segunda-feira, 25 de outubro de 2010

PIBIC 2009-2010




Essa semana (26 e 27) será a apresentação dos resultados do PIBIC, esse ano tivemos a Carolina Magno e o Adam Coelho com seus trabalhos com o Caramujo Africano. Abaixo deixo o resumo para quem tiver interesse em presenciar os trabalhos e obter mais informação das nossas pesquisas.

COMUNICAÇÃO QUÍMICA NO CARAMUJO INVASOR Achatina fulica BOWDICH, 1822 (MOLLUSCA; ACHATINIDAE): REAÇÃO A EXTRATOS PRESENTES EM MATRIZES ORGÂNICAS

Adam Coelho de Aguiar –

Introdução: O caramujo africano Achatina fulica Bowdich, 1822 é uma espécie invasora de importância mundial há mais de um século, causadora de impactos ambientais, econômicos e de saúde pública. Ocorrem em elevadas densidades, utilizam a comunicação química como forma de orientação pelo ambiente promovendo a agregação, protegendo-se contra a dessecação e predação. Logo, a compreensão dos mecanismos naturais de atração do caramujo pode ser um importante aliado nos planos de controle e manejo, subsidiando a elaboração de armadilhas específicas. Objetivos: Objetivou-se avaliar a atratividade e o comportamento de jovens e filhotes de A. fulica diante de compostos presentes em matrizes orgânicas. Método: Utilizou-se um olfatômetro de escolha binária em forma de Y, com tubo de 4 cm de diâmetro e 15 cm de comprimento de braço até a bifurcação. Trinta testes foram efetuados para cada situação analisada. Resultados: A freqüência de animais que escolheram o branco ou o braço contendo o atrativo foi significativamente menor nos testes com indivíduos alimentados. A maior atratividade foi registrada em animais diante da uva madura (X²(2) = 9,8; p<0,01), do pepino (X ²(2) = 8,6; p<0,05) e da banana verde (X²(2) = 14,6; p<0,01). Por outro lado, foi exercida maior repelência no tomate (X²(2) = 9,8; p<0,01) e banana fermentados (X²(2) = 8,6; p<0,05). Com relação aos tempos mensurados, as maiores e menores médias de retirada de tentáculos e de início do deslocamento ocorreram, respectivamente, em animais diante da banana verde e da uva (madura e fermentada) e tomate verde. As maiores médias de chegada à bifurcação e escolha foram detectadas no tomate e uva fermentados e no tomate verde e pepino, respectivamente. O comportamento também diferiu de acordo com as matrizes orgânicas testadas. Conclusão: As matrizes orgânicas influenciaram na atratividade e nos comportamentos exibidos pelos indivíduos da espécie A. fulica, existindo a possibilidade de utilizá-las na confecção de armadilhas específicas em planos de controle e manejo. Deve-se considerar, porém, o grau de saciedade do animal, o estágio de desenvolvimento das matrizes, a capacidade de receptividade odorífera da espécie, além de fatores abióticos do ambiente como luz e umidade.

Ecologia e controle do caramujo africano Achatina fulica: influência da densidade populacional

Carolina Magno Kostrzepa

Introdução: O caramujo africano Achatina fulica Bowdich, 1822 é originário da África e apresenta ampla distribuição mundial. O hábito generalista e grande fecundidade são fatores que torna esse caramujo uma das espécies invasoras mais nocivas do mundo que promove impactos ecológicos, econômicos e de saúde pública. Embora os caramujos vivam normalmente agregados, é possível que a superpopulação possa causar efeitos diretos e indiretos nas populações, em decorrência da toxicidade do ambiente ou exaustão dos recursos, causando mortalidade, diminuição da fecundidade e surgimento de indivíduos mal-formados. Para evitar esses danos, os animais podem se dispersar constantemente aumentando a sua distribuição. Objetivos: estudar o efeito da densidade populacional na mortalidade, crescimento, alimentação, distribuição, comportamento e oviposição de indivíduos jovens e adultos de A. fulica em laboratório. Método: O experimento foi realizado no período de agosto de 2009 a julho de 2010 no laboratório Núcleo de Estudos do Comportamento animal-PUCPR. Utilizou-se 228 animais os quais foram condicionados em caixas de madeira de 30X20 cm com densidades de 8, 16, 32 indivíduos, em 4 repetições. Semanalmente os caramujos foram medidos e tiveram seu posicionamento, comportamento, consumo alimentar e oviposição registrados, completando 34 observações. Resultados: Os resultados indicaram que a densidade populacional influenciou diretamente na população dos animais, aumentando a mortalidade, diminuindo o crescimento, promovendo a competição por sítios preferidos e maximizando a oviposição como mecanismo de defesa. Porém não influenciou o consumo alimentar, evidenciando o uso de consumo rápido como estratégia para competição. Conclusão: Os resultados confirmam a hipótese de que o aumento da densidade populacional em locais restritos torna os caramujos mais suscetíveis à mortalidade, uma vez que interfere no seu desenvolvimento e crescimento. Provavelmente altas concentrações de compostos nitrogenados, liberados pelas excretas dos animais, somados ao estresse decorrente da competição apresentam uma correlação negativa com a qualidade de vida dos indivíduos.


