sábado, 28 de novembro de 2009

Aranhas Associadas à Bromélias


Eu, a Janete, o Julio e o Rodrigo vamos começar um novo projeto com macrofauna associada a bromélias... Estou selecionando interessados de estagiar com aranhas e realizar um PIBIC....

Interessados entrar em contato comigo....

Semana de Estudos Em Ciências Biológicas





Segunda-feira 10h00 estarei participando de uma mesa-redonda sobre comportamento sexual na Unicentro em Guarapuava... dessa vez vou falar das estratégias reprodutivas de Loxosceles e levar os dados que produzi com a Lays, Thalita, Rafaela, Munique... Semana que vem conto como foi... Quem se animar a ir... (Clique no título para saber mais informações)

Padrão de descarte de presas e avaliação da atividade antimicrobiana de constituintes da teia de Loxosceles


Novo Artigo de Marta e Areli

na Revista Brasileira de ZOOCIÊNCIAS 11(1): 47-53, abril 2009
(para ver completo clique no título)

Padrão de descarte de presas e avaliação da atividade antimicrobiana de
constituintes da teia de Loxosceles intermedia Mello-Leitão, 1934 e Loxosceles laeta (Nicolet, 1849) (Araneae; Sicariidae)


Areli D’Agnoluzzo Zortéa & Marta Luciane Fischer

Resumo. As aranhas do gênero Loxosceles não apresentam comportamento de limpeza dos restos de presa presentes na teia, fato que leva à expectativa que as propriedades antimicrobianas dos fios de seda impeçam o desenvolvimento de fungos e bactérias que poderiam contaminar as presas e causar mortalidade nas aranhas. Assim, objetivou-se caracterizar o descarte de presas por L. intermedia e L. laeta e verificar a atividade antimicrobiana nos constituintes da teia. O padrão de descarte de presas foi avaliado em teias presentes em laboratório, árvores, peri- e intradomicílio e a análise da ação antimicrobiana dos componentes da teia foi realizada utilizando as técnicas de difusão de poços e difusão de disco. Os resultados evidenciaram que o padrão de descarte variou de acordo com a espécie e o ambiente. A inibição do crescimento de fungos foi mais efetiva para L. laeta, provavelmente por secretar maior quantidade de teia, devido ao seu hábito mais sedentário. Enquanto que ambientes fechados, como os de laboratório provavelmente similar ao encontrado em forros e porões, foram mais favoráveis à contaminação por fungos. Os componentes extraídos da teia não inibiram o crescimento de bactérias e fungos em experimentos laboratoriais elucidando que a barreira física parece ter maior importância contra o crescimento de microrganismos do que a química.

Palavras-chave: Descarte de presas, Loxoscelismo, microrganismos, teia

O Peru da vó Glaci (por Wellem Laryessa Laynes)



Quando conto essa história, as pessoas logo começam a rir. Minha avó tem uma chácara, nesta chácara há galinhas, gansos e perus. Um destes animais o peru (Meleagris gallopavo), com aproximadamente 7 anos, apresentou um comportamento diferente.

Os perus reproduzem-se na primavera, ou seja, nesta época do ano. Durante este período o peru da minha avó, não satisfeito em se reproduzir com a perua, “atacou” duas gansas e algumas galinhas.

Bem, com as galinhas não aconteceu nada, mas não posso dizer o mesmo das gansas. Quando o ganso terminava a cópula com a gansa, o peru “atacava” ela, mas nestes ataques duas delas acabaram morrendo.

Recentemente, a professora pediu para fazermos um trabalho de observação, o qual tinha o objetivo de analisar o comportamento de um animal, então resolvemos observar o peru.

Nos surpreendemos ao perceber que ao invés de observarmos, fomos observadas durante quase duas horas. Nestas duas horas pudemos ver não somente os seus movimentos, mas também seus sons como gorgorejos (glu-glu-glu), um som semelhante a um espirro e uma tosse, e suas penas que estavam sempre eriçadas. Neste período as galinhas, perua e a gansa estavam chocando e não conseguimos observar tais ataques.

