Por Gabriel Henrique Cadenas SIEBURGER
Bioética no dia-a-dia
Blog de discussão e aplicação de conhecimentos científicos no dia-a-dia, destinado para alunos e interessados na Ética Prática, Dialogante e Multidisciplinar própria da Bioética!
sábado, 22 de novembro de 2025
O que as teias escondem: descobrindo caminhos para o controle ético da aranha-marrom
Projeto Interprofissional em Bioética e Direitos Humanos: semeando uma nova forma de olhar para os Rios
Na
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), a disciplina inovadora
Projeto Interprofissional de Bioética e Direitos Humanos foi concebida como um
espaço de encontro entre saberes diversos, tais como as ciências biológicas e
da natureza, ciências da saúde, educação, tecnologia e humanidades, ela nasceu
da convicção de que os desafios éticos contemporâneos exigem diálogo,
deliberação coletiva e responsabilidade compartilhada entre diferentes
profissões.
A
proposta da disciplina surgiu de dois compromissos centrais. O primeiro é a
atuação da PUCPR como Blue University, selo internacional que reconhece
instituições engajadas com a justiça hídrica, a sustentabilidade e a gestão
ética dos recursos naturais. O segundo é o próprio território: o Rio Belém, que
cruza silenciosamente o campus, poluído e invisibilizado, mas ainda assim parte
integrante de nossa comunidade.
Neste contexto,
estruturamos a disciplina com objetivos claros: desenvolver consciência ética;
articular bioética e direitos humanos com realidades socioambientais locais;
fortalecer o trabalho interprofissional; e produzir ações extensionistas
concretas. A metodologia integrou debates teóricos, participação em espaços
públicos de discussão — como o blog Bioética no dia a dia —, visitas ao rio
Belém para análise crítica da paisagem urbana e entrevistas com profissionais
de diferentes áreas sobre a realidade deste Rio que cruza toda a cidade de
Curitiba. Por fim, equipes interprofissionais elaboraram produtos de
sensibilização social, consolidando o percurso de aprendizagem por meio da
entrega e apresentação de um folder de divulgação.
Os
resultados mais expressivos emergiram do trabalho coletivo. Ao refletirem sobre
o rio como sujeito de direitos, estudantes de cursos diversos mobilizaram
princípios bioéticos como dignidade, responsabilidade ambiental, solidariedade,
respeito à biodiversidade, equidade e justiça social. Essa prática deliberativa
está alinhada aos eixos da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos
Humanos da UNESCO, especialmente no que diz respeito ao direito a um meio
ambiente saudável e ao dever ético de proteger populações vulneráveis e bens
naturais.
O
diálogo entre área da saúde, biologia, educação física, psicologia,
biotecnologia, medicina veterinária, fisioterapia, agraonomia e outras
formações da Escola de Medicina e Ciências da Vida sobre a realidade do entorno
aproximou os estudantes de questões reais que atravessam Curitiba. Foram
analisadas dimensões sociais, econômicas, sanitárias, culturais e espirituais
da poluição do rio Belém, assim como sua relação com profissões distintas. Essas
reflexões dialoga ainda com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável,
sobretudo o ODS 6 (Água Potável e Saneamento), o ODS 13 (Ação Climática) e o
ODS 15 (Vida Terrestre).
Ao
introduzir conceitos como biofilia, ecologia integral e direitos da natureza,
ampliamos o entendimento dos estudantes sobre sua relação com o ambiente. A
ideia de reconhecer o rio Belém como sujeito de direitos convida a transformar a forma como enxergamos
a natureza: não apenas como recurso, mas como ente vivo que compõe a comunidade
moral e política. Esse olhar biocêntrico e ecocêntrico está no centro das
perspectivas contemporâneas da bioética e aproxima-se das discussões globais
sobre justiça ambiental e proteção dos bens comuns.
Conforme
destacado, como culminância da disciplina, as equipes interprofissionais
produziram folders educativos sobre o rio Belém e seus direitos, articulando
ciência, ética e cidadania em linguagem acessível. Esses materiais foram
elaborados ao longo das aulas, empregando análise crítica das entrevistas,
reflexões individuais e referenciais teóricos trabalhados no semestre. Alguns
exemplos desses folders serão divulgados nesta postagem, ilustrando o
compromisso dos estudantes com a educação ambiental, a bioética e a valorização
da água como bem comum.