Encontro Paranaense de Comitês de Ética no Uso de Animais

domingo, 17 de outubro de 2010

Please... quebrem todas as lâmpadas


Uma nova pesquisa liderada pela neurologista Laura Fonken da Universidade de Ohio (norte) e publicada na PNAS mostrou que ratos expostos durante a noite a uma luminosidade persistente apresentaram um aumento do peso, inclusive sem comer mais ou fazer mais atividade física. Os pesquisadores constataram que os ratos submetidos a uma luz fraca durante a noite por oito semanas tinham, ao final desse período, um índice de massa corporal cerca de 50% superior que ao daqueles que viveram um ciclo noturno normal. Dos ratos submetidos a uma luminosidade constante durante a noite, mas com acesso à comida somente durante as horas normais do dia, nenhum ganhou peso. Os roedores que puderam comer no momento em queriam durante o ciclo de 24 horas de luz contínua ganharam muito mais peso, apesar de, no total, não terem ingerido mais comida que os animais de grupo de observação. Provavelmente algum mecanismo relacionado ao período noturno faz com que os ratos comam em horas inadequadas, o que faz com que não metabolizem direito sua comida. Caso esse mecanismo seja similar em humanos, leva a expectativa que comer tarde da noite pode representar um risco particular de obesidade, como se acreditam até então.

Link para artigo Light at night increases body mass by shifting the time of food intake: http://www.pnas.org/content/early/2010/09/30/1008734107.full.pdf

Mais informações: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/813174-muita-luz-durante-a-noite-engorda-revela-estudo-com-camundongos.shtml

http://www.wlfi.com/dpps/health/healthy_living/light-exposure-may-cause-weight-gain_3608896

http://noticias.r7.com/saude/noticias/estudo-diz-que-ficar-sob-luminosidade-a-noite-engorda-20101011.html

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

E-Drugs a nova onda... é droga ou musicoterapia?

As drogas digitais estão configurando em inúmeros debates sobre a sua legalidade e nocividade. Na verdade, as e-drugs se baseiam em uma ação neurológica que em decorrência da emissão de sons diferentes em cada ouvido, que estimula o cérebro e produz sensações de euforia, estados de transe ou relaxamento. Em geral, as sessões duram de 15 e 30 minutos, e os sons podem ser obtidos em sites especializados com o nome de “doses” e custando em torno de 30 reais. Os efeitos desse som ainda são desconhecidos, porém o fato da pessoa aparentemente perder o controle, apresentar reações parecidas com intoxicação por drogas, a possibilidade de viciar e a rapidez com que essa nova “mania” tem se espalhado são aspectos que estão colocando os especialistas e criminalistas atentos. A influência da música sobre nossas emoções e a capacidade de nos levar à transcendência não é novidade... das baladas às igrejas, milhões de pessoas usufruem desse benefício. Os Neuropsicólogos afirmam que embora os sons relaxem, ajudem na concentração e são usados até com fins terapêuticos e certas frequências estimularem a imaginação ou a criatividade - o que poderia criar as alucinações – logo, fica um alerta sobre a possibilidade de que, com o passar do tempo, as drogas digitais possam provocar disfunções cerebrais. Outra coisa que fascina os humanos é o ilusionismo... uma pintura é uma ilusão, uma estória, um filme, jogos eletrônicos, mágicas... imagina a partir de um som sentir chamas pelo corpo, visões de animais, tremores, sensações variadas, euforia, ânimo e bom humor?... As drogas mais populares da rede têm nomes sugestivos como orgasm, peyote, marijuana ou lucid dream. O conceito básico por trás das e-drugs são os sons binaurais, quando os sons em cada um dos ouvidos é submetido a tons levemente diferentes. Assim, se o ouvido esquerdo captar um som com uma frequência de 97 Hz, e o direito, de 103 Hz, o cérebro irá perceber um diferencial de 6Hz e, num esforço de sincronização, tende a operar nessa frequência, que, no caso, corresponde à das ondas teta (4 a 7 Hz), associadas ao sono REM (com sonhos). Ao menos em teoria, a pessoa irá sentir-se gradualmente mais relaxada e sonolenta. O efeito das ondas binaurais é real e foi descoberto em 1839 pelo físico Heinrich Wilhelm Dove. O que ainda não foi demonstrado é que padrões sonoros binaurais possam induzir muito mais do que estados de excitação e relaxamento. Dizer que causam alucinações, orgasmos e êxtases religiosos é uma afirmação retumbante que deveria ser acompanhada de evidências. Até agora, apenas existem relatos de pessoas que dizem ter experimentado essas sensações. especialistas dizem que apenas o fator placebo e a persuasão do marketing podem explicar os sintomas muito loucos descritos por alguns usuários desse modismo.

