Relato de experiência de uma estudante do ensino médio que pesquisa água em uma Blue University

Por Nayara Lemasson Tortora

Sou estudante do 1o ano do ensino médio no Colégio Estadual Pilar Maturana, localizado em Curitiba, capital do estado do Paraná, na região sul do Brasil — cidade reconhecida internacionalmente por suas práticas sustentáveis e, em 2024, eleita como uma das Cidades mais Inteligente do Mundo em Barcelona.

Eu estou participando do Programa de Iniciação Científica (PIBIC) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná com um projeto voltado para a conscientização sobre o uso da água e a importância da participação dos jovens nas questões ambientais juntamente com a Dra. Marta, as mestrandas Carina del Pino e Daihany Santos e a graduanda Laíssa Lara. O projeto tem como objetivo central estimular a reflexão sobre o uso responsável da água e a percepção dos estudantes em relação à preservação dos recursos hídricos, partindo da seguinte pergunta: como os jovens entendem o papel da água no seu cotidiano e quais atitudes podem contribuir para um consumo mais consciente? Para isso, foram realizadas diversas atividades, incluindo pesquisas, leituras, entrevistas com professores e colegas, além de dinâmicas em grupo, rodas de conversa e produção de cartazes e materiais educativos.

Durante o processo de pesquisa, um dos temas que mais me chamou atenção foi o conceito de Blue University, que representa instituições de ensino comprometidas com a gestão sustentável da água, incentivando práticas de conservação, acesso justo e uso consciente. Mesmo sendo aluna do ensino médio, pude compreender que esses princípios também se aplicam ao nosso ambiente escolar e à nossa realidade enquanto cidadãos. Mais do que isso, me vi projetando meu futuro em uma universidade azul, onde possa aprofundar minha formação científica, ambiental e social.

Minha paixão pela água vai muito além dos estudos. Sou nadadora profissional e, desde muito jovem, desenvolvi uma conexão profunda com esse elemento. A água não é apenas o meio onde pratico o esporte que amo — ela é também símbolo de vida, equilíbrio e resistência. Esse vínculo me motivou ainda mais a buscar conhecimento, entender os desafios da crise hídrica e lutar pela valorização desse recurso essencial.

Mesmo ainda no ensino médio, já participo de projetos e publicações científicas que abordam questões ambientais, educação e sustentabilidade. Essa vivência acadêmica precoce reforçou meu desejo de seguir na área científica, com foco em ecologia, biologia aquática e políticas públicas voltadas à gestão da água. Vislumbro estudar em uma Blue University não apenas como um sonho, mas como um passo natural dentro do meu compromisso pessoal com a causa hídrica.

Trabalhar com esse tema me mostrou que a educação ambiental vai muito além das aulas teóricas: ela está presente em atitudes do dia a dia, na maneira como usamos os bebedouros públicos, reutilizamos a água, ou mesmo ao discutirmos soluções para problemas da nossa comunidade. Percebi que pequenas ações podem gerar grandes impactos quando feitas de forma coletiva e com consciência.

Essa experiência no PIBIC foi extremamente valiosa para a minha formação pessoal e acadêmica. Aprendi que, mesmo sendo jovem, posso contribuir com ideias, projetos e iniciativas que fazem a diferença. A ciência, quando unida ao engajamento social, tem o poder de transformar realidades. E essa transformação começa justamente com as pessoas mais simples da sociedade — com estudantes, professores e cidadãos comuns que se preocupam com um bem essencial e universal: a água potável, limpa e segura. Afinal, cuidar da água é cuidar da vida — e é isso que quero continuar fazendo com ainda mais força no futuro.

Esse relato foi divulgado também no Site internacional da Blue Community (veja aqui)