Ainda
que o impacto imediato possa parecer sutil, afinal, não despoluímos o rio Belém
hoje, estamos realizando algo essencial: formando profissionais e cidadãos
capazes de escutar os rios, de integrar ética e técnica, de reconhecer o valor
intrínseco dos ambientes naturais e de agir em defesa deles. Como Blue
University, reafirmamos que ter um rio poluído atravessando nosso território
não é motivo para ignorá-lo, mas um chamado ético. Ao trazer esse tema que
também é caro aos ODS para o centro do currículo, cultivamos sementes de uma
nova cultura: estudantes que olharão rios, mares e florestas não como objetos
ou cenários, mas como membros da comunidade com os quais compartilhamos
destino. É assim que, a partir de uma disciplina interprofissional, a universidade
contribui para transformar consciências e futuros, e para reconstruir, passo a
passo, uma relação mais justa e igualitária entre
todo o mundo vivo.
quinta-feira, 20 de novembro de 2025
A comunicação-não violenta: potencial no desenvolvimento de competências em deliberação coletiva na educação básica
Quando um Rio pede voz: o que o caso do Rio São Francisco nos ensina sobre bioética e justiça ambiental
Um novo olhar sobre a natureza e os direitos: do Velho Chico ao Rio Belém, em Curitiba.
O Rio São Francisco, o Rio Belém e tantos outros corpos d'água Brasil afora não são apenas recursos hídricos: são histórias vivas, memórias coletivas, fontes de espiritualidade e sustento. Defendê-los é defender a própria possibilidade de futuro.
O presente ensaio foi elaborado para a disciplina de Bioética Ambiental do Programa de Pós-Graduação em Bioética (PPGB) da PUC-PR, tendo como base as seguintes obras:
BOLLMANN, Harry Alberto; EDWIGES, Thiago. Avaliação da qualidade das águas do Rio Belém, Curitiba-PR, com o emprego de indicadores quantitativos e perceptivos. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 13, n. 4, p. 443-452, out./dez. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/esa/a/yZSRg9CWPHxv6ZKFtgjRS8N/
BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/stories/legislacao/Resolucao/2005/res_conama_357_2005_classificacao_corpos_agua_rtfcda_altrd_res_393_2007_397_2008_410_2009_430_2011.pdf
BRASIL DE FATO. No Sertão pernambucano, povo Pankararu pede que o rio São Francisco seja considerado sujeito de direitos. [S.l.], 25 abr. 2025. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2025/04/25/no-sertao-pernambucano-povo-pankararu-pede-que-o-rio-sao-francisco-seja-considerado-sujeito-de-direitos/
CBHSF – COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO. Povo Pankararu lidera iniciativa para reconhecer o Rio São Francisco como Sujeito de Direito. Salvador, 12 maio 2025. Disponível em: https://cbhsaofrancisco.org.br/noticias/novidades/povo-pankararu-lidera-iniciativa-para-reconhecer-o-rio-sao-francisco-como-sujeito-de-direito/
FRANCISCO, Papa. Laudato Si': sobre o cuidado da casa comum. Vaticano, 2015.
HABERMANN, Mateus; GOUVEIA, Nelson. Justiça Ambiental: uma abordagem ecossocial em saúde. Revista de Saúde Pública, v. 42, n. 5, p. 936-944, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rsp/a/LRx5Gmw7tTT3gzG6HYrg3rg/
JONAS, Hans. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro: PUC-Rio/Contraponto, 2006 [1979].
NEW ZEALAND. Te Awa Tupua (Whanganui River Claims Settlement) Act 2017. Wellington: New Zealand Legislation, 2017. Disponível em: https://www.legislation.govt.nz/act/public/2017/0007/latest/whole.html
POTTER, Van Rensselaer. Bioethics: Bridge to the Future. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1971.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. (Orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010. p. 31-83.
VIEIRA, Augusto Seolin. Diagnóstico sanitário e ambiental da Bacia do Rio Belém – Curitiba/PR. 2022. Dissertação (Mestrado) – UFPR. Disponível em: https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/82694
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sábado, 15 de novembro de 2025
Entre Vidas e Lucro: o Princípio do Mal Menor na Ética Ambiental e o reconhecimento do Rio Arapiuns como sujeito de direito
por Leandro Augusto Agostinetti, Bacharel, Edvando Ramon Matos Vergasta e Trindade Charpare
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por Marta Luciane Fischer A Declaração Universal dos Direitos dos Rios surgiu de movimentos globais preocupados com a relação da humanidade...
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por Adrielle da Silva, Nathalia Alice de Almeida e Tenoch Yakecan Duanetto de Sousa Formandos em biologia Durante os debates políticos ...
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Essa foi a mensagem que Potter trouxe do futuro para a humanidade no dia 21 de março de 2025, véspera do Dia Mundial da Águ a. O Potter do f...
