E daí seu candidato? Os animais estão na pauta?


É claro que não! Pela primeira vez participei de um evento em que candidatos a vereador se reuniram para apresentarem suas propostas para promoção do bem-estar animal. Parabenizo o Curso de Medicina Veterinária da UFPR pela promoção do evento, assim como os 11 dos 700 candidatos ao cargo de vereador do município de Curitiba, que aceitaram o convite, mesmo não sendo a plataforma do seu programa. Na verdade não percebi a essência do Bem-estar animal, sendo que o foco de todo o evento foram os cães presentes nos centros urbanos. Nenhum dos candidatos se preparou efetivamente para o encontro e não mostrou de fato estarem inteirados com a causa. Eu também considero a situação dos cães abandonados um sério problema, porém não é apenas pelo fato de estarem mais evidentes, por causarem danos imediatos ao homem - seja por acidentes, mordidas ou transmissão de zoonoses – ou pelo fato de terem maior afinidade com as pessoas – que podemos esquecer todos os outros animais que estão sob a tutela ou poder de decisão do homem. 
A maioria dos candidatos falou que iria implementar um hospital veterinário público ou um posto de saúde animal, convênios com universidades, mais castramóveis -  evidenciando que como sempre as soluções para os problemas continuam sendo as profilaxias, ou resolver uma questão imediata que é o problema do homem e não dos animais. Outros, embora afirmassem que não tinha uma ligação direta com a causa, contaram que gostavam de cães, tinham adotado animais abandonados, que no bairro de sua mãe percebiam que tinham pessoas pobres que não tinham como pagar veterinário, ou não conseguiram segurar um choro doído de quem acabou de perder um cachorro de estimação de 15 anos há poucas horas. Um candidato se lembrou dos animais de circo, outro dos cavalos dos carrinheiros e por, fim, dos animais usados para esporte. Temas mais polêmicos relacionados com produção, uso de animais em entretenimento, rituais religioso e zoofilia, nem passaram pela mais remota imaginação deles. 
Eu destaco duas candidatas, uma é a Fabiana, que é protetora de animais e pontuou muito bem o papel da educação para guarda responsável, eu concordo plenamente, qualquer medida que não envolva mudanças de paradigmas e que exija uma reflexão ética da sociedade, não terá impacto na mesma. E - a já vereadora - Profa. Josete, pois além de afirmar sinceramente que o bem-estar animal não faz parte do seu projeto de trabalho – embora seja bióloga e que estava ali mais para ouvir do que para falar – apontou para os eleitores que um vereador sozinho não consegue nada, é preciso que a causa seja um consenso, e as leis devem surgir de uma necessidade social, como pontuou Carlos lima, usando o termo sustentabilidade urbana. Essa necessidade está clara para qualquer observador da nossa sociedade, como também é claro que essa não é a prioridade de nossos políticos. É lógico que estamos longe do ideal, mas se ainda não encontramos uma solução perfeita – que nós biólogos sabemos bem qual é – vamos somando as pequenas vitórias como: a mobilização dos veterinários para questão de controle populacional e de zoonoses, a mobilização das Ongs e dos protetores independentes, a elaboração de uma solicitação para o aumento da verba destinada para causa, o grupo de pessoas que foi no encontro hoje procurando em outras pessoas se sentir menos solitária nesse olhar para os outros animais que compõe a fauna urbana, mas não vamos esquecer de todos outros animais!