Mais informações: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/e-drugs-o-novo-fenomeno-da-internet-invadem-a-franca

Mais informações: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/805981-efeito-placebo-de-e-drugs-e-extraordinario-e-muito-mal-compreendido.shtml

Mais informações: http://www.antidrogas.com.br/mostraartigo.php?c=2083

domingo, 3 de outubro de 2010

Consciência: nossa libertação ou nosso cativeiro?


O repórter Marcelo Leite publicou em sua coluna um ensaio denominado “a ciência da compaixão” que vem de encontro com algumas reflexões minhas. A consciência e racionalidade são nossos grandes orgulhos, uma vez que nos diferencia dos outros animais. Mas geralmente é muito penoso para gente ficar remoendo emoções e sentimentos, buscando explicações e relembrando de fatos relacionados na busca de mediação de atitudes posteriores. Ao longo da evolução do homem, a dieta carnívora associada com a invenção de armas propiciou o aumento do cérebro e o liberou para atividades sociais, uma vez que a carne lhe dava muito mais energia do que as raízes e frutos. Assim, o homem foi se tornando um “leitor de mentes” e aumentando cada vez mais suas habilidades sociais. Será que o acreditamos ser nossa libertação, na verdade é o que nos torna cativos de nós mesmos? Será que a consciência de termos consciência foi apenas mais uma estratégia de sobrevivência de tantas que a natureza criou? O fato é que vemos nossa sociedade doente com dificuldades enormes de conviver com os fantasmas que suas mentes criam. As conseqüências da meditação e outras práticas como altruísmo, compaixão, amor, perdão e a felicidade tem sido estudadas cientificamente, um dos pesquisadores é do Dr. Richard Davidson, neurocientista da Universidade de Wisconsin em Madison (EUA) criador do Centro para Investigação de Mentes Saudáveis. Essa visão vai na contramão do que tem sido feito, estudar as patologias e os remédios, enquanto ele visa a prevenção. Um estudo recente (Proceedings of the National Academy of Sciences) sugeriu que o sentimento de rejeição social pode desencadear doenças inflamatórias como asma e artrite. O psicólogo George Slavich fizeram vários experimentos verificando que a sensação de "exclusão social" foi associada a um aumento na atividade cerebral de duas regiões cerebrais. Segundo o pesquisador compreender essa ligação entre o cérebro e o desencadeamento de inflamações pode ajudar a desenvolver novos tratamentos contra asma, artrite, doenças cardiovasculares e depressão. Já para o biólogo Robert Trivers - pesquisador que revolucionou a psicologia, ao propor, nos anos 1970, elos entre o comportamento humano e a teoria da evolução - os humanos evoluíram para acreditar em mentiras que os façam se sentir melhor e que justifiquem suas atitudes. Segundo o pesquisador o autoengano leva o sujeito que - contra todas as evidências - achar que vai se recuperar de uma doença fatal, ou a mulher que se recusa a enxergar que o marido claramente a trai.

Matéria completa: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marceloleite/805824-ciencia-da-compaixao.shtml

Matéria completa II: http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/9959/geral/estresse-social-e-capaz-de-influenciar-negativamente-o-sistema-imunologico

Marcelo Leite - http://cienciaemdia.folha.blog.uol.com.br/

Richard Davidson - http://psyphz.psych.wisc.edu/

Artigo de George Slavich : www.georgeslavich.com/pubs/Slavich_PNAS_2010.pdf

Artigo de Robert Trivers : http://courses.washington.edu/evpsych/Trivers-self-deception-NYAAS2000.pdf