
deixando o animal incomodado com a luminosidade fazendo com que se esconda e
não reaja aos chamados do dono. Enquanto que a paralisia dos músculos da
garganta impede que o animal ingira alimentos ou água, embora tenha sede e fome.
Como consequência tem-se excesso de salivação, paralisia dos membros traseiros
e fotofobia. No caso dos felinos, a raiva se apresenta, na maioria das vezes,
de forma furiosa e com demais sintomas similares aos do cão.
Nos humanos,
também ocorrem os mesmos sintomas, no início tem-se febre de pouca intensidade
(38º), de dor de cabeça e alterações neurológicas que levam, posteriormente, ao
aumento de temperatura (40º a 42º), mal-estar, formigamento, perda de
sensibilidade no local agredido, náuseas e confusão mental. Durante três dias a
vítima permanece inquieta e agitada pode apresentar ataques de terror e
depressão, tendência a provocar atos de agressividade, com acessos de fúria,
acompanhados de alucinações visuais e auditivas, além de baba e delírio. Torna-se,
então, hidrófobo (tem dificuldades para beber água), sofre espasmos (contração
involuntária e não ritmada do músculo) dolorosos na laringe e faringe e passa a
respirar e engolir com dificuldade. Acontece, ainda, paralisia flácida da face,
tronco, extremidades dos membros, língua, músculos da deglutição e oculares. A
raiva segue com tremores generalizados, taquicardia e parada de respiração e
morte.
Segundo Antônio
de Oliveira Lobão a vacina antirrábica humana foi aplicada pela primeira
vez em 1885, através do trabalho de Pasteur, sendo a
vacinação preventiva e a vacinação
de cães e gatos, uma rotina para qualquer um que tem animal de estimação e
um serviço público. Não podemos esquece que em 2010,
a vacina apresentou reações graves em vários animais, principalmente gatos e
cachorros de pequeno porte, culminando em algumas mortes. Embora tenha havido
uma mudança no método de fabricação e uma atenção maior por parte do ministério
da saúde, novos casos foram registrados em 2012.
A parte desses problemas que podem ocorrer, deve-se considerar que as campanhas
de vacinações diminuíram consideravelmente os casos de raiva, chegando quase ao
ponto de eliminação com a redução de 92% dos casos de raiva humana e 91% da
raiva canina. Mas mesmo hoje muitas pessoas continuam sendo contaminadas (veja
as estatísticas no Brasil) ao entrar em contato com a saliva de animais
contaminados – não precisa ser pela mordida, um simples contato entre a saliva
do contaminado e uma ferida, olhos e boca, pode ser o suficiente. As maiores
incidências de raiva são nas áreas rurais das regiões nordeste, norte e alguns
estados da região Centro-Oeste - cujo principal vetor é o morcego hematófago,
embora a doença também possa ser disseminada por macaco, raposa e guaxinim.
Atualmente uma cidade como São Paulo não registra a raiva há 30 anos, o que
leva uma mobilização quando ocorrem casos como do gato
morreu vítima do vírus da raiva em São Paulo .
A raiva é um
dos problemas decorrentes de animais abandonados pelas ruas da cidade, e que
não é de hoje. As autoridades se mobilizam para evitarem grandes problemas de
saúde pública, uma vez que atingem diretamente a saúde do homem. Outras pessoas
se preocupam com a qualidade de vida dos animais. Assim espero que possamos
chegar a uma realidade boa para ambas as partes e que a fama do mês do cachorro
louco fique como uma lembrança de tempos remotos.