No primeiro dia de observação algo intrigante aconteceu, não conseguimos observar os ataques aos demais animais, mas vimos o ataque a um saco. Sim, um saco, daqueles de milho, o peru tentou copular com um saco!

Falando “biologicamente”, em estudos com perus selvagens, pode-se observar que Meleagris gallopavo é uma espécie que vive em grupos grandes e é polígamo. O peru da minha avó está em um grupo pequeno (três perus), sendo apenas uma perua. Provavelmente, os ataques ocorram pela falta de peruas.

Bom, esta é a história do peru da minha avó, o famoso peru tarado.


domingo, 22 de novembro de 2009

Sem Post



Essa semana não vou conseguir colocar nenhum post, pois estou na estapa final de revisão do livro da Achatina fulica... aguardem pois está ficando lindoooooooooooooooooooooo e divulguem!

Com ajuda dos alunos da Psico achei os vídeos que tanto queria... estão em espanhol... mas são maravilhosos... vejam: animais são inteligentes? animais tem sentimentos? animais tem consciência?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Biólogo pode? Sucesso Total TCC 2009




Dia 19.11.2009 – apresentação e defesa do TCC da Mariana, Alessandra e Felipe... Foi um sucesso total e os três fecharam com muito louvor a etapa de aprendizagem do que é ser um cientista e já começam com sucesso a etapa de aplicarem o que aprenderam e serem biólogos. Os três são pessoas excelentes, educados, carinhosos e gostosos de conviver. Como profissionais são idealistas, guerreiros, topam desafios, são excelentes leitores, têm espírito critico e são incansáveis... será essa a fórmula do sucesso? Minha maior satisfação foi eles mostrarem ontem que o biólogo pode fazer muito mais pela nossa sociedade.... fazer muito mais pode parecer um pouco doido para um biólogo, pois vocês devem estar se perguntando se já não basta dar conta de todos animais, todas as plantas, todos os fungos, todos os microorganismos, todas as células... ainda vamos nos responsabilizar pelo comportamento humano???? Não tem como ajudar o planeta a continuar vivo, sem conhecermos os aspectos biológicos que permeiam o comportamento humano, para então com educação mudarmos a concepção. A educação ambiental não tem logrado muitos resultados, pois envolve um processo muito mais complexo do que apenas a informação, ela envolve o despertar da autoconsciência para o papel no mundo. E como vamos fazer isso com uma espécie que é exploradora na sua essência? Aliás, esse foi o encaminhamento do debate show que tive com o 7º período de Bio essa semana. A partir do momento que conhecemos o que nos move podemos mudar para melhorar nosso bem-estar nessa sociedade recente, louca e totalmente conflitante com nosso corpinho de 100.000 anos? A partir do momento que conhecemos o que nos faz diferentes, podemos aceitar que a natureza nos quer diferente e assim sermos mais tolerantes? E ainda mais, poderemos nos encantar com todas a nuances de cores que a natureza utiliza para compor sua sinfonia de vida? O conhecimento nos liberta? De fato, as emoções que vivi ontem me deixaram inspirada.... Deixo abaixo o resumo das monografias dos meus três novos biólogos bizunguentos... e aguardem que em breve sairão os artigos....

Bem-estar Animal: entre a teoria e a prática

Animal Welfare: between theory and practice

Mariana Monteiro Kugler Batista; Marta Luciane Fischer.

NECP-PUCPR

mariana_kugler@hotmail.com

O bem-estar animal é caracterizado como uma ciência nova, ainda não apresentando conceito definido, embora considere-se que bem-estar animal aquilo que é bom do ponto de vista do animal. Informações, reflexões e estudos científicos ainda são recentes, sendo mais teóricos do que práticos e havendo um desequilíbrio na aplicação em diferentes áreas. O objetivo do trabalho foi identificar diferentes visões teóricas e práticas do BEA. Para isso foi realizado levantamento de informações disponíveis sobre o tema e entrevistas abertas com profissionais das áreas de produção e conservação. O número de informações sobre BEA cresceu nos últimos anos, mas muitas delas são superficiais e a produção animal foi o assunto predominante, sendo que entre os profissionais, existem visões distintas entre o BEA e sua aplicabilidade relacionadas com o fim para qual se destina a criação do animal. O bem-estar animal precisa se desenvolver em diferentes áreas para cumprir seu papel ético e para isso é necessário que informações corretas sejam amplamente divulgadas em todas as esferas da sociedade em que há convivência entre homens e animais.

Palavras-chave: internet, animais de produção, animais de cativeiro.


SOCIOBIOLOGIA: AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO E APLICABILIDADE NOS DIAS ATUAIS

SOCIOBIOLOGY: AVALIATION OF KNOWLEDGE AND APPLICABILITY IN THE PRESENT DAYS

Alessandra Wescher Condessa¹; Marta Luciane Fischer²

NECPUCP / Bacharelado em Biologia / CCBS. E-mail: pixie_p_f@hotmail.com

A sociobiologia foi criada em 1975 por Edward Wilson que se propôs a explicar o comportamento social humano de forma biológica. Com o avanço das neurociências vários pontos polêmicos levantados por ele tem sido comprovados, no entanto questiona-se como a sociobiologia é exposta e compreendida atualmente por diferentes profissionais. Para responder essas perguntas foi analisada a divulgação científica e popular da sociobiologia e verificado como profissionais e estudantes dos cursos de biologia, psicologia e sociologia interpretam temas tradicionalmente abordados por essa área. Os dados do presente estudo permitiram estabelecer um panorama de como a sociobiologia está sendo abordada 30 anos depois da sua origem, com o aumento de informações e prevalência de tópicos relativos à sexualidade. Profissionais da sociologia, psicologia e biologia interpretaram ambiguamente comportamentos polêmicos abordados na época como a agressividade, a sexualidade, o altruísmo, o apego, a formação de grupo e a espiritualidade. Porem, o ambiente interage com os genes criando a base do comportamento, não possibilitando com isso a diferenciação do fator biológico e cultural. Os seres humanos são oriundos deste processo biológico, em que comportamentos existentes desde o inicio da evolução da espécie estão presentes até a atualidade.

Palavras-chave: comportamento humano, influência biológica, influência social.

ANÁLISE DOS NICKNAMES COMO SUBSTITUTOS DA LINGUAGEM NÃO-VERBAL NA FASE DE PRÉ-CORTEJO EM AMBIENTES VIRTUAIS

ANALYSIS OF NICKNAMES AS SUBSTITUTES OF NON-VERBAL LANGUAGE IN THE PRE-COURTSHIP IN VIRTUAL ENVIRONMENTS

Neves, F.M. & Fischer, M. L. NECPUCPR Email: fmarcelneves@hotmail.com

A seleção sexual se baseia muito no reconhecimento físico, olfativo e visual para ocorrer a união entre fêmeas e machos. A falta dos elementos presentes em um contato real no ambiente virtual, tais como a linguagem não-verbal faz com que a comunicação através da escrita, sinais (símbolos) e simulação de faces seja fundamental. Assim, objetivou-se analisar os nicknames como substitutos da linguagem não-verbal na fase de pré-cortejo em ambientes virtuais. As coletas de dados e os testes foram realizados em três etapas: Categorização de nicknames em chats, uso de emoticons e análise de perfis online. Os resultados do presente estudo caracterizaram o meio virtual como um ambiente aonde provavelmente padrões biológicos inconscientes de reconhecimento são mantidos e os nicknames substituem os elementos físicos, porém apesar de ocorrer a substituição da linguagem não-verbal com diversos caracteres e também a manutenção de grupos ser similar a realidade, a possibilidade de ocorrência de manipulação verbal é extremamente forte. O ambiente virtual pode ser considerado uma extensão da realidade, aonde os usuários se utilizam de manipulação da linguagem não-verbal por meio da escrita para beneficio próprio e recebem influência cognitiva inconsciente de palavras. Estes mecanismos são provavelmente sinais universais importantes para identificação dentro do grupo que utiliza determinada linguagem.

Palavras-chave: Ciberespaço, etologia humana, seleção sexual.

domingo, 8 de novembro de 2009

Qual será a origem do aniversário? você já pensou nisso?


Devido a finalidade desse blog ser refletir etologicamente sobre os acontecimentos do dia-a-dia, eu não poderia de deixar de levantar a reflexão sobre o aniversário, uma vez que essa semana foi o meu.... E vocês? Gostam de aniversário? Tem gente que curte uma festa, faz mais de uma para comemorar cada aniversário... Tem gente que aproveita esse momento para reflexão, se recolhe e faz uma avaliação da sua vida até esse momento e traça novas metas; tem gente que entra em depressão, pois ao invés de contar mais um ano, conta menos um ano na sua jornada nesse planeta; tem gente que é triste por nunca ter ganhado uma festa surpresa; enfim... o que de fato representa “o dia do aniversário” é algo muito cultural, muito pessoal, muito variável... mas podemos ir mais afundo? Que bases biológicas estão implícitas nesse dia? Em primeiro lugar a noção de tempo, depois de passado e futuro e por fim de finitude. Segundo informações populares a origem da comemoração do aniversário está relacionada com magia (as velas simbolizam ligação com espiritual e proteção) e religião, embora na bíblia (registro das primeiras sociedades) sejam relatados apenas dois casos e ainda não bem sucedidos e até o quarto século ser considerado costume pagão. A palavra "aniversário" é de origem latina = annus (ano) + vertere (voltar) = "aquilo que volta todos os anos". Provavelmente a celebração em si teve início na Grécia, através da homenagem da Deusa da caça, Artémis, com bolo iluminado por velas para simbolizar o luar. O costume alcançou os camponeses europeus (Alemanha) na Idade Média, que celebravam o aniversário das crianças com um bolo com velas simbolizando a idade da criança.
O que me pergunto é em que momento o Homo sapiens começou a ter uma consciência do ciclo anual em torno da sua própria existência. A existência de ritmos naturais ou ritmos biológicos é bem conhecida, os animais sincronizam suas atividades de acordo com os ritmos anuais, lunares, cicardianos, bem como ritmos internos relacionados com o metabolismo de cada pessoa, em que determinadas proteínas são sintetizadas em certos ritmos, resultando nas peculiaridades individuais. Poderíamos de uma forma bem romântica relacionar esses ritmos com os ritmos musicais... e não é que em a Harmonia do Mundo, Marcelo Gleiser conta a história do astrônomo luterano Johannes Kepler, apresenta sua teoria sobre a harmonia dos movimentos dos planetas na sinfonia cósmica arquitetada por Deus. A idéia é que expressão matemática da velocidade e tamanho dos planetas é semelhante com as das notas musicais... ou seja, o universo possui um ritmos de movimento similar com as sinfonias... teria tudo um ritmo só?
Bom, para poder saber o dia do aniversário, é preciso um calendário, provavelmente o calendário mais antigo do mundo date do ano 689 no Japão, porém apesar da utilização de diferentes símbolos na confecção de seus calendários, diferentes culturas tiveram os seus, com a semelhança de se basearem nos movimentos aparentes dos dois astros mais brilhantes, na perspectiva de quem se encontra na Terra - o Sol e a Lua para, assim, determinar as unidades de tempo: dia, mês e ano. O ano é o período de tempo necessário para que a Terra faça um giro ao redor do Sol totalizando cerca de 365 dias e seis horas. Devido a facilidade de observação das fases lunares e aos cultos religiosos em muitas sociedades estruturaram seus calendários de acordo com os movimentos da Lua.
Para poder ter aniversário é preciso transceder se localizar no passado, presente e futuro... é preciso ter auto-consciência e consciência social para que se faça a reflexão sobre a própria existência. Essa é uma estratégia social interessante, pois permite que pelo menos uma vez ao ano cada um tenha seu momento de destaque social em que é homenageado pelos demais integrantes do grupo, em que todas as atenções estão voltadas para si... Mas a dúvida de como e quando surgiu e com qual finalidade ainda persiste... Ajude na reflexão... afinal uma vez por ano você também é aniversariante....

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mini-vestido-rosa sinal estímulo de comportamentos instintivos???


Em dezenas de sites e programas de televisão um dos temas mais discutidos é o tal do vestido rosa... vários especialistas, psicólogos, sóciólogos, sexólogos... debatem e refletem sobre o direito de usar vestido curto em universidade. Mas será mesmo o ponto que deve ser refletido? Na última aula eu e os alunos da psicologia levantamos vários pontos e o acadêmico Gean de Paula topou refletir comigo sobre algo além do vestido rosa curto.

Em todos os debates que tive a oportunidade de ouvir, intermediado com a polêmica do vestido curto apareciam timidamente palavras como: instinto, lado animal, histeria coletiva, verniz social, educação, sensibilidade... o vestido rosa foi só um motivo que desencadeou um comportamento automático (inato) de união contra um estimulo desagregador (principio fundamental para formação de grupo ver post É possível um mundo sem preconceitos???”)? Mas estamos falando de seres humanos, cuja cultura, educação são meios de se canalizar impulsos agressivos de intolerância ao que se destoa. O que aconteceu foi algo extremamente chocante, ver aqueles 700 alunos em uma arena hostilizando uma pessoa, personifica a intolerância a qual só possível de ser expressa dessa forma, em um ambiente que permite isso (lembrando que em qualquer animal social a hieraquia e as regras inibem alguns comportamentos). Tendemos a extravasar nossa agressividade em nossas casas com nossos parentes, pois sabemos que os elos sociais são fortes o bastante para não se abalarem. Também é tão comum ver essas manifestações em estádios ou saídas de jogo futebol. É inevitável a comparação com a intolerância às “bruxas” na inquisição e as pedradas dos mulçumanos. A questão do papel do meio social em que esses meninos estão inseridos, dos valores que são passados, da própria universidade como referência para esse comportamento mais “racional” são pontos que devem ser questionados.

Caramaschi (1997) apresentou em no Encontro Anual de Etologia uma reflexão sobre a Proxêmia: o significado psicológico e cultural do espaço. Nesse texto o autor fala da forma de espaçamento dos humanos e no final se refere ao espaço tribal. Nosso cérebro social com seus 100.000 anos ainda está preparado para viver em pequenos grupos (clans) de poucas centenas de pessoas, cujos sinais agregadores e segragadores são muito claros. Nas últimas décadas temos sido forçados a viver em grandes aglomerações, cujas representações se tornam mais simbólicas e o reconhecimento individual é substituído por símbolos como, por exemplo, falar um mesmo idioma, se vestir de uma determinada forma, acreditar em certos paradigmas. Assim, nos inserimos voluntariamente ou não em inúmeros níveis de organização social (grupo do trabalho, grupo da escola, grupo da família, grupo da igreja, grupo do clube, partidos políticos e por ai vai), cada um com seus símbolos agregadores e segregadores, muitas vezes antagônico entre eles. Ou seja, em um grupo você pode fazer, usar ou crer em algo e no outro não. Cada grupo tribal deve ter seus territórios claramente demarcados e com características propositalmente explicitadas cuja função é diminuir a agressividade através da elaboração (muitas vezes inconsciente) das regras sociais claras e de ampla aceitação. Assim, se o indivíduo inserido nesse grupo encontra um estímulo segregador (situação de ameaça externa) não consegue canalizar a agressividade (aprendida no seu meio social pela educação que recebeu) pode causar uma histeria coletiva, e mesmo pessoas que normalmente não reagiriam a um determinado estímulo (como uma loira gostosa em uma mini-saia rosa), passam a se juntar com o grupo que ganha força e coesão e tendem a eliminar o inimigo. Desta forma, países inteiros se envolvem em guerras sangrentas como o inimigo que é visto como não-humano. Esse é um ponto chave, pois deve ser o contrário da empatia e da solidariedade, uma vez que me colocar no lugar do outro, compreender seus sentimentos, me limitariam a hostilizá-lo. Eu só posso ir contra aquilo que é diferente de mim, pois não terei compaixão e me libertarei para poder agredir.

O Gean refletiu sobre a questão do significado bom senso e do senso comum, da capacidade distinguir o verdadeiro do falso – lembrando René Descartes em seu “Discurso do Método” questiona “se não ter bom senso acarreta não ter civilidade, honradez, decoro, honestidade e outros mais adjetivos tão bem quistos em uma sociedade como a nossa; faltou bom senso à moça com o seu vestido rosa-choque, aos estudantes, aos dois, ou a nenhum?. E se bom senso pode significar aceitar as diferenças ou condená-las?”

O mini-vestido rosa foi o estímulo sinal? ou apenas é um entre tantos?. Se não exercemos nossa capacidade humana de refletir sobre nossos atos antes de executá-los, nada mais nos diferencia dos outros animais e qual é o papel da educação? se a intolerância se tornar tão grande, qualquer sinal mínimo que um individuo interprete como inimigo será o suficiente para reunir milhares de pessoas e exterminar esse motivo? Daqui a pouco poderá ser um homossexual, uma raça diferente, uma cultura diferente? E podemos repetir indefinidamente histórias como nazismo, apartheid, fascismo....?

O Gean relaciona o fato com a teoria do Inconsciente Coletivo, proposta pelo psicanalista suiço Carl Jung “Nela, repetimos de modo automático e imitativo, os comportamentos, atitudes e idéias que deram certo sempre para o homem se constituir como tal. São traços herdados da humanidade no seu percurso evoluionário que Jung chamou de arquétipos – nada mais do que modelos de comportamentos e materiais a serem repetidos sem prévio questionamento. Pergunta-se ao soldado por que ele defende seu país numa guerra e ele diz: porque é ser patriota, é a forma mais gloriosa de amar a terra natal. Pergunta-se ao torcedor de time de futebol por que ele destina tanto amor à sua camisa e ele responde: por que aprendi em casa com o meu pai o que é torcer por um time de verdade que deu tanto orgulho a ele e dará a mim também. Pergunta-se ao colega da moça de vestido rosa-choque por que ele a xinga com tanta euforia e ele responde: porque todos estão fazendo, porque é muita adrenalina ver o circo pegar fogo...desde que não seja comigo rsrsrs”. O modelo de comportamento então ganha ares de mito e passa de geração para geração”.

Gean prossegue em sua reflexão “Tolerar é aprender a agir da mesma forma com o diferente e com o igual. Se assim não o é, o que somos então? Apenas cruzamento da herança genética dos pais com a herança de arquétipos cultuados pela humanidade? Se a tolerância for deixada de lado, as minhas escolhas serão fruto do passado e o futuro será sempre uma cópia daquele? E vejam como as coisas são predispostas a se tornarem cíclicas: a moça com seu vestido curto foi acusada de quebra de decoro que gerou uma catarse coletiva que foi acusada de falta de tolerância por uma quantidade imensa de internautas e cidadãos em geral. Esta massa - que condenou os alunos condenadores da moça - se transformaram em outra catarse coletiva generalizando todos os estudantes daquela instituição. É inevitável não retomar ao questionamento de que lado está o bom senso? Aliás, ele está de algum lado? Schopenhauer disse certa vez que as pessoas deveriam seguir o exemplo de comportamento do porco-espinho: se ficasse muito perto dos seus semelhantes, morria espetado; se ficasse muito longe, morria de frio”

Não podemos esquecer que vivemos em um mundo globalizado, nossas fronteiras não são mais territoriais, as distâncias diminuíram, precisamos adaptar nosso cérebro biológico ancestral de 100.000 anos que almejava manter o bando unido para poder obter comida, abrigo e se proteger das tribos inimigas, para nosso cérebro cultural que visa manter uma unidade com a sociedade do mundo todo, pois continuamos a buscar uma maneira de sobreviver em um mundo novo, como estímulos novos. E, mais que isso, devemos ver a humanidade como um grande clan que busca a sobrevivência da sua espécie e de todo o planeta, precisamos nos unir para nossa saúde, para saúde da nossa sociedade e para saúde do nosso planeta.


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domingo, 1 de novembro de 2009

PIBIC – 2009


Essa semana nós tivemos a apresentação dos projetos de iniciação científica e meus dois orientados foram muito bem, bastante elogiados no cumprimento e fechamento de suas metas. A Mafer (Maria Fernanda Caneparo) trabalhou com o caramujo gigante africano (Achatina fulica), fazendo um belíssimo trabalho de campo, em que acompanhou por uma semana (em duas fases de campo) a população presente em um terreno baldio em Guaratuba. Ressalvo que foi um trabalho árduo, pois ficar a noite toda acompanhado esses bichinhos é pra poucos. Dentre todos os dados inéditos e que em breve iremos publicar, destaca-se a confirmação de um comportamento gregário específico e um homing muito evidente em animais de todos estágios de desenvolvimento. Ou seja, eles não forrageam na mesma planta que repousam, assim, toda noite saem para se alimentar, mas depois voltam para dormir no mesmo sítio e com os companheiros das noites anteriores. Esses dados mostram que há uma identificação química tanto do lugar quanto do co-específico. O primeiro livro sobre o caramujo africano organizado por mim e pela dra. Leny Costa, está na fase final de editoração e logo será disponibilizado para toda comunidade científica. Aguardem... Para mais informações veja a lista das minhas publicações na lista ao lado.

O outro trabalho foi desenvolvido pelo acadêmico Massau Itou e consistiu em refazer o primeiro capítulo da minha tese de doutorado, 10 anos depois. Nesse projeto eu fiz a caracterização do ambiente ocupado pela aranha-marrom (Loxosceles intermedia e Loxosceles laeta) em Curitiba, foram vistoriados bosques, área construídas em bosques, ao redor e dentro das casas. Foi um trabalho extremamente importante, pois proporcionou a elaboração de um protocolo de diagnóstico, o qual ao ser aplicado em outras localidades permitiria traçar um comparação, como foi realizado em Rio Branco do Sul e União da Vitória. No diagnóstico entra dados do local, registro de todos os substratos e se constam com aranhas ou vestígios, caracterização da população da aranha (infestação, densidade, espaçamento), caracterização das aranhas (espécie, idade, sexo), caracterização da fauna associada. O trabalho realizado pelo Massao também é extremamente difícil, pois envolve uma parte de campo bem tensa ao investigar as aranhas dentro da casa de outras pessoas. Nossa idéia inicial era voltar exatamente para as 60 casas de 10 anos atrás, porém apenas 5 moradores consentiram nossa entrada. Mesmo assim, podemos constatar que apesar do índice de infestação continuar o mesmo, o número médio de aranhas por casa diminuiu e mudou também a ocupação do substrato preferencial. O ponto forte dos nossos resultados foi o aumento de outras aranhas reforçando a hipótese levantada em outros trabalhos que essas aranhas (inofensivas para nós) podem se constituir de importantes predadores ou competidores e ajudarem a controlar as populações da aranha-marrom (parecido com o que vimos em União da Vitória). Vamos realizar a análise agora dessas outras aranhas para então publicar esses resultados. Já submetemos para publicação e estamos esperando a resposta da análise da comunidade de aranhas sinantrópicas de União da Vitória, do diagnóstico em Rio Branco do Sul e também da associação entre aranhas da família Theridiidae e Loxosceles. Para mais informações veja a lista das minhas publicações na lista ao